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08 agosto 2023

"Ursinho Pooh: Sangue e Mel" é um terror bizarro ruim, com enredo esquecível

Matança e torturas predominam na versão macabra dirigida por Rhys Frake-Waterfield (Fotos: Jagged Edge Productions)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Um terror sanguinário, completamente oposto às histórias fofinhas do famoso ursinho amarelo que gosta de um pote de mel e seus simpáticos amigos. A partir desta quinta-feira (10) estreia nos cinemas "Ursinho Pooh: Sangue e Mel" ("Winnie-The-Pooh: Blood and Honey"), um longa macabro do gênero slasher com muita violência, mas com enredo esquecível.

A obra apresenta a relação de Christopher Robin (Nikolai Leon), que foi para a faculdade e esqueceu seus animais de infância - Pooh (Craig David Dowsett) e Leitão (Chris Cordell). 

Se sentindo traídos e abandonados, eles perdem suas personalidades amigáveis e se tornam selvagens e violentos, atacando e matando quem entrar em sua floresta. 


O roteiro é ruim, com desenvolvimento preguiçoso e não aprofunda na relação do passado entre Christopher, Pooh e Leitão. O diretor Rhys Frake-Waterfield pouco se preocupa em mostrar os vilões em alguma situação difícil em que eles podem se dar mal. Quando acontece, a dupla consegue se recuperar e continua a matança. 

Nenhuma atuação do elenco consegue convencer. As máscaras borrachudas e os poucos diálogos pioram a situação, fazendo com que os personagens se tornem descartáveis - se forem mudados por qualquer outro, não fará a menor diferença. 


Se a intenção do diretor era vender a ideia de que tudo o que acontece no filme faz parte da fantasia de Christopher, essas máscaras de borracha e os trajes só tornam mais difícil gostar do longa.

"Ursinho Pooh: Sangue e Mel" é só um terror genérico que não entretém e pode desagradar até mesmo quem gosta deste tipo de filme. Para piorar, está confirmada uma continuação e a possibilidade de que outros clássicos como Bambi e Peter Pan, também possam receber versões macabras.


Onde perdemos Pooh?

Em 1920, o escritor Alan Alexander Milne (A. A. Milne) criou o adorado ursinho de pelúcia Winnie-The-Pooh e seus amigos, incluindo Christopher Robin (nome do filho de Milne), que se tornaram famosos por meio das produções da Disney. 

Durante anos, a empresa manteve os direitos autorais da coleção, até que em 2022, o primeiro livro de Pooh entrou em domínio público em outros países. No Brasil isso só ocorrerá em 2027. 


A partir daí, qualquer pessoa poderia usar, distribuir e adaptar a história sem a necessidade de permissão ou pagamento de royalties. Rhys Frake-Waterfield decidiu usar os personagens Pooh e Leitão em suas versões mais macabras que pouco se assemelham à beleza dos clássicos personagens. E promete outras produções bizarras para adultos com personagens infantis.


Mesmo com orçamento baixo (em torno de US$ 100 mil), tendo sido gravado em dez dias e entregando uma qualidade duvidosa, "Ursinho Pooh: Sangue e Mel", lançado em fevereiro deste ano em outros países como México e Estados Unidos, atingiu uma bilheteria alta. Como aconteceu com “Terrifier 2”. Prova que o slasher, mesmo ruim, ainda consegue ser lucrativo. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Rhys Frake-Waterfield
Produção: Jagged Edge Productions e ITN Films
Distribuição: California Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h24
Classificação: 18 anos
País: Reino Unido
Gênero: terror

26 julho 2023

“O Convento” não encanta, mas não entendia

Trama envolve mistério, assassinatos e sacrilégios cometidos no interior da moradia das freiras
(Fotos: IFC Midnight e Wmix Distribuidora)


Wallace Graciano


Sejamos sinceros, amigos: demônios e slashers já estão tão batidos em filmes de terror e horror que pouco nos dão a angústia e a aflição peculiar aos gêneros. E cada vez mais, diretores tentam buscar outros elementos para dar suspense à trama e deixar de lado os velhos clichês da sétima arte. 

Talvez esse seja um dos principais erros de "O Convento" ("Consecration"), de Christopher Smith. Consegue, e muito bem, recorrer à freira como uma figura de espanto e impacto, com uma ótima justificativa para tal. 


Porém, ao tentar fugir demais de seus antecessores, tira um pouco do tempero que faria o personagem maior do que a película, o que poderia ser um grande divisor de águas. 

O filme conta a história de Grace (Jena Malone), uma oftalmologista que tem uma vida social praticamente inexistente, devido à sua criação católica. 

E nesse contexto, sua vida entra em descalabro ao receber a informação de que seu irmão, que era um sacerdote na Escócia, se matou em um convento. 


Sem muito o que fazer, ela toma como rumo às terras britânicas, onde buscará entender o que levou ao suicídio do irmão. Porém, já ao chegar ao local, entende que algo estranho paira no ar, quando começa a ser colocada de frente às suas angústias de um passado recente. 

Nesse contexto, Christopher Smith tenta criar uma imersão ao fantasmagórico, deixando o suspense que gira em torno do passado de Grace e seu irmão como o fator preponderante para um desfecho que promete bater à porta. 

A essa altura, o ranger dos dentes começa a ser notado, já que o contato com o sobrenatural parece ser iminente, criando expectativa e ansiedade pelo desfecho que virá.


Porém, justamente ao explorar ao máximo uma estética imersiva, o diretor nos tira o que poderia ser um grande divisor de águas: o poder do fator sobrenatural do personagem central. Ou seja, fugiu entre os dedos aquilo que poderia ser um grande argumento para um filme marcante.

Mas nem tudo são lamentos. A atuação de Danny Huston ("O Jardineiro Fiel" - 2005 e "Mulher Maravilha" - 2017) é o ápice do filme. Com seu quê de vilão, domina o enredo e toma para si muito dos holofotes, apesar de coadjuvante. 

De toda sorte, "O Convento" é uma trama que tem uma boa ideia por trás, mas uma execução aquém do que nos impactaria para torná-lo marcante. É um filme que te diverte, mas facilmente você esquecerá, como vários dos lançados do gênero nos últimos anos. 


Ficha técnica:
Direção: Christopher Smith
Roteiro: Christopher Smith e Laurie Cook
Produção: Moonriver Entertainment
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: 16 anos
Países: EUA, Reino Unido
Gêneros: terror, suspense
Nota: 3 (0 a 5)

07 julho 2023

"Sobrenatural - A Porta Vermelha" é um terror que assusta sem causar medo

Quinto longa consegue recuperar a qualidade do primeiro filme da franquia (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Está sendo consenso entre as pessoas que assistiram "Sobrenatural - A Porta Vermelha" ("Insidious - The Red Door") que este filme é tão bom quanto o primeiro da franquia, “Sobrenatural", de 2011. Talvez porque essa quinta produção, que está em cartaz nos cinemas, traga de volta atores do elenco original - como Patrick Wilson, que também é o diretor. 

E realmente agrada, com bons sustos graças a um ótimo trabalho de maquiagem e boas interpretações do elenco, incluindo a da entidade do mal, chamada pelos personagens de Demônio Vermelho e Demônio do Rosto Vermelho.


Além de Patrick Wilson e Ty Simpkins, “Sobrenatural – A Porta Vermelha” conta com a volta de Rose Byrne (Renai), Andrew Astor (Foster), Barbara Hershey (Lorraine), membros da família Lambert que participaram de “Sobrenatural" (2011) e "Sobrenatural: Capítulo 2" (2013), ambos dirigidos por James Wan. 

Também retornam à franquia Lin Shaye, como a vidente Elise Rainier, e Amgus Sampson, como seu assistente Tucker. 

O destaque do novo elenco é Sinclair Daniel, em ótima interpretação da jovem descolada Chris, colega da quarto de Dalton na faculdade. Participam ainda Juliana Davies, como Kali, filha caçula dos Lambert, e Hiam Abbass, professora de Artes de Dalton. 


Os fatos ocorrem dez anos depois da aparição da entidade ter tentado trazer Dalton (Ty Simpkins) e o pai Josh (Patrick Wilson) para uma dimensão macabra em “Sobrenatural: Capítulo 2” e ter aterrorizado toda a família Lambert. Apesar de terem suas memórias apagadas por decisão da família, ambos vivem atormentados por visões que não sabem explicar. 


O problema se agrava quando Dalton, que não se dá bem com o pai, começa a faculdade e passa a ter visões da assustadora entidade que habita a dimensão astral por trás da porta vermelha (um lugar entre o Céu, a Terra e o Inferno). E precisarão enfrentar seus medos e desavenças do passado para conseguirem ficar livres desse espírito do mal.

Mesmo sendo um filme de terror, "Sobrenatural - A Porta Vermelha" demora a provocar sustos, mas quando eles começam, dá para pular na cadeira. 


O longa foca a abordagem na relação conturbada entre pai e filho. Quase uma reprodução da relação que Josh tinha com o pai que o abandonou quando criança. 

Esses relacionamentos familiares ruins estão interligados com as aparições e a força que a entidade macabra exerce sobre suas vítimas. A forma como esse ponto é conduzido no roteiro é bem clara, dando ao longa um encerramento digno da franquia, que começou muito bem sob a batuta de James Wan, teve seus altos e baixos, e recupera neste quinto filme.

   
O Demônio do Rosto Vermelho (interpretado por Joseph Bishara) é realmente assustador e suas aparições, assim como a outras entidades da dimensão astral, atormentando Dalton, Chris e Josh, provoca no público a reação esperada para um bom filme de terror. O retorno da família foi uma boa ideia, fechando um ciclo interrompido há 10 anos.


Outro ponto que agrada é ter o roteiro de Leigh Whannell (do excelente "O Homem Invisível"- 2020), criador da ideia original e dos personagens de “Sobrenatural”, juntamente com James Wan.

Ele também retoma o papel do caça-fantasmas Specs, que desempenhou no original de 2011, em “Sobrenatural: Capítulo 2” (2013), "Sobrenatural: A Origem" (2015), dirigido por ele, e "Sobrenatural: A Última Chave" (2018).  

James Wan, que dirigiu os dois primeiros filmes, também retorna. Agora como produtor, ao lado de Jason Blum, da Blumhouse, garantindo uma produção de qualidade, que convence como filme de terror que faz o expectador dar pulo na cadeira. 


No gênero terror, Wan tem em sua filmografia a direção de “Invocação do Mal" (2013), “Invocação do Mal 2” (2016) e roteiro nos demais filmes da franquia. 

Para quem quer assistir os outros quatro filmes da franquia, os dois primeiros estão disponíveis na @HBOMax e os dois últimos na @Netflix. Mas não é necessário assistir aos demais. “Sobrenatural – A Porta Vermelha” dá a explicação necessária no início. 


Ficha técnica:
Direção: Patrick Wilson
Produção: Blumhouse Productions
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h47
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gênero: Terror

04 junho 2023

"Boogeyman - Seu Medo é Real" é bom, mas demora a entregar o terror esperado

Baseado na obra de Stephen King, produção foca especialmente nas irmãs ameaçadas pelo bicho-papão 
(Fotos: 20th Century Studios)


Maristela Bretas


Baseado no conto "The Boogeyman", de Stephen King, está em cartaz nos cinemas o suspense/terror "Boogeyman - Seu Medo é Real", produção dirigida por Rob Savage que fica um pouco a desejar por ser originado da obra de um dos maiores escritores do gênero.

O filme se arrasta muito até começar a deixar público tenso. Passa muito tempo tentando explicar o drama da família Harper que vive o luto da perda da mãe. O pai, Will, interpretado por Chris Messina, não convence muito como psiquiatra. 


Já as filhas, a adolescente Sadie (Sophie Thatcher) e a pequena Sawyer (Vivien Lyra Blair), dão conta do recado, especialmente a mais nova. No restante do elenco, destaque para David Dastmalchian, que faz o misterioso Lester. 

É claro que o filme tem terror e quando acontece, cumpre sua proposta. Mas o roteiro é muito clichê nas aparições da figura monstruosa. Elas começam lentamente, como se ele estivesse absorvendo o medo e a fragilidade da família em luto. Para, no final, se mostrar quase que por completo. 


O longa explora mais o suspense, deixando nas mãos das duas irmãs o trabalho pesado de garantir as boas cenas. Uma dessas cenas, protagonizada por Sawyer, chega a lembrar a versão de "Poltergeist – O Fenômeno" (1982), produzida e roteirizada por Steven Spielberg. 

Bem feita também a caracterização da casa onde o tal "bicho-papão" habita, com iluminação à luz de velas e paredes cobertas por teias. O monstro tem semelhança com o da série "Stranger Things", sucesso da Netflix. 


A abordagem do luto gerando interpretações diferentes em cada personagem ficou interessante. Em "Boogeyman - Seu Medo é Real", Sadie está tentando lidar com a perda da mãe, ao mesmo tempo tendo que enfrentar uma presença maligna e bem assustadora que atormenta ela e Sawyer. 


Elas tentam convencer o pai de que um monstro saindo do armário com poderes sobrenaturais está tentando matá-las, mas ele não acredita nas filhas. Tudo começou após Wil receber a visita do estranho Lester, que teria matado os filhos e estaria possuído por esta entidade.


O filme se torna melhor da metade para o final, apesar de ser previsível. Conseguiu mesclar drama, suspense e terror, gêneros que o roteirista Scott Beck sabe conduzir bem, como mostrou no excelente "Um Lugar Silencioso" trabalho dividido com Bryan Woods em 2018.


Ficha técnica:
Direção:
Rob Savage
Produção: 20th Century Studios, 21 Laps Entertainment / Hulu / Madhouse Entertainment
Distribuição: 20th Century Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h39
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror / suspense

27 abril 2023

"Renfield" acaba com o estoque de sangue de Hollywood

Nicolas Cage e Nicholas Hoult dividem as atenções como o conde Drácula e seu assistente comedor de insetos (Fotos: Universal Studios)


Maristela Bretas


Um banho de sangue e violência do início ao fim. E apesar de ser um filme de terror que cumpre o que propõe, "Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" é também uma boa comédia com muita ação que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. 

O diretor Chris McKay ("Lego Batman: O Filme" - 2017) entrega uma boa produção para os apreciadores do gênero e a carnificina é tanta que vai faltar tinta vermelha para os próximos filmes do gênero. 


Membros decepados, cabeças cortadas, paredes tingidas com os corpos das vítimas do vilão. Ninguém menos que o famoso Conde Drácula (interpretado pelo vencedor do Oscar, Nicolas Cage) que conta com a ajuda de seu assistente Renfield (Nicholas Hoult, de "X-Men: Apocalipse" - 2016). 


Cage arrasa no papel e conta com um trabalho de maquiagem perfeito, acompanhando a transformação do famoso vampiro, de um quase cidadão de roupas e comportamento estranhos para o monstro assassino.

Hoult também tem seus momentos de mudança, do jovem com aparência "quase inocente" para o serviçal sanguinário que escolhe as vítimas a serem servidas como um banquete para seu chefe. 


A história é contada a partir dessa relação de dependência tóxica e poder. Renfield é o narrador e desabafa sobre seus problemas durante uma sessão coletiva com pessoas que querem deixar seus parceiros ou chefes abusivos.

O longa mostra como Renfield se torna um assistente e, ao mesmo tempo, dependente de Drácula. Como um viciado, ele precisa se alimentar de insetos para adquirir poderes especiais e força descomunal. Mas a vida de assassino e delivery de corpos começa a desagradar o jovem. 


Durante uma de suas caçadas noturnas pelo banquete humano, Renfield conhece a incorruptível policial Rebecca Quincy (interpretada por Awkwafina, de "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" - 2021). 

Ele a ajuda a combater uma família de traficantes chefiada por Teddy Lobo (Ben Schwartz) e a mãe dele, Eita (Shohreh Aghdashloo) que matou o pai de Rebecca e domina a cidade e a polícia. 

O jovem passa a questionar os desejos e a insanidade daquele que chama de mestre e descobre que existe uma vida "normal" entre os humanos. 


Renfield decide deixar de ser um vilão e Drácula não fica nada satisfeito. Para puni-lo, vai deixando um rastro de mortes de pessoas ligadas a seu agora ex-ajudante.

O diretor Chris McKay soube usar bem o sarcasmo e a comicidade para mostrar o que seria um relacionamento abusivo entre um chefe e seu subordinado (quem nunca passou por isso?).


Toda essa matança conta com efeitos visuais excelentes, um ponto forte do filme, além das ótimas interpretações de Cage, Hoult e Awkwafina. O ritmo ágil do filme não deixa o expectador se sentir confortável por muito tempo na cadeira do cinema.

"Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" é um filme para pessoas de estômago forte, mesmo tendo um lado cômico. Mas vale a pena conferir, especialmente por Nicolas Cage, que durante entrevista classificou o enredo como algo “corajoso, original e peculiar”.


Ficha técnica:
Direção: Chris McKay
Produção: Skybound Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, ação e comédia

09 março 2023

"Pânico VI" é tão inovador quanto nostálgico

Passados 27 anos desde a estreia da franquia, Ghostface ainda é um sucesso entre fãs do slasher (Fotos: Paramount Pictures)


Larissa Figueiredo


Mais sangrenta e brutal do que nunca, a franquia "Pânico", consagrada no subgênero slasher, retorna às telas 27 anos depois com grandes doses de nostalgia e suspense.

"Pânico VI" traz de volta as irmãs Carpenter, Sam (Melissa Barrera) e Tara (Jenna Ortega) e seus amigos, também sobreviventes de Woodsboro, os irmãos Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown) Meeks-Martin.


A trama é ambientada em Nova Iorque, onde o quarteto de amigos tenta recomeçar a vida. Sam luta contra os fantasmas do passado. E se esconde em meio às cicatrizes deixadas pelo massacre exibido no quinto filme da franquia (2022).

Tara, por outro lado, não demonstra preocupação com a tragédia e foge da superproteção de Sam.


As regras são as mesmas, o filme segue a receita original de terror slasher e, ainda sim, continua sendo inovador.

O roteiro é simples e envolvente, traz quem está do outro lado da tela para a investigação da identidade de Ghostface e nos prende do início ao fim.

Apesar de ser um ponto comum entre todos os longas da franquia, o público parece não se cansar de buscar pelo famoso assassino da máscara assustadora.



Destaque para "Wandinha"

É possível perceber que Jenna Ortega ganha destaque em relação à "Pânico V" (2022) e participa de mais cenas de ação. 

A personagem apresenta uma deliciosa combinação de sarcasmo e força, além de uma expressividade assustadoramente engraçada. Não seria exagero dizer que a atriz está caminhando para se tornar uma “Scream Queen”. 


O roteiro se apoia na nostalgia e constrói uma trama sólida unindo o antigo e o novo elenco na franquia. 

Courteney Cox retorna como a jornalista Gale Weathers e Hayden Panettiere, como Kirby Reed, agora uma agente do FBI. 

Infelizmente, Neve Campbell, a aclamada Sidney Prescott, não está presente no longa, mas é mencionada por Gale. 


Slashers mais bem produzidos

Por fim, é inegável que os filmes de terror slashers, conhecidos por terem baixos orçamentos, estão cada vez mais bem produzidos e com elencos renomados. 

O que não é necessariamente ruim para a indústria e varia na preferência de cada fã. 

Em "Pânico VI", Nova York foi uma boa escolha como o novo ambiente para os ataques sangrentos de Ghostface. Eles ocorrem em lugares comuns, como o metrô ou o supermercado.


A direção de arte, fotografia, trilha sonora e efeitos especiais são primorosos. 

Apesar da revelação pouco surpreendente do assassino neste sexto filme, o roteiro deixa claro que a força do personagem permite que ele volte em outras continuações.


Ficha técnica:
Direção: Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett
Produção: Paramount Pictures, Entertainment, Project X Productions,
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h02
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gênero: terror
Nota: 4,5 (0 a 5)

28 fevereiro 2023

"Duas Bruxas: A Herança Diabólica” não passa de um terror fraco com narrativa confusa

Produção conquistou diversos prêmios em festivais internacionais (Divulgação)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


O que faz um filme de terror fraco, com narrativa confusa, repleto de clichês conquistar vários prêmios em festivais internacionais e ganhar tanta visibilidade? 

Essa é a pergunta que não quer calar sobre "Duas Bruxas: A Herança Diabólica” ("Two Witches"), que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2 de Março).

Dirigido por Pierre Tsigaridis, o longa, que pode ser enquadrado na categoria de Filme B de terror, fez barulhos nos festivais FilmQuest, Freak Show Horror Film Festival e Grimmfest. 

E saiu vitorioso com os prêmios Best Editing, Best FX Makeup e Best Scare Award. 


Dividido em três capítulos - "Sarah", "Masha" e "Epílogo",  o longa deixa o espectador confuso do início ao fim. As atuações são exageradas, grotescas e sem graça, além de recheadas de jump scare. 

O filme não provoca reação ou faz o público se conectar com as tramas nem se identificar com os personagens. Até os efeitos visuais nas cenas das bruxas e toda questão mística são muito fracos, não passam nenhuma emoção.


Primeiro capítulo

Na primeira história conhecemos Sarah (Belle Adams), que está grávida e acredita piamente que está sendo perseguida por uma bruxa. Enquanto Simon (Ian Michaels), seu marido cético, faz piadas com isso, pedindo ajuda a um casal místico de amigos. 

Essa primeira parte mostra quantos clichês existem no roteiro. Além do desenvolvimento lento, a condução errada da história e as situações exageradas.


Segundo capítulo

Já no segundo capítulo conhecemos Rachel (Kristina Kleber), uma mulher estável que divide o apartamento com Masha (Rebekah Kennedy). 

De personalidade duvidosa, agressiva e sem sorte nos relacionamentos, diferente da primeira história, Masha espera que irá herdar os poderes de uma bruxa. 

A direção do filme até tenta passar mais personalidade e ritmo, mas mesmo assim, não sabe onde quer chegar com o espectador. 


A forma como o roteiro coloca Masha como a vilã e grande manipuladora é uma tentativa desesperada de fazer o filme andar rápido. Mas isso não passa de uma impressão.

O curioso é que as histórias tentam se vender como conectadas, mas só ganham força se forem observadas separadamente. 

Os únicos personagens que participam de dois episódios, fazendo um grande esforço para se conectarem, são Dustin (Tim Fox) e Melissa (Dina Silva).


Epílogo: a maldição

O problema mais grave é que, em nenhum momento, a maldição, ponto-chave da trama, é explicada. Não fica claro como ela aconteceu e como está sendo repassada. 

Tudo soa muito desconexo, as peças do quebra-cabeça não combinam. O público fica à espera de algo que faça sentido, mas isso não acontece.

E pior: o filme tem cenas pós-créditos que tentam puxar algum fôlego para uma possível continuação e uma explicação sobre a maldição. Mas nem esse "adicional" consegue ser positivo.


Talvez os únicos pontos válidos sejam a fotografia e a estética do filme, que tentam melhorar alguma coisa no resultado final . Mas é apenas isso.

Cadê o terror bom?

Antes de encerrar, gostaria de fazer uma colocação: o que será que está acontecendo com o terror em 2023? No ano passado, tivemos uma ótima safra de filmes do gênero. 

Como exemplos temos "X: A Marca da Morte", "Sorria", "Halloween Ends - O Acerto de Contas Final", "Noites Brutais", "Não! Não Olhe!" que, de fato, causaram reações e agradaram ao público. 


Sobre os deste ano, a maioria parece filme B e de baixo orçamento, que não se preocupa com as histórias. Não são objetivos e até agora, me causaram mais sono do que medo.

"Duas Bruxas: A Herança Diabólica" não cumpre o que promete. Só consegue ser mais um terror fraco e sem graça. É mais do mesmo no gênero, sem nenhuma inovação.


Ficha técnica:
Direção: Pierre Tsigaridis
Produção: The Rancon Company / Incubo Films
Distribuição: Synapse Distribution
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h38
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: terror

08 fevereiro 2023

Com um roteiro genérico, "Oferenda ao Demônio" falha ao se apoiar na mitologia judaica

Terror sobre um espírito maligno que atormenta a esposa grávida do filho de um agente funerário
(Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Larissa Figueiredo


Enquanto a comunidade judaica busca por uma criança desaparecida, o filho de um agente funerário retorna para casa com a esposa na reta final de uma gravidez. Cheio de dívidas, Art (Nick Blood) pretende convencer o pai (Allan Corduner) a hipotecar a casa da família. 

As tramas, que se desenvolvem individualmente, sem muita conexão entre si, se unem no clímax de "Oferenda ao Demônio" ("The Offering"), filme que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas. 


É nesse cenário que os roteiristas Hank Hoffman e Jonathan Yunger tentam se apoiar à mitologia judaica com o mito de Abyzou, um demônio responsável por causar abortos e mortalidade infantil. 

Ele assume a forma de um “monstro” semelhante a uma cabra gigante, causando confusão mental nos personagens e os levando a fazer sacrifícios.


Contudo, o texto não esclarece nem aprofunda os aspectos culturais que abarcam os comportamentos dos personagens. O roteiro apresenta um desenvolvimento confuso, lento, previsível e cansativo para o espectador, tornando o pano de fundo do filme apenas uma boa ideia mal executada. 


A fotografia é simplória e pouco atrativa. Pouquíssimos elementos audiovisuais são empregados para enriquecer a experiência do público. A sonoplastia e a trilha sonora também não se destacam e não colaboram para o suspense necessário ao gênero. 


O final chega perto de surpreender quando utiliza das ilusões provocadas por Abyzou para confundir quem está do outro lado da tela. Após mais de uma hora de informações desconexas, o desaparecimento de Sarah Scheindal (Sofia Weldon) é esclarecido.

E se mescla à gravidez de Claire (Emily Wiseman) e aos mistérios envolvendo a funerária. Entretanto, não responde questões importantes, como os imbróglios que envolvem a família de Art e os conhecimentos esotéricos do núcleo principal. 


Ficha técnica:
Direção: Oliver Park
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h28
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gênero: Terror
Avaliação: 2/5