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10 janeiro 2019

"Assunto de Família" mostra por que mereceu a Palma de Ouro em Cannes

Pequena obra-prima do cinema japonês é dirigida de maneira sutil e perfeita por Hirokasu Kore-eda (Fotos: Wild Bunch Distribution)

Mirtes Helena Scalioni


O que determina a formação de um grupo que possa ser chamado de família? Seriam os laços de sangue os imperativos formadores desse grupo? Que personagens, afinal, cabem e estão moralmente aptos a formar uma família? O debate, além de oportuno nesse Brasil de hoje, é o mote principal de "Assunto de Família" ("Manbiki Kazoku"), produção japonesa dirigida e roteirizada por Hirokasu Kore-eda que, segundo consta, tem esse tema como uma constante em sua obra. 

E foi com "Assunto de Família" que o diretor conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2018. O drama também foi indicado ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do Globo de Ouro 2019 e é o representante do Japão no Oscar deste ano na mesma categoria.

Estranhamente, o filme começa com Osamu Shibata (Lily Franky) ensinando a um menino que parece ser seu filho a praticar pequenos furtos num mercado. Para o espectador, fica claro, logo no início, que o adolescente Shota (Jyo Kairi) tem grande admiração pelo pai/mestre quando os dois saem comemorando o sucesso do roubo, na verdade praticado devido a uma perfeita e bem orquestrada cumplicidade da dupla.

De volta para casa, enquanto caminham por bairros pobres de alguma cidade do Japão, eles se deparam com uma cena que, ao que parece, já conhecem: uma menina de uns três/quatro anos está abandonada, com frio e machucada na porta de casa. Sem muitos questionamentos, como se tudo fosse muito natural, eles levam a menina Yuri (Miyu Sasak) para casa deles com o objetivo de cuidar dela.

"Assunto de Família" surpreende mais ainda quando, ao chegar à casa que parece estar numa favela, os três são recebidos por um estranhíssimo grupo composto por uma senhora que todos chamam de avó (Kiki Kirin), duas mulheres adultas, que o público vai aos poucos identificando como Nobuyo Shibata (Sakura Andô) e Aki Shibata (Mayu Matsuoba).

E é também aos poucos, ao longo dos 120 minutos do filme, que o espectador descobre que aquela é uma família particularíssima, onde vivem numa harmonia possível, ladrões, prostitutas e trambiqueiros. O pequeno espaço, quase claustrofóbico, permite que os conluios e cumplicidades despertem e floresçam. Assim como os afetos.

Filmes sobre famílias costumam ser sempre ricos. Mas esse é particularmente rico porque tem um roteiro hábil. E o diretor, sem nenhum julgamento moral, envolve o público numa trama que, depois, se revela misteriosa, policialesca. Não dá pra saber exatamente quanto tempo aquelas pessoas estão ali, à margem da sociedade.

Mas é possível imaginar que não se trata de pouco tempo porque os moradores enfrentam a neve, a chuva, o calor do verão. Enquanto segredos são revelados, o espectador tem a chance de refletir sobre o encanto de criar e reforçar laços e sobre todos os conceitos a respeito da amizade, o amor e os afetos.
Duração: 2h01
Classificação: 14 anos
Distribuição: Imovision


Tags: #AssuntoDeFamilia, #Japao, #PalmadeOuro, #Cannes, #HirokasuKore-eda, #drama, @Imovision, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

"Homem-Aranha no Aranhaverso" é animação imperdível do herói dos quadrinhos

Super-herói Marvel vai contar com a ajuda de outros como ele, vindos de dimensões paralelas, para combater o crime em Nova York (Fotos: Sony Pictures Entertainment)

Maristela Bretas


Depois de laçar a estatueta de Melhor Filme de Animação do Globo de Ouro 2019, "Homem-Aranha no Aranhaverso" ("Spider-Man: Into the Spider-Verse") solta sua teia a partir desta quinta-feira nos cinemas brasileiros com a promessa de prender o público que curte uma super história em quadrinhos. A produção da Marvel Studios com distribuição da Sony Pictures também está disputa outros prêmios importantes de Hollywood, inclusive o Oscar deste ano na categoria.



A história do jovem que adquire superpoderes após ser picado por uma aranha geneticamente modificada já é conhecida por todos. Mas agora ganha as telas com outras roupagens. A começar pela escolha de um jovem negro do Brooklin para vestir a fantasia azul e vermelha do herói que circula pela cidade combatendo o crime pendurado numa teia. Uma escolha politicamente correta e excelente.


Miles Morales é um garoto simpático, que conquista o público de imediato por ser um fã do Homem-Aranha como muitos de nós. Para ele, Peter Parker, agora já conhecido por todos como o aracnídeo do bem, é seu modelo de super-herói. O adolescente admira a forma como ele combate o crime na cidade e atrai seguidores por onde passa. Até que o Homem-Aranha é dado como morto e a criminalidade toma conta de Nova York.


A população agora precisa de um novo protetor. Miles só não esperava que fosse ele, inspirado no legado de Parker e vivendo a mesma situação - ser picado por uma aranha e adquirir poderes. Ao visitar o túmulo de seu ídolo em uma noite chuvosa, o jovem é surpreendido com a presença do próprio Parker, vestindo o traje do herói coberto por um sobretudo. Vindo de uma dimensão paralela, ele será o mentor de Miles para que se torne o novo "amigo da vizinhança". 

Se o garoto já está vibrando com a chance de lutar ao lado de seu herói, imagina com outras quatro versões, vindas de universos diferentes. Todos eles precisarão se unir para vencer Wilson Fisk - O Rei do Crime - e seus parceiros: Dra. Octopus, Duende Verde e Scorpion. Só depois poderão retornar a seus mundos.


"Homem-Aranha no Aranhaverso" é ótimo, tem muita cor, ação, aventura e diálogos engraçados, com direito a "balões" de pensamentos dos personagens, como nas HQs. Este é inclusive um dos grandes diferenciais desta produção, que mescla computação gráfica e traços clássicos do formato 2D. Merece cada prêmio que faturar neste ano na categoria de Filme de Animação, apesar da forte concorrência com "Os Incríveis 2", outra excelente produção que arrasou bilheterias.


Os diretores de "Aranhaverso" também se preocuparam em passar boas mensagens, o que coloca o filme também no gênero família. Além de precisar aprender o mais rápido possível como se tornar um herói, Miles Morales também vive os dramas da adolescência, o bullying na escola, a família que o trata como criança, o pai policial amoroso, mas que não aceita a presença de um Homem-Aranha fazendo a segurança da cidade, e o tio boa-praça mas ligado à criminalidade.


A Marvel também mostra nesta produção uma preocupação com a inclusão ao inserir um jovem negro no papel de um de seus mais icônicos super-heróis. E de imediato ele conquista o público por sua simplicidade e simpatia. A desmistificação continua com a escolha dos personagens das demais versões - Gwen Stacy é a Mulher-Aranha, Homem-Aranha Noir, o Porco-Aranha e Peni Parker, uma menina que parece ter saído de um anime e que tem um robozinho como parceiro.


Na versão legendada um grande atrativo é o elenco de peso que fez a dublagem: Jake Johnson ("Te Peguei! - 2018), como Peter Parker/Homem-Aranha, Mahershala Ali (prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Globo de Ouro 2019 pelo filme "Green Book: O Guia", que estreia neste mês) como o tio Aaron, Shameik Moore (Miles Morales), Hailee Steinfeld (de "Bumblebee" - 2018), como Gwen Stacy, Nicholas Cage (Homem-Aranha Noir), Lily Tomlin (tia May), John Mulaney (Porco-Aranha), Liev Schreiber (Rei do Crime) e Chris Pine, como o Homem-Aranha idolatrado por Morales.


Stan Lee, que junto com Steve Ditko criou os quadrinhos dos super-heróis da Marvel, recebeu uma participação ainda maior que nos filmes, mantendo o humor, mas passando uma boa mensagem ao jovem Miles. "Homem-Aranha no Aranhaverso" é uma animação imperdível, ideal para assistir com um baldão de pipoca no colo e um copo grande de refrigerante.


Ficha técnica:
Direção: Bob Persichetti / Peter Ramsey / Rodney Rothman
Produção: Sony Pictures Animation / Marvel Animation /Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h57
Gêneros: Animação / Ação / Família
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #HomemAranhaNoAranhaverso, @SonyAnimation, @MarvelAnimation, @SonyPictures, #acao, #animacao, #familia, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

03 janeiro 2019

Assistir "O Manicômio" é jogar tempo e dinheiro fora com terror muito ruim

Filme reúne youtubers alemães numa aposta dentro de um hospital abandonado que seria assombrado (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


O ano de 2018 contou com bons filmes de terror e suspense, alguns até com indicações a prêmios internacionais, como "Um Lugar Silencioso". Iniciar 2019 com um filme do gênero ruim demais é até covardia com o público. É o caso de "O Manicômio" ("Heilstätten"), produção alemã, que para piorar veio para BH somente em versão dublada em português. Que sofrimento!

O filme ficou perdido num limbo inexplicável, sem saber se explorava o universo dos youtubers ou se apostava no susto das assombrações de um antigo manicômio abandonado. No final, nem uma coisa nem outra, somente um roteiro cheio de furos, mal escrito e mal dirigido, com atores péssimos. Mais parece uma postagem no Youtube feita por adolescentes tentando vencer seus oponentes na disputa pela melhor imagem ou fato mais interessante. 

Na história, um grupo de youtubers entra ilegalmente na área de cirurgia de um manicômio abandonado da 2ª Guerra Mundial perto de Berlim onde nazistas faziam experiências com prisioneiros. Eles precisam vencer o desafio de passar 24 horas no local, mostrando tudo o que acontece lá dentro com a esperança de viralizarem seus vídeos e conseguirem mais seguidores. 

Mas logo descobrem que não estão sozinhos e não são bem-vindos ali e terão de fazer de tudo para sobreviverem até o dia seguinte. 

Com um trailer bem montado que até atrai, o filme é uma correria desenfreada que nem o fantasma consegue acompanhar, poucos sustos e salva apenas o cenário escolhido para a trama que, infelizmente, foi desperdiçado. Teria garantido um bom filme de terror. 


Ficha técnica:
Direção: Michael David Pate
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h29
Gêneros: Terror / Suspense
País: Alemanha
Classificação: 14 anos
Nota: 1 (0 a 5)

Tags: #OManicomio, #terror, #suspense, @ParisFilmes, @cineart_cinemas, #EspacoZ, @cinemanoescurinho

30 dezembro 2018

Paulo Gustavo é o par perfeito de Mônica Martelli em "Minha Vida em Marte"

Filme celebra a amizade e as dúvidas sobre a melhor maneira de amar após uma separação (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


Com uma química perfeita, "Minha Vida em Marte" acerta na dupla Paulo Gustavo-Mônica Martelli (também roteiristas e produtores) para oferecer ao público a diversão esperada para uma comédia. Dirigido por Susana Garcia, irmã de Martelli, o filme é uma celebração à amizade entre os protagonistas que é mostrada claramente durante toda a narrativa, deixando o tema principal - a decepção com um casamento perto de chegar ao fim - em segundo plano.


Paulo Gustavo é o destaque com suas tiradas sarcásticas que o consagraram como Dona Hermínia em "Minha Mãe é Uma Peça 2" e dá a esta produção, sequência de "Os Homens São de Marte... E é prá Lá que Eu Vou", uma roupagem cômica. É o humor ácido de Paulo Gustavo, como Aníbal, que dá vida à produção e deixa o enredo mais engraçado. Ao contrário do monólogo homônimo interpretado por Mônica Martelli da qual foi adaptada, que é mais dramático.


Martelli está muito bem como Fernanda, que agora está casada, tem uma filha de cinco anos e vive a rotina de uma relação que começa a dar sinais de desgaste, rumo a um divórcio. Sem tesão, mas não aceitando o fim do que "deveria ser para sempre", ela e o marido Tom (Marcos Palmeira) se afastam cada vez mais um do outro, vivem em atrito e passam a buscar opções externas.


Apesar de ser uma mulher que está insegura sobre seu futuro como divorciada, num mundo machista que considera "velha" uma mulher acima do 40 anos, Fernanda sabe que "na alegria e na tristeza" sempre vai poder contar com Aníbal, seu par perfeito para buscar a felicidade de se tornar uma nova mulher.


E é ele quem irá ajudar a amiga e sócia a superar a crise no casamento, propondo todo tipo de estratégia para salvar a relação ou acabar de vez com ela. Aníbal cria situações das mais divertidas, algumas bem "saia justa", desde romances a viagens e encontros com novos parceiros. Os diálogos entre os dois garantem boas gargalhadas.

No elenco estão ainda Fiorella Mattheis (Carol), Ricardo Pereira (Bruno), Heitor Martinez (Humberto) e os estreantes no cinema, Marianna Santos (como Joana, filha de Fernanda e Tom) e Lucas Capri (Theo, o produtor musical de Anitta, que faz uma ponta no filme). Mas todos, inclusive Marcos Palmeira são meros coadjuvantes. A história se concentra mesmo é na dupla principal. Uma boa comédia nacional, que deverá atingir o mesmo sucesso de bilheteria dos filmes anteriores protagonizados por Paulo Gustavo e Mônica Martelli. Vale a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Susana Garcia
Produção: A Fábrica / Capri Produções
Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes
Duração: 1h45
Gênero: Comédia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #MinhaVidaEmMarte, @PauloGustavo, @MonicaMartelli, @DowntownFilmes, #comedia, @AFabrica, @EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho @CinemaEscurinho

23 dezembro 2018

"Conquistar, Amar e Viver Intensamente" - bom drama com roteiro arrastado

Pierre Deladonchamps e Vincent Lacoste vivem um grande amor com dias contados nessa produção francesa (Fotos: Jean-Louis Fernandez - Les Films Pelléas)

Maristela Bretas


"Conquistar, Amar e Viver Intensamente" ("Plaire, Aimer et Courir Vite") é uma comédia dramática francesa que trata de amores mundanos e sinceros, a luta contra a morte e a esperança de que um dia alguém especial possa mudar tudo. Do mesmo diretor de "Canções de Amor" (2007) e "Bem Amadas" (2011), Christophe Honoré, a produção participou da seleção oficial do 71º Festival Internacional de Cannes em maio desse ano.

Com linda trilha musical e ótimas locações, o filme peca apenas pela longa duração, ficando sonolento em algumas cenas, apesar da bela história de amor de Jacques (Pierre Deladonchamps), um escritor e dramaturgo que vive em Paris, e Arthur (Vincent Lacoste), um jovem que está estudando em Rennes, uma cidade estudantil na região da Bretanha francesa.

Nos anos 90, Jacques, com seus 40 anos, leva uma vida discreta pela manhã, tem um filho com uma amiga e uma vida de múltiplos parceiros à noite. Mas seu maior drama é o tempo de vida que lhe resta - ele tem AIDS e é a doença que determina os rumos dos personagens e da história, reforçando a tese de que está diretamente relacionada ao homossexualismo. O escritor tem a necessidade urgente de viver e amar, é um conquistador arrogante e, apesar de sempre procurar o amor em cada esquina, não se permite um novo envolvimento, por causa de uma decepção do passado.

Um encontro casual no cinema o coloca frente a frente com Arthur, o jovem estudante que não assume perante a amiga que é gay, mas também à noite se entrega aos amores disponíveis em guetos de homossexuais e michês. E apesar de ambos evitarem o envolvimento, a atração se torna cada vez maior e o romance de dias contados é cheio de ternura, encantamento e uma luta diária para fazer o amor ser maior que o medo da morte.

Aos poucos Arthur vai quebrando as barreiras de Jacques e, com sua jovialidade e alegria, mostra a ele um outro lado da vida que não pode e não deve ser esquecida, apesar do agravamento da doença do escritor. Mas com a morte de seu ex-parceiro, vítima de AIDS, Jacques tenta se afastar de Arthur e só pode contar com o velho amigo Mathieu (sempre ótima interpretação de Denis Podalydés, de "O Melhor Professor da Minha Vida" - 2017 e "50 São os Novos 30" - 2018), para convencer o jovem a seguir seu caminho. 

O roteiro é bem conduzido, com uma história envolvente, alegre e dramática ao mesmo tempo graças à ótima interpretação dos personagens, mas que poderia ter sido contada em um tempo menor, sem esticar muitas cenas, com comentários menores, menos filosóficos e cansativos.


Ficha técnica:
Direção: Christophe Honoré
Distribuição: Imovision
Duração: 2h12
Gêneros: Comédia / Drama
País: França
Classificação: 14 anos

Tags: #ConquistarAmarEViverIntensamente, @Imovision, #drama, #comedia, @cineart_cinemas, #EspacoZ, @cinemanoescurinho

13 dezembro 2018

"Aquaman" tem excelentes efeitos especiais e dá uma nova vida aos heróis da DC

Filme conta a história do integrante da "Liga da Justiça" vindo do mar, interpretado por Jason Momoa (Fotos: Warner Bros Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


"Aquaman" tem furos, sim o que era esperado. Mas o resultado final da nova produção da DC Comics surpreende e agrada como diversão. Acima de tudo, pelos efeitos gráficos, que ficaram tecnicamente excelentes, principalmente nas cenas de diálogos entre os habitantes no fundo do mar. O filme ficou muito bom, mas ainda atrás de "Mulher Maravilha". Também são destaques a trilha sonora e as locações bem escolhidas (como a região da Sicília, na Itália), além da ótima direção e coordenação de roteiro de James Wan, que tem no seu currículo os ótimos filmes de terror "A Freira" (2018) e "Invocação do Mal 1 e 2" (2013 e 2016) e o sucesso "Velozes e Furiosos 7" (2015). 

Jason Momoa (como Aquaman/Arthur Curry) é uma atração à parte, com um corpo esculpido e tatuado para atrair em cheio o público feminino, principalmente por passar a maior parte do filme sem camisa. Cada vez que aparece, o ator musculoso enche a tela e desperta suspiros. Se pode ser chamado de ator, o tempo dirá, mas pelo menos entregou um herói mais simpático (e atraente) do que seus amigos da "Liga da Justiça" (2017) - Batman (Ben Affleck) e Superman (Henry Cavill).

"Aquaman" apresenta diálogos simples, que não exigem muito de seus intérpretes. Mas Momoa tem boa presença, é divertido em alguns momentos (chega a lembrar de Thor em "Ragnarok") e faz o estilo brutamontes que resolve tudo na porrada, mas tem o bom coração e é "menino de família". E de quebra, atrai a mocinha dos cabelos vermelhos vinda do mar, que briga muito, tem super poderes e opinião própria. A mocinha no caso é a bela Amber Heard, que interpreta Mera, a princesa de um dos reinos de Atlântida que, como Aquaman, teve sua primeira aparição em produção da DC Comics/Warner Bros. Pictures em "Liga da Justiça". 

O destaque fica para Patrick Wilson, que deixa pelas mãos de James Wan a pele do bom Ed Warren, da franquia "Invocação do Mal" e "A Freira" para ser um dos vilões da história - o Rei Orm que quer se tornar Mestre dos Oceanos. Ele está bem no papel, mas ainda tem cara de cachorro que caiu da mudança. Mas nas lutas contra Aquaman, mantém o mesmo padrão do super-herói.


Confira a galeria de fotos do filme no Flickr



Nicole Kidman (que interpreta a rainha Atlanna, mãe do Aquaman), apesar de ser nome de peso, aparece pouco. E a maquiagem foi cruel com ela quando é mostrada mais jovem. Pecou feio, melhor teria sido usar computação gráfica no rosto do que fazer o trabalho ruim de rejuvenescimento que fizeram. A maquiagem errou na atriz mas acertou nos atores. Já Temuera Morrison (que faz o pai do Aquaman) ficou bem quando jovem e envelhecido da maneira correta.

O mesmo com Willem Dafoe, que tem boa interpretação de Vulko, conselheiro da rainha. O elenco conta ainda com Dolph Lundgren, também melhorado pela maquiagem para viver o Rei Nereus. E Yahya Abdul-Mateen II, como o pirata David Kane, que se transforma no Arraia Negra, inimigo do Aquaman.

O filme conta a origem de Arthur Curry, como se tornou o super-herói e sua atuação nada discreta como super-herói apesar de viver numa pequena vila costeira. Mas ao ser convocado por Mera para defender e unir terra e mar, ele terá de assumir sua função de herdeiro do trono de Atlântida. E enfrentar seu maior rival, o meio irmão Rei Orm, que quer se tornar o Mestre dos oceanos e dominar os mares a terra, destruindo os humanos que estão acabando com a natureza.

Esta parte da poluição dos mares e rios, o aquecimento global e a destruição da fauna e flora marinha é abordada bem levemente, sem aprofundar. Nas entrelinhas há também uma crítica ao estilo de vida de Atlântida, que usa de regras e controle como o mundo terrestre, além de usar animais para a guerra. A produção também aproveitou ideias de seu concorrente, com a ponte com o portal ligando os reinos aquáticos, bem semelhante a de Asgard, dos filmes de Thor.

"Aquaman" é um bom filme, bem humorado, com muita ação (dentro e fora d'água), que tem na computação gráfica seu forte, apesar do roteiro confuso em algumas partes. Mas cumpre seu papel de contar a história do herói e rei dos Sete Mares, ilustrada pelas cores das milhares de espécies exóticas do fundo do mar e as belas paisagens terrestres. As 2h24 de duração passam rápido. Vale conferir.


Ficha técnica:
Direção: James Wan
Produção: DC Entertainment / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h24
Gêneros: Ação / Aventura / Fantasia
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #Aquaman, @JasonMomoa, @AmberHeard, #ArthurCurry, #acao, #superheroi, @WarnerBrosPictures, @DCComics, @EspacoZ, @cineart_cinemas, #LigadaJustica, @cinemanoescurinho

11 dezembro 2018

Apesar do ótimo elenco e história, "As Viúvas" é longo e com pouca ação

Suspense reúne Viola Davis comandando um grupo de mulheres desesperadas num grande assalto (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Atores de primeira que entregam ótimas interpretações bem distribuídas ao longo da história, e a trilha sonora com a marca de Hans Zimmer, fazem de "As Viúvas" ("Widows") uma das boas opções em cartaz no cinema. Viola Davis ("Um Limite Entre Nós" - 2017), ótima como sempre, contracena com Liam Neeson ("O Passageiro" - 2018), e Colin Farrell ("O Estranho que Nós Amamos" - 2017). O filme peca, no entanto, na duração. Muito longo e com pouca ação, o roteiro esticou demais em alguns detalhes, deixando algumas cenas bem arrastadas.

Mas quando a ação acontece, elas são muito boas, principalmente pela atuação dos atores, sem desmerecer os efeitos especiais. Outro ponto positivo é a abordagem paralela da questão social, explorada por candidatos em campanha: o famoso esquema de tirar o máximo de proveito gastando o mínimo e explorando as necessidades das comunidades carentes. O diretor deixa bem claro que isso vale para os dois lados da disputa - para quem nasceu no bairro e quer unir o poder do tráfico de drogas ao do cargo político quanto para aqueles que sempre se alimentaram da política por gerações.

"As Viúvas" é dirigido pelo britânico Steve McQueen II (também um dos roteiristas e produtores), o mesmo de "12 Anos de Escravidão" (2014). Traz ainda um elenco de nomes famosos como Daniel Kaluuya ("Corra!" - 2017), Robert Duvall ("O Juiz" - 2014), Michelle Rodriguez (da franquia "Velozes e Furiosos"), Elizabeth Debicki ("Guardiões da Galáxia- Vol. II" - 2017) e Brian Tyree Henry ("Hotel Artemis" - 2018).

A partir de um assalto frustrado, quando Harry Rawlins (Liam Neeson) e sua gangue são mortos pela polícia e o dinheiro que roubaram destruído pelas chamas, as viúvas se tornam o alvo dos traficantes que perderam tudo. A viúva de Harry, Verônica (Viola Davis), passa a ser cobrada para que a quantia roubada pelo marido seja devolvida. 


Pressionada, ela encontra um caderno de anotações de Harry que prevê em detalhes aquele que seria seu próximo golpe. Verônica então decide realizar o roubo, tendo a ajuda das demais viúvas dos mortos no assalto frustrado - Linda (Michelle Rodriguez) e Alice (Elizabeth Debicki), além de Belle (Cynthia Erivo).

Elas se vêm envolvidas numa disputa política envolvendo Jack Mulligan (Colin Farrell) e o pai dele, Tom (Robert Duvall) contra Jamal (Brian Tyree Henry), chefe do tráfico na comunidade e forte candidato a acabar com a hegemonia na região família Mulligan. Para o "trabalho sujo", Jamal conta com Jatemme (Daniel Kaluuya), um homem violento, cruel, que sente prazer em matar. "As Viúvas" vale a pena assistir, em especial pelo elenco, mas o roteiro unindo suspense e drama errou ao deixar a ação em segundo plano.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Steve McQueen (II)
Produção: 20th Century Fox / New Regency Pictures / See-Saw Films
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h09
Gêneros: Suspense / Drama
Países: EUA / Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

Tags:#AsViuvas, #Widows, @ViolaDavis, @LiamNeeson, @ColinFarrell, @MichelleRodriguez, @DanielKaluuya, #RobertDuvall, #drama, #suspense, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

06 dezembro 2018

"A Vida em Si" reúne lindas histórias de amor que o destino não perdoou

Oscar Isaac e Olivia Wilde formam o casal que dará início a trajetória de alegrias e tristezas de uma família (Fotos: Mars Films/Divulgação)

Maristela Bretas


O amor contado das mais diversas formas. Assim é a história de "A Vida em Si" ("Life Itself"), um romance dramático que atravessa o tempo, recheado de tragédias, decepções, reencontros e surpresas.  Poderia ser apenas mais um filme meloso. Mas o diretor e roteirista Dan Fogelman, criador da ótima série de TV "This Is Us", soube amarrar bem todas as pequenas histórias, interligando cada uma para que tivessem um motivo para terem existido, como faz com a série desde 2016.

É possível viver somente um único amor? Ou abrir mão dele pela felicidade do outro? Ou simplesmente suportar o abandono ou nunca ter amado? Pois é a paixão à primeira vista de Will Dempsey (ótima interpretação de Oscar Isaac) por Abby (Olivia Wilde, muito bem também), sua colega de faculdade, o ponto de partida de todas essas dúvidas que vão contar a história de "A Vida em Si".



O flerte da escola que se transforma numa linda relação a dois, com apoio da família e amigos, até o casal ser atingido por uma grande tragédia, que ira mudar a vida de todos. O filme passa a ser uma colcha de histórias paralelas que vão se conectando à medida que o tempo passa, todas elas atreladas ao romance inicial. "A Vida em Si" é emocionante e ao mesmo tempo triste ao mostrar como ficou a família de Will depois do marcante evento e como isso irá influenciar gerações futuras em outros lugares do mundo. 


No elenco estão ainda o sempre charmoso Antonio Banderas, Annette Bening, Mandy Patinkin, Jean Smart, Olivia Cooke, Sergio Peris-Mencheta. Laia Costa e Alex Monner. Samuel L. Jackson faz a narração inicial e uma rápida aparição.

Mesmo com final esperado a partir da terceira parte, o filme agrada ao ir oferecendo soluções, nem sempre boas, para os conflitos dos relacionamentos, tanto de casais quanto familiares. "A Vida em Si" é impactante, uma lição de amor maior, mas também resignado e descrente, feito para mostrar que a vida dá muitas voltas, mas o destino de cada um de nós já está traçado.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Dan Fogelman
Produção: FilmNation Entertainment / Temple Hill Entertainment
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h58
Gêneros:  Drama / Romance
País: EUA
Classificação: 10 anos 
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #AVidaEmSi, #Life Itself, #ThisIsUs, @DanFogelman, @OscarIsaac, #OliviaWilde, @AntonioBanderas, #drama, #romance, @ParisFilmes, @cineart_cinemas, #EspacoZ, @cinemanoescurinho, #CinemaEscurinho

Cineart e Minas Shopping promovem sessão solidária de "Bohemian Rhapsody"

Exibição será na sala 3 e contará ainda com show da banda Poison Gas; parte da venda dos ingressos será destinada à Casa Aura (Foto: Cineart/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma sessão solidária para encher o coração e fazer bem à alma. Nesta quinta-feira (6), a partir das 21 horas, o Cineart do Minas Shopping promove uma sessão solidária na sala 3 do filme "Bohemian Rhapsody". Metade do valor arrecadado com os ingressos será destinada a Casa Aura, instituição que apoia crianças e jovens com câncer.

(Foto: 20th Century Fox/Divulgação)
O filme, sucesso internacional de bilheteria que encantou fãs no mundo inteiro, conta a história do vocalista e compositor Freddie Mercury, desde a formação da banda Queen até seis anos antes da morte do cantor, com interpretação impecável na produção do ator Rami Malek. O filme está entre os possíveis indicados ao Oscar. Clique aqui e confira a crítica do filme no blog Cinema no Escurinho.

Antes da exibição, o público ainda vai conferir o show da banda mineira Poison Gas, formada por adolescentes de 13 e 14 anos, com apresentação de quatro clássicos do Queen. Além da apresentação exclusiva, quem assistir ao filme terá direito a sessão de autógrafos, fotos com integrantes da banda, pipoca média e refrigerante de 300 ml. 

(Foto: Divulgação)
Os interessados devem consultar os valores da sessão em www.minasshopping.com.br. "Estamos fazendo uma ação social em parceria com a banda e a Cineart. Juntos, vamos proporcionar momentos de alegria e solidariedade", afirma o gerente geral do Minas Shopping, Fábio Freitas.

Os pequenos “rock stars” integrantes da banda Poison Gas são Gabriel Colen (guitarra e vocais), Davi Leão (baixo, teclado e vocais), Pedro Henrique (guitarra) e Rafael Baino (bateria). Eles se conheceram na escola e, juntos, descobriram a paixão pela música e pelos instrumentos, fazendo, inicialmente, apresentações em pequenos eventos e festivais escolares. Em maio de 2016, decidiram unir os seus talentos e formaram o conjunto.



Serviço:
Sessão solidária no Cineart do Minas Shopping
Data: 06/12/2018
Horário: 21 horas
Local: Sala 3 do Cineart Minas Shopping - Avenida Cristiano Machado, 4000 – União
Valores da sessão: www.minasshopping.com.br
Informações: (31) 3429-3500

Tags: #CasaAura, #sessãosolidaria, @PoisonGas,  #MinasShopping, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

01 dezembro 2018

"Encantado", uma animação feita para agradar apenas os pequeninos

Filme reúne romance, canções, aventura, sustos, princesas, bruxas e feitiços, elementos esperados para uma produção sobre um mundo de fantasia (Fotos: Big Picture Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Crianças menores até poderão gostar de "Encantado" ("Charming"), animação com roteiro e direção de Ross Venbokur que estreia nesta quinta-feira (29) nos cinemas de Belo Horizonte. Estão lá todos os elementos esperados para atrair os pequeninos, como um tipo de suspense até certo ponto ingênuo, romance, canções, aventura, sustos, princesas, bruxas, feitiços. Tudo na medida certa.

Meninos e meninas maiorzinhos, que já possuem um mínimo de senso crítico, também podem se encantar com um príncipe Felipe meio trapalhão, princesas patricinhas e fúteis e uma quase vilã que começa sem nenhum charme, como uma ladra e, aos poucos, se transforma na mocinha e personagem principal da história. Seria a vitória da antiprincesa, da plebeia, gente como a gente. São pequenos toques de modernidade e rebeldia.


Ao nascer, o príncipe Felipe é vítima de um feitiço da bruxa Morgana: todas as mulheres vão se apaixonar por ele assim que o avistarem. Ou seja, o rapaz se torna verdadeiramente encantado . Uma espécie de Dom Juan, que tem todas as mulheres mas não tem efetivamente nenhuma. Desta forma, ele acaba se metendo em enrascadas, como por exemplo, ficar noivo e de casamento marcado com nada menos que três princesas, todas salvas por ele: Cinderela, Branca de Neve e Bela Adormecida.

Mas, como toda maldição tem seu fim e todo conto de fadas que se preza caminha para um final feliz, Felipe só se livrará da tal praga quando encontrar, claro, o amor verdadeiro. Na versão original, a voz do personagem é do ator Wilmer Valderrama. No Brasil, a dublagem foi feita por Leonardo Cidade.


Leonora Quimonez é uma ladra que vive de pequenos golpes perambulando pela periferia do reino. Por algum motivo não explicado, ela não se encanta pelo príncipe ao vê-lo e, como só pensa em dinheiro, aceita o emprego de guia para ajudar Felipe a vencer três desafios quase impossíveis, principalmente para ele, um rapaz mimado beirando o covarde. Originalmente feita por Demi Lovato, a moça é dublada aqui pela atriz teen Larissa Manoela.

Os adultos vão encontrar algumas mensagens que, nesses tempos atuais do politicamente correto, podem ser analisadas como negativas. Exemplos não faltam: a bruxa que enfeitiça o príncipe assim que ele nasce faz isso por inveja da mulher que se casou com o rei (um sentimento baixo); para conseguir o trabalho de guia, Leonora precisa se travestir de menino (meninas são incapazes?); todas as mulheres do reino, mostradas quase sempre como subservientes, só pensam em se casar. Enfim, dá pra ir ao cinema com as crianças, mas sem levar nada muito a sério.
Duração: 1h25
Classificação: 6 anos
Distribuição: Imagem Filmes


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