03 agosto 2025

Em "Drácula - Uma História de Amor Eterno", a paixão arrebatadora toma o lugar do terror

Caleb Landry Jones interpreta com perfeição o famoso Mestre dos Vampiros na nova versão romântica
dirigida por Luc Besson (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)
 
 

Maristela Bretas

 
A nova e impactante aposta do diretor Luc Besson no gênero terror, "Drácula - Uma História de Amor Eterno" ("Dracula: A Love Tale") estreia nesta quinta-feira (7) nos cinemas. Esta é mais uma adaptação do clássico literário de Bram Stoker a chegar às telas, mas se diferencia ao fugir do terror habitual de outras versões. 

Focando na paixão arrebatadora do personagem, além de entregar muita ação, o longa é tão envolvente que o espectador pode até se pegar torcendo pelo "vilão". 

A trama começa no século XV, quando o príncipe Vlad (Caleb Landry Jones) perde sua esposa Elisabeta (Zoe Bleu). Desesperado, culpa Deus por não tê-la protegido enquanto ele lutava em Seu nome. 

Amaldiçoado com a vida eterna, Vlad se transforma no Conde Drácula e passa séculos em busca de sua amada, contando com a ajuda de um exército de vampiros criados por ele ao longo de sua jornada. 


Até que no século XIX, em Londres, ele finalmente encontra Mina (também interpretada por Zoe Bleu), uma jovem que acredita ser a reencarnação da falecida. Contudo, terá de enfrentar um padre exorcista e caçador de vampiros, papel do brilhante Christoph Waltz, vai tentar pôr fim ao reinado de Drácula e impedir que ele faça mais uma vítima.

Apesar das guerras sangrentas e os inúmeros ataques, o filme tem seu principal foco na paixão de Vlad por Elisabeta. Ele não se conforma em tê-la perdido, retornando sempre a seu túmulo e tentando em vão se matar inúmeras vezes para quebrar a maldição. 


Incapaz de morrer, ele cria um exército de vampiros pelo mundo que lhe garante o sangue necessário para a juventude e o auxilia a encontrar sua amada novamente.

Um contraponto interessante explorado por Besson: Drácula perde a fé em Deus, mas mantém uma esperança inabalável em reviver seu único e verdadeiro amor. 

Para o Mestre dos Vampiros, nada mais importa. As pessoas transformadas por suas mordidas sejam adultos ou crianças, não passam de escravos descartáveis, usados apenas para que ele atinja seu objetivo. 


Caleb Landry Jones está arrebatador no papel principal, em uma parceria notável com o ótimo Christoph Waltz. A cena do confronto final entre o bem e o mal é uma das mais marcantes do filme, tanto por sua estética quanto pela abordagem profunda sobre o amor e o que se é capaz de fazer em nome dele. 

Todo o elenco cumpre muito bem seus papéis, especialmente as atuações de Zoe Bleu e Matilda de Angelis, como a vampira Maria.


Destaque também para os figurinos e os cenários, explorando os tons quentes do outono europeu. As locações na Hungria, Florença, Finlândia e Paris oferecem um visual deslumbrante. 

Até mesmo as cenas internas, que se passam dentro de um convento, no castelo de Vlad ou no quarto onde o casal se amava loucamente foram muito bem conduzidas pelo diretor francês, que possui inúmeros sucessos em sua filmografia, como o frenético e alucinante "Lucy" (2014) e o eletrizante "Anna - O Perigo tem Nome" (2019).


Tudo isso somado à trilha sonora, composta por belos arranjos de Danny Elfman. O compositor e ex-vocalista e líder da banda Oingo Boingo, é conhecido por trabalhos em filmes como "Batman" (1989), "Batman, O Retorno" (1992), "O Estranho Mundo de Jack" (1993), a franquia Homem-Aranha (2002, 2004 e 2007), "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" (2022), "Os Fantasmas Ainda se Divertem" (2024), entre outras dezenas de sucessos.

"Drácula - Uma História de Amor Eterno" é um filme que merece muito ser assistido, tanto pela excelente direção, quanto pelo trabalho visual surpreendente e pelas atuações de alta qualidade do elenco.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Luc Besson
Produção: Europa Corp, LBP Productions, Actarus e TF1
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h09
Classificação: 16 anos
País: França
Gêneros: terror, romance

31 julho 2025

Em tempos de Tinder, “Amores Materialistas” fala sobre as dificuldades de se encontrar alguém para amar

Longa é uma comédia com pé no chão sobre amor e relacionamentos, sem romantização (Fotos: Divulgação)
 
 

Jean Piter Miranda

 
Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira. Ela trabalha em uma agência de encontros, onde os clientes procuram o “amor pra vida inteira”. Ela é uma espécie de “personal Tinder”. Em vez do aplicativo, quem paga pelo serviço tem a consultoria de uma pessoa especializada no assunto. 

Durante a festa de casamento de uma de suas clientes, Lucy conhece Harry (Pedro Pascal). Rico, bonito, charmoso, solteiro, gentil e interessado nela desde o primeiro olhar. Só que aí aparece o garçom John (Chris Evans), o ex-namorado dela. Bonitão, charmoso, porém, pobre. Duro, quebrado, liso. 

Com quem Lucy vai ficar? Esse poderia ser o título do filme, mas estamos falando de “Amores Materialistas”. O novo filme da diretora Celine Song, do ótimo “Vidas Passadas” (2024), que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (31).


Poderia ser uma comédia romântica. Até tem cenas engraçadas, romance, mas a pitada de drama adicionada à história muda tudo. É sobre amor e relacionamentos, sem romantização. Uma comédia com pé no chão e conversa séria, pra gente adulta, ideal para os dias atuais. 

Os clientes de Lucy são sempre muito exigentes. Altura, peso, profissão, renda, gostos musicais, idade, se tem pet ou não, fumante ou não, preferência política... Se o primeiro encontro der certo, Lucy marca o segundo, o terceiro... Ela vai intermediando até que o casal decida se casar. Aí é case de sucesso!


Em meio aos encontros que vai mediando, Lucy começa a engatar um namoro com Harry. O cara perfeito, nas palavras dela. Ele seria uma ótima opção para todas as mulheres que ela tem na cartela de clientes. Porém, o bonitão só quer a bonitona. 

Mas e o John? Além de garçom, ele é aspirante a ator, sem muita expectativa de dias melhores. Principalmente quando se trata de dinheiro. O encontro entre ele e Lucy mexeu com os dois. Por que eles não deram certo? Por que se separaram? Dá pra voltar ou ficarem juntos outra vez? Ainda se amam? Será que se amavam? São questões para ambos.


O rico bonitão perfeito ou o gato pobre que já não deu certo uma vez? Até onde o dinheiro interfere ou pode interferir nessa equação? Só o amor não basta? É possível encontrar amor e prosperidade financeira na mesma pessoa? E as outras muitas coisas da vida a dois? Essas questões vão surgindo ao longo do filme com reflexões que certamente vão mexer com quem assiste. 

Há também observações sobre os clientes de Lucy que vão interferindo no curso da história. Em tempos de customização de tudo, é possível achar a pessoa ideal, com todos os requisitos que enumeramos? Ou será que isso é um impedimento para se conhecer uma pessoa interessante? E se tirarmos as exigências, por sorte, pode aparecer a “pessoa certa”?


São questões muito atuais abordadas no filme. Em um mundo onde tudo é mercadoria, serviço e descartável, é justo que pessoas também sejam tratadas assim? Onde tudo é passageiro, inclusive os amores, é possível amar e ser amado? A gente tá procurando do jeito certo e no lugar certo?

Esses muitos questionamentos apresentados direcionam as decisões dos personagens e o desfecho do filme. Haverá aqueles que irão gostar e também os que não desgostarão do fim. 

A história é conduzida com sensibilidade e, acima de tudo, com sensatez. Sem malabarismos ou situações de contos de fadas. Não há a menor pretensão de dar receitas prontas ou oferecer respostas. Cada expectador vai levar um caminhão de reflexões pra casa. É isso. 

Gostando ou não do filme, estando solteiro ou à procura de alguém, casado ou separado, não importa. “Amores Materialistas” vai ficar na sua cabeça por um bom tempo.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Celine Song
Produção: Stage 6 Films, A24
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h57
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance