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Neal McDonough interpreta um experiente peão que abandonou a arena no passado e agora precisa retornar para salvar seu neto (Fotos: Angel Studios) |
Silvana Monteiro
Em "O Último Rodeio" ("The Last Rodeo"), um experiente e premiado peão de rodeio é confrontado com as circunstâncias do destino. E para impactar, o enredo prova que o raio cai duas vezes, sim, desta vez, sobre a casa de Joe Wainwright (interpretado por Neal McDonough, que também participou do roteiro e é um os produtores).
Primeiro, quando perde a esposa Rose (Ruve McDonough, esposa do ator e também produtora do filme), e se entrega, abandonando as arenas. Quinze anos mais tarde, quando o neto Cody (Graham Harvey), com quem tem uma relação de muita cumplicidade, é acometido por algo que ele, o avô, considera aterrorizante e traumático.
Joe é o cowboy durão, aquele que mesmo quando o corpo se parte em cima de toneladas de músculos e ossos em movimento, não se dá ao direito de sentir e chorar. Seu domínio na arena é premiado e ele, apesar de já ter desistido de montar, pode querer uma última vez, pelo prêmio, mas muito mais pela vida de quem ele mais ama.
Agora, o fogo que o prova é o da fé e do amor. Embora tenha um relacionamento desafiador com a filha Sally (Sarah Jones), os dois são conectados pelo amor do neto que transcende qualquer desentendimento entre pai e filha.
E para tratar esse neto, Joe vai ser colocado à prova. Entre laços de família, perdas e reconciliações, a narrativa mostra o peso, muitas vezes silencioso, das dores que não vêm do esporte, das fraturas e contusões à flor da pele, e sim do convívio familiar.
O filme tem uma linda e sofisticada fotografia. A poeira, a luz do entardecer e o close nas mãos calejadas transformam a arena em território de redenção.
Em alguns momentos, as atuações poderiam ser mais profundas e emocionantes, mas a obra, na maioria do tempo, mantém a rigor a ambientação do universo árido e simbólico dos rodeios americanos, o que é compreensível.
A direção aposta em planos longos e uma paleta terrosa que traduz a energia dos conflitos. A trilha sonora discreta, composta por Jeff Russo, reforça o tom, ora empolgante das arenas, ora contemplativo, deixando o silêncio falar tanto quanto as quedas e reerguimentos.
Joe volta à arena não apenas por dinheiro, mas para confrontar o passado e buscar um tipo de reconciliação com a fé e consigo mesmo. No fundo, sem tantas reviravoltas, mas como uma mensagem importante, "O Último Rodeio" é menos sobre vitórias, mas sobre amor, resiliência e recomeços.
Direção: John Avnet
Produção: The McDonough Company
Distribuição: Paris Filmes e Abgel Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h58
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gênero: drama
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