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16 junho 2023

Curioso e diferente, "A História de Minha Mulher" vale pelo estranhamento e sensualidade

Romance com Léa Seydoux e Gijs Naber concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes
(Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


Estranho. Muito estranho. Talvez seja essa a melhor definição para "A História de Minha Mulher", produção francesa baseada no livro homônimo do escritor húngaro Milán Füst que está em cartaz no UNA Cine Belas Artes. A começar pela direção, da pouco conhecida cineasta húngara – pelo menos no Brasil - Ildikó Enyedi, que também cuidou do roteiro. 

O filme é repleto de situações improváveis e, às vezes, inverossímeis. E causa tanto estranhamento que pode estar aí, na curiosidade que acaba provocando no espectador, seu mérito maior.


Jacob Störr (Gijs Naber) é um capitão do mar de nacionalidade até certo ponto indefinida que, até onde se sabe, é competente e corajoso, mas tem problemas estomacais, embora o chef de cozinha da embarcação lhe sirva as mais apetitosas e caprichadas refeições. “Para os males do estômago, o melhor é o casamento”, orienta o cozinheiro. A partir daí, começa a estranha trama.

Como o espectador não sabe nada sobre a história de vida de Jacob Störr, o estranhamento continua quando ele decide pedir em casamento a primeira mulher que lhe aparece pela frente: a francesa Lizzy, interpretada por Léa Seydoux (“007 - Contra Spectre" - 2015; “007 - Sem Tempo para Morrer” – 2021 e “A Bela e a Fera” – 2014 ), que esbanja sensualidade, mas de quem também não se sabe nada.


A sedução, aliás, está o tempo todo no filme, cheio de jogos, olhares, sorrisos, poses. Gijs Naber, o ator holandês que interpreta o capitão, é belo, viril, charmoso e enigmático. O casal, enfim, é mesmo irresistível, embora as cenas de sexo sejam às vezes lentas e excessivamente coreografadas. Chama a atenção uma dança do casal em uma festa, verdadeiro show de sensualidade e beleza.

Para completar o estranhamento, o longa é dividido em capítulos. São sete, cada um com um nome específico. Outro detalhe: em nenhum momento o espectador é informado sobre a época em que se passa a trama. Presume-se, pelo figurino impecável e lindo, os carros e o excesso de cigarros, que tudo se passa nos anos de 1920. 


Além de Gijs Naber e Léa Seydoux, estão no filme, em papeis que apenas servem de escada para o casal, Luna Weder como Grete, e Louis Garret como Dedin, entre outros.

Como nada é óbvio e há sempre interrogações sobre a fidelidade de Lizzy quando o marido está no mar, "A História de Minha Mulher" vale pela dúvida, pelas belas imagens (foi filmado em Budapeste) e por uma ou outra reflexão sobre a vida, a obsessão, o mar, o casamento. O filme, enfim, vale por ser curiosamente estranho.


Ficha técnica
Direção e roteiro:
Ildikó Enyedi
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 2h49
Classificação: 14 anos
Países: Alemanha, França, Hungria e Itália
Gênero: drama romântico