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26 janeiro 2020

"1917" surpreende com jogo de sombra e luz, efeitos especiais e narrativa humanizada

George MacKay entrega ótima atuação para mostrar uma das muitas histórias da Primeira Guerra Mundial (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


De tirar o fôlego. Essa talvez seja a melhor definição para o filme "1917", do diretor Sam Mendes ("007 Contra Spectre" - 2015, "007 - Operação Skyfall" - 2012 e "Beleza Americana" - 1999), em cartaz no cinema e com 11 indicações ao Oscar 2020, inclusive de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Fotografia. A produção, ambientada na Primeira Guerra Mundial, já faturou outras premiações, este ano, entre elas a de Melhor Filme Dramático e Melhor Diretor no Globo de Ouro. Poderia ser somente mais um filme de guerra, como o excelente "Dunkirk" (2017) ou "Midway - Batalha em Alto Mar" (2019), mas "1917" é surpreendente na parte técnica. 


A começar pela forma mágica como o diretor de fotografia Roger Deakins ("Blade Runner 2049" - 2017) mescla luzes de bombas e fogos e sombras em meio a escombros de uma cidade destruída. Ou na cena do cabo Schofield (George MacKay, de "Capitão Fantástico" - 2016) correndo na frente das trincheiras no sentido contrário aos outros soldados. Estas imagens, aliadas a uma bela trilha sonora, sob o comando de Thomas Newman, e ótimos efeitos especiais e maquiagem, resultam nas mais belas e bem feitas cenas de guerra dos últimos tempos, sem que fosse necessário mostrar a matança do conflito. 


A fotografia é um dos pontos altos do filme, empregando tons pastéis e alaranjados que deixam a ambientação mais real e desumana. A guerra serve apenas de pano de fundo para um roteiro feito a partir de uma das muitas histórias contadas de geração em geração - esta, no caso, foi contada ao diretor por seu avô, que combateu no conflito mundial. Seria apenas mais uma se não fossem os recursos técnicos usados por Sam Mendes e sua equipe.


O mais surpreendente foi filmar em uma sequência única em primeira pessoa. Claro que houve cortes de cenas, mas são tão sutis e disfarçados entre travellings e trucagens que o público não percebe e acompanha os jovens soldados em toda a jornada. A câmera segue cada passo dos personagens, com derivações para detalhes importantes na narrativa, como mapas e armas, retornando a eles, sem que nada se perca. É tenso e de tirar o fôlego de quem está assistindo.


Sam Mendes também tornou a narração mais humana, focando no drama dos personagens principais de personalidades diferentes, que vão sendo reavaliadas ao longo da trajetória. Na história, Schofield e Blake (Dean-Charles Chapman) são jovens cabos britânicos durante a Primeira Guerra Mundial. Eles recebem como missão atravessar o território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem cancelando o ataque do esquadrão e evitando que caia em uma armadilha que irá matar 1600 companheiros. Blake ainda tem a preocupação de salvar o irmão, comandante de uma das tropas deste batalhão.


Para explicar melhor toda a produção e o conflito, a Universal Pictures produziu vídeos especiais com o professor e historiador Leandro Karnal. Dividida em “A Grande Guerra”, “Os Heróis” e “As Perdas”, a série aborda o que foi a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as mudanças que ocorreram após o seu fim e a importância do ano 1917 para a história como um todo. Para conferir basta clicar nos links abaixo:
1º episódio -"A Grande Guerra" - https://bit.ly/2TXrLNl
2º Episódio - "Os Heróis" - https://bit.ly/2O0omJT
3º Episódio -  "As Perdas" - https://bit.ly/36rJFKH


"1917" é uma obra de arte de guerra em que os efeitos técnicos e visuais são as grandes estrelas. Mas não se pode desmerecer o elenco, formado em sua maioria por conhecidos atores britânicos em pequenas participações - Colin Firth, Mark Strong, Benedict Cumberbatch e Richard Madden. Mas são George MacKay e Dean-Charles Chapman que entregam marcantes atuações, fazendo o público se envolver na desesperada missão. A produção de Sam Mendes é nada mais que excelente.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sam Mendes
Produção: Amblin Entertainment / DreamWorks Pictures / Neal Street Productions
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Drama / Guerra / Histórico
Países: Reino Unido / EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #1917Filme, @SamMendes, @UniversalPictures, #drama, #guerra, #GeorgeMacKay, #PrimeiraGuerraMundial, @DreamworksPictures, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

06 dezembro 2019

"Midway - Batalha em Alto Mar" um filme que impacta pelos efeitos especiais nos combates

Longa dirigido por Roland Emmerich é baseado em fatos históricos da Segunda Guerra Mundial (Fotos: Reiner Bajo)

Maristela Bretas


Para quem adora um bom filme de combate aéreo, especialmente da Segunda Guerra Mundial, a grande indicação em cartaz nos cinemas é "Midway - Batalha em Alto Mar", produção dirigida por Roland Emmerich, o mesmo de "Independence Day - O Ressurgimento" (2016). O filme impressiona pelos efeitos especiais, muito parecidos com os de "Pearl Harbor" (2001), porém com um elenco um pouco mais barato e uma hora a menos de duração.




Sai Ben Affleck da produção dirigida por Michael Bay e entra Ed Skrein (de "Malévola: Dona do Mal "- 2019) para ocupar a vaga do herói das alturas, na segunda batalha contra os japoneses. E é a partir do ataque a Pearl Harbor, em dezembro de 1941, que a história de "Midway" se desenvolve. Os norte-americanos, pegos de surpresa e com o poder de fogo reduzido, decidem contra-atacar os inimigos nipônicos em pleno Oceano Pacífico. 

Por meio de mensagens codificadas, a Marinha Americana conseguiu identificar a localização e o horário dos ataques previstos pela Marinha Imperial Japonesa. E a grande batalha de Midway, ocorrida em junho de 1942, que ficou conhecida como uma das mais importantes para o fim da Segunda Guerra Mundial.



Na produção, personagens famosos deste confronto foram lembrados e homenageados por sua atuação. Ed Skrein, que interpreta o piloto Dick Best, continua meio canastrão e não convence muito com seu chicletes na boca. Outro bem sem graça é Luke Evans (de "Drácula - A História Nunca Contada" - 2014) que não faria a menor diferença se não participasse do elenco. 



Já Patrick Wilson (da franquia de sucesso "Invocação do Mal") está bem melhor, como o tenente Edwin Layrton, cuja equipe decodificava as mensagens do inimigo. Woody Harrelson ("Zumbilândia 2 - Atire Duas Vezes" - 2019) está mais comedido, mas deixa sua marca como o Almirante Nimitz. Dennis Quaid ("Quatro Vidas de um Cachorro" - 2017) também ajuda a sustentar o grupo. Destaque para Nick Jonas, que está muito bem como o piloto Bruno Gaido, um falastrão cheio de si. Darren Criss e Aaron Eckhart fazem pequenas participações.



O filme se concentra nas histórias do piloto Dick Best e do estrategista da inteligência naval, Edwin Layton. Especialmente em como suas atuações foram essenciais para que a história terminasse como esperado. Baseado em fatos históricos, o longa impacta o público com cenas de tirar o fôlego e ótimos efeitos especiais. Os americanos ainda são os heróis, mas ao contrário de outras produções sobre o tema, esta apresenta os dois lados do conflito e suas razões. Os japoneses não são mais os vilões sanguinários como sempre foram mostrados.

"Midway - Batalha em Alto Mar" mostra que havia militares contrários ao ataque à frota norte-americana. A questão da honra pelos japoneses é tratada como deve ser - com respeito. Tanto que o filme é dedicado a todos os soldados que lutaram nessa batalha. Vale a pena conferir nos cinemas.



Ficha técnica:
Direção: Roland Emmerich
Produção: Centropolis Entertinment / Bona International Film Group / The Mark Gordon Company
Distribuição: Diamond Films
Duração: 2h19
Gêneros: Ação / Histórico / Guerra
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #MidwayBatalhaEmAltoMar, #guerra, #histórico, #ação, #RolandEmmerich, #EdSkrein,  #PatrickWilson, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

12 novembro 2018

"Operação Overlord" - terror, guerra, muita ação e a marca de J.J.Abrams

Jovan Adepo e Wyatt Russell vão enfrentar supersoldados indestrutíveis criados por nazistas para vencerem o conflito (Fotos: Peter Mountain/Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Misturar 2ª Guerra Mundial com terror (não confunda com atrocidades) é possível? Para o produtor J.J. Abrams e o diretor Julius Avery sim. E, de quebra, com muita ação e um elenco pouco estrelado que entrega um ótimo filme. Tudo isso está em "Operação Overlord", produção que em cartaz nos cinemas e que tem a invasão da Normandia (o conhecido "Dia D") como ponto de partida para virar a história e se tornar um ótimo filme de terror/ficção sobre as experiência científicas realizadas pelos nazistas em instalações secretas num vilarejo francês.

Usar a 2ª Guerra Mundial como tema de filme já está mais que manjado e cansativo, era preciso criar um viés completamente diferente, partindo para o terror com seres humanos servindo de cobaias para a criação, em um laboratório secreto, de supersoldados indestrutíveis, que serão usados pelos nazistas para vencerem o grande conflito e dominarem o mundo. Pode não ter sido desta forma, mas não são poucos os documentos encontrados pós-guerra abordando os experimentos do governo Hitler com esses objetivos.

Mesmo com alguns deslizes no roteiro, Avery e Abrams conseguiram entregar um bom filme, que provoca pulos na cadeira e arrepios com o quebrar de ossos. destaque para a atuação de Jovan Adepo ("Mãe!" e "Um Limite Entre Nós", ambos de 2017) que interpreta o soldado Boyce, e domina a ação, juntamente com Wyatt Russell, no papel do cabo Ford. As piadas e comentários sarcásticos ficam por conta de John Magaro, o soldado Tibbet, que não dispensa um chiclete.

Do lado dos vilões, e este assusta após se transformar, está Pilou Asbaek ("A Vigilante do Amanhã" - 2017), como o comandante alemão Wafner, que nas horas vagas corre atrás de Chloe, jovem francesa boa de tiro interpretada pela quase estreante Mathilde Ollivier.

Na história, uma tropa de paraquedistas norte-americanos é lançada atrás das linhas inimigas para uma missão crucial - explodir as comunicações dos alemães e facilitar o desembarque das tropas aliadas na Normandia. Apesar das muitas perdas, o pequeno grupo consegue chegar a seu destino, mas vai descobrir que a fortaleza nazista instalada numa igreja abriga mais que uma simples torre de transmissão e que coisas estranhas estão acontecendo com os habitantes do pequeno vilarejo onde ela está localizada.

Ambientação, trilha sonora, figurinos e reconstituição histórica da operação dos aliados estão ótimos. Mas é na maquiagem que a produção se supera, com um trabalho excelente de efeitos visuais de transformação assustadora de rostos e corpos deformados pelas experiências dos alemães.

Até mesmo os fãs de filmes de guerra vão gostar da linha adotada pelo diretor, que não dispensa a parte da guerra, com muitos tiros, explosões, tanques e metralhadoras, além dos medos dos soldados que estão indo para a batalha pela primeira vez, o racismo velado e o heroísmo dos norte-americanos (claro!). Vale muito a pena conferir.



Ficha técnica:
Direção: Julius Avery
Produção: Bad Robot / Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Terror / Ação / Guerra
País: EUA
Classificação: 16 anos 
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #OperacaoOverlord, #JovanAdepo, #Wyat Russell, #JJAbrams, #JuliusAvery, #terror, #guerra, #ficçao, #ação, #ParamountPictures, #BadRobot, #espaçoz, #cinemas.cineart, #CinemaNoEscurinho

25 março 2018

"A Melhor Escolha" - Um drama sensível e crítico sobre amizade, convenções e a hipocrisia da guerra

Bryan Cranston, Steve Carell e Laurence Fishburne se reencontram para após 30 anos para enterrar o filho de um deles (Fotos: Metropolitan FilmExport/Divulgação)

Maristela Bretas


Três ex-fuzileiros navais que lutaram no Vietnã, três vidas que tomaram rumos diferentes e que agora se reencontram para relembrar coisas boas e ruins do passado. Trinta anos depois, a guerra une este trio em "A Melhor Escolha" ("Last Flag Flying"), filme que tem grandes interpretações de Steve Carell, Bryan Cranston e Laurence Fishburne.

Carell é Larry "Doc" Shepherd, um vendedor de loja triste e solitário que sai a procura dos amigos do tempo da guerra usando a internet. O primeiro a ser localizado é Salvatore "Sal" Nealon (papel de Cranston), dono de um bar decadente que vai ajudá-lo a encontrar Richard Mueller (interpretado por Fishburne), agora um respeitável reverendo numa cidade do interior dos EUA.

Estes três homens totalmente diferentes terão de reaprender o significado de amizade e união para ajudar Larry a enfrentar seu maior drama - enterrar o único filho, morto na Guerra do Iraque. Entre recordações, piadas e críticas às convenções militares e até mesmo religiosas, e à hipocrisia criada para justificar a participação dos EUA em conflitos que não diziam respeito, "A Melhor Escolha" tem uma ótima direção de Richard Linklater (o mesmo de "Boyhood - Da Infância à Juventude" - 2014) e é baseado no livro homônimo do escritor Darryl Ponicsan, que auxiliou na condução do roteiro.

O filme oferece momentos de comicidade bem mesclados com o drama, sem cair na pieguice. O personagem de Cranston é aquele que fala o que pensa, é inconveniente às vezes, mas e também o mais engraçado e não aceita mentiras para justificarem um erro. Carell deixa seu lado comediante e entrega ótima interpretação do pai amargurado com a morte do filho, mas que vê nos momentos com os amigos uma luz no fim do túnel para retomar sua vida. O Mueller, de Fishburne, que um dia foi o maior "aprontador" da tropa e que deu uma reviravolta, precisa aprender a aplicar na vida real os ensinamentos que prega a seus fiéis.

Destaque para Yul Vazquez como o Coronel Willits, que recebe os pais dos soldados mortos e tem de preparar todo o procedimento do funeral seguindo as normas das Forças Armadas. E também Cicely Tyson, que teve participação pequena mas marcante como a Sra. Hightower, mãe de um soldado morto no Vietnã.

Claro que não falta a exaltação aos símbolos dos EUA, como a bandeira e às forças armadas. Até porque, é uma história com três ex-combatentes. Mas "A Melhor Escolha" explora as consequências da guerra (não importa qual), como ficam aqueles que lutaram, suas famílias. Alfineta, mesmo sem aprofundar, a capa de mentiras e meias verdades do que acontece com quem está ou passou pelo campo de batalha e o porquê de participar de um conflito armado. Ao mesmo tempo em que usa a necessidade de uma mentira para evitar um sofrimento maior.

Cada um dos amigos carrega consigo uma lembrança dos tempos de Marinha - humilhação, honra por ter pertencido aos fuzileiros e grandes farras e bebedeiras. Em comum,apenas o que os separou: uma grande culpa. Este é um dos pontos falhos do roteiro de Linklater e Ponicsan. O assunto é mencionado em situações diferentes mas não há uma explicação direta e clara. Os três conversam, há pedidos de desculpa, mas não é esclarecido o que realmente aconteceu que levou Larry à prisão e à expulsão da Marinha. E você sai do cinema com dúvida sobre a origem do fim de uma amizade. Se o objetivo do diretor era reunir os amigos e "colocar tudo em pratos limpos", isso ficou a desejar.

Em compensação, a jornada de reencontro para enterrar o filho de Larry ficou ótima. Uma grande aventura com boas risadas, situações semelhantes ao tempo em que eram jovens e até o reconhecimento de um erro, mesmo que tardio. O diretor soube dar a sensibilidade na medida certa para mostrar o amor de pai e filho, a lealdade entre amigos e a tradição militar para entregar um final que emociona.

"A Melhor Escolha" é um drama muito interessante que trata principalmente de valores, independentemente do estilo de vida de cada um. O filme vale a pena ser conferido, com excelentes atuações do trio principal, fotografia impecável e uma ótima trilha sonora de Graham Reynolds.



Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Richard Linklater
Produção: Amazon Studios / FilmNation Entertainment / Detour Pictures
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 2h04
Gêneros: Comédia / Drama
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

Tags: #AMelhorEscolha, #SteveCarell, #BryanCranston, #LaurenceFishburne, #drama, #comédia, #amizade, #guerra, #ImagemFilmes, #espaçoz, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho