03 junho 2025

“A Lenda de Ochi” uma fábula de pertencimento de espécies distintas

Helena Zengel é uma jovem que enfrenta todos para ajudar uma criatura mística bebê a reencontrar sua
família (Fotos: A24)
 
 

Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


Dirigido e roteirizado por Isaiah Saxon, está em cartaz no cinema o filme "A Lenda de Ochi" ("The Legend of Ochi"), produzido pelo estúdio A24, que conta com um elenco formado por Helena Zengel, Willem Dafoe, Emily Watson e Finn Wolfhard.

Conhecemos Yuri (Helena Zengel), uma jovem que desafia os medos de sua vila ao ajudar o filhote de um Ochi, uma criatura mística que aterroriza a região. Ao atravessar a floresta, ela descobre um mundo mágico e aprende sobre coragem, empatia e conexão com a natureza.


O ponto mais forte do filme está na rivalidade entre humanos e os Ochi. Segundo a lenda, eles são criaturas demoníacas, caçadoras, piores que lobos. Tudo muda quando Yuri, a única menina da vila, encontra um Ochi bebê e assume o risco de cuidar dele e levá-lo para casa. 

É interessante como a protagonista e a criaturinha aprendem a se comunicar e desenvolvem uma linguagem própria. Ambos precisam dessa noção de pertencimento: mesmo morando com o pai, Yuri não se sente parte da família e sofre com a ausência da mãe, enquanto o pequeno Ochi sente falta da sua família como um todo.


O antagonismo surge em Maxim (Dafoe), o pai, que, vestido com roupas de soldados antigos — armadura, escudo e faca —, faz de tudo para manter vivo dentro de casa o ódio pela criatura. Ele escolhe sempre a intolerância e impõe sua autoridade quase como um militar. A violência e o silêncio são suas formas de controle, e fica evidente que Yuri é maltratada por ele.

Tecnicamente, o longa é um deleite visual. A fotografia de Evan Prosofsky valoriza as paisagens, as criaturas, o universo fantástico e um ar meio vintage que ajuda a contar a história. A trilha sonora de David Longstreth reforça o tom intimista e sombrio do lugar, mas com uma camada emocional afetiva. 


A montagem de Paul Rogers é lenta, gradual, sem pressa e eficaz em seu ritmo. Aos poucos, ele revela quem são os personagens e, principalmente, mostra suas transformações. A evolução deles acontece por meio das ações. 

Aqui, o diretor está mais interessado em fazer um cinema independente e experimental do que em aprofundar a história tradicional.

É impossível assistir ao filme sem lembrar de criaturas encantadoras que sempre aparecem para ensinar algo, como os Gremlins, os Goonies, Stitch e, especialmente, E.T. (há cenas que chegam quase a ser uma cópia do sucesso de Steven Spielberg). 

Há também um forte conflito geracional, e essas figuras mágicas ajudam os personagens humanos a enxergar novos caminhos.


Talvez o maior ponto fraco do filme seja a falta de aprofundamento no passado de Maxim. O que o transformou nesse homem autoritário? Como era sua vida familiar antes de se tornar essa figura armada e amargurada? São perguntas que ficam em aberto.

A "Lenda de Ochi" é uma fábula sobre ligação entre espécies distintas, contada de forma contundente, direta ao ponto. O filme diverte e faz pensar sobre quem escolhemos como família e qual lugar ocupamos no mundo.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Isaiah Saxon
Produção: Estúdio A24
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: Cinemark Diamond Mall
Duração: 1h36
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, fantasia

28 maio 2025

"Premonição 6: Laços de Sangue" - impecável nos efeitos visuais e na essência aterrorizante da franquia

Produção marca história no Brasil como a maior estreia de um filme de terror com classificação 18+
(Fotos: Warner Bros. Pictures)
  
 

Maristela Bretas

 
Para quem é fã da ensanguentada franquia, o novo capítulo - "Premonição 6: Laços de Sangue" ("Final Destination: Bloodlines") é uma experiência imperdível. O filme já se consagra como um sucesso de bilheteria, tendo levado mais de 1 milhão de pessoas aos cinemas no Brasil. 

Também acumula uma arrecadação de US$ 130 milhões desde o dia 15 quando foi lançado, marcando história como a maior estreia no país de um filme de terror com classificação 18+.

Passados 14 anos desde o último filme e novamente produzido pela New Line Cinema, a trama entrega efeitos visuais impecáveis, com sequências de mortes absurdamente violentas, capazes de gerar muita tensão e sustos na plateia. A criatividade por trás de cada fatalidade é, por vezes, inacreditável. 


A maquiagem e a atmosfera sombria complementam a excelência técnica do filme, transportando o público de volta ao perturbador senso de justiça distorcido da Morte que consagrou a saga.

"Premonição 6: Laços de Sangue" estabelece uma conexão com os filmes anteriores da franquia, explicando a origem das mortes do passado e até mesmo repetindo algumas delas, como muitos fãs deverão relembrar e curtir. 

O filme apresenta uma narrativa envolvente e repleta de reviravoltas, mantendo a essência aterrorizante que tornou a saga um fenômeno mundial.


Atormentada por um pesadelo violento e recorrente, a estudante universitária Stefani (Kaitlyn Santa Juana) volta para casa em busca de sua avó Íris (Gabrielle Rose/Brec Bassinger), que ela nunca conheceu e que é considerada insana pelos familiares. 

Contudo, a reclusa idosa pode ser a única capaz de romper o ciclo fatal que paira sobre sua linhagem e salvar sua família do terrível destino que aguarda todos eles. Afinal, na macabra lógica da franquia, é sempre a Morte quem dita a ordem dos eventos. E, invariavelmente, eles acontecem, manifestando-se das formas mais brutais e inesperadas.


O elenco conta ainda com Teo Briones, Richard Harmon, Owen Patrick Joyner, Rya Kihlstedt e Anna Lore. Uma participação especialmente emocionante é o retorno de Tony Todd no icônico papel de William Bludworth, marcando sua despedida do público em seu último trabalho antes de falecer de um câncer no estômago.

"Premonição 6: Laços de Sangue" honra o legado sangrento da franquia com uma trama que inteligentemente revisita e expande a mitologia estabelecida. Para os apreciadores de um terror visceral e criativo, este novo capítulo é uma jornada aterradora que certamente deixará marcas – e talvez alguns hematomas nos braços de quem se agarra à poltrona.


Ficha técnica:
Direção: Zach Lipovsky e Adam Stein
Produção: New Line Cinema, Dorman Entertainment, Practical Pictures, Freshman Year, Fireside Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nas redes de cinemas de BH, Contagem e Betim
Duração: 1h50
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense