24 novembro 2024

“Amor Traiçoeiro” desafia convenções e prova que o amor pode florescer em qualquer idade

Monica Guerritore e Giacomo Gianniotti protagonizam a "caliente" minissérie italiana ambientada na Costa Amalfitana (Fotos: Netflix)


Marcos Tadeu
Do blog Jornalista de Cinema


A nova minissérie da Netflix, "Amor Traiçoeiro" ("Inganno" - 2023), dirigida por Pappi Corsicato, chegou à plataforma em 9 de outubro e mergulha em uma narrativa que explora o amor, o desejo e os preconceitos enfrentados por mulheres mais maduras.

A trama foi inspirada na minissérie da BBC de 2019, "Golpe do Amor", criada por Marnie Dickens, que tem no elenco Julia Ormond e Ben Barnes (em exibição no Prime Video).

Na nova versão, conhecemos Gabriella (Monica Guerritore), uma mulher rica e divorciada na casa dos 60 anos, dona de um luxuoso hotel na Costa Amalfitana. Ela se envolve com Elia (Giacomo Gianniotti), um homem 30 anos mais jovem. 

Enquanto vive intensamente essa paixão, Gabriella precisa lidar com o julgamento de seus filhos e questionamentos sobre as verdadeiras intenções de Elia.


A série é eficaz ao abordar temas como a redescoberta do desejo, a feminilidade na maturidade e os estigmas enfrentados por mulheres mais velhas que escolhem parceiros mais jovens. 

Em um contexto social onde relações com homens mais velhos e mulheres mais jovens são frequentemente normalizadas, "Amor Traiçoeiro" inverte a perspectiva, gerando reflexões relevantes.

Monica Guerritore entrega uma atuação segura e envolvente, personificando Gabriella como uma mulher que luta por sua liberdade de amar e viver suas escolhas. Sua performance destaca as complexidades emocionais da personagem, especialmente ao enfrentar as suspeitas e críticas. 


Já o personagem Elia interpretado por Giacomo Gianniotti é um misto de charme e mistério. Ele mantém o espectador intrigado, questionando suas motivações e segredos ao longo de cada episódio.

No aspecto técnico, a produção italiana não decepciona. Davide De Cubellis, responsável pelos storyboards, demonstra cuidado em cada enquadramento, criando uma atmosfera visualmente deslumbrante. 

A trilha sonora de Enrico Pellegrini complementa as emoções da série, transitando entre afeto, tensão e desejo. O departamento de maquiagem e figurino, liderado por Jujuba Acciarino, Ilaria Soricelli e Rosa Falcão, eleva a elegância dos personagens, especialmente a presença impecável de Elia.


A narrativa mantém um ritmo envolvente, com ganchos bem posicionados que dificultam assistir apenas um episódio. Contudo, a série poderia explorar mais a relação de Gabriella com seus filhos, especialmente no contexto de sua infância, o que traria maior profundidade à dinâmica familiar.

"Amor Traiçoeiro" prova que o amor pode transcender diferenças de idade, mas deixa claro que escolhas ousadas muitas vezes vêm acompanhadas de desafios. 

Apesar de algumas limitações, a minissérie entrega um desfecho satisfatório, embora as decisões finais dos protagonistas possam dividir opiniões.


Ficha técnica:
Direção: Pappi Corsicato
Exibição: Netflix
Duração: média de 45 minutos (1ª Temporada - 6 episódios)
Classificação: 16 anos
País: Itália
Gêneros: drama, romance, suspense

21 novembro 2024

"A Linha da Extinção" traz suspense, ação e fragilidade no protagonismo

Longa tem como protagonistas Anthony Mackie e Morena Baccarin e lembra outros filmes sobre ataques de monstros extraterrestres (Fotos: Divulgação)


Eduardo Jr.


O diretor norte-americano George Nolfi ("The Banker" - 2020) volta à cena. Desta vez, com o filme "A Linha da Extinção" ("Elevation"). A produção estrelada por Anthony Mackie (que trabalhou com Nolfi em"The Banker"e participou de "Capitão América 2: O Soldado Invernal" - 2014) e Morena Baccarin ("Deadpool" - 2016), chega às telonas nesta quinta-feira (21), distribuído pela Paris Filmes.    

Na trama, 95% da população mundial foi exterminada quando crateras se abriram em todo o mundo, e dela emergiram criaturas que matam os humanos. 

A única forma de se proteger foi buscar locais acima de 2.400 metros de altitude. Nas montanhas, Will (Mackie) cuida sozinho do filho Hunter, vivido pelo pequeno Danny Boyd Jr. (da série "Watchmen" - 2019). 


Os problemas respiratórios do garoto e o iminente término dos remédios dele obrigam Will a descer a montanha para tentar pegar medicamentos no que sobrou do hospital da cidade. 

A jornada de Will é compartilhada com Nina, vivida por Morena Baccarin, e Katie, interpretada por Maddie Hasson (da série "The Finder"- 2012). E aí começam os problemas. A personagem de Anthony Mackie tem um arco dramático fraco. 

Tão fraco que o espectador pode criar mais interesse e curiosidade pela personagem de Morena Baccarin, a cientista que procura uma forma de matar os monstros e que tem camadas e trajetória mais ricas. 


A proposta de um mundo destruído após o ataque de criaturas estranhas não é inédita. As notícias de ataques contra humanos são noticiadas em rádios e TVs. A origem das criaturas é desconhecida e a sobrevivência depende de um afastamento de determinadas áreas. 

Elementos que remetem à série "The Last of Us" (HBO - 2023). E como "A Linha da Extinção" conta com os mesmos produtores de "Um Lugar Silencioso" (2018), também é possível ver pontos de semelhança entre essas duas obras. 

O longa teve orçamento de US$ 18 milhões. Mesmo com cenas aéreas valorizando a paisagem das montanhas e ampliando a sensação de isolamento, ainda é possível tecer críticas sobre aspectos técnicos da obra de George Nolfi. 


Em certos momentos, a edição de som derrapa ao trazer ruídos que podem prenunciar um perigo (que demora um pouco a surgir) e que não representam a passagem por um ambiente hospitalar em ruínas, por exemplo. Há também momentos de ação onde a tela escurece e a movimentação da câmera confunde o espectador. 

Os diálogos também são rasos. O melhor do texto fica para a cientista Nina. Mas no meio disso tudo, o desenho das criaturas do mal é interessante. O suspense entretém na sua uma hora e meia de exibição. 

Fica a expectativa de uma continuação de "A Linha da Extinção" que explique por que os 2.400 metros de altura garantem a salvação e revele a origem e motivação dos monstros destruidores de humanos. De zero a dez, nota 6 para o filme. 


Ficha técnica:
Direção: George Nolfi
Produção: North.Five.Six
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense