23 maio 2025

Caótico como ela, o documentário "Ritas" decepciona e não sai do lugar comum

Produção traz a última e inédita entrevista da artista, e registros feitos pela própria (Fotos: Biônica Filmes)
 
 

Mirtes Helena Scalioni

 
O que faz a diferença num documentário? Primeiramente, as entrevistas e imagens inéditas, principalmente quando o filme for sobre alguém muito conhecido. Só que esse não é o caso de "Ritas", sobre a nossa rainha do rock, com direção de Oswaldo Santana.

O longa entrou em cartaz nos cinemas no dia 22, quando se celebra o "Dia de Rita Lee" na cidade de São Paulo e pode ser conferido em BH no Centro Cultural Unimed-BH Minas, Cine Una Belas Artes e Cinemark Pátio Savassi.


Estão lá a eterna irreverência e desobediência da ovelha negra, a entrada - e saída traumática - dos Mutantes, o casamento certinho com Roberto de Carvalho, tudo entremeado com velhos e manjados clipes. Novidade nenhuma.

Se fosse possível apontar uma característica de "Ritas", talvez essa seja o tom meio blasée com que tudo é mostrado e narrado. Nada de novidades ou de surpresas, já que a vida da cantora foi exaustivamente exposta e comentada assim e ela morreu, em 8 de maio de 2023.


Quem sabe o documentário surtisse outro efeito se tivessem esperado mais tempo para lançá-lo, permitindo que o público sentisse saudade da artista. O longa é inspirado na autobiografia publicada por Rita Lee em 2016 e é ela também quem narra a história. Por enquanto, tudo parece extremamente óbvio.

Outro problema do filme são as muitas idas e vindas. Os clipes, recortes e entrevistas não obedecem a uma ordem cronológica, misturando temas como bichos de estimação, apresentação com Gilberto Gil, shows polêmicos, recantos da casa onde ela morou, infância, censura, plantas, doença, misticismo. Tudo na mais absoluta desordem. Chega a cansar. 


E olha que Oswaldo Santana trabalhou na montagem de outros filmes, entre eles, "Tropicália" (2012), "Bruna Surfistinha" (2011), e  "Tremores Urbanos" (2019). E também atuou como roteirista do longa "Ouvidor" (2023). "Ritas" é sua primeira produção como diretor. 

Como há outro documentário sobre a estrela, "Rita Lee: Mania de Você" de Guido Goldemberg, em cartaz no canal Max, a comparação é inevitável. Não que seja uma obra-prima, mas o filme do streaming é mais surpreendente e organizado do que "Ritas". 

Ele revela mais a intimidade da cantora, com participação de familiares e amigos, dando voz a artistas importantes como Gilberto Gil e Ney Matogrosso contando histórias. Convém assistir. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Oswaldo Santana e Karen Harley
Produção: Biônica Filmes em coprodução com a 7800 Productions e Claro
Distribuição: Paris Filmes e codistribuição Biônica Filmes
Exibição: Cine Una Belas Artes - sala 2; Centro Cultural Unimed-BH Minas, sala 2; e Cinemark Pátio Savassi, sala 8
Duração: 1h22
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

22 maio 2025

Prepare o lencinho, live-action "Lilo & Stitch" é 'ohana' do início ao fim

Remake da animação de 2002 emprega CGI para criação do alienígena azul que fugiu para a Terra e foi
adotado como cachorro (Fotos: Walt Disney Pictures)
 
 

Maristela Bretas

 
Para quem não sabe, "ohana" significa família. E família quer dizer nunca abandonar ou esquecer. A partir daí, prepare-se para muitos momentos emocionantes com o remake em live-action "Lilo & Stitch", que estreia nesta quinta-feira (22 de maio) nos cinemas, 23 anos após o lançamento da animação no Brasil, e que promete derreter os corações. Recomendo a versão dublada, que tem um toque mineirês na fala de um dos personagens.

Depois de vários erros em live-actions, como "O Rei Leão" (2019) e o mais recente "Branca de Neve" (2025), a Disney mostra que ainda sabe encantar muito bem seus fãs ao regravar esta animação de 2002. Para quem não assistiu o desenho, recomendo, pois ambas as produções são muito fofas. 


O live-action não fica em nada a dever, especialmente na recriação de Stitch, o extraterrestre mal-humorado que conquista o coração da simpática e levada Lilo, uma menina havaiana que só deseja ter um melhor amigo. 

Ele ganhou vida com o emprego de CGI e a dublagem de seu criador e ilustrador Chris Sanders (responsável pela animação e que também dirigiu "Robô Selvagem" - 2024).

O filme não perde o encanto, graças aos personagens que são bem carismáticos. A começar por Maya Kealoha, , que interpreta a menina Lilo Pelekai, e à amizade que se forma entre a menina e seu "estranho cachorro azul" que acaba sempre em muita confusão.


Tudo acontece quando o Experimento 626, um ser considerado muito agressivo e destruidor  escapa do planeta Turo e vem cair em Kauai, no Havaí. Após criar muita confusão, ele é capturado e acaba adotado pela órfã Lilo, que o elege seu melhor amigo e lhe dá o nome de Stitch. 

Para desespero de Nani (Sidney Agedong), sua irmã, que sempre está correndo o risco de perder o emprego por causa das aprontações de Lilo, além de brigar para manter a guarda da menina.

A parte cômica fica por conta dos atrapalhados Zack Galifianakis, como Jumba Jookiba, e Billy Magnussen, como o agente Pleakley. Eles são os alienígenas que vêm à Terra para tentar capturar o Experimento 626. 


O elenco conta ainda com Courtney B. Vance (o agente Cobra Bubbles), Kaipo Dudoit (David), Hannah Waddingham (a Grande Conselheira da Federação das Galáxias), Tia Carrere (a assistente social Sra. Kekoa) e Jason Scott Lee (patrão de Nani). Estes dois últimos fizeram a dublagem na animação de 2002 dos personagens Nani e David. 

Também Amy Hill, que agora faz a vizinha Tutu, participou da animação, dublando a Sra. Hasagawa. Saiba quem é quem na animação e no live-action na foto abaixo.

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Chris Sanders,
Maya Kealoha, Sidney Agedong, Kaipo Dudoit, Courtney B. Vance, 
Zack Galifianakis Billy Magnussen, Tia Carrere e Amy Hill

Embalado por canções havaianas e um toque nostálgico de Elvis Presley, "Lilo & Stitch" ainda tem a seu favor as deslumbrantes paisagens da Costa Norte do Havaí, onde foi filmado. 

A produção é colorida, emocionante e entrega situações  muito divertidas de completo caos provocadas pelo alien azul que vão agradar crianças e adultos. 

Mais do que isso, o filme passa, do início ao fim, reforçando a mensagem da importância da família. "Ohana" é a palavra mais pronunciada, em cenas que derretem o mais duro dos corações. 


São abordados temas como perda, bullying na escola, diferenças sociais e o amor entre irmãs, por mais que elas briguem. Maya Kealoha e Sidney Agedong têm uma ótima sintonia e até parecem irmãs mesmo. 

Até Stitch, que é o caos em pele de "cachorro", muda seu comportamento quando se torna parte da família. É emocionante vê-lo junto de Lilo. 

O live-action não fica a dever em nada à animação de 2002, que arrecadou mais de US$ 270 milhões em todo o mundo com um orçamento de US$ 80 milhões, além de ter sido indicado ao Oscar como Melhor Filme de Animação. 

Não deixe de conferir "Lilo & Stitch"; confesso que chorei muito.


Ficha técnica:
Direção: Dean Fleischer Camp
Produção: Walt Disney Studios Motion Pictures e Rideback
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h48
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, comédia