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14 novembro 2022

"Armageddon Time" critica discurso meritocrático nos EUA dos anos 1980

Destaque para as interpretações de Anthony Hopkins e Michael Banks Repeta, que vivem avô e neto sonhadores (Fotos: Focus Features)


Carolina Cassese
Blog no Zint


Contando com um elenco bastante estrelado, "Armageddon Time" é o mais novo trabalho de James Gray. A produção, que esteve na competição oficial do Festival de Cannes esta em cartaz nos cinemas de BH. O filme narra uma história inspirada na infância do diretor: a vida de uma família de classe média na Nova York dos anos 1980, logo antes da eleição do conservador presidente Ronald Reagan.

Essa narrativa se desenrola por meio dos olhos de Paul, criança interpretada por Michael Banks Repeta. Quando vai para um colégio tradicional de elite, o garoto é descrito pelo diretor da escola como "devagar demais". Ao se dirigir aos meninos da mesma escola, um dos coordenadores diz: "Vocês, aqui, podem ser o que vocês quiserem. CEOs, banqueiros, até mesmo presidentes". 


O mesmo discurso meritocrático é repetido por Maryanne Trump (sim, membro da célebre família Trump) que, com uma pose de CEO, diz: "Se vocês trabalharem duro, podem conseguir o que quiserem". Paul, no entanto, não se interessa por nenhuma das opções apresentadas. Ele quer ser artista - e talento não lhe falta.

Quando diz isso para sua família conservadora, apenas um membro o apoia: seu avô, Aaron (Anthony Hopkins), que aconselha o menino a "assinar todos os seus desenhos, pois é isso que os artistas fazem". Já os pais, interpretados por Anne Hathaway e Jeremy Strong, não se movem para incentivar o garoto.



Outro tema bastante presente no longa de Gray é o racismo. O amigo mais próximo do protagonista é Johnny Davis (interpretado por Jaylin Webb), um garoto negro que, por causa de sua cor e da classe social a qual pertence, leva uma vida muito mais dura do que a de Paul. O filme mostra essa desigualdade, mas não tem a ambição de solucioná-la na própria trama.


Um destaque da produção é sem dúvidas as atuações, em especial as de Hopkins e Strong, conhecido por estrelar a série "Succession", da HBO. O último entrega uma performance bastante intensa ao interpretar Irving, um inseguro chefe de família que tenta a todo custo impor sua autoridade. 

Os diálogos do longa são significativamente críveis: em determinada cena, nos sentimos como verdadeiros espectadores de um típico jantar da classe média estadunidense.


No que diz respeito à recepção do filme, muitas críticas e elogios foram direcionados ao mesmo ponto: a sutileza da crítica apresentada. Para alguns, o longa falha em não ser tão enfático no que diz respeito aos temas relacionados à desigualdade. 

Outras análises, como a publicada pela revista Vanity Fair, enfatizam que a produção acerta em não ser muito didática. Como pontua o crítico Richard Lawson, "Gray deixa sua tese florescer gradualmente nas mentes de seu público, movendo-nos lentamente em direção a uma conclusão arrasadora que também funciona como um apelo gentil, mas firme, à ação política pessoal."


A ação política parece mesmo ser relevante para o diretor nascido nos EUA, que, durante a conferência de imprensa do longa no Festival de Cannes, realizou diversas críticas ao próprio país. "Acho que estamos com sérios problemas hoje. O que aconteceu, como chegamos aqui, como duas pessoas detém tudo e vários autoritários tentam dominar nosso planeta? (...) Antes, quando se falava de franquias, pensávamos em McDonald's e Burger King. Agora pensamos em cinema".


A representação de dois membros da família Trump na narrativa (além de Maryanne, o avô de Donald Trump, Fred, é um dos personagens) também não deixa dúvidas a respeito da crítica realizada por Gray, que se opõe ao trumpismo e a qualquer mentalidade similar. 

Essa volta ao passado realizada pelo diretor, portanto, inegavelmente nos auxilia a compreender melhor o nosso presente.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: James Gray
Produção: Focus Features / Keep Your Head
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h55
Gênero: drama
País: EUA
Classificação: 16 anos

06 junho 2018

"Oito Mulheres e Um Segredo" - uma aula de vigarice com charme e glamour

Filme dirigido por Gary Ross tem um elenco diversificado até no talento (Fotos: Barry Wetcher/Warner Bros. Pictures)

Maristela Bretas


O elenco feminino pode não ter nomes tão talentosos quanto "Onze Homens e um Segredo" (2001), "Doze Homens e Outro Segredo" (2004) e "Treze Homens e Um Novo Segredo" (2007), mas o diretor Gary Ross (que assina o roteiro com Olivia Milch) soube explorar bem o potencial de cada uma das integrantes da quadrilha do maior roubo de joias de Nova York em "Oito Mulheres e Um Segredo" ("Ocean's 8").

Se nos três  filmes masculinos dirigidos por Steven Soderbergh brilharam George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon e Andy Garcia, na produção feminina as estrelas são as premiadas Sandra Bullock, Cate Blanchett e Anne Hathaway, que dão banho de charme, beleza, talento e vigarice. Também entregam ótimas interpretações as atrizes Helena Bonham Carter, Sarah Paulson, Mindy Kaling, Awkwafina e a cantora Rihanna.


Além das atrizes, o que mais chama a atenção é o planejamento minucioso do roubo, cada detalhe cronometrado sem que nenhuma das personagens tivesse uma importância menor no plano. Excelente também a escolha dos figurinos de gala e das joias, assim como a trilha musical de Daniel Pemberton.

Para que a trama mantivesse a mesma linha de condução, com cada passo sendo pensado e trabalhado minuciosamente até o grande roubo nada melhor que ter o próprio Soderbergh como um dos produtores. O filme de Gary Ross, no entanto, supera nos divertidos diálogos entre as personagens, principalmente quando Debbie e a parceira Lou Miller (Blachett) vão recrutar as especialistas para a quadrilha.


Helena Bonham Carter está muito bem como a decadente estilista de moda Rose, cujo mau gosto para se vestir chega a causar espanto. Sarah Paulson é Tammy, uma pacata dona de casa que leva uma segunda vida como receptadora de objetos roubados. Rihanna se garante como a hacker jogadora de sinuca Nine Ball, enquanto Mindy Kaling é Amita, especialista em fazer e desfazer joias que odeia viver com a mãe. Awkwafina é Constance, uma divertida golpista batedora de carteira e relógio incorrigível.

Destaque para James Corden, que faz o investigador de seguros, e a rápida aparição de Elliott Gould, interpretando Reuben Tishkoff, um dos integrantes da quadrilha de Danny Ocean, papel de George Clooney, que é a ligação entre as produções. Danny é o irmão "tecnicamente morto" de Debbie Ocean (Sandra Bullock), citado no filme e mostrado apenas em uma foto - uma pena, é sempre um prazer ver aquele "sonho de consumo" num filme.


Cinco anos, oito meses, 12 dias se passaram até que Debbie Ocean fosse solta da penitenciária, depois de cumprir pena por aplicar golpes. E todo esse tempo só serviu para que ela planejasse o maior e mais ousado roubo de sua vida. Para isso terá de formar um time com as melhores especialistas em cada área e contar com sua antiga parceira de golpes Lou, na escolha.

O alvo é um colar de diamantes que vale cerca de 150 milhões de dólares e que estará pendurada no pescoço da famosa atriz internacional Daphne Kluger (Anne Hathaway), durante o evento do ano, o Baile de Gala do Museu Metropolitan, de Nova York. O plano precisa correr perfeitamente para que a equipe consiga entrar no evento e sair de lá com as joias à vista de todos.

"Oito Mulheres e Um Segredo" é um filme divertido, que prende pela trama leve e muito parecida com as produções de 2001, 2004 e 2007, porém atualizada. Na execução do roubo perfeito, a quadrilha emprega tecnologia avançada, sem deixar de lado o velhos truques como uma carta na manga. Na prática, uma verdadeira aula de vigarice com glamour e sofisticação.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Gary Ross
Produção: Warner Bros Pictures / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Comédia / Policial
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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