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08 janeiro 2024

“Rebel Moon - Parte 1” promete grande série, mas entrega um filme de sessão da tarde

Guerreira reúne um grupo de combatentes bem diversificado para combater um tirano que invade e passa a dominar seu planeta
(Fotos: Netflix)


Jean Piter Miranda


“Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo” atingiu o status de filme mais visto na Netflix em todo o mundo nos últimos dias. Mas engana-se quem pensa que se trata uma grande obra. Não é. Prova disso é que, até o momento, o novo longa do diretor Zack Snyder só tem 24% de aprovação da crítica e 61% da audiência no Rotten Tomatoes.

O filme tem como protagonista a camponesa Kora (Sofia Boutella, de "A Múmia" - 2017). Ela vive em um planeta pacífico de agricultores. Só que a paz desse lugar fica ameaçada quando tropas do exército do governo tirânico de Balisarius chegam em busca de suprimentos. Os militares ocupam a região, exigem que toda a plantação seja entregue a eles e começam a oprimir os moradores.


Para salvar seu povo, Kora, que na verdade não é uma simples camponesa, se revolta e elimina as tropas que ocupam o planeta. Por conta disso, a guerreira revelada tem que fugir. Mas ela vai além. Com o plano de eliminar o império Balisarius da galáxia, ela sai em busca de novos combatentes que possam se juntar à sua causa.

Nessa primeira parte, o filme apresenta o almirante Atticus Noble (Ed Skrein, de "Midway - Batalha em Alto-Mar" - 2019), o antagonista da vez. O vilão e sua tropa usam fardas militares com detalhes vermelhos em um clara alusão ao nazismo. Um clichê recorrente em filmes de heróis estadunidenses.

As tropas são malvadas gratuitamente. Mais um clichê do maniqueísmo, dividindo os grupos entre o bem e o mal, mocinhos e vilões. Uma forma muito rasa e simplista de se construir personagens. O almirante Atticus Noble, por sinal, parece uma cópia barata do magnífico Hans Lanna, de “Bastardos Inglórios” (2009).


Nas primeiras cenas de lutas, vemos mais um show de clichês. Snyder abusa do uso de câmera lenta. O que talvez tenha o objetivo de dar mais emoção, de criar um momento memorável, só deixa o filme mais chato e arrastado.

Os combates são difíceis de engolir. Soldados treinados que não acertam um único tiro nem se preocupam em se defender, atacando de qualquer jeito. Socos que não deixam marcas nem tiram sangue e tiros de laser que imitam "Star Wars". Depois de cenas de ação em filmes como “John Wick” (2014), “Ong Back” (2003), "Oldboy" (2003), “Anônimo” (2021), entre tantos outros, não dá pra aceitar lutas lentas. Ainda mais quando se trata de guerreiros, de combatentes de elite. Muito menos pancadas que não tirem sangue.


Seguindo a trama, Kora passa 80% do filme recrutando guerreiros para seu grupo. O primeiro que a acompanha é Gunnar (Michiel Huisman), da colônia de agricultores. Um cara sem experiência de batalha, sem nada de especial. Não dá para entender o porquê de ele estar no grupo. Depois, ela acha Kai (Charlie Hunnam, de "Rei Arthur - A Lenda da Espada" - 2019), um piloto mercenário. Tem o clichê da briga de bar e um milhão de frases feitas motivacionais ao longo do caminho.

O time então vai se formando com o General Titus (Djimon Hounsou, de "Shazam! - Fúria dos Deuses" - 2023), um gladiador que já serviu Balisarius e está arrependido de seu passado; Tarak (Staz Nair), um guerreiro nativo que busca redenção, sabe-se lá de que; Nemesis (Doona Bae), um ciborgue espadachim; Darrian Bloodaxe (Ray Fisher) e Milius (E. Duffy), guerrilheiros de um exército rebelde de resistência ao império.


Apesar das duas horas e quinze minutos de duração, o filme não desenvolve nenhum dos personagens. É tudo muito superficial. O passado de Kora é apresentado aos poucos, mas não convence nem cativa. Sobre os demais, não dá pra saber suas motivações ou objetivos. Todos embarcam em um missão praticamente suicida depois de um jogo de frases feitas motivacionais.

Um gladiador negro, uma guerreira oriental que usa katanas, um guerreiro com aparência indígena, um piloto loiro bonitão, um soldado e uma soldada, um camponês e uma líder ex-militar super treinada. Personagens os quais, no máximo, dá para guardar descrições físicas. Uma seleção diversa, o que é bem positivo. Mas não passa disso.


Sem tempo de tela para desenvolver características de personalidade, habilidades, poderes, motivações, todos os personagens se tornam completamente esquecíveis. Não dá pra ter simpatia ou identificação com nenhum deles. Nem com a protagonista.

Para não dizer que é tudo ruim, os efeitos especiais merecem elogios. A maquiagem e a caracterização de seres interplanetários é muito bem feita. Seres que, por sinal, são tantos que não dá para decorar nomes, raças, espécies, saber a importância de cada um para a trama ou o que representam para esse universo. É tanto personagem em tão pouco tempo de tela que dá a impressão de estar vendo uma montagem com recortes de vários filmes.


O robô Jimmy (voz de Anthony Hopkins) também é muito bem feito. É aliado momentâneo que não embarca na jornada e que deixa um ar de que, talvez, seja um personagem importante para a "Parte 2", prevista para estrear em abril deste ano.

O ator e cantor irlandês Fra Fee interpreta o grande vilão Balisarius, o ditador intergaláctico. Ele praticamente só aparece em cenas do passado, deixando expectativa para que tenha uma participação maior e mais ativa na continuação.

Zack Snyder tem um currículo cheio de grandes produções. Sucessos como “300” (2006), “Watchmen – O Filme” (2009) e “A Lenda dos Guardiões” (2010). Mas também tem obras que não emplacaram como “Army of the Death – Invasão de Las Vegas” (2021), “Batman VS Superman – A Origem da Justiça” (2016) e “Liga da Justiça” (2017), que inclusive ganhou uma versão estendida em 2021 - "Snyder Cut". Em comum, são sempre obras com orçamentos volumosos.


O fato é que, com ou sem Snyder, as produções da DC não decolaram. E os motivos são muitos. Mas não dá pra reclamar de recursos. Os elencos são bons, assim como os roteiristas, equipes técnicas e demais profissionais. Dinheiro nunca faltou. De forma geral, não agradou a crítica nem o público. Mas rendeu uma boa grana. No fim, o diretor sempre tem saído com prestígio.

É inegável que Snyder tem um fã clube enorme. Há quem goste muito de seu trabalho, mesmo com os altos e baixos. O próprio diretor tem uma super autoestima e acredita que está criando uma linguagem cinematográfica própria. Uma falta enorme de senso de realidade. “Rebel Moon - Parte 1” mostra isso. Um caminhão de clichês e escolhas erradas com um orçamento de US$ 90 milhões. Um grande elenco e um história que copia um monte de histórias já vistas.

No fim, o longa promete ser o novo “Star Wars”, a nova série cinematográfica que vai marcar época e geração. Mas que entrega uma obra chata, sem graça e muito cansativa, como um filme repetido de baixo orçamento de “Sessão da Tarde”.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Zack Snyder
Produção: Netflix
Exibição: Netflix
Duração: 2h13
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, ficção, ação
Nota: 2,5 (0 a 5)

31 maio 2021

"Army of the Dead" tenta inovar em filme de zumbis e falha monstruosamente

Mercenários precisam roubar um cassino e fugir dos milhares de mortos-vivos que invadiram Las Vegas (Fotos: Netflix/Divulgação)


Jean Piter Miranda


Dave Bautista deixa de ser um guardião da galáxia para se tornar o mercenário Scott Ward  em "Army of the Dead: Invasão em Las Vegas", novo filme do diretor Zack Snider, que está entre os dez mais assistidos na Netflix. Ele terá de arrombar o cofre subterrâneo de um cassino de Las Vegas e pegar uma fortuna de 200 milhões de dólares. 

Se isso não é difícil o suficiente, imagine em uma cidade tomada por zumbis e super zumbis inteligentes, rápidos e fortes. Para piorar, ele e seus amigos deverão entrar e sair com vida e com a grana, correndo contra o tempo, já que a o local vai ser bombardeado por armas nucleares para tentar exterminar os mortos vivos. 
 

Tudo começa quando Las Vegas é tomada por zumbis. Mas não são do tipo comum que se vê em outras produções. Esses são tão velozes e fortes quanto um super-herói, além de muito inteligentes. O governo faz um muro em volta da cidade e deixa os seres, de certa forma, presos. E assim, a terra dos cassinos se torna o reino dos super zumbis. 

Do lado de fora, Ward, um herói de guerra, vive da venda de hambúrgueres. Ele é procurado por Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada), um empresário de cassinos que faz a seguinte proposta: formar uma equipe, entrar em Vegas, arrombar um cofre, pegar o dinheiro e sair sem ser pego pelos zumbis. Missão arriscadíssima, mas que ele topa. Aí começa a ação. 


Você vê o trailer e pensa que o filme vai ser muito bom. Mas, aos poucos, os problemas vão aparecendo. É tudo muito corrido para mostrar como a cidade foi tomada. Ward é sobrevivente e herói da grande batalha contra os zumbis. Um ex-combatente sem grana, que leva uma vida simples e cheia de dificuldades. Um clichê já visto em muitos filmes. Um cara durão que vai ser procurado para uma missão que só ele é capaz de realizar. Um homem que tem traumas de guerra. Que recusa, mas depois acha um motivo pra aceitar.

Ward vai formar a equipe. Claro que seus antigos parceiros mercenários aceitam participar da ação. E também vão achar gente nova. Cada um com suas características, um time bem diversificado. Ele tem que procurar uma pessoa específica pra ajudar a penetrar na cidade e que já tenha conseguido entrar e sair de lá. No grupo há conflito familiar e desconfiança entre os membros. Como era de se esperar, tem ainda aquela fórmula incorreta de roteiro: o “vilão” é sempre asiático, árabe, russo, latino ou alemão. É um pacotão de clichês. 


Zack Snyder que já mandou muito bem em “300” (2006), “Watchmen” (2009) e recentemente em “Liga da Justiça – Snyder Cut (2021) agora derrapa. Ao tentar fazer um filme de ação que não fosse raso, ele erra pelo excesso. Roubar o cofre, sair com vida e ter uma vida melhor. 

Exterminar os super zumbis que ameaçam a humanidade. Resgatar gente em uma cidade tomada por monstros. Salvar o mundo e reconciliar com alguém que se ama. São pontos que, normalmente, sozinhos, funcionam. Mas tudo junto é complicado. 


É inegável que as cenas de ação, maquiagem e efeitos visuais são muito bons. Quem viu Bautista na época de WWE, no pró-wrestling, vai pegar algumas referências nas cenas de luta. É um presente para os fãs, bem entregue. Tem muito tiro, explosões e mortes, se é que pode chamar de morte matar um morto-vivo. 

Dá para divertir. Mas não se deve esperar muito. Não há nada de novo no filme. Tudo começa e termina sem muita surpresa. A história fica aberta. Se tiver boa aceitação, pode haver, em breve, uma continuação. 


Ficha técnica:
Direção: Zack Snyder
Exibição: Netflix
Duração: 2h28
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Aventura / Terror
Nota: 3 (de 0 a 5)

21 março 2021

"Liga da Justiça - Snyder Cut" é um dos melhores filmes de super-heróis dos últimos tempos

Muitas batalhas, grandes efeitos e histórias detalhadas dos personagens menos conhecidos (Fotos: HBO Max/Divulgação)

 

Maristela Bretas


Esqueça a primeira versão de "Liga da Justiça" dirigida por Joss Whedon. Apesar das quatro horas de duração, a que vale é a tão esperada de Zack Snyder que entrega um filme com muita ação, emoção e batalhas épicas, apesar de exagerar nas cenas em slow motion. Virou até piada entre alguns fãs, que alegam que a longa duração foi por causa da câmera lenta em várias lutas. 
 
"Snyder Cut" entrega o que se esperava de uma boa produção de super-heróis da DC Comics, depois de algumas decepções como "Batman vs. Superman: A Origem da Justiça" (2016), do mesmo Snyder, e da famosa frase "Salve Martha". Não fosse a batalha final, com a participação da Mulher Maravilha, o estrago seria ainda maior.


Na sequência, "Liga da Justiça" (2017) alivia a decepção, mas assistindo "Snyder Cut" é que a gente percebe como o anterior ficou com cara de filme de heróis bonzinhos, com final feliz e sem impacto. Até as cenas do epílogo são mornas perto das novas. Faltou no primeiro um "smash, smash" que até o Hulk fez melhor com  Loki em "Os Vingadores" (2012), da Marvel, dirigido também por Whedon.
 

Aí chega Zack Snyder com sua versão inicial e arrasa quarteirão desde a abertura até a última cena, sem dó de mostrar lutas sangrentas, heróis complexos e com dramas, sempre familiares e mal resolvidos, mas que se unem em defesa da Terra contra os vilões Steppenwolf (Lobo da Estepe), De Saad e o líder Darkseid. 
 


Aquaman (Jason Momoa), Ciborgue (Ray Fisher) e até mesmo o Flash (Ezra Miller), com seu humor e simpatia, se mostram mais sombrios e atormentados por questões particulares mal resolvidas. Até a Mulher Maravilha (Gal Gadot) expõe seu lado de guerreira amazona e se iguala em participação e poder aos personagens masculinos. 
 
Se no primeiro filme, o colorido das roupas dela e de Flash quebram a escuridão do mundo de Batman, neste os tons escuros predominam, retomando uma característica mais dark do Universo DC. Outro ponto que foi perdido na edição de 2017 com a mudança de direção.


O Batman de Ben Affleck mudou pouco, manteve seu lado sombrio e, apesar de ser o líder da Liga, ficou quase como um coadjuvante na produção de Snyder. Quem dá show é o Superman de Henry Cavill com o traje preto e sangue nos olhos. Espetáculo em todos os sentidos. E olha que ele só apareceu mais no final para fechar a fatura. Algumas cenas são de arrepiar. Por sinal, Cavill, Affleck e Momoa formam um time de tirar o fôlego.
 
 
Na nova versão, Flash e Ciborgue ganham mais espaço que os heróis mais famosos e suas histórias são contadas com mais detalhes, assim como de outros, um segundo ponto importante que faltava. Isso ajuda a entender a origem de cada um e facilita para quem não assistiu aos filmes-solo de alguns deles, como "Mulher Maravilha" (2017) e "Aquaman". 
 
Flash também vai ganhar seu próprio filme, com estreia prevista para 2022, com Ezra Miller retornando ao papel do homem mais rápido do mundo. Já o Ciborgue perdeu em tudo, a começar pelo ator Ray Fisher que deixou o papel, e até o momento os estúdios estão descartando uma produção para breve sobre o herói cibernético.
 

  
"Liga da Justiça - Snyder Cut", mesmo utilizando muitas partes da versão anterior, é quase um filme novo, muito melhor, mais bem feito, sem saltos que deixam o espectador sem entender como surgiram algumas situações. Vendo este agora fica parecendo que o primeiro foi feito por Whedon para cumprir tabela e acabar logo, depois de pegar o carro andando. E acabou impondo seu estilo "Vingadores" de ser, o oposto de Zack Snyder que se afastou da direção por problemas familiares. 
 


Mas faltou falar sobre os efeitos visuais de "Snyder Cut". Simplesmente incríveis, o filme é o melhor de todos do diretor, pois conseguiu aproveitar e explorar bem os superpoderes e as histórias de cada herói, especialmente os menos conhecidos, destacou o lado emocional de cada um. O que o diretor fez foi um novo filme, acrescentou não só muitas e melhores cenas, mas também mais personagens, deu uma nova perspectiva e criou uma narrativa mais envolvente, apesar de mais pesada.


Foram quatro horas bem aproveitadas em frente à telinha da TV, com um filme dividido em seis partes. O diretor Zack Snyder pode dormir tranquilo, pois realizou uma de seus melhores trabalhos, talvez o melhor com os super-heróis do universo DC, respeitando os quadrinhos e os fãs. E apontou para o que seria o último filme da trilogia planejada inicialmente pelo diretor e que, em princípio, está adiada. 
 
"Liga da Justiça - Snyder Cut" pode ser alugado em várias plataformas digitais: Now, AppleTV, Claro, Google Play, Playstation, Sky Play, UOL Play e Vivo Play. Inesquecível e imperdível.


Ficha técnica:
Direção: Zack Snyder
Exibição: Plataformas digitais por aluguel
Produção: HBO Max / DC Comics
Duração: 4h02
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Aventura / Fantasia
Nota: 4,8 (de 0 a 5)