09 julho 2019

"Ma" - Octavia Spencer entrega ótima interpretação em produção que mescla bullying e suspense

Atriz faz o papel de uma mulher de meia idade que atrai um grupo de adolescentes oferecendo festas e bebidas (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


"Ma" é mais um bom suspense/terror que explora o psicológico, a psicopatia, os traumas de infância, fugindo do estilo de outras produções do gênero (alguma ótimas e outras nem tanto) protagonizadas por entidades e pessoas possuídas, como "Cemitério Maldito" e toda a franquia "Invocação do Mal" (que ganhou mais um filme com "Annabelle 3 - De Volta para Casa", em cartaz nos cinemas). O filme, dirigido por Tate Taylor, foca em Sue Ann (ou Ma, como era conhecida), personagem da excelente Octavia Spencer, que faz de tudo para ser a querida dos estudantes da escola de sua cidade, onde um dia ela também estudou.


Uma mulher doce, que se torna a "tiazona" que a moçada quer ter, bancando as bebidas, oferecendo a casa para as festinhas e sempre disposta a permitir a farra da galera. Mas basta uma simples mudança nos planos dela para que seu lado escuro e frio apareça com força, levando a personagem a mais cruel das vinganças. Octavia consegue passar toda essa mudança de emoções e comportamentos e é a estrela do título e do filme.


"Ma" é um filme que começa bem comum e vai ganhando contornos sombrios à medida que Sue Ann vai mostrando suas verdadeiras intenções, envolvendo os jovens e seus pais. Suspense e terror marcam a primeira meia hora de filme, com aparições repentinas da estranha amiga dos jovens em locais onde ela não deveria estar. No elenco, além de Octavia Spencer, está Diana Silvers ("Vidro" e "Fora de Série", ambos de 2019) como Maggie, a jovem estudante recém-chegada à cidade junto com a mãe Erica, papel de Juliette Lewis, que começa com uma participação morna no início do filme, mas ganha força mais ao final.


Maggie e seus amigos, todos menores de idade, estão tentando descolar bebidas alcoólicas em um mercado quando conhecem Sue Ann, que usa sua identidade para ajudá-los. Além de comprar as bebidas, ela decide oferecer sua casa para que eles organizem uma festa com o pessoal do colégio. Os eventos acabam se tornando uma rotina do grupo, até que os jovens começam a identificar um comportamento estranho da dona da casa, que se torna cada vez mais controladora e obsessiva.



Ficha técnica:
Direção: Tate Taylor
Produção: Blumhouse Productions / Wyolah Films
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h40
Gêneros: Suspense / Terror
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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04 julho 2019

Hesitação entre o heroísmo e a vida comum marcam “Homem-Aranha: Longe de Casa”

O super-herói amigo da vizinhança  precisa deixar as férias de lado e assumir a luta contra seres de outra dimensão (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Amanda Lira


No turbilhão da vida adolescente, como lidar com as contradições entre os desejos pessoais e uma vida heroica? É diante desse dilema que se desdobra a trama de “Homem-Aranha: Longe de Casa” ("Spider-Man: Far From Home"), que estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas. Sem seu mentor, Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Peter Parker (Tom Holland) é, no filme, um jovem um tanto quanto vulnerável, que sofre com a falta de um referencial para se ancorar. 


Em um mundo em que seres humanos desapareceram repentinamente durante cinco anos e voltam após um “blip”, Parker tem planos para férias “comuns”. Sua maior preocupação, afinal, é conquistar, durante uma excursão para Europa com Ned e a turma da escola, o coração de sua amada MJ (Zendaya). Como esperado, as expectativas do jovem logo são frustradas e o Homem-Aranha se vê obrigado a entrar em ação ao ser convocado por Nick Fury (Samuel L. Jackson) para ajudar a enfrentar os ataques dos seres Elementais.


Durante a luta contra o inimigo, Parker encontra, enfim, um novo mentor e desenvolve uma admiração genuína por Quentin Beck (Jake Gyllenhaal), conhecido como Mysterio. O herói, que escancara a existência de um multiverso, admite trazer consigo o know-how para enfrentar os desafios que recairiam sobre a Terra. O filme se desdobra, então, em uma série de plot-twists. Ao longo das pouco mais de duas horas de projeção, o público assiste a intensas cenas de ação que, de forma genial, envolvem tecnologias de drones e hologramas, além das belas paisagens do Velho Continente.


As consecutivas quebras de expectativas, no entanto, podem confundir espectadores desavisados, que não necessariamente acompanham o universo Marvel e suas inúmeras referências. Nesse sentido, as tentativas de didatismo protagonizadas pelos heróis podem, por um lado, soar levemente forçadas para os fãs, e, por outro, insuficientes para o público em geral. Ainda assim, é inegável que o filme reserva boas surpresas, especialmente nos dois créditos finais.


O humor característico do Homem-Aranha mantém-se em “Longe de Casa” com os devidos ares de juventude e de ingenuidade trabalhados por Holland. A insegurança de um garoto apaixonado, a curiosidade de um sobrinho afetuoso e as indecisões de um jovem frente a escolhas difíceis são algumas das facetas de Parker que conferem leveza ao filme. Isso sem falar nas cenas iniciais, que, embora um pouco deslocadas com relação ao tom do filme como um todo, arrancam risadas da plateia.


“Homem-Aranha: Longe de Casa” trabalha bem a humanização do herói (iniciada em "Homem-Aranha: De Volta ao Lar"), especialmente em suas fragilidades e impotências. A necessidade de realizar escolhas, de lidar com as consequências de suas ações e de ter um referencial no qual se inspirar são as principais mensagens do filme, que dá uma boa continuidade a “Vingadores - Ultimato” sem, de forma alguma, colocar um ponto final na saga. Afinal, a revelação reservada para os últimos segundos do longa é uma grande ponta solta que deixa brecha para muita história.


Ficha técnica:
Direção: Jon Watts
Produção: Sony Pictures  / Columbia Pictures / Marvel Studios / Walt Disney Studios 
Distribuição: Sony Pictures 
Duração: 2h10
Gênero: Aventura
País: EUA
Classificação: 10 anos

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