12 agosto 2025

"Juntos" até que a morte - ou algo pior - os separe

Terror corporal com Dave Franco e Alison Brie utiliza o sobrenatural para explorar uma relação de codependência (Fotos: Neon) 
 
 

Maristela Bretas

 
Com a proposta de ser um filme de terror corporal, "Juntos" ("Together"), que estreia nesta quinta-feira (14) nos cinemas com roteiro e direção de Michael Shanks, mergulha no psicológico a partir de acontecimentos estranhos e sobrenaturais que afetam um casal.

Nos papéis principais estão Dave Franco ("Truque de Mestre: O 2º Ato" - 2016) e Alison Brie ("A Comédia dos Pecados" - 2020), casados na vida real, interpretando Tim, um músico que não consegue alcançar sucesso, e Millie, uma professora de inglês. 

Duas pessoas com objetivos opostos, mas que resolvem construir uma vida a dois em uma pequena cidade do interior dos EUA. 


Enquanto caminham por uma mata próxima à nova casa, eles caem em uma caverna durante uma tempestade e decidem acampar lá dentro durante a noite. 

Tim bebe de uma poça no local e, a partir daí, a vida do casal - e sua união - nunca mais será a mesma.

Mesmo vivendo um momento ruim e desgastado da relação, uma força estranha e dominadora faz com que permaneçam unidos, praticamente colados, ameaçando a sanidade de ambos, especialmente quando perdem o controle sobre seus próprios corpos. 


Na escola, Millie conhece Jamie (Damon Herriman, de "Era Uma Vez em... Hollywood" - 2019), um colega de trabalho, que entra vida do casal e agrava o problema ao explicar que "eles precisam ser um só para serem felizes e se tornarem inteiros". 

"Juntos" é um filme sobre relações e sobre uma dependência que chega a ser doentia entre duas pessoas, mesmo quando ambas desejam seguir caminhos diferentes. A trilha sonora acerta ao incluir a música "2 Become 1", das "Spice Girls", como referência ao enredo.


Terror sem sangue

O longa não aposta em sustos, mas apresenta várias cenas de possessão "incômodas" provocadas pela força sobrenatural que atua sobre o casal. A dos olhos é a mais angustiante. 

O sangue aparece pouco para um filme de terror, e há até alguns momentos de humor protagonizados por Tim, que provocam risos do público. 

O final pode surpreender por seguir uma linha diferente de outros filmes do gênero, mas não espere uma grande produção. Não é um filme indicado para quem pretende se casar ou começar uma vida a dois. Em "Juntos", a frase "Até que a morte os separe" ganha um novo significado.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael Shanks
Produção: Picture Start, Princesa Pictures, 30West, Tango Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: 16 anos
Países: EUA/Austrália
Gênero: Terror psicológico

11 agosto 2025

“Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” idealiza a "família perfeita" e peca em profundidade

Reboot dirigido por Matt Shakman apresenta a equipe em uma realidade paralela sem fazer referências a produções anteriores (Fotos: Marvel Studios)
 
 

Filipe Matheus
Parceiro do blog Maravilha de Cinema


A Marvel Studios trouxe de volta às telonas o “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” ("The Fantastic Four: First Steps") novo filme em cartaz em todo o Brasil, dirigido por Matt Shakman e baseado nos icônicos quadrinhos de Stan Lee e Jack Kirby. 

O longa nos transporta para 1961, acompanhando um grupo de astronautas que, durante um voo experimental, é exposto a uma tempestade de raios cósmicos, resultando em seus superpoderes. Com as novas habilidades, eles se tornam os protetores de Nova York contra grandes vilões.

Este reboot apresenta a equipe em uma realidade paralela dentro do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), coexistindo com clássicos como “Vingadores” e “Guardiões da Galáxia” (2014, 2017 e 2023), sem fazer referências a produções anteriores do “Quarteto Fantástico”.


Elenco estelar

Uma curiosidade que agradou bastante aos fãs é a inclusão da Fundação do Futuro, organização idealizada por Reed Richards nos quadrinhos para usar a ciência em prol da humanidade. Ver essa parte da mitologia ganhando vida na tela grande é um deleite para quem acompanha as HQs, mostrando um cuidado com o material original.

O elenco estelar conta com Pedro Pascal ("Gladiador II" - 2024) como Reed Richards/Senhor Fantástico, Vanessa Kirby ("Missão: Impossível - Efeito Fallout" - 2018) como Sue Storm/Mulher Invisível, Joseph Quinn ("Um Lugar Silencioso: Dia Um" - 2024) como Johnny Storm/Tocha Humana e Ebon Moss-Bachrach ("O Urso" - 2024) como Ben Grimm/O Coisa. Apesar do esforço dos heróis, o filme peca no desenvolvimento dos conflitos, que por vezes carecem de profundidade.


Um dos pontos altos do longa é, sem dúvida, a performance de Joseph Quinn como Tocha Humana. Sua atuação é um show à parte e crucial para o andamento da história, adicionando uma camada de carisma e dinamismo à equipe. Ele consegue criar conflitos com os vilões sem forçar, diferente do Senhor Fantástico de Pedro Pascal, que se perde no papel.

Em contraste, o filme por vezes cai na idealização da “família perfeita” dos Fantásticos, o que soa um tanto superficial. Essa tentativa de retratar uma harmonia impecável acaba tirando um pouco do drama e da profundidade que a equipe poderia ter, deixando um gosto de “pura balela”.


Vilões pouco aproveitados

O icônico vilão Galáctus (Ralph Ineson, de "Resistência" - 2023) tenta chegar com tudo, mas acaba ofuscado pela Surfista Prateada, interpretada por Julia Garner ("A Hora do Mal" - 2025). A personagem, que deveria ter sido mais explorada, parece mais uma coadjuvante do que uma das vilãs centrais, um potencial perdido que poderia ter enriquecido muito mais a trama.

A expectativa para ver o “Quarteto Fantástico” nos próximos filmes dos “Vingadores” que fazem parte da Fase 6 do MCU é alta, mas também gera preocupações. A chance de eles aparecerem em “Vingadores: Doomsday” (que estreia este ano) pode ser um risco, embora faça parte da estratégia da Marvel de inserir seus personagens no multiverso.

No geral, o novo filme do “Quarteto Fantástico” entrega uma experiência mista. Há atuações de destaque e a promessa de uma equipe icônica no MCU, mas acaba pecando em seus personagens. É um reboot que tem seus momentos empolgantes, mas que poderia ter ido além na construção de conflitos e na profundidade dos heróis.


Ficha técnica:
Direção: Matt Shakman
Produção: Marvel Studios e 20th Century Fox
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h55
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção