13 agosto 2025

"No Céu da Pátria Nesse Instante" mostra a tensão provocada pela polarização das eleições de 2022

Documentário dirigido por Sandra Kogut traz um retrato histórico necessário do Brasil contemporâneo
(Fotos: O2Play)
 
 

Jean Piter Miranda

 
Os atentados de 8 de janeiro de 2023 marcaram profundamente a história recente do Brasil. Uma história que ainda ecoa pelo país, seja pela polarização, que ainda persiste, seja pela luta por anistia aos que atacaram a democracia. 

Mas como foi que chegamos a esse ponto? A resposta está em “No Céu da Pátria Nesse Instante”, documentário da diretora Sandra Kogut, que estreia nesta quinta-feira (14) nos cinemas. 

A produção leva para as telas pessoas comuns que militavam em favor de Lula e de Bolsonaro. Cada uma contando sobre suas expectativas nos dias que antecederam as votações em primeiro e segundo turnos das eleições de 2022. 

Diretora Sandra Kogut

Marcelo Freixo, então candidato a governador do Rio, e sua esposa, a roteirista Antônia Pellegrino são acompanhados em atos de campanha. Assim como uma família bolsonarista também participa do documentário. Kogut equilibra bem o tempo de tela de cada lado, sem favorecer nenhum deles. 

Outros personagens são inseridos ao longo do documentário. Além dos militantes, também aparecem servidores da Justiça Eleitoral. O treinamento de mesários, a preparação das urnas e os desafios para realizar as eleições em todos os municípios, em especial os do Norte do país. 


Tensão no ar

Tudo vai sendo apresentado de forma leve, embora seja perceptível um clima de tensão no ar. É como se todo mundo soubesse o que estava por vir. Os atos de campanha dos dois lados. O medo de sair com camisa de candidato, o clima tenso de ir às ruas fazer campanha. Bolsonaristas confiantes na vitória. Lulistas temerosos com o futuro. 

Caminhoneiros organizados, pastor pedindo voto, a bomba no aeroporto de Brasília, denúncia de boca de urna e as blitze ilegais no dia das eleições. Tem muita coisa nessa complexa história que se apresenta em ordem cronológica, sem narrador. 

A tensão que vai aumentando durante a apuração. Uma história que a gente viu e viveu, mas que, ao ser revista, traz de volta um turbilhão de emoções, independente de que lado você esteja. 


Vem o resultado, vem a posse e a explosão do 8 de janeiro. Apoiadores do governo derrotado inconformados com o resultado das eleições e a vitória de Luis Inácio Lula da Silva invadem o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Violência, quebradeira, vandalismo, pedido de intervenção militar. Um dia que entrou para história e que ainda não acabou. 

O documentário reconta essa história sem adjetivar ninguém. Não faz juízo de valor, não debocha, não ironiza, nem comemora. É uma produção honesta e muito bem feita que merece ser vista para que tudo o que ocorreu não caia no esquecimento.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Sandra Kogut
Produção: Ocean Films em coprodução com Marola Filmes, Kiwi Filmes, GloboNews, Globo Filmes e Canal Brasil
Distribuição: O2 Play e Lira Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

12 agosto 2025

"Juntos" até que a morte - ou algo pior - os separe

Terror corporal com Dave Franco e Alison Brie utiliza o sobrenatural para explorar uma relação de codependência (Fotos: Neon) 
 
 

Maristela Bretas

 
Com a proposta de ser um filme de terror corporal, "Juntos" ("Together"), que estreia nesta quinta-feira (14) nos cinemas com roteiro e direção de Michael Shanks, mergulha no psicológico a partir de acontecimentos estranhos e sobrenaturais que afetam um casal.

Nos papéis principais estão Dave Franco ("Truque de Mestre: O 2º Ato" - 2016) e Alison Brie ("A Comédia dos Pecados" - 2020), casados na vida real, interpretando Tim, um músico que não consegue alcançar sucesso, e Millie, uma professora de inglês. 

Duas pessoas com objetivos opostos, mas que resolvem construir uma vida a dois em uma pequena cidade do interior dos EUA. 


Enquanto caminham por uma mata próxima à nova casa, eles caem em uma caverna durante uma tempestade e decidem acampar lá dentro durante a noite. 

Tim bebe de uma poça no local e, a partir daí, a vida do casal - e sua união - nunca mais será a mesma.

Mesmo vivendo um momento ruim e desgastado da relação, uma força estranha e dominadora faz com que permaneçam unidos, praticamente colados, ameaçando a sanidade de ambos, especialmente quando perdem o controle sobre seus próprios corpos. 


Na escola, Millie conhece Jamie (Damon Herriman, de "Era Uma Vez em... Hollywood" - 2019), um colega de trabalho, que entra vida do casal e agrava o problema ao explicar que "eles precisam ser um só para serem felizes e se tornarem inteiros". 

"Juntos" é um filme sobre relações e sobre uma dependência que chega a ser doentia entre duas pessoas, mesmo quando ambas desejam seguir caminhos diferentes. A trilha sonora acerta ao incluir a música "2 Become 1", das "Spice Girls", como referência ao enredo.


Terror sem sangue

O longa não aposta em sustos, mas apresenta várias cenas de possessão "incômodas" provocadas pela força sobrenatural que atua sobre o casal. A dos olhos é a mais angustiante. 

O sangue aparece pouco para um filme de terror, e há até alguns momentos de humor protagonizados por Tim, que provocam risos do público. 

O final pode surpreender por seguir uma linha diferente de outros filmes do gênero, mas não espere uma grande produção. Não é um filme indicado para quem pretende se casar ou começar uma vida a dois. Em "Juntos", a frase "Até que a morte os separe" ganha um novo significado.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael Shanks
Produção: Picture Start, Princesa Pictures, 30West, Tango Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: 16 anos
Países: EUA/Austrália
Gênero: Terror psicológico