Mostrando postagens classificadas por data para a consulta lucy. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens classificadas por data para a consulta lucy. Ordenar por relevância Mostrar todas as postagens

16 novembro 2023

"Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" traça paralelos entre paixão, ambição e sobrevivência

Filme é dirigido por Francis Lawrence, o mesmo diretor dos outros quatro longas da franquia (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Larisssa Figueiredo


Um dos pontos mais fortes da franquia "Jogos Vorazes" é a forma como os personagens são construídos e aprofundados com complexidade, estreitando a linha de separação entre os mocinhos e vilões. Em "A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" ("The Hunger Games – The Ballad of Songbirds and Snakes"), filme prequel da franquia que estreou nos cinemas, acompanhamos o tirânico presidente Snow aos 18 anos, atormentado pela pobreza e miséria na Panem pós-guerra, quando vê uma chance de mudar sua realidade se tornando o mentor de Lucy Gray Baird, o tributo feminino do Distrito 12.

 

O elenco do longa-metragem é composto por grandes nomes como Viola Davis (Dra. Gaul), Peter Dinklage (Reitor Highbottom) e Hunter Schafer (Tigris Snow), mas o destaque vai para Tom Blyth, que incorporou os dilemas e contradições do jovem Coriolanus Snow.  

Dar vida a um personagem complexo que foge aos arquétipos óbvios hollywoodianos é um desafio que foi executado com maestria pelo ator britânico. Snow, ainda que querendo salvar sua família da pobreza, já mostrava frieza, sinais de tirania e desejo de poder irrestrito e, mesmo assim, Blyth consegue trazer ternura, simpatia e até empatia para Snow do início ao fim do filme. 


Já a protagonista Lucy Gray Baird foi interpretada por Rachel Zegler, amplamente criticada pelos fãs da saga nas redes sociais quando a escolha foi divulgada. Lucy é uma personagem imprevisível, intensa, cheia de emoções, que representa um mártir na própria narrativa, esses aspectos parecem ter dificultado a imersão de Zegler na personagem. 

A atriz exagera nas “caretas” e não soa natural na pele de Lucy Gray nos momentos de maior tensão. Apesar disso, Rachel Zegler é dona de uma voz exuberante e entrega performances de alto nível nas cenas em que aparece cantando e tem uma química inegável com seu par, Tom Blyth. 


Por falar em música, mais uma vez a franquia evidenciou a preocupação em apresentar uma trilha sonora original de primeira qualidade, que ficou a cargo de James Newton Howard ("Operação Red Sparrow" -2018). 

Além da icônica contribuição de Rachel Zegler em “The Hanging Tree”, música escrita pela autora dos livros, Suzanne Collins, e também interpretada por Jennifer Lawrence (Katniss Everdeen) em "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1", “Can't Catch Me Now”, da cantora pop Olivia Rodrigo, ganhou destaque como composição original para o longa. 


O filme é dirigido por Francis Lawrence, o mesmo diretor dos outros quatro longas da franquia e tem produção executiva de Suzanne Collins. O roteiro começa dinâmico e envolvente, mas perde o ritmo do meio para o final, aspecto que é um desafio para diversas adaptações literárias. 

O longa é um dos mais brutais entre as produções de "Jogos Vorazes", com direito a mortes marcantes e muita violência, sem deixar de ser político e inteligente, escancarando as engrenagens da espetacularização por trás dos jogos. 


A montagem de "A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" chama atenção pela riqueza de planos sequência bem elaborados que imergem o espectador para dentro do filme. A fotografia e os cenários, em sua maioria na Polônia, não deixam dúvidas para afirmar a qualidade estética do longa-metragem, cheio de referências visuais dos símbolos da franquia, como a árvore e os tordos.  

O filme prequel trouxe a completude que faltava ao universo de "Jogos Vorazes", proporcionando ainda mais profundidade à narrativa de Snow, um dos grandes protagonistas da franquia. 


Ficha técnica:
Direção: Francis Lawrence
Produção: Lionsgate, Color Force
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h38
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ficção, ação, aventura
Nota: 4 (0 a 5)

17 março 2023

Reforço no elenco não salva “Shazam! Fúria dos Deuses” da infantilidade

Zachary Levi retoma o papel do super-herói com poderes de deuses (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Como alguém pode achar que um jovem de 18 anos pode ter um comportamento tão infantil e bobo como adulto nos dias de hoje? Pois o roteirista de “Shazam! Fúria dos Deuses”, segundo filme da franquia do herói da DC Comics, acha que é possível.

Se no primeiro filme – “Shazam!” (2019), o ator Zachary Levi já interpretava um meninão grande, nesse ele não evoluiu nada, ao contrário dos irmãos adotivos que dividem a fama e o fracasso de super-heróis com ele.

A produção adotou o estilo de grandes batalhas com destruição de cidades que a Marvel já fez em vários filmes da franquia "Vingadores", como “A Era de Ultron” (2015), por exemplo.


Temos também carros explodindo e voando sobre as pessoas, personagens atravessando prédios e apanhando muito dos vilões e monstros atacando os habitantes da cidade.

No filme, as três filhas de Atlas, deus do Olimpo, vêm à Terra para recuperar o cajado com o poder tirado do pai pelos magos. Elas terão de enfrentar Shazam e seu grupo de amigos adolescentes e super-heróis como ele, que vão tentar evitar a destruição da raça humana pelas vilãs.

Apesar de esforçados, os jovens são bem trapalhões e não são bem vistos pela população da Filadélfia.


Vilãs são o destaque
E são elas que se destacam na produção. Estão muito melhores que o mocinho, tanto na atuação, quanto nos trajes bem produzidos de deusas guerreiras do Olimpo.

Curiosidade: as atrizes Lucy Liu, Hellen Mirren e Rachel Zegler foram escaneadas para que os trajes fossem confeccionados. A equipe de figurinistas também utilizou a impressão 3D para dar definição e textura adicionais aos corpetes e saias.


Lucy Liu está ótima como Kalypso, a filha do meio que controla mentes. É a mais cruel e quer o extermínio dos humanos.

Helen Mirren é Héspera, a mais velha e com poderes dos raios busca justiça em nome do pai, sem destruição. Como sempre, a atriz (do excelente "A 100 Passos de um Sonho" - 2014) tem presença marcante cada vez que aparece.


O mesmo não se pode dizer da terceira deusa, Anthea, papel de Rachel Zegler, que não passa de uma adolescente de 6.000 anos. 

O comportamento da personagem é semelhante ao dos irmãos adotivos de Billy Batson (papel de Asher Angel), o Shazam jovem que é mais maduro que sua versão adulta de super-herói.


Elenco secundário
No elenco, novamente Jack Dylan Graze se destaca em "Shazam! Fúria dos Deuses” como Freddy Freeman, o irmão de Billy que necessita de uma muleta para andar. 

Mesmo abordando superficialmente  a deficiência, a dependência do equipamento terá importância no crescimento do personagem.

A pequena Darla (papel de Faithe Herman) continua a parte fofa do grupo de super-heróis e conquista pela simpatia. Os demais irmãos entregam o esperado como coadjuvantes.


As interpretações de alguns dos atores adolescentes ainda são melhores que suas versões adultas, que lembram muito os "Power Rangers."

Outro que ganhou mais espaço na franquia foi Djimon Hounsou, o mago que deu os poderes dos deuses a Billy Batson para que se tornasse Shazam. Terá papel importante na luta para salvação dos habitantes da Terra.


Família em primeiro lugar
Além das batalhas, com bons efeitos visuais e muita ação, o longa dirigido por David. F. Sandberg (que dirigiu também o primeiro filme) aposta na questão da família, tanto do lado dos mocinhos quanto das vilãs.

“Família em primeiro lugar” é a frase que o super-herói do raio no peito (descendente bonzinho de “Adão Negro” - 2022) usa, numa alusão a Dominic Toretto, da franquia “Velozes e Furiosos”, reforçada nos filmes "7" (2015) e "8" (2017).


De um lado temos os super-heróis adolescentes tentando provar que cresceram e querem ganhar o mundo, assumindo responsabilidades, inclusive com os pais adotivos

Do outro, três irmãs guerreiras de idades diferentes disputando o poder que era do pai Atlas e a melhor forma (correta ou não) de recuperarem o legado dele como um dos deuses.

As piadinhas infantis sem graça e associações a filmes da Marvel predominam no filme, o que o deixa ainda mais infantil. Shazam não convence nem quando tenta bancar um herói digno dos poder que lhe foi dado.


Mesmo com quase 18 anos, ainda faz brincadeiras de uma criança de 6 anos. Já deveria estar mais maduro, especialmente pelo histórico de vida que tem. Mas Shazam continua sendo o meninão bobo e perdido do primeiro filme.

Para quem busca uma diversão cinematográfica despretensiosa, sem novidades (especialmente para quem viu o primeiro longa), com muitos efeitos visuais, mas roteiro fraco, “Shazam! Fúria dos Deuses” pode ser uma opção para levar os filhos de até 12 anos.

Fica a dica: o filme tem duas cenas pré e pós-créditos. Nada relevante, mas a primeira indica que pode vir por aí uma terceira produção.


Acessibilidade
O blog Cinema no Escurinho vai inserir em suas críticas, sempre que o distribuidor do filme disponibilizar, o trailer com acessibilidade. Clique neste link para conferir.

Ficha Técnica
Direção:
 David. F. Sandberg
Produção: New Line Cinema / The Safran Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h11
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: fantasia, aventura, ação

24 novembro 2022

Explore a emoção e diversidade de um "Mundo Estranho" muito fofo e colorido

Uma aventura recheada de fantasia, seres estranhos e uma família nada convencional (Walt Disney Pictures) 


Maristela Bretas


Quer uma animação que faz toda a família se emocionar e sair se sentindo mais leve do cinema? Então assista "Mundo Estranho" ("Strange Word"), mais uma produção do Walt Disney Animation Studios, que não erra ao juntar numa só história aventura, diversidade, relação familiar inter-racial, personagem com deficiência física e fantasia. Tudo com muita cor e fofurice, sob a direção de Don Hall, vencedor do Oscar com "Operação Big Hero" (2015), e Qui Nguyen.


O longa, em cartaz nos cinemas, encanta a todas as idades e traz, como sempre, uma bela mensagem. Algo que o estúdio do Ratinho mais famoso do mundo tem se aprimorado em suas produções e se tornado cada vez mais atuante para mudar conceitos e acabar com o preconceito. 

No elenco de dubladores norte-americanos temos Jake Gyllenhaal (voz de Searcher Clade), Dennis Quaid (o pai Jaeger Clade), Jaboukie Young-White (o jovem Ethan Clade), Gabrielle Union (como a mãe Meridian) e Lucy Liu (como a guerreira Callisto Mal).


Mas o principal está nos seres do tal "Mundo Estranho". São monstrinhos azuis que parecem gelatinas com braços, seres semelhantes a uma ave de papel cor de rosa que voam e comem o que vêm pela frente, peixinhos voadores, dinossauros nada convencionais, gotas douradas que se transformam em flores. 

Tudo com muita vida, capaz de preencher a tela do cinema de uma maneira emocionante e alegre. Até mesmo os "vilões" mais perigosos são simpáticos. 


A história foca nos Clade, uma família nada convencional cujo pai, Jaeger é um famoso explorador. Ele mora com a mulher e o filho no pequeno vilarejo de Avalonia, localizado entre várias montanhas de onde ninguém nunca conseguiu sair. 

Jaeger, no entanto, nunca desistiu de tentar saber o que há além do vale e vive sua vida para isso. Só esqueceu de perguntar ao filho Searcher se ele queria seguir seus passos. Uma grande descoberta, no entanto, vai separar estes dois.


Anos depois, Searcher, agora um homem casado e pai de um adolescente de 16 anos, está feliz como fazendeiro, é respeitado pela comunidade por seu achado que mudou a vida de todos, abomina a ideia de ser um explorador como o pai, mas ainda vive à sombra dele, mesmo ele tendo desaparecido. 

Mas um fato pode mudar a vida de Avalonia e Searcher terá de deixar sua vida tranquila e caseira para enfrentar um mundo novo, inexplorado e nada seguro. E vai descobrir que, por mais que deteste aceitar, está fazendo com Ethan o mesmo que seu pai fez com ele - tentando definir seu destino.


Na balança para equilibrar as relações familiares entre os homens está Meridian, uma mãe carinhosa, que entende muito de mecânica e é uma excelente piloto de aeronaves. Temos também Callisto, uma velha amiga dos Clade, líder destemida de Avalonia e protetora da comunidade.

Claro que uma família não seria a mesma sem um "bichinho de estimação". Para divertir a garotada temos Lenda, a cadela de três patas dos Clade que apronta todas e é a fiel amiga de Ethan.


A animação tem ainda outro ponto que atrai, desta vez os apaixonados por "Star Wars", como eu. São muitas as referências aos filmes da franquia. A animação é uma mistura de ficção e pura fantasia e lembra, em alguns momentos um dos maiores sucessos do estúdio Disney - "Fantasia" -, criado em 1940, que reúne música, cor e magia. 


As crianças pequenas vão se encantar pelos monstrinhos coloridos, mas serão os mais velhos e, especialmente os pais que irão receber uma aula de relação familiar. Com um final surpreendente e encantador, "Mundo Estranho" é uma animação digna de ser assistida numa tela grande, apesar de já haver boatos de que deverá estrear no canal de streaming Disney+ até o Natal deste ano.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Don Hall e Qui Nguyen
Produção: Walt Disney Animation Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: fantasia, família, animação, ficção

27 agosto 2022

Inspirado em best-seller, "Um Lugar Bem Longe Daqui" é um conto de resiliência

Daisy Edgar-Jones vive a garota que cresceu sozinha num brejo na Carolina do Norte e é acusaa de um crime (Fotos: Sony Pictures)


Carol Cassese
Blog no Zint Online


“Eu não sei se há um lado obscuro da natureza. Há apenas maneiras inventivas de resistir… Contra todas as adversidades". 

Há alguns filmes que deixam o Rotten Tomatoes, site que reúne avaliações de filmes, com uma evidente divisão entre crítica e público. Enquanto um “lado” desaprova, o outro compensa com ótimas avaliações. Esse foi o caso de Um lugar "Um Lugar Bem Longe Daqui" ("Where the Crawdads Sing"), obra dirigida por Olivia Newman e roteirizada por Lucy Alibar. 

Inspirado no best-seller homônimo da escritora Delia Owens, com música original de Taylor Swift ("Carolina"), o longa chega aos cinemas na próxima quinta-feira (1º de setembro) e foi consideravelmente mais aprovado pelo público do que pela crítica. 


Logo no início do filme, um corpo é encontrado. Um homem local, Chase Andrews (Harris Dickinson), é descoberto no deserto e imediatamente todos assumem que a reclusa Kya (Daisy Edgar-Jones), uma garota que já se relacionou com a vítima, deve ser a responsável. Ela é presa imediatamente. 

Ao longo da produção são intercaladas cenas do tribunal com outras da história de Kya, que foi abandonada sistematicamente e cresceu sozinha num brejo da região da Carolina do Norte.

Em se tratando de adaptações de livro, ainda mais de um tão conhecido do público, é desafiador proporcionar a mesma imersão na mente da personagem. No longa de Newman, a narração em primeira pessoa e a visita à infância da personagem nos ajudam a estabelecer uma conexão com ela.


Apesar da investigação, o tom do filme não se assemelha ao de um suspense clássico e acaba sendo consideravelmente mais "doce". Quem assistiu à série "Staircase" (2022), possivelmente vai sentir uma certa falta daquela ambientação tensa do tribunal, das reviravoltas e de toda a carga emotiva do julgamento. Ou apenas da ótima presença da promotora interpretada por Parker Posey. 

Em "Um Lugar Bem Longe Daqui", apesar das duas linhas temporais serem bem distribuídas, acabamos nos envolvendo mais com as aventuras de Kya do que com o julgamento em si (há muita expectativa, no entanto, a respeito da decisão final).


Em algumas cenas mais focadas no romance entre Kya e Tate (John Taylor Smith), o casal principal, o filme pode parecer até mesmo muito "água com açúcar" para aqueles um pouco mais céticos. Ainda assim, mesmo esses podem seguir interessados no longa por outras razões, como o desenrolar do mistério ou, simplesmente, por terem se afeiçoado à personagem principal. Além disso, há alguns temas tangenciais interessantes, como a pressão imobiliária e o mal que todo e qualquer estigma pode fazer


O filme inegavelmente também apresenta imagens lindas, o que foi visto como um problema por alguns críticos, que fizeram a ressalva de que, se a história trata sobre a pobreza, o ambiente não deveria ser tão impecável. Uma das principais bases da trama é o fato de Kya ser uma outsider. No entanto, para muitos, a aparência da garota no filme, que "obedece" a uma série de convenções, não consegue de fato passar essa impressão.

Mesmo se tudo parece arranjado demais e as aparências não nos convencem completamente, a história continua tendo o poder de tocar o espectador. Nossa protagonista, afinal, sofreu diferentes tipos de abuso e precisou encontrar maneiras de sobreviver desde muito cedo. Na natureza, ela encontrou mais acolhimento e uma série de lições.


Em diferentes momentos, perguntam para Kya se ela não sente medo de morar num ambiente selvagem. Vemos, porém, que os principais perigos com os quais ela se depara advêm do mundo "humano". Não são animais desconhecidos que a ameaçam, e sim homens abusadores (bastante conhecidos na cidade, por sinal). 

Numa outra cena, Tate, seu principal par romântico, questiona: "Não é melhor sair daqui (do brejo) e estudar, trabalhar, ser alguém?". A protagonista responde com um olhar que já diz tudo: ela já é alguém - e não precisa viver uma vida convencional para provar isso.

Independente da dissonância entre público e crítica, vale ir de coração aberto, se envolver com essa história responsável pela venda de tantos livros nos últimos anos e, claro, tirar as próprias conclusões.


Ficha técnica:
Direção: Olivia Newman
Produção: Columbia Pictures / 3000 Pictures /
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, romance

20 julho 2022

"Minions 2 - A Origem de Gru" garante boas gargalhadas, vilões divertidos, ótima trilha sonora e até homenagem ao kung-fu

Os amarelinhos mais divertidos do planeta e seu malvado chefe favorito estão de volta numa batalha divertida contra supervilões (Fotos:Universal Pictures)


Maristela Bretas


Pode até parecer que "Minions 2 - A Origem de Gru" ("Minions: The Rise of Gru"), a nova animação da Universal Pictures, é uma continuação da franquia "Meu Malvado Favorito". Mas o segundo filme com os amarelinhos mais loucos do planeta é tão divertido ou mais que seu antecessor, "Minions", de 2015. Prova disso é o sucesso de bilheteria da produção, que atingiu a casa dos 400 milhões de dólares desde sua estreia no dia 30 de junho, ameaçando inclusive a liderança de "Top Gun: Maverick".


Nossos amiguinhos de olhos grandes estão mais atrapalhados que nunca, especialmente porque finalmente se uniram a seu líder definitivo, Gru (novamente com excelente dublagem em português de Leandro Hassum e na versão legendadas com a voz do indicado ao Oscar, Steve Carell). 

A nova produção dá continuidade à história que começou no primeiro filme. O vilão, com apenas 12 anos, quer provar que pode ser o maior de todos e entrar para uma quadrilha de grandes vilões - a Vicious 6.


Os Minions (cujas vozes inconfundíveis são do diretor da franquia, Pierre Coffin) continuam fofos e encantadores e o enredo do filme foca em quatro deles - Stuart, Kevin, Bob e Otto. Este último é um jovem que usa aparelho nos dentes, se distrai com qualquer coisa diferente ou colorida e tem uma necessidade desesperada de agradar.

Junto com os demais irmãos, eles constroem o primeiro esconderijo de seu adorado chefe, projetam suas primeiras armas e unem forças para executar as primeiras missões sob as ordens do nosso adolescente malvado favorito, que não lhes dá o devido valor.


Gru tem outros planos e tenta se separar de seus aliados para entrar no sexteto de supervilões que tinha acabado de expulsar seu líder Wild Knuckles, considerado muito velho para continuar no grupo. Recusado e humilhado pelo grupo por ser considerado criança e baixinho, ele rouba da gangue um importante artefato que dá poderes a quem o possuir.

Um pequeno "deslize" do inocente, mas divertidamente desastrado Oto faz com que Gru também perca o objeto e tem adiado seus planos de se tornar um supervilão. Para piorar, passa a ser perseguido, junto com seus amiguinhos amarelos, pelos integrantes da Vicious 6.


Essa perseguição é uma das mais loucas e engraçadas e atravessa o país. Gru, separado de seus amigos, procura um mestre que lhe ensine a arte da vilania. Enquanto isso, Kevin, Stuart e Bob tentam achar seu chefe e até kung-fu eles irão aprender. Essa é uma das partes mais hilárias do filme. E o fofo Oto, separado de todos, vai viver inesquecíveis aventuras, enquanto tenta recuperar o objeto que perdeu.

"Minions 2 - A Origem de Gru" explica várias situações do primeiro filme da franquia "Meu Malvado Favorito" (2010) - quem assistiu vai entender. Em meio a situações engraçadas, o filme explora também as fraquezas dos personagens. Especialmente Gru, que sente a falta de uma figura paterna que lhe ensine e o apoie em suas descobertas no mundo das malvadezas.


Já os Minions continuam querendo agradar e proteger seu líder, mas precisam encontrar sua força interior. Para isso vão contar com a acupunturista Master Chow (voz de Michelle Yeoh) os ensinamentos do kung fu. O filme também presta homenagem a esta arte marcial e ao trabalho no cinema de artistas como Jackie Chan, em “O Mestre Invencível”, e Stephen Chow, em “Kung-Fusão” e “Kung Fu Futebol Clube”.

Até mesmo o ex- líder do Vicious 6 sofre por ter sido abandonado por seus antigos comparsas por ser considerado velho. Ele também quer encontrar quem lhe dá valor, apesar da idade e divida os momentos de vilania. Ninguém melhor para dar voz ao personagem Wild Knuckles do que o vencedor do Oscar, Alan Arkin. 

O filme também vai apresentar o jovem Dr. Nefário, aspirante à cientista maluco que ninguém dá crédito, estrelado por Russell Brand, e a atriz vencedora do Oscar, Julie Andrews, como a mãe egocêntrica de Gru, outro de seus traumas.


Na versão legendada de "Minions 2 - A Origem de Gru" o expectador poderá conferir as vozes de grandes astros, emprestadas aos personagens. No Vicious 6, Taraji P. Henson é a líder descolada e confiante Belle Bottom, cujo cinto de correntes funciona como um globo de discoteca letal. 

Jean-Claude Van Damme é o niilista Jean Clawed, armado com uma garra robótica gigante; Lucy Lawless é Nunchuck, cujo hábito de freira esconde seus mortais bastões nun-chuck; Dolph Lundgren é o campeão sueco de patins Svengeance, que elimina seus inimigos com chutes giratórios de seus patins afiados; e Danny Trejo é Stronghold, cujas mãos de ferro gigantes são uma ameaça para os outros e um fardo para ele próprio.


Outro ponto superpositivo é a trilha sonora arrebatadora dos anos 1970, quando a era Disco estava arrasando. A produção musical ficou sob a responsabilidade do vencedor do Grammy, Jack Antonoff. A trilha sonora do filme está disponível nas principais plataformas digitais: Confira um pouco clicando aqui

Diana Ross ft. Tame Impala lidera o álbum com o alegre e dançante primeiro single, “Turn Up The Sunshine”. O clipe da música já está com mais de 3,3 milhões de visualizações no Youtube. 

"Minions 2 - A Origem de Gru" é acima de tudo um filme muito divertido sobre amizade, lealdade e respeito, com vilões e monstros coloridos e personagens engraçados. Uma diversão para a família toda e todas as idades. Imperdível.


Ficha técnica:
Direção:
Kyle Balda e Brad Ableson
Produção: Illumination Entertainment / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h28
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, família, ação

05 agosto 2020

"Okja" - Uma porca tamanho família que vale ouro

Filme mostra a amizade pouco comum entre uma criança e um animal e a luta pela preservação dele (Foto Netflix/Divulgação)

Silvana Monteiro


Se você ama animais e é ao menos simpatizante da luta em defesa e proteção deles, "Okja" vai te encantar. O filme é dirigido pelo premiado Bong Joon-Ho (de "Parasita" - 2019) e coescrito por Bong e Jon Ronso. O elenco conta com estrelas como por Jake Gyllenhaal, Tilda Swinton, Paul Dano, Giancarlo Esposito e a jovem e talentosa atriz sul-coreana Ahn Seo-hyun, que faz toda a diferença, A produção competiu pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, em 2017. 

Mija (Ahn Seo-hyun) é uma camponesa órfã que vive com o avô em uma fazenda isolada. Eles criam uma porca gigante, tratada pela menina como um membro da família. É a única companhia fiel e ideal para o banho no lago, para a pesca, o soninho da tarde, ou simplesmente deitar e rolar sobre a grama. É no doce e penetrante olhar que Okja transmite ao público seus sentimentos mais profundos desde a amizade sincera ao medo por seu futuro.


Entretanto, mal sabe ela que por trás daquele animal fofo e molengo feito gelatina há uma realidade dura e cruel. Uma empresa norte-americana, comandada por Lucy Mirando/Nancy Mirando (Tilda Swinton interpreta dois papéis), explora, altera geneticamente e vende até a alma de cada animal. A gigantesca porca carrega no corpo um chip rastreador com todo o seu histórico de vida e saúde, e vai ser usada como o troféu desse projeto.

A fotografia do filme é muito impactante. As cenas em que Mija vira uma leoa para defender seu bichinho de  estimação e viaja sozinha para a sede da empresa são as mais fortes do filme. 


Outro ponto crucial do enredo é quando a menina e a porca sofrem um rapto do bem, comandado pelos ativistas da Animal Liberation Front (em tradução livre "Frente de Libertação Animal"). A partir desse ponto, tudo pode mudar. Mija ainda vai sofrer um duro golpe até entender que o que vale para os empresários é dinheiro. E pela vida de sua tão amada Okja ela está disposta a tudo, até mesmo trocar um valioso tesouro.


Jake Gyllenhaal tem uma atuação brilhante como o Dr. Johnny Wilcox, um falso amante dos animais e capacho de Lucy Mirando. A trama tem um desfecho surpreendente, daqueles que fazem qualquer um se emocionar. Se prepare para ver de cenas fofas, bem humoradas a momentos dolorosos, de fazer soluçar e inchar os olhos. Dê um start e veja até onde vai a força feminina de uma garotinha que parece, só parece, indefesa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Bong Joon- Ho
Exibição: Netflix
Duração: 1h58
Classificação: 14 anos
Países: Coréia Do Sul / EUA
Gêneros: Aventura / Ficção / Drama


Tags: Okja, Netflix, BongJoon-Ho, JakeGyllenhaal, TildaSwinton, sensibilidade, família, exploração animal, consciência ambiental, veganismo, defesa animal, força feminina, ativismo socioambiental, cinemanoescurinho, cinemaescurinho

14 novembro 2019

"As Panteras" mostram as garras e a força da mulher na versão 2019

Kristen Stewart, Ella Balinska e Naomi Scott, sob o comando de Elizabeth Banks, entregam uma homenagem à série original (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma versão mais engajada na luta pela valorização da mulher, unindo força, inteligência e beleza. Assim é o terceiro filme de "As Panteras", dirigido, roteirizado, produzido e estrelado por Elizabeth Banks (de "Brightburn: Filho das Trevas" - 2019). Com boas cenas de lutas e de perseguições, a produção que entra em cartaz nesta quinta-feira nos cinemas é uma homenagem à série original de TV, trazendo boas lembranças e surpresas, mas abandonando o lado machista das Charlie's Angels.


A produção tem humor, muita ação, bons efeitos especiais e interpretações que não chegam a ser marcantes, mas surpreendem em alguns casos. Kristen Stewart está muito no papel da pantera Sabina Wilson, uma agente forte, decidida e segura. Ela também é ela a responsável pelos diálogos e situações cômicas. A estrela da franquia "Crepúsculo" perdeu a carinha da inocente Bela e vem se impondo a cada filme que protagoniza. Até os vilões de "As Panteras" reconhecem que ela é uma mulher independente e resolvida.


O mesmo acontece com Jane Kano, personagem da estreante Ella Balinska, parceira de Sabina como uma das agentes do misterioso Charlie. Com pose e estatura de modelo, a jovem se sai muito bem no papel, esbanjando sedução quando dança e mostrando ser a mais experiente agente, tanto como atiradora quanto em lutas. Melhor que muito homem. A mais fraquinha e sem sal do trio é Naomi Scott (a Jasmine, de "Aladdin" - 2018 e também intérprete de Kimberly, a ranger rosa de "Power Rangers" - 2017). No filme ela é Elena Houghlin, uma cientista especializada em tecnologia que precisa ser protegida pelas Panteras, integrantes da Agência Townsend de espionagem.


Da história nascida para a TV - três Panteras, o chefe Bosley e o chefão Charlie (daí o nome "Charlie's Angels") - sobraram a ideia original e, especialmente, a inesquecível e marcante música tema orquestrada. Dezesseis anos depois de "As Panteras Detonando" (2003), a agência cresceu, agora tem atuação internacional e reúne as mais bem treinadas agentes do mundo, que atuam onde são mandadas. Não existe mais um só Bosley, mas várias partes do planeta cada um com sua equipe.


Elizabeth Banks, que tem boa atuação como uma Bosley (ou Boz, numa associação a boss) não perde a cara de vilã e passa sempre a impressão de que vai puxar o tapete de alguém. Como diretora fez um bom trabalho, reforçando do início ao fim a importância das mulheres na trama e na vida real. O roteiro, também dela, tem alguns furos, mas parece ter sido feito por uma fã da antiga série, que resolveu recontar a história das "Anjos de Charlie" numa versão atualizada e "femininamente" correta.

A trilha sonora é um dos destaques do filme. Puxada pela música tema orquestrada - "Charlie's Angel" -, criada para a série de TV, ela marcou a geração entre os anos de 1976 e 1981. Para o filme atual foi chamado um trio da pesada para interpretar a canção "Don't Call Me Angel", - Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey


Os personagens masculinos são colocados em segundo plano, alguns em papéis dispensáveis e outros fragilizados (como Alexander Brok, papel de Sam Claflin) ou apenas para compor cenário, como o cientista Lasgston (papel de Noah Centineo). Djimon Hounsou ("Capitã Marvel" - 2019) tem participação rápida, mas importante na trama como um dos chefes da agência. Já Patrick Stewart, o Bosley principal, não perdeu o jeito de Professor Charles Xavier, da franquia "X-Men", só que sem a cadeira de rodas.

À esquerda, elenco da série de TV; à direita,as atrizes dos primeiros filmes para o cinema (Foto/Montagem)
Três gerações de Panteras

Para quem está conhecendo agora as poderosas espiãs, vale um pouco de recordação. As primeiras panteras, da clássica série de TV, foram as atrizes Jaclyn Smith, Kate Jackson e a inesquecível loura Farrat Fawcett-Majors. Ao longo das temporadas da série, elas foram sendo substituídas por Cheryl Ladd, Shelley Hack e Tanya Roberts, mas sem o mesmo carisma e glamour das primeiras..


No ano de 2000 o trio de espiãs ganhou a versão cinematográfica com um elenco atraente e de peso - Cameron Diaz, Drew Barrymore (uma das produtoras) e Lucy Liu, na divertida e explosiva produção "As Panteras". Já o segundo filme com elas e Demi Moore -  "As Panteras Detonando" (2003) - foi bem fraquinho. No reboot deste ano, a proposta é uma volta ao passado, com um trio que não é tão carismático como os anteriores, mas dá conta do recado. O blog @cinemanoescurinho recomenda para os saudosistas e quem gosta de um filme de ação com pitadas cômicas.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Elizabeth Banks
Produção: Brownstone Productions / Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Ação / Comédia /Espionagem
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #CharliesAngels, #DontCallMeAngel, #ElizabethBanks, #Kristen Stewart, #NaomiScott,  @SonyPicturesBR, #ação, #comédia, espionagem, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho, @espacozmkt, @cineart_cinemas

02 setembro 2019

"Anna - O Perigo Tem Nome" - espionagem, beleza russa e a excelente Helen Mirren

Sasha Luss é a agente russa Anna Poliatova, uma temida e implacável assassina da KGB (Fotos: Europacorp/ TF1 Films Production)

Maristela Bretas


Em seus segundo trabalho, Sasha Luss é a protagonista de "Anna - O Perigo Tem Nome", em cartaz nos cinemas. A atriz russa, que poucos vão se lembrar de ter participado de "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" (também dirigido por Luc Besson), está mais bela e entrega uma interpretação bem melhor neste filme de ação. Ela é Anna Poliatova, uma espiã russa disfarçada de modelo internacional. Claro, que somente o rostinho bonito e o corpo de Luss não salvariam a produção se o elenco não contasse com a participação da excelente Helen Mirren, que faz toda a diferença quando entra em cena - ela sim é a atriz principal. 


A britânica vencedora do Oscar dá vida à Olga, uma das chefes da KGB que vai contratar a jovem Anna para a organização. Em recente entrevista, Mirren declarou ser fascinada pelo universo dos espiões (atuou em "RED: Aposentados e Perigosos" - 2010 e "Red 2 - Aposentados e Ainda Mais Perigosos" - 2013). E conta também como foi a relação de sua personagem com a novata. Confira o vídeo clicando aqui


A trama, como em outros sucessos do diretor Luc Besson (como "Lucy", de 2014), é bem amarrada, mas com alguns momentos monótonos. Inicialmente confusos, os flashbacks ao longo do filme passam a ser essenciais ao fazerem as conexões e darem uma reviravolta na história, entregando um final muito bom. Figurino e locações também foram escolhas acertadas. Mas são as cenas de lutas de Anna que prendem o espectador na cadeira, especialmente aqueles que gostam de ação e muito sangue. A melhor é a da luta dentro de um restaurante.



De beleza incomparável, a modelo Anna Poliatova esconde um segredo conhecido por poucos. A profissão é apenas uma fachada para seu trabalho principal. Ela é uma implacável e temida assassina russa da KGB com uma história de violência, sedução e envolvimento com pessoas pouco confiáveis. O elenco conta ainda com os experientes Luke Evans, como o espião russo Alex Tchenkov, e Cillian Murphy, no papel de Lenny Miller, agente da CIA que quer trazer a jovem russa para "o lado dos mocinhos". "Anna" é um bom filme de espionagem que vale a pena ser conferido.


Ficha Técnica
Direção e roteiro: Luc Besson
Produção: EuropaCorp / Canal + / TF1 Films Production / Summit Entertainment
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h58
Gênero: Ação
País: França
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #AnnaOFilme, #Anna, #LucBesson, #HellenMirren, #SashaLuss, #LukeEvans, #ação, #espionagem, #ParisFilmes, #EspacoZ, #cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho