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14 janeiro 2022

“Juntos e Enrolados”, comédia romântica à moda brasileira para morrer de rir

Cacau Protásio e Rafael Portugal protagonizam a festa de casamento mais divertida do ano (Fotos: Rachel Tanugi/Primeiro Plano)


Mirtes Helena Scalioni

Talvez nem se possa dizer que se trata de uma comédia romântica. Mas pode-se assegurar que “Juntos e Enrolados” é uma comédia rasgada na mais genuína acepção da palavra. Nada melhor, portanto, para abrir a temporada 2022 de filmes nacionais para fazer rir, principalmente porque, certamente, o brasileiro vai se identificar imediatamente com o casal guerreiro protagonizado pela salva-vidas Daiana (Cacau Protásio) e o encanador Júlio (Rafael Portugal).


Assim, de cara, pode parecer improvável e sem química uma dupla formada pelos dois. Mas talvez resida aí o trunfo do longa dirigido por Eduardo Vasman e Rodrigo Van Der Put. O roteiro, de Rodrigo Goulart, Sabrina Garcia e Cláudio Torres Gonzaga, parece ter sido construído de tal forma que o talento e carisma dos atores prevaleçam, minimizando, inclusive, quaisquer possibilidades de clichês.


Bombeira, Daiana trabalha como salva-vidas num clube e, um dia, é obrigada a pular na água para salvar Júlio, encanador que estava lá a serviço mas resolveu aproveitar um pouco da piscina. 

Começa aí a romântica história de amor dos dois, com direito a declarações melosas e canções que ele compõe e canta pra ela ao violão. Para completar tanta felicidade, só falta mesmo uma festa de casamento daquelas, com direito a convites, cerimonialista, muitos comes e bebes, docinhos, Dj de primeira, arranjos de flores.


Depois de dois anos de muito planejamento, sacrifício e economia – mas sem perder a fofura - Daiana e Júlio conseguem, finalmente, concretizar o sonho da festa. E é exatamente nessa, digamos, segunda parte do filme que o público vai começar a rir com gosto, só parando no final. 


Um mal-entendido faz desandar a recepção, que se transforma numa espécie de praça de guerra onde não apenas os protagonistas vão ter oportunidade de exibir seus talentos. A começar por Fábio de Luca e Evelyn Castro como Carlos Mário e Suzie, o casal padrinho e amigo, outros tantos atores e atrizes, a maioria veteranos, tiveram, em algum momento, chance de mostrar seus dotes de comediantes. 

Estão na festa, em papéis pequenos, mas imprescindíveis, Marcos Pasquim, Emanuelle Araújo, Matheus Ceará, Berta Loran, Fafy Siqueira, Tony Tornado, Neuza Borges, Paulo Carvalho, César Maracujá, Leandro Ramos. Enfim, um time de respeito.


Curiosidade 1: apenas um trecho mínimo da cena de Cacau Protásio dançando na frente de um pelotão de bombeiros foi mantido, talvez para não realimentar o crime de racismo do qual a atriz foi vítima durante as filmagens.
Curiosidade 2: a canção que Júlio canta incansavelmente para Daiana, “My love you”, é estudadamente simplória e foi composta por Rafael Portugal. Impossível não sair do cinema cantarolando a música.

Em exibição nas redes Cineart, Cinemark e Cinépolis Estação BH, “Juntos e Enrolados” é um filme na medida para esses tempos de tristezas, inseguranças e perdas. 


Ficha técnica:
Direção: Eduardo Vaisman e Rodrigo Van Der Put
Roteiro: Rodrigo Goulart, Sabrina Garcia
Produção: Chamon Produtora & Kromaki // Globo Filmes
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: Nos cinemas
Duração: 1h34
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: Comédia

30 dezembro 2021

"O Festival do Amor" - uma apologia ao cinema do genial Woody Allen

San Sebastian, na Espanha, é o palco desta produção que trata de arte, família, casamento, traições e ciúmes (Fotos: Victor Michels)

Mirtes Helena Scalioni


Primeiro, é preciso dizer que, talvez com mais veemência do que os demais, o filme "O Festival do Amor" (“Rifkin’s Festival”) é uma apologia ao cinema. Mais do que uma homenagem, uma apologia. E como são muitas as citações e referências a clássicos, principalmente europeus, cada um vai encontrar os seus preferidos. 

De “Um Homem, Uma Mulher” (1966) a “Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois” (1962), passando por “O Anjo Exterminador” (1962), está tudo lá para quem se dispuser a descobrir. O filme estreia dia 06 de janeiro nos cinemas, mas a partir desta quinta-feira (30/12) acontecem várias pré-estreias, inclusive em salas de Belo Horizonte.


Mas não se engane. Não é preciso ser cinéfilo de carteirinha para apreciar o sempre genial Woody Allen, que desta vez usa o protagonista Mort Rifkin, seu alter-ego, para viajar numa história que junta arte, família, casamento, traições e ciúmes. A mistura, balanceada com maestria, promete e insinua, desde o início, uma boa história que, claro, só podia sair da cabeça de Allen. 


Inseguro em relação à fidelidade de sua bela mulher, a publicitária Sue, o crítico e professor de cinema Mort Rifkin (Wallace Shawn), desconfia que ela, interpretada por Gina Gershon, está tendo um caso com o charmoso diretor Philippe (Louis Garrel). 

Afinal, eles estão num “San Sebastian Film Festival”, na encantadora cidade litorânea espanhola que faz fronteira com a França. O cenário paradisíaco, com suas praias, ilhas e construções históricas, é um convite constante à paixão.


Enquanto defende com unhas e dentes a supremacia artística do cinema europeu com seus Godard, Truffaut, Fellini, Bergman, Buñel e demais, Mort usa sua eloquência intelectual – às vezes carregada de prepotência – para humilhar os ignorantes ou os que pensam diferentemente dele. E enquanto lida com seus sonhos e pesadelos em preto e branco – como convém a um legítimo Woody Allen – visita e tenta prestar contas com o passado.


Não por acaso, acontece que Mort é levemente hipocondríaco e acaba se apaixonando pela médica Jo Rojas, vivida pela bela Elena Anaya, que ele procura por causa de uma dor no peito. Ela, por sua vez, vive um casamento confuso e sofrido com um artista plástico espanhol, do qual não consegue se desvencilhar. Está armada a rede de desencontros e confusões.

Quem não quiser se arriscar a buscar as referências e citações de “O Festival do Amor”, vai se deliciar da mesma forma com mais um típico e autêntico Woody Allen, com suas eternas questões existenciais e filosóficas sobre a vida e a morte e, principalmente, sobre a sempre questionável transitoriedade do  amor.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Woody Allen
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: Somente nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 14 anos
Países: Espanha / EUA / França
Gêneros: drama, comédia romântica

17 setembro 2021

"Mate ou Morra" - ficção com muita ação e violência, mas excesso de piadas fracas

Frank Grillo vive um ex-agente das forças especiais que revive sua morte centenas de vezes (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)


Maristela Bretas


A proposta de "Mate ou Morra" ("Boss Level") é uma incógnita. Não dá para saber se o diretor Joe Carnahan queria entregar uma comédia com muita ação ou um filme com violência exagerada que lembra demais outra ficção que, no entanto tem uma produção muito melhor - "No Limite o Amanhã" (2014), com Tom Cruise e Emily Blunt. Ou ainda, somente explorar o tema do loop temporal, empregado em outras produções como "Feitiço do Tempo" (1993), com Bill Murray, e "Contra o Tempo" (2011), com Jake Gyllenhaal.


"Mate ou Morra", que entrou em cartaz nos cinemas nessa quinta-feira, começa com muita ação, mas é confuso. À medida que as cenas vão acontecendo, narradas pelo "mocinho", interpretado por Frank Grillo, fica mais fácil para o público compreender o enredo. Grillo é Roy Pulver, um ex-agente das forças especiais que se entregou à bebida. Ele é forçado a reviver sua morte dezenas de vezes, enquanto tenta entender o que provocou esse retorno no tempo, como sair dele e como defender sua família.


As mortes são das formas mais variadas e violentas, algumas chegam a ser cômicas de tão surreais. Pulver é caçado por assassinos e precisa aprender, a cada morte, como escapar dela na sua próxima vida. Frank Grillo é mais conhecido como coadjuvante em blockbusters como "Capitão América: O Soldado Invernal" (2014), "Capitão América: Guerra Civil" (2016) e "Vingadores: Ultimato" (2019), além da franquia "Uma Noite de Crime". Além de ator principal é também um dos produtores executivos de "Mate ou Morra".


O chamariz para a produção fica mesmo para nomes como Naomi Watts ("Vice" - 2018), que interpreta a ex-esposa de Roy Pulver, e o ator e diretor Mel Gibson, de "O Gênio e o Louco" (2019) e "Até o Último Homem" (2016), ambos mal aproveitados. Gibson entrega boa atuação como o empresário cruel e inescrupuloso Clive Ventor. 

O filme conta também com as participações de Selina Lo (a lutadora de espada Guan Yin que repete várias vezes seu nome numa frase bem cansativa); Annabelle Wallis (protagonista de "Maligno"); Michelle Yeoh ("Podres de Rico" - 2018), Will Sasso, Sheaun McKinney, Ken Jeong e até mesmo Rio Grillo, filho do ator na vida real.


A trilha sonora é um ponto positivo, bem adequada e dá a movimentação que o filme necessita. Bom figurino, cenas de ação bem realistas e Frank Grillo bem à vontade no papel, passando simpatia e a impressão de que está se divertindo. O mesmo valendo para Mel Gibson, ao contrário dos outros integrantes do elenco que parecem estar ali para cumprir tabela.

Não dá para esperar muito da produção, vale como distração e pode agradar ao público que gosta de violência tosca, associada a muito tiro, porrada, bomba e boas perseguições. Apesar da história fraca e cheia de furos, "Mate ou Morra" segura o público até o final, especialmente pela curiosidade em saber o que vai acontecer com Roy depois de tanta matança. Mas aí o diretor peca novamente, pelo menos na versão que está nos cinemas brasileiros. Em breve, quando estrear na Prime Video, o público verá um final diferente (o que foi exibido nos EUA).


Ficha técnica
Direção: Joe Carnahan
Produção: California Filmes
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h41
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Suspense /Ficção
Nota: 3,5 (0 a 5)

16 junho 2021

Homenagem do diretor às artes cênicas, o filme “Veneza” é pura poesia

Produção conta com grande elenco e atores de renome internacional como a espanhola Carmem Maura, ao centro sentada (Fotos: Mariana Vianna/Imagem Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


Há pelo menos duas inspirações claras no filme “Veneza”, de Miguel Falabella, que entra em cartaz nos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (17). A alusão a matriarcas sofridas vem nitidamente de Almodóvar, mas há cores, sombreados e cenas que remetem ao cinema italiano com suas divas de seios fartos e decotes generosos. Ou seja: o diretor acertou em cheio ao construir um filme poético que, ao final, não deixa de ser um elogio aos sonhos, à esperança e à arte de representar.


“Veneza” é, antes de tudo, um filme de mulheres. O roteiro foi adaptado por Falabella a partir da peça teatral "Venecia", do argentino Jorge Accame. Criativo e sensível, o ator e diretor usou o melhor da peça e ainda a enriqueceu com histórias paralelas, todas elas envolventes e emocionantes. Junte-se a isso um elenco estelar e eis uma pequena obra-prima que tem tudo para comover plateias país afora.


Gringa é dona de um bordel localizado em algum lugar desse imenso Brasil. Está velha, demente e cega, mas ainda alimenta o desejo de conhecer a cidade de Veneza onde, acredita, vai se encontrar com seu único e grande amor, a quem precisa pedir perdão por um erro do passado.

Acontece que Gringa é vivida por Carmem Maura, atriz espanhola preferida de Almodóvar e isso faz toda a diferença. A artista está inteira no papel e fisga o espectador desde suas primeiras aparições.


Na gerência do bordel está Rita, interpretada pela sempre talentosa Dira Paes, que comanda com afeto, carinho e sororidade as meninas Jerusa (Danielle Winits), Madalena (Carol Castro) e Janete (Maria Eduarda de Carvalho), entre outras, cada uma carregando sua história de abandono e solidão. Lindas em seus figurinos clássicos de profissionais do sexo, elas esbanjam sensualidade.

Como uma espécie de figura masculina que protege as prostitutas, está Tonho, feito por Eduardo Moscovis totalmente desprovido de vaidades e em bela atuação. Numa das histórias paralelas, aparece Júlio, feito pelo jovem ator Caio Manhente, que vive um romance nada convencional com a romântica Madalena.


Completam o elenco de "Veneza" a bela uruguaia Camila Vives, que faz a Gringa jovem, e Magno Bandarz, interpretando seu amado Giácomo, além de participações internacionais da argentina Georgina Barbarossa (Madame) e da colombiana Carolina Virgüez (Dora). A produção conta ainda com a música-tema "Pecado", clássico bolero de Andrés Carlos Bahr, Enrique Francini e Armando Francisco Punturero, interpretada em espanhol pela cantora Ludmilla, a convite de Miguel Falabella.

Para fazer com que Gringa chegue até Veneza, o pessoal do bordel se une à trupe de um circo que está passando pela cidade. O plano é tão bonito quanto mirabolante, tão improvável quanto poético. Surpreendente como sempre, Miguel Falabella brinda os amantes das artes cênicas com uma história inesquecível e comovente.


O longa-metragem foi filmado em Montevidéu, no Uruguai, e em Veneza, na Itália, sendo premiado com os Kikitos de melhor direção de arte (Tulé Peake) e melhor atriz coadjuvante (Carol Castro) no Festival de Gramado. Recebeu quatro troféus no Los Angeles Brazilian Film Festival – melhor direção de fotografia (Gustavo Hadba), melhor ator (Eduardo Moscovis), melhor ator coadjuvante (André Mattos) e melhor atriz coadjuvante (Carol Castro), além de melhor roteiro (Miguel Falabella) no Brazilian Film Festival of Miami.


Ficha técnica:
Direção: Miguel Falabella
Exibição: nos cinemas (sem previsão de exibição nas plataformas de streaming)
Produção: Ananã Produções / Globo Filmes / FM Produções
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h31
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gênero: Drama

29 abril 2021

"O Auto da Boa Mentira" no estilo bem humorado do grande Ariano Suassuna

Longa é inspirado em frases famosas do escritor e conta com grande elenco (Fotos: Helena Barreto)

Maristela Bretas


Quatro histórias apenas. Mas o suficiente para apresentar àqueles que não conhecem (difícil de acreditar) a obra do grande escritor Ariano Suassuna. Um nordestino danado de porreta, nascido na Paraíba e radicado em Recife, cujos romances e poesias encantam milhares de pessoas até hoje. 

Estas breves histórias inspiradas nos contos do romancista estão no filme "O Auto da Boa Mentira", que estreia nesta quinta-feira (29) em cinemas brasileiros, que adotaram medidas de segurança sanitária. Dirigido por José Eduardo Belmonte ("Carcereiros - O Filme" - 2019 e "Entre Idas e Vindas" - 2016), o filme tem roteiro de João Falcão, Tatiana Maciel e Célio Porto e produção associada de Guel Arraes. 

(Divulgação)

O elenco é bem conhecido do público, de novelas e do cinema, o que é um atrativo a mais para quem deseja matar a saudade de uma poltrona em frente à telona. Leandro Hassum, Nanda Costa, Jackson Antunes, Renato Góes, Cássia Kis, dentre outros, entregam ótimas interpretações. Algumas chegam a parecer que os personagens foram feitos para eles, como nas histórias de Hassum e Antunes. Mais do que o elenco de peso é a presença de Ariano Suassuna, intercalando cada conto, o maior destaque ao filme, tornando mais simpático e agradável de ver.


As diferentes situações mostrada no longa foram criadas a partir de frases relacionadas à mentira. E ninguém melhor que Suassuna para explicar com bom humor, como ela está presente em nossas vidas. Com certeza muitas pessoas poderão se identificar com algumas delas. Afinal, quem nunca mentiu? E que nunca passou aperto depois de ter mentido?


A primeira história - Fama - mostra o subgerente de RH Helder (Leandro Hassum), um “Zé ninguém” que durante uma convenção é confundido com um comediante de sucesso e passa a gostar do mal-entendido. Mas um encontro inesperado com Caetana (Nanda Costa) pode fazê-lo mudar de opinião. 

O próprio Hassum contou, em entrevista à imprensa, que viveu (e ainda vive) esta situação de ser confundido com seu "eu gordo". Na produção, inclusive foram usadas imagens de shows antigos dele antes de emagrecer.


Na sequência, temos "Vidente".  Fabiano (Renato Góes), um jovem que não acredita em nada, filho de Luzia (Cássia Kis), que confessa abertamente que "mãe também mente". Certa noite, um desconhecido conta que o pai que ele julgava estar morto, trabalha como palhaço num circo que está na cidade e se chama Romeu (Jackson Antunes). 

Fabiano vai atrás da história e confronta a mãe, mas o que está por trás de sua história pode ser bem diferente. Antunes, também na coletiva, contou que uma de suas maiores paixões é o circo.


O terceiro conto foi batizado de "Furão" e se passa no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro com direito a gringo falando português e como uma mentira pode acabar com uma amizade. No papel de Pierce, o americano metido a carioca temos Chris Mason (da série "Pretty Little Liars") é um gringo metido a carioca. 

Depois de faltar ao aniversário do amigo Zeca (Sérjão Loroza), ele inventa que foi assaltado na favela. Só não contava que o caso fosse parar no ouvido do chefão do tráfico (Jesuíta Barbosa), que agora quer fazer justiça. 


A última história - Disney - fala do preconceito sofrido por quem nunca foi à Disney. Mas também é a cara da maioria das festas de fim de ano "da firma", com direito a gafes, discussões, demissões e até a famosa frase - "a culpa é do estagiário", no caso Lorena (Cacá Ottoni). 

Ela trabalha numa agência de publicidade e se sente invisível na empresa de Norberto (Luis Miranda). Para piorar, tem um amor platônico pelo “pseudointelectual” Felipe (Johnny Massaro).  Mas é na festa de Natal na casa do chefe que os podres vão aparecer. E Lorena também.


O elenco do filme conta também com Rocco Pitanga, Giselle Batista, Michelle Batista (“O Negócio”), Bruno Bebianno (“Minha Mãe é Uma Peça”), Leo Bahia (“Chacrinha: O Velho Guerreiro”), Letícia Novaes/Letrux (“Qualquer Gato Vira-Lata 2”), Letícia Isnard (“Carlinhos e Carlão”), Karina Ramil ("Porta dos Fundos"), entre outros. 

Um lembrete: Nesta quinta-feira, às 18 horas, o Instagram da Globo Filmes, uma das coprodutoras do longa, promove uma live com Nanda Costa, Cássia Kis, Renato Góes e Luís Miranda; Eles vão falar de suas participações no filme e contar histórias dos bastidores da gravação. Para quem quiser conferir a coletiva online ocorrida no dia 26 com o diretor José Eduardo Belmonte, a produtora Luciana Pires e outros artistas, basta acessar o link  https://www.youtube.com/watch?v=RmGcqCsCSHw.


Ficha técnica:
Direção: José Eduardo Belmonte
Exibição: nos cinemas
Produção: Cinegroup / Globo Filmes
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h40
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: Comédia

22 novembro 2019

"Um Dia de Chuva em Nova York": Mais Woody Allen, impossível

Selena Gomez e Timothée Chalamet estão no elenco principal desta comédia romântica de encontros e desencontros (Fotos: Mars Films/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


"Um Dia de Chuva em Nova York" ("A Rainy Day in New York") reúne todos os ingredientes que não podem faltar em um filme assinado por Woody Allen: o diretor de cinema atormentado e excêntrico que, em crise, ameaça parar de trabalhar; o jovem universitário burguês que, para tentar negar sua origem, cultiva gostos e hábitos singulares e antigos; a loira lindíssima e meio caipira que, para ascender intelectualmente consome obras que nem sempre compreende; o roteirista que, em nome de salvar um filme, se transforma numa espécie de babá do diretor e esquece a própria família. 


E, claro, tem também o inusitado, detalhe primordial nas histórias de Allen, cuja marca mais característica é a surpresa. Junte-se a isso tudo o cenário que não pode faltar: ruas, trânsito, táxis, metrô, parques, restaurantes, hotéis e bares de Nova York, a cidade preferida do cineasta. 

O longa demorou um pouco para ser lançado devido a problemas de Allen com seus produtores após o escândalo das denúncias de sua própria filha envolvendo-o num caso de abuso sexual. Demorou, mas chegou. E entra em cartaz em Belo Horizonte com todos os requisitos para agradar aos fãs do diretor. No elenco, um equilíbrio de estrelas de diferentes portes: Timothée Chalamet como o universitário Gatsby; Elle Fanning como a estudante Ashleigh; Liev Schreiber como o cineasta Roland Pollard; Jude Law como o roteirista Ted Davidoff; Diego Luna como o ator canastrão Francisco Vega; Selena Gomez como Chan, entre outros.


Estudantes de uma universidade no interior, Gatsby e Ashleigh planejam passar um fim de semana em Nova York. Aluna de Jornalismo, ela tem uma entrevista marcada com Rolland Pollard, diretor que admira e de quem já viu todos os filmes. Por sua vez, o jovem vê, nessa oportunidade, a chance de mostrar à namorada a cidade como ele concebe e gosta: restaurantes e recantos antigos, onde não faltam pianos bem tocados e cantores à meia-luz. Imprescindível para Gatsby é não se encontrar, em hipótese alguma, com seus pais, tradicionais figuras da sociedade nova-iorquina dos quais ele quer manter distância.


Os desencontros começam a partir da primeira crise do diretor excêntrico assim que ele recebe a estagiária para a entrevista. A partir daí, é uma sucessão de acasos e surpresas, todas, claro, agravados com a chuva que não para de cair na cidade. Dessa vez, pode ser até que Woody Allen tenha exagerado nas tramas. 


Algumas situações ficaram com cara de trapalhadas, o que pode prejudicar a credibilidade. Um exemplo: a moça que tem que sair fugida e praticamente nua da casa do rapaz porque a mulher dele chega antecipadamente de uma viagem. Parece comedinha barata. Outro detalhe: Jude Law merecia uma participação maior. Enfim, é Woody Allen. É o de sempre. Mas convém assistir.
Classificação: 14 anos
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h33


Tags: #UmDiaDeChuvaEmNovaYork, #WoodyAllen, #TimotheeChalamet, #ElleFanning, SelenaGomez, #JudeLaw, #comedia, #romance, #ImagemFilmes, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

22 abril 2019

"O Gênio e o Louco", uma irresistível e contundente demonstração de amor à palavra

Mel Gibson e Sean Penn interpretam os criadores do famoso dicionário inglês Oxford (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Pessoas que gostam de - ou trabalham com - palavras não devem perder a mais recente empreitada de Mel Gibson, que conseguiu colocar nas telas um projeto com o qual sonhava desde 1998, quando leu "O Gênio e o Louco" ("The Professor And The Madman"), de Simon Winchester, e imediatamente adquiriu os direitos autorais da obra. O livro, que conta a história da real criação do primeiro dicionário inglês de Oxford, joga luz sobre um episódio histórico sui generis que, certamente, mudou os rumos da humanidade e, de certa forma, apontou caminhos para o que hoje conhecemos como gramática, literatura, linguagem, poesia. Enfim, o mundo das letras. Mas não só ele.


Contam que Gibson, que além de ator é um dos produtores do filme "O Gênio e o Louco", é obstinado. E obstinação, quase obsessão, é uma das tônicas do personagem que ele próprio interpreta: o professor James Murray que, em 1857, se dispõe, com a ajuda de uma pequena equipe, a catalogar e definir todas as palavras da Língua Inglesa. Como a tarefa era praticamente impossível de ser cumprida, Murray pediu ajuda de voluntários que, pelo correio, sugeriam palavras e definições. Entre esses voluntários, chama a atenção a colaboração de um certo Doutor W.C Minor, que contribui brilhantemente com mais de 10.000 verbetes. Com um detalhe: de dentro de um hospício para criminosos.


Convenhamos: o fato que deu origem ao livro e ao filme é, por si só, deliciosamente tão inverossímil quanto genial. E genial está também a atuação de Sean Penn, que se entregou de corpo e alma ao atormentado Minor, deixando confuso o público, que balança entre a admiração, a compaixão e o medo do criminoso louco que ele criou. As poucas cenas em que Gibson e Penn contracenam seriam suficientes para se indicar o filme, mas há outros motivos que tornam "O Gênio e o Louco" imperdível.


Além do resgate de uma verdade histórica, o longa merece aplausos também pela excelente reconstituição de época, pelos figurinos, pela iluminação cuidadosamente fraca como convinha aos anos de 1800 e pelas corretas interpretações de coadjuvantes como Natalie Dormer, no papel de Eliza Merret, viúva do homem assassinado por Minor, e Jennifer Ehle, como Ada Murray - a nos fazer lembrar que há sempre grandes mulheres envolvidas em grandes projetos, mesmo que elas nem sempre tenham o destaque merecido. Na verdade, todo o elenco está brilhante.


"O Gênio e o Louco" não é um filme leve. Nem fácil. Há tensão, dúvidas, mistérios, violência, ignorância. Mas tudo acaba ficando em segundo plano diante da obsessão e, principalmente, do amor de Murray e Minor pelas palavras. Essa parece ser também a obsessão de Farhad Safinia, o diretor iraniano-americano que conseguiu equilibrar com talento a tênue linha que separa a genialidade da loucura. Afinal, é a linguagem que nos torna diferentes dos bichos.
Duração: 2h04
Classificação: 14 anos
Distribuição: Imagem Filmes


Tags: #OGênioEOLouco, #MelGibson, #SeanPenn, #DicionarioOxford,  #ImagemFilmes, #cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

18 março 2019

"Maligno" - Até que ponto uma mãe iria para proteger seu filho?

Produção aposta no terror envolvendo um garoto dominado por uma entidade sobrenatural e a luta da mãe para salvá-lo (Fotos Orion Releasing/Divulgação)

Maristela Bretas


Terror, suspense, relação familiar e uma alta dose de psicopatia estão reunidos na produção "Maligno" ("The Prodigy"), em cartaz nos cinemas. Há quem aposte que se trata de um dos melhores filmes do gênero deste ano. Realmente, trata-se de uma boa produção e interpretação de Taylor Schilling como Sarah, a mãe do garoto Miles (Jackson Robert Scott), que está possuído por uma alma perdida. Ela na verdade é o suporte da trama, uma vez que Jackson, apesar de sua experiência com "It - A Coisa" (2017), não ter conseguido provocar o impacto esperado para seu personagem, que é o principal.

"Maligno" é bem conduzido, mas o diretor Nicholas McCarthy segue uma linha bem previsível, o que reduz muito as cenas de susto e suspense. Poderia ter prendido mais o expectador na cadeira do cinema. Cheguei a ouvir alguns gritinhos na sessão. Como um bom filme de terror, as cenas na escuridão são obrigatórias e clichês - por que ninguém acende uma luz para andar dentro de uma casa onde estão ocorrendo fatos estranhos e barulhos vindos de um dos cômodos?

Além do suspense provocado por cada manifestação de Miles, a produção explora muito a relação entre ele e Sarah que, como toda mãe zelosa está sempre procurando participar e entender o dia a dia do filho prodígio. Mesmo após identificar um comportamento anormal no jovem e procurar ajuda de um especialista, papel vivido por Colm Feore, ela se recusa a acreditar que Miles está sob o domínio de uma entidade (ou alma, como colocam) sobrenatural. Até sua família começar a ser vítima dos ataques.

A atriz Taylor Schilling contou em uma entrevista que, em um filme de terror, é preciso gritar e enfrentar situações verdadeiramente tensas. Mas o mais desafiador em "Maligno" foram os momentos de silêncio entre seu personagem e o filho. "Existe uma linha tênue entre o amor e o terror absoluto. Ainda que essa seja a história de uma mãe que precisou ir a lugares que nunca imaginou para proteger o seu filho, sendo forçada a descobrir uma parte muito mais resiliente de si mesma, a qual ela nunca havia tido acesso antes.".

Com roteiro que provoca tensão em alguns momentos, "Maligno" perde para outras produções anteriores do gênero que mesclam suspense e família, como "Annabelle 2" (2017), "Invocação do Mal 2" (2016), "Mama" (2013), "A Visita"  (2015) ou "Hereditário"(2018). E ainda conta com uma boa trilha sonora de trilha sonora de Joseph Bishara ("Invocação do Mal" - 2013, "Annabelle" - 2014 e "Sobrenatural" - 2010). Mas é um filme que vale a pena ser conferido por suas reviravoltas e um final não tão previsível e que deve agradar ao público.


Ficha técnica:
Direção: Nicholas McCarthy
Produção: Orion Pictures Corporation
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h32
Gêneros: Terror / Suspense
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #Maligno, #TheProdigy, #TaylorSchilling, #terror, #suspense, #ImagemFilmes, #cinemaescurinho, @CinemanoEscurinho

12 novembro 2018

"Entrevista com Deus" é raso, não vai além de mensagens óbvias de autoajuda

Brenton Thwaites se sai bem como o jornalista que entrevista David Strathaim no papel de um Deus humano (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Pode até ser que pessoas religiosas gostem de "Entrevista com Deus" ("An Interview With God"). Vai depender da religião, do nível de fé, do compromisso com a divindade constituída. Dificilmente o filme vai agradar aqueles que preferem a religiosidade, o respeito ao sagrado e ao ecumênico. Já os incrédulos, os ateus, esses têm tudo para não gostar nada do longa que pode, no máximo, ser classificado no rol das obras de autoajuda. Mesmo assim, das mais fracas. 


Dirigido por Perry Lang, o filme, todo passado em Nova York, mistura citações bíblicas, força questionamentos para dar um ar de imparcialidade, se alonga em eternas conversas pouco produtivas e não convence. A ideia é até boa: o repórter Paul Asher, que acaba de retornar de uma cobertura da guerra do Afeganistão, entra numa espécie de conflito pessoal depois de presenciar tanto sofrimento e dor. Com a fé abalada e o casamento em crise, marca uma entrevista com ninguém menos do que Deus, que promete responder, em três encontros, a todas as perguntas e dúvidas do jornalista. 

E o que ele quer saber, na verdade, é o que todos querem: desvendar o grande mistério da vida. Só que os diálogos são pobres, simplistas e nada eloquentes. Tema semelhante foi desenvolvido de forma muito mais original e irônica na comédia brasileira "Deus é brasileiro", de Cacá Diegues.


Como era de se esperar, o que fica, no final da história, é pueril e reduz as grandes questões da humanidade a mensagens que vão da culpa à salvação, do bom mocismo à moralidade. E o que é mais grave: é como se todos os habitantes do planeta Terra fossem cristãos. Jesus é apresentado como único filho de Deus, como a única verdade e a única salvação. Estão fora do paraíso, portanto, os adeptos do politeísmo, os muçulmanos, os índios, os ateus...

A história paralela também é fraca: a crise vivida por Paul e sua jovem mulher Sarah Asher é mal contada e precariamente desenvolvida. Sarah, interpretada por Yael Grobglas, aparece muito pouco no filme. David Strathaim dá seu recado de forma apenas correta como um Deus humano, quase um psicanalista, e Brenton Thwaites se sai bem como o jornalista questionador. Na verdade, nenhum papel do filme exige muito. "Entrevista com Deus" exige mesmo é do espectador, que tem que lutar para permanecer acordado até o final da exibição.
Duração: 1h37
Classificação: Livre
Distribuição: Imagem Filmes 


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28 outubro 2018

"Fúria em Alto Mar" exalta poderio militar dos EUA e vale só pela ação

Gerard Butler tem o papel principal e mesmo como um dos produtores não consegue salvar filme fraco (Fotos: Concorde Filmverleih/Divulgação)

Maristela Bretas


Depois de "Invasão a Londres" (2017) e "Invasão à Casa Branca" (2013), Gerard Butler volta ao papel do mocinho mal-humorado salvador da pátria. Só que em "Fúria em Alto Mar" ("Hunter Killer")  ele troca tiros, explosões e mortes por decisões arriscadas e apostando no bom senso do inimigo. Ele é o capitão Joe Glass, que comanda o submarino USS Arkansas e assume uma tripulação desconhecida, a qual precisa ganhar a confiança.

E como primeira missão, ele e sua equipe são escalados para descobrir o que aconteceu com outro submarino norte-americano que desapareceu enquanto espionava um submarino russo no Mar de Barents. Durante a investigação, eles acabam sendo escalados para salvar o presidente russo durante uma rebelião e evitar a 3ª Guerra Mundial.

A história não tem muitas novidades, é fraca, mas o final convence pelos efeitos visuais e a ação é boa, não deixando o filme naufragar totalmente. Gerard Butler reforça o papel de "bam bam bam" da história, com uma postura bem canastrona, como nas duas e repete o cargo de produtor. E claro, concentra todas as atenções e decisões em seu personagem, mesmo com posição contrária de sua tripulação.

Dividindo o elenco principal está Gary Oldman ("O Destino de Uma Nação" - 2017), que até tenta, mas o papel não faz jus a seu talento. Ele interpreta o Ministro da Defesa Charles Donnegan, que está doidinho por um confronto armado. Destaque também para Michael Nyqvist, no papel do capitão Andropov que comanda o submarino russo investigado pelo desaparecimento da embarcação dos EUA.


"Fúria em Alto Mar" tem até algum suspense e consegue prender o público por sua dinâmica, embalada por uma boa trilha sonora. A ação é maior nas cenas de combate no fundo do mar e no resgate do presidente russo (um ator totalmente sem sal que lembra Tarcísio Meira mais novo). Desta parte participam quatro integrantes de uma força especial comandada pelo SEAL Bill Beaman (interpretado por Toby Stephens, de "13 Horas" - 2017).

Um entretenimento para quem gosta de filmes de espionagem e Guerra Fria nos dias atuais, Tem até mensagem de paz no final e, diferentemente das produções anteriores de Butler, não termina com uma bandeira dos EUA tremulando ao vento.


Ficha técnica:
Direção: Donovan Marsh
Produção: Original Films / Millenium Films
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 2h02
Gêneros: Ação / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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