Mostrando postagens com marcador #ação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #ação. Mostrar todas as postagens

16 novembro 2023

"Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" traça paralelos entre paixão, ambição e sobrevivência

Filme é dirigido por Francis Lawrence, o mesmo diretor dos outros quatro longas da franquia (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Larisssa Figueiredo


Um dos pontos mais fortes da franquia "Jogos Vorazes" é a forma como os personagens são construídos e aprofundados com complexidade, estreitando a linha de separação entre os mocinhos e vilões. Em "A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" ("The Hunger Games – The Ballad of Songbirds and Snakes"), filme prequel da franquia que estreou nos cinemas, acompanhamos o tirânico presidente Snow aos 18 anos, atormentado pela pobreza e miséria na Panem pós-guerra, quando vê uma chance de mudar sua realidade se tornando o mentor de Lucy Gray Baird, o tributo feminino do Distrito 12.

 

O elenco do longa-metragem é composto por grandes nomes como Viola Davis (Dra. Gaul), Peter Dinklage (Reitor Highbottom) e Hunter Schafer (Tigris Snow), mas o destaque vai para Tom Blyth, que incorporou os dilemas e contradições do jovem Coriolanus Snow.  

Dar vida a um personagem complexo que foge aos arquétipos óbvios hollywoodianos é um desafio que foi executado com maestria pelo ator britânico. Snow, ainda que querendo salvar sua família da pobreza, já mostrava frieza, sinais de tirania e desejo de poder irrestrito e, mesmo assim, Blyth consegue trazer ternura, simpatia e até empatia para Snow do início ao fim do filme. 


Já a protagonista Lucy Gray Baird foi interpretada por Rachel Zegler, amplamente criticada pelos fãs da saga nas redes sociais quando a escolha foi divulgada. Lucy é uma personagem imprevisível, intensa, cheia de emoções, que representa um mártir na própria narrativa, esses aspectos parecem ter dificultado a imersão de Zegler na personagem. 

A atriz exagera nas “caretas” e não soa natural na pele de Lucy Gray nos momentos de maior tensão. Apesar disso, Rachel Zegler é dona de uma voz exuberante e entrega performances de alto nível nas cenas em que aparece cantando e tem uma química inegável com seu par, Tom Blyth. 


Por falar em música, mais uma vez a franquia evidenciou a preocupação em apresentar uma trilha sonora original de primeira qualidade, que ficou a cargo de James Newton Howard ("Operação Red Sparrow" -2018). 

Além da icônica contribuição de Rachel Zegler em “The Hanging Tree”, música escrita pela autora dos livros, Suzanne Collins, e também interpretada por Jennifer Lawrence (Katniss Everdeen) em "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1", “Can't Catch Me Now”, da cantora pop Olivia Rodrigo, ganhou destaque como composição original para o longa. 


O filme é dirigido por Francis Lawrence, o mesmo diretor dos outros quatro longas da franquia e tem produção executiva de Suzanne Collins. O roteiro começa dinâmico e envolvente, mas perde o ritmo do meio para o final, aspecto que é um desafio para diversas adaptações literárias. 

O longa é um dos mais brutais entre as produções de "Jogos Vorazes", com direito a mortes marcantes e muita violência, sem deixar de ser político e inteligente, escancarando as engrenagens da espetacularização por trás dos jogos. 


A montagem de "A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" chama atenção pela riqueza de planos sequência bem elaborados que imergem o espectador para dentro do filme. A fotografia e os cenários, em sua maioria na Polônia, não deixam dúvidas para afirmar a qualidade estética do longa-metragem, cheio de referências visuais dos símbolos da franquia, como a árvore e os tordos.  

O filme prequel trouxe a completude que faltava ao universo de "Jogos Vorazes", proporcionando ainda mais profundidade à narrativa de Snow, um dos grandes protagonistas da franquia. 


Ficha técnica:
Direção: Francis Lawrence
Produção: Lionsgate, Color Force
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h38
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ficção, ação, aventura
Nota: 4 (0 a 5)

25 outubro 2023

"Hypnotic - Ameaça Invisível" é uma trama cheia de suspense e reviravoltas, mas com final previsível

Ben Affleck e Alice Braga se unem contra um vilão que use hipnose para dominar as pessoas 
(Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Pode até parecer um filme complexo, mas "Hypnotic - Ameaça Invisível" ("Hypnotic"), que estreia quinta-feira (26) nos cinemas, é fácil de compreender ainda na primeira parte, mesmo com todas as reviravoltas. A produção ainda conta com dois bons atores como protagonistas - Ben Affleck e a brasileira Alice Braga. 

Com direção e roteiro de Robert Rodriguez ("Alita: Anjo de Combate" - 2019), o longa promete muito, mas entrega uma abordagem mediana para o tema escolhido - pessoas com alta capacidade hipnótica que usam a hipnose para controlar outras pessoas e praticar crimes. Nenhuma novidade, há várias produções que já usaram e abusaram disso, como "A Origem" (2010), "Hypnotic" (da Netflix - 2021) e até mesmo na franquia "X-Men".


O filme tem muita ação, suspense e boas perseguições, com boas atuações de Ben Affleck, sempre mantendo a mesma expressão facial de todos os seus filmes. O destaque fica para Alice Braga, que tem crescido e sendo mais requisitada em produções de Hollywood. 

O restante do elenco entrega o esperado para um roteiro que poderia ter sido melhor desenvolvido se mantivesse as reviravoltas e surpresas até o final. Mas isso não acontece e ele se torna bem previsível.


Os efeitos visuais foram bem empregados na maior parte da trama, porém o diretor errou a mão na distorção de imagens quando mostra a visão alterada do protagonista sob hipnose. Ficaram bem aquém dos que foram empregados em "A Origem" e "Dr. Estranho no Multiverso da Loucura" (2022), tirando o impacto esperado das cenas.

Na história, Ben Affleck é o detetive Danny Rourke, que teve a filha Minnie (Hala Finley) sequestrada no parque quando ela tinha 8 anos. Mesmo já tendo passado quatro anos, ele nunca deixou de procurá-la. Em seu trabalho na polícia acaba enfrentando um misterioso homem, Dellrayne (William Fichtner), um poderoso hipnótico que consegue dominar outras pessoas e pode estar ligado ao desaparecimento de Minnie. 


Começa um jogo de gato e rato entre Dellrayne e Rourke, que vai contar com a ajuda de Diana Cruz (Alice Braga), outra hipnótica, para descobrir o que pretende seu inimigo.

"Hypnotic - Ameaça Invisível", apesar de ter sido selecionado para o Festival de Cannes deste ano, é daqueles filmes fáceis de serem esquecidos e nem pode ser considerado entre os melhores de Ben Affleck. Vale uma sessão da tarde, sem muita exigência, e para conferir o trabalho de Alice Braga como protagonista.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Robert Rodriguez
Produção: Solstice Studios, Ingenius, Double R Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h30
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, ação

08 outubro 2023

Com ótima atuação, Denzel Washington se despede mais mortal em "O Protetor - Capítulo Final"

Último filme mostra o ex-agente fragilizado, em busca de paz, que volta a matar para defender os amigos da comunidade do ataque de mafiosos (Fotos: Sony Pictures)

Maristela Bretas


Passados cinco anos, Denzel Washington e o diretor Antoine Fuqua estão de volta com "O Protetor - Capítulo Final" ("The Equalizer 3"), encerrando a trilogia muito bem e com mais violência que os filmes anteriores, justificando a classificação para 18 anos. 

O longa produção, em cartaz nos cinemas, é tão bom quanto o primeiro, "O Protetor" (2014), que pode ser conferido no HBO Max, recuperando o impacto mediano de "O Protetor 2" (2018), disponível no Paramount+.
 
O longa encerra a saga do ex-agente de operações especiais da CIA, Robert McCall, interpretado por Denzel, levando a trama para o sul da Itália, diferente dos demais que foram ambientados em Boston e Massachusetts, nos EUA.


"O Protetor 3" não economiza em referências aos filmes anteriores e quem acompanha a história do ex-agente vai identificá-las facilmente. Assim como personagem Robert McCall é um homem meticuloso, o diretor Fuqua cria situações que retornam ao passado e precisavam ser finalizadas ou que explicam as atitudes de alguns personagens.

Uma delas tem a ver com matança na abertura, só explicada no decorrer da trama. A violência domina o filme desde o início, apresentando ao público o que vem pela frente. Como se cada morte de McCall como justiceiro dos fracos e oprimidos pudesse ser justificada. 


Podem falar que Denzel Washington faz sempre o mesmo tipo de papel, as mesmas caras. Isso não importa, ele faz bem feito e tem um público cativo (me incluo neste grupo). A parceria com Fuqua funciona muito bem, não só nesta trilogia como também em outras produções, como "Sete Homens e Um Destino" (2016).

O longa reúne novamente uma dupla que deu muito certo no sucesso "Chamas da Vingança" (2004). Quase 20 anos depois, Denzel contracena com Dakota Fanning, mais bonita e talentosa, no papel da agente da CIA, Emma Collins. A sintonia entre os dois é muito clara, como se velhos amigos estivessem batendo um papo e relembrando bons tempos. 


O restante do elenco entrega boas interpretações e é quase todo formado por atores italianos, com destaque para Andrea Scarduzio, Remo Girone, Eugenio Mastrandre, Andrea Dodero e Daniele Perrone, além da norte-americana Gaia Scodellaro, como Aminah, dona da cafeteria.

Na história, Robert McCall (que na Itália ficou sendo Roberto), cansado de sua vida de execuções, busca de paz de espírito se instalando num vilarejo pacato, de pessoas aparentemente felizes. O ex-agente é aceito pela comunidade e, aos poucos, descobre que seus novos amigos são ameaçados pelos chefes do crime local e pela máfia.


À medida que os ataques vão se tornando mais brutais e mortais, ele resolve deixar a tranquilidade de lado e vai em busca de justiça, contando com a ajuda da agente Collins.

Mas "O Protetor - Capítulo Final" não oferece apenas muita ação, tiroteios, facadas e, principalmente sangue jorrando pelas paredes. Tem também o visual invejável das locações em uma pequena vila de pescadores cercada por montanhas e uma praia de areia escura na Costa Amalfitana, perto de Nápoles, no sul da Itália. 


Para completar o quadro, nada como "una bellissima canzone italiana". A trilha sonora ficou a cargo de Marcelo Zarvos, que revitalizou clássicos, como "Volare", usado numa cena de muita ação (e violência). O compositor foi responsável também pela trilha de "Um Limite Entre Nós" (2017), produzido e protagonizado por Denzel Washington e Viola Davis. 

Quem gosta deste gênero de filme não deve deixar de conferir "O Protetor - Capítulo Final", um ótimo encerramento, que faz jus à trilogia e ao trabalho de Denzel Washington e de todos que participaram da franquia.


Ficha técnica:
Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Richard Wenk
Produção: Sony Pictures e Escape Artists
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 18 anos
Países: EUA e Itália
Gêneros: ação, suspense

02 outubro 2023

Sylvester Stallone e Jason Statham não conseguem salvar "Os Mercenários 4"

Produção deixa muito a desejar e tem a pior bilheteria de estreia da franquia (Fotos: Lionsgate/Divulgação)


Maristela Bretas


O mais fraco dos quatro filmes. Depois de seu antecessor, era esperado que "Os Mercenários 4" ("Expend4bles") fosse um dos melhores da franquia ou, pelo menos, mantivesse uma bilheteria de estreia tão boa quanto os demais. Mas o que aconteceu foi exatamente o contrário. 

A produção, dirigida por Scott Waugh, tem tido uma arrecadação abaixo da média esperada, tanto nos EUA quanto no restante do mundo desde a sua estreia dia 21 de setembro. Na sessão que fui no dia da estreia em BH havia umas dez pessoas no cinema.


Não levando em conta a história (que nunca foi o destaque de todos os filmes),este quarto capítulo perdeu em tudo: cenas de ação, elenco e até na parte cômica. 

Apesar de ainda ser a estrela, Sylvester Stallone (Barney Ross) aparece pouco, deixando o brilho e quase todo o protagonismo para o parceiro Jason Statham (Christmas), que também é um dos produtores.

O mercenário Barney Ross está tão desmotivado para continuar o grupo quanto Stallone parece estar para continuar a franquia, fazendo a linha "vou me aposentar em breve". 

Já Statham está em ritmo acelerado, com várias produções blockbusters, apesar de muitas delas deixarem a desejar, como "Megatubarão 2", lançado este ano. Mesmo assim, são eles que carregam o filme.


Outro ponto que pesou contra o longa foi o elenco. Do grupo original, além dos dois, sobraram apenas Dolph Lundgren e Randy Couture. Saíram o divertido Terry Crews e o grande lutador, Jet Li. 

Seria difícil superar os elencos de grandes nomes de filmes de ação e luta que participaram de "Os Mercenários 2" (2012 ) e "Os Mercenários 3"  (2014). 


No filme 2 estavam Bruce Willis, Jean-Claude Van Damme e o lendário Chuck Norris. Já o terceiro episódio ganhou mais ícones, como Harrison Ford, Arnold Schwarzenegger, Mel Gibson, Antônio Banderas, Wesley Snipes e alguns lutadores de UFC, como Ronda Rousey. Uma coisa que não faltou em nenhum dos três filmes anteriores foi muito tiro, porrada e bomba.

Para "Os Mercenários 4" ressuscitaram Megan Fox ,que mantém as mesmas caras e bocas e interpretação fraca; trouxeram Andy Garcia para ser o chefe que determina as missões do grupo, lugar antes ocupado por Bruce Willis -  mais deslocado impossível. 


Para garantir a parte de luta com Statham, temos o ator e lutador tailandês Tony Jaa, de "Velozes e Furiosos 7" (2015) e o ator e coordenador de dublês Indonésio, Iko Uwais ("Star Wars - O Despertar da Força" - 2015). 

Já 50 Cent ("Nocaute" - 2015) foi pouco aproveitado, assim como Jacob Scipio ("Bad Boys - Para Sempre" - 2020), que interpreta o filho de Galgo (papel de Antonio Banderas no filme três), com os mesmos trejeitos, porém sem a mesmo charme e tiradas engraçadas.


Na história, os mercenários, com nova formação e ainda sob o comando de Barney Ross, são convocados para uma missão que pode ser fatal: desmascarar um perigoso vilão e impedir que ele inicie uma Terceira Guerra Mundial. 

Bem clichê, mas poderia ter funcionado se fosse melhor trabalhada. Mesmo aumentando a violência, o sangue jorrando e as lutas, os efeitos visuais e o roteiro não sustentam o longa. "Os Mercenários 4" decepciona e é quase esquecível, podendo se tornar o último da franquia, dependendo da arrecadação na bilheteria.


Ficha técnica:
Direção: Scott Waugh
Produção: Lionsgate, Millennium Films, California Filmes e Nu Image
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h43
Classificação:18 anos
País: EUA
Gênero: ação

25 agosto 2023

"A Chamada" é uma repetição de outros filmes de ação de Liam Neeson

Longa traz ameaças por telefone, perseguições da polícia e um roteiro bem fraco  (Fotos: StudioCanal)


Maristela Bretas


De agente num avião ("Sem Escalas" - 2014) para um policial no trem ("O Passageiro" - 2018) e agora um executivo do setor financeiro que não dá atenção à família dentro de um carro. O formato que marcou estes filmes de ação de Liam Neeson se repete em "A Chamada" ("Retribution"), novamente com mensagens e ligações telefônicas ameaçadoras. A nova produção, em cartaz nos cinemas, é mais do mesmo.

Tudo é bem previsível, das falas ao vilão. O roteiro é preguiçoso, quase um CONTROL C/CONTROL V. Poderia ter explorado a experiência do ator principal, que já fez produções melhores do gênero. Desde o primeiro momento é possível saber o que vai acontecer e como será a reação do empresário Matt Turner, papel de Neeson.


O elenco secundário também faz o básico e acrescenta muito pouco, especialmente os atores Lilly Aspell, Jack Champion e Embeth Davidtz, que interpretam os filhos e a esposa de Turner. 

A agente da Europol, Angela Brickmann (Noma Dumezweni), está lá para cumprir tabela. Afinal é necessário alguém da polícia para caçar o homem que ameaça os filhos com uma bomba. Até mesmo o experiente Matthew Modine, como Anders, sócio de Turner, é mal aproveitado.


O longa é uma corrida contra o relógio para Matt Turner. Numa manhã quando levava os filhos à escola, ele recebe uma ligação de um desconhecido que diz que há uma bomba sob os assentos e que ninguém pode deixar o carro. 

O executivo terá de seguir as ordens do terrorista ou o veiculo será explodido com todos os ocupantes. Para quem não se importava muito com a família e só pensava nos negócios, ele agora tem de voltar sua atenção para salvar os filhos do homem que os está ameaçando.


"A Chamada" tem pontos positivos, como as imagens nas ruas de Berlim. Mesmo com cenas rápidas de perseguição é possível ver locais bem interessantes da cidade alemã. A ação predomina durante todo o longa, mas não apresenta nada de novo do que já foi visto em outros filmes do gênero. 

A trilha sonora composta por Harry Gregson-Williams, responsável por "Megatubarão 2" (2023), "Mulan" (2020) e "A Casa de Gucci" (2021), é boa e ajuda a dar um clima mais dinâmico às cenas de ação. 

Para os fãs do ator, "A Chamada" pode ser uma opção que agrade - eu mesma fui assistir por gostar dos filmes de Liam Neeson -, mas não espere novidades. Acredito que o longa vá bem rápido para o streaming.


Ficha técnica:
Direção: Nimród Antal
Produção: StudioCanal, Vaca Films Studio, Ombra Films
Distribuição: Paris Filmes, Telecine
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h31
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, ação

17 agosto 2023

Roteiro fraco feito de clichês foi o inseticida do "Besouro Azul"

Xolo Maridueña interpreta o super-herói que se torna hospedeiro de um escaravelho alienígena e ganha armadura e armas poderosas (Fotos: Warner Bros.)


Maristela Bretas


Poderia ser o novo sucesso do Universo DC, como aconteceu com "Mulher Maravilha" (2017) e "Coringa" (2019). Mas "Besouro Azul" ("Blue Beetle"), que estreia nesta quinta-feira (17) nos cinemas, apesar da grande expectativa e dos efeitos visuais do Imax, não consegue passar de um filme bem mediano.  

É só mais um super-herói (pouco conhecido) da turma do Batman que ganha a telona e que conta com a presença da atriz Bruna Marquezine no elenco principal para atrair o fã clube brasileiro.

Os diálogos são fracos e alguns personagens poderiam ser interpretados por atores melhores e com mais empatia. Mesmo assim fica a dúvida se conseguiriam salvar o roteiro superficial, feito em cima de clichês e sem nada de novo. Ele não explica como o tal escaravelho apareceu na Terra, como escolhe suas vítimas, que desliga como uma máquina, mas reage como um ser vivo e tem sentimentos (oi?).


Na história, Jaime Reyes (Xolo Maridueña, o lutador bonzinho da série da Netflix, Cobra Kai) volta para casa recém-formado na faculdade, mas descobre que a família passa por dificuldades. O destino o coloca em contato com Jenny Kord (a brasileira Bruna Marquezine), herdeira de um império de tecnologia que lhe entrega uma misteriosa relíquia alienígena - o Escaravelho, também chamado de Khaji-Da. 

Como um parasita, o objeto escolhe Jaime como seu hospedeiro simbiótico (igual ao que aconteceu com o jornalista Eddie Brock em "Venom", da Marvel, em 2018). O jovem é transformando no Besouro Azul, com armadura e poderes extraordinários. Mas terá de enfrentar inimigos poderosos que querem usar o escaravelho como uma arma de destruição em massa.


Apesar de já terem "ficado" na vida real, Xolo e Marquezine não mostram uma química convincente no filme para formarem o par romântico. Como o restante do elenco, eles receberam falas curtas e genéricas, disfarçadas por muita ação, cores fortes e CGI de sobra que ajudam a contar uma história que vale uma sessão da tarde no cinema, sem grandes pretensões. 

O elenco é formado por mexicanos e americanos descendentes de latinos, especialmente os parentes de Jaime - Elpidia Carrillo (mãe), Damián Alcázar (pai) George Lopez (tio), Adriana Barraza (avó) e Belissa Escobedo (irmã). Eles são caricatos, estão lá reforçando durante todo o longa a importância da união da família. 

Tem também Raoul Max Trujillo, que interpreta Carapax, meio homem, meio máquina a serviço da Kord e não acrescentaria nada se não fosse o inimigo do Besouro Azul.


Se a intenção do diretor porto-riquenho Angel Manuel Soto era mostrar como são tratados os imigrantes que querem refazer suas vidas em outros países, especialmente os latinos nos EUA, a abordagem ficou bem superficial, quase dispensável.

Susan Sarandon, que interpreta a empresária Victoria Kord, também tem de “se virar nos 30” para compensar as falas de seu personagem e o roteiro deficiente. Deixa sua marca quando entra em cena, mas teve seu talento mal aproveitado. Poderia ter sido uma grande vilã. 


Apesar dos pontos negativos, a produção tem algumas curiosidades interessantes que serão notadas por quem acompanha o Universo DC. O longa faz referências a seus super-heróis mais famosos como Batman e Superman; mostra o prédio da Lex Corp, do vilão Lex Luthor; o antigo Besouro Azul, que era mais velho que o atual, é citado como o herói de Palmera City, onde se passa a história. Além do Ted Kord, que é importante para trama e pai da Jenny, é citado também Dan Garrett, o primeiro Besouro Azul, como professor de Ted.


Numa das falas dos personagens, a cidade do Besouro Azul é comparada a Central City, do Flash, e Gotham City, do Batman. Gotham também é lembrada no moletom usado por Jaime na faculdade. Até personagens como "Chapolin Colorado" e "Maria do Bairro", conhecidos da TV latina são lembrados pelo elenco.

"Besouro Azul" não é um filme ruim como "Esquadrão Suicida" (2016), também da DC, mas o super-herói dos quadrinhos foi mal desenvolvido nesta versão, que deixa muitos furos. Pode ser que a continuação, indicada nas cenas pós-créditos (a última depois de tudo), consiga colocar ordem na casa. Vai depender do resultado da bilheteria. Bruna Marquezine caiu nas graças do diretor e entrega o que era esperado, podendo estar nessa continuação. É aguardar para ver.


Ficha técnica:
Direção: Angel Manuel Soto
Produção: Safran Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, ação

14 agosto 2023

"Agente Stone" aposta em Gal Gadot, mas entrega roteiro superficial e previsível

Elenco feminino é o destaque da produção que foca em espionagem (Fotos: Netflix)


Jean Piter Miranda


Já está disponível no catálogo da Netflix o filme de ação e espionagem “Agente Stone” ("Heart of Stone"), com direção do britânico Tom Harper (da série de TV "Peaky Blinders"). O longa tem Gal Gadot (de "Mulher Maravilha" - 2017) como Rachel Stone, agente secreta de uma agência internacional que tem o nome de “A Carta”. 

A organização possui uma arma chamada “Coração”, que é uma inteligência artificial capaz de acessar e controlar qualquer sistema no planeta. Esse recurso é utilizado para combater o crime. Mas, se cair em mãos erradas, pode se tornar uma ameaça para a segurança de todo o mundo. 


O filme começa com Rachel em uma missão nos Alpes italianos para prender um contrabandista internacional de armas. Ela está infiltrada em uma equipe do serviço secreto de inteligência do Reino Unido, o MI6. 

Durante a operação, a hacker Keya Dhawan (Alia Bhatt) invade o sistema de comunicação dos agentes. É aí que eles percebem que estão sendo vigiados e que correm perigo. Nesse momento começa a ação. 

A princípio, parece uma boa sacada. Uma agente tão boa, de uma superagência, que foi capaz de se infiltrar no MI6, um dos serviços de inteligência mais respeitados do mundo. 


Seria a ponta de um roteiro aprofundado, cheio de mistérios e reviravoltas. Desses em que é preciso ficar atento a todos os detalhes, para ir ligando os pontos e juntar tudo no final. Mas não. É tudo superficial e fica só nisso mesmo. Uma mistura de "Missão Impossível" com "007" com destaque para o elenco feminino.

Stone usa um comunicador para falar com a sede da “Carta”, onde os outros agentes vão passando informações e instruções. Só que é meio confuso. A tal inteligência artificial chamada “Coração” tem recursos que não convencem. 

Por exemplo, conseguem saber quantas pessoas estão em um determinado lugar, que armas usam, distância em que estão, etc. Como fazem isso? Satélites? Câmeras? Drones? Nada é explicado. Parece mais magia que tecnologia. 


As cenas de ação também deixam muito a desejar. Perseguições na neve e em estradas, explosões, saltos de paraquedas, colisões de automóveis... Tudo com cenas curtas, muito rápidas e com cortes bruscos. Tiroteios em que os bandidos só acertam tiros no chão, nas paredes e nos carros. É tudo muito embolado, tumultuado e não consegue empolgar. 

Outro ponto negativo são as cenas de lutas. Falta beleza plástica nos movimentos, velocidade e técnica. Ingredientes que poderiam dar mais realismo aos combates. 

A boa atriz chinesa Jing Lusi (de "Podres de Ricos" - 2018), que interpreta a agente Yang, do MI6, tem pouco tempo de tela. Ela deveria ter sido melhor aproveitada, principalmente nesses casos. 


Jamie Dornan ("50 Tons de Cinza" - 2015), como Parker, outro agente do MI6, desempenha um papel importante na trama, mas falta carisma. E carisma é um problema da maior parte do elenco. Tirando Gal Gadot, Alia Bhatt e a pequena participação de Jing Lusi, do restante não salva ninguém. 

Não que sejam atores ruins. O roteiro é superficial, previsível e cheio de clichês. Repete tudo que já foi visto, uma mistura de "007" com "Missão: Impossível". Não inova em nada e até desperdiça as breves aparições da brilhante Glenn Close. 


Filmes de ação e de espionagem com mulheres protagonistas têm sido uma aposta dos estúdios nas últimas décadas. Jennifer Lawrence estrelou "Operação Red Sparrow" (2018), Angelina Jolie fez "Salt" (2010) e Charlize Theron protagonizou "Atômica" (2017). 

Recentemente tivemos Jessica Chastain em "Ava" (2020) e Ana de Armas, em "Ghosted: Sem Resposta" (2023). Grandes produções que só trocaram o protagonista homem por uma mulher, repetindo as mesmas tramas e os mesmo clichês. Por isso, não conseguiram emplacar. 

Gal Gadot tem carisma de sobra e agradou muito ao público no papel de Mulher Maravilha. Mesmo em filmes da DC considerados ruins ou fracos. Ela também protagonizou "Alerta Vermelho" (2021), da Netflix, ao lado Ryan Reynolds e Dwayne Johnson, uma boa combinação de comédia e ação que se tornou o maior sucesso de audiência da plataforma, mesmo com avaliações ruins da crítica especializada. 


Seguindo esta linha, a mesma plataforma de streaming fez "Agente Oculto" (2022) com Ryan Gosling e Chris Evans. Ação, comédia, rostos bonitos e muitos clichês. Fórmulas prontas que dão bons resultados de público e de arrecadação. E ao que tudo indica, outras produções desse tipo virão em breve. 

Mesmo sendo mais do mais mesmo, "Agente Stone" é o tipo de entretenimento que agrada ao público e, ao que tudo indica, terá boa aceitação. O filme termina com abertura para a criação de uma sequência. Se assim for, em breve, veremos Gal Gadot novamente como uma superagente secreta.   


Ficha técnica:
Direção: Tom Harper
Produção: Netflix e Skydance Productions
Exibição: Netflix
Duração: 2h02
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, espionagem

11 agosto 2023

"Megatubarão 2" tem de tudo, até tubarões gigantes

Sequência do filme de 2018 traz novamente Jason Statham lutando com monstros submarinos ainda maiores
(Fotos: Warner Bros.)


Maristela Bretas


Há exatos cinco anos, o britânico Jason Statham enfrentava seu mais gigantesco inimigo. E aparentemente teria saído vencedor. Só que não. Agora, um novo Megalodon de 25 metros de comprimento está de volta em "Megatubarão 2" ("Meg 2 - The Trench"), para satisfação dos fãs do ator, que retorna no papel do mergulhador Jonas Taylor. O filme está em cartaz, também em versões acessíveis.

O longa é uma sequência de "Megatubarão, de 2018, que teve direção de Jon Turteltaub, que muitos fãs ainda consideram melhor por explorar mais as cenas dos ataques do gigantesco assassino do mar. 


Enquanto que no segundo, as lutas e malabarismos de super-herói de Statham são o destaque - até chute o personagem dá na boca do bichão. O primeiro filmes pode ser conferido nos canais de streaming Prime Vídeo e HBO Max.

Simpático e com comentários sarcásticos e divertidos, mesmo quando está distribuindo muita porrada, Statham exagerou nas cenas de luta deixando o principal foco, que são os tubarões gigantes submarinos à solta, em segundo plano. Quase como se estivesse num dos longas da franquia "Missão Impossível". 


Mas Statham não brilha sozinho. O astro chinês da vez é Jing Wu, que interpreta o cientista Jiuming Zhang, filho do pesquisador que morreu no primeiro filme. Estranho que ele nunca foi citado em "Megatubarão" e aparece do nada como o filho que não era reconhecido pelo pai, mas segue os passos dele.


Do elenco do primeiro filme estão de volta Shuya Sophia Cai, que fez a pequena Meiying, agora com 15 anos e uma nerd em tecnologia, como a mãe; Cliff Curtis (Mac) e Page Kennedy (DJ). No novo elenco, nomes pouco conhecidos, como Sergio Peris-Mencheta (Montes), Skyler Samuels (Jess) e Melissanthi Mahut (Rigas).


Desta vez, a equipe de pesquisas de Jiuming e Jonas volta às profundezas do Oceano Pacífico e descobre novos megalodontes e outros monstros gigantes, além de uma operação ilegal de mineração para extração de um mineral raro.  

Eles precisam impedir a ação dos exploradores e parar a retirada do material que pode afetar todo o ecossistema marinho. A luta fica ainda mais difícil quando megatubarões e outros monstros gigantes escapam da região submarina.


Há até mesmo referências ao clássico "Tubarão", de 1975, dirigido por Steven Spielberg e que inspirou sequências e vários filmes do gênero. A trilha sonora, composta por Harry Gregson-Williams, responsável também pelo primeiro filme e “Perdido em Marte” (2015), adiciona tensão e emoção, acentuando as sequências de ação.

Ação não falta e os efeitos especiais dos ataques dos monstros são bem feitos, mesmo que exagerados. Ou seja, "Megatubarão 2" entrega o esperado, mesmo tendo saído da proposta inicial. Uma continuação divertida que deixa no ar a possibilidade de uma terceira produção.


Ficha técnica:
Direção: Ben Wheatley
Produção: Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h56
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense

28 julho 2023

Gerard Butler passa quase duas horas numa “Missão de Sobrevivência”, fugindo de terroristas

Filme aborda a perseguição implacável contra o agente da CIA pelos desertos do Oriente Médio (Fotos: Leonine)


Maristela Bretas


Gerard Butler já está acostumado a muita ação, tiro, porrada e bomba. Mas desta vez, ele e seu amigo Navid Negahban são os alvos de terroristas na nova aventura do ator britânico, “Missão de Sobrevivência” (“Kandahar”), que estreou nessa quinta-feira nos cinemas. 

Claro que ele é o mocinho da história, vivendo o papel do agente da CIA Tom Harris, que precisa deixar o Afeganistão junto com seu intérprete, Mohammad ‘Mo’ Doud (papel do iraniano  Negahban, de “Aladdin” - 2019) após explodir uma unidade nuclear no Irã.

O filme tem muita ação e momentos tensos, já que a dupla precisa atravessar 640 quilômetros de deserto, passando por território hostil, para chegar a uma antiga base de resgate em Kandahar, que fica a 640 quilômetros de onde estão. 


Butler segue o mesmo estilo herói norte-americano com cara mal-humorada de outras produções que protagonizou. Como “Invasão a Londres” – 2016, (disponível no HBOMAX), “Tempestade – Planeta em Fúria” – 2017 (Telecine) e “Alerta Máximo” – 2023 (em exibição no Prime Vídeo). 

O “jeitão” do ator funciona e tem um público cativo que deve gostar do novo filme e esteja procurando outras opções nas salas de cinema. O enredo é bem conduzido, Gerard Butler e Navid Negahban entregam boas interpretações. 


Destaque para as cenas gravadas nos desertos - um espetáculo a parte de visual - e as perseguições, de carro, moto e caminhões. Os efeitos especiais também podem agradar quem procurar por um filme com muita ação. 

Vale reforçar que se trata de mais um longa para valorizar a atuação dos norte-americanos nos conflitos do Oriente Médio, especialmente contra o Estado Islâmico, colocando vários países como terroristas e eles como salvadores. 


O elenco é internacional, reunindo nomes como o australiano Travis Fimmel (da série “Vikings”– 2013 a 2016), o indiano Ali Fazal (o excelente “Victória e Abdul” – 2017) e vários outros atores britânicos, alemães, iranianos e sauditas.

Um ponto que pode atrapalhar a estreia de “Missão de Sobrevivência” foi ter acontecido uma semana depois dos fenômenos de bilheteria “Barbie” e “Oppenheimer”, além da disputa também com “Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte 1”. O longa está em cartaz nas salas Cineart Cidade e Del Rey e Cinemark BH Shopping e Pátio Savassi. 


Ficha técnica:
Direção: Ric Roman Waugh
Produção: Open Road
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h59
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação / suspense