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11 março 2021

"O Último Jogo" traz o lado cômico da rivalidade entre Brasil e Argentina

A história se passa entre as cidades vizinhas de Belezura e Guarpa (Fotos: Michel Gomes/Pandora Filmes)

Wallace Graciano

A rivalidade entre Brasil e Argentina sempre esteve intrínseca no imaginário dos dois lados dos países sul-americanos. De outrora aliados políticos, os coirmãos tiveram, ao longo dos tempos, ânimos que foram se aflorando pelas disputas comuns a competidores antagônicos, acirrando-se conforme o futebol tornou-se proeminente na cultura popular dos dois lados das Cataratas do Iguaçu. 

E é justamente essa temática que envolve “O Último Jogo”, que teve estreia adiada nos cinemas para o mês de maio, mostrando como levaram a campo a disputa entre cada um dos lados da fronteira.


A história se passa em Belezura, uma cidade que tem como grande atividade econômica a venda de móveis. Porém, com uma crise que assolava e ameaçava o futuro dos moradores locais, precisavam migrar para outros mercados. Antes de tudo, porém, não poderiam deixar de desafiar os arquirrivais de Guarpa, os vizinhos portenhos, em uma partida de futebol.


O que não esperavam é que a derrota viria e ela foi muito amarga, tanto que o treinador foi cobrado por torcedores e um narrador um tanto quanto caricato (isso tudo contando com uma bela sequência de imagens carregadas de humor). Porém, o dono do boné canarinho promete uma revanche daqui uma semana. E é aí que a trama se desenvolve.


O hiato entre os dois domingos é marcado por uma série de acontecimentos que ficam secundários graças à rivalidade latejante que envolve a cidade. Da malandragem aos dramas por anseios e ambições em xeque, o roteiro de Roberto Studart nos traz um filme cômico, com várias camadas, que circundam como a paixão pelo esporte bretão pode ser o veneno e o remédio para qualquer problema.


O grande destaque fica por conta da trilha sonora composta por Julian Carando, carregada de instrumentos típicos da identidade nacional. Ela rouba a ambientação até mesmo frente às boas tomadas e diálogos cheios de bom humor. “O Último Jogo” é o primeiro longa metragem do diretor Roberto Studart, responsável pelos documentários "Prá Lá do Mundo" (2012) e “Mad Dogs” (2016).

Ou seja, vista sua camisa, pegue sua bebida favorita e vá curtir as quase duas horas de “O Último Jogo”. As brigas, mentiras, traições e belas jogadas serão uma diversão garantida para você.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Roberto Studart
Produção: Truque Produtora
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 1h39
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: Comédia / Esporte

25 fevereiro 2021

"Mais Que Especiais" propõe um debate sobre o tratamento do autismo severo

Reda Kateb e Vincent Cassel são responsáveis por duas organizações sem fins lucrativos que cuidam de jovens autistas (Fotos: Carole Bethuel/California Filmes)

Jean Piter Miranda


É bem possível que hoje em dia todo mundo conheça ao menos uma pessoa autista. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro autista (TEA). Mas, talvez, poucas pessoas saibam que os autistas não são todos iguais. Eles podem apresentar dificuldades de comunicação e de socialização, em maior ou menor grau, entre outras características. Muitos filmes já abordaram esse tema. E o mais novo que chega nesta quinta-feira (25) aos cinemas é o francês “Mais que Especiais” ("Hors Normes").

 
O filme conta a história de Bruno (Vincent Cassel) e Malik (Reda Kateb). Eles são responsáveis por duas organizações sem fins lucrativos que cuidam de jovens autistas que foram recusados por outras instituições, por terem comportamento extremamente agressivo. A obra é baseada em uma história real, passada na França, que mostra o belo trabalho social desenvolvido pela dupla e todas as dificuldades que eles enfrentam.
 


 Bruno e Malik lidam diretamente com os jovens autistas de forma afetiva, mostrando que entendem o que estão fazendo. Ao mesmo tempo, eles têm que fazer de tudo um pouco: cuidar da parte administrativa, pagar funcionários, correr atrás de dinheiro, treinar cuidadores, lidar com a burocracia do governo, entre outras coisas. Sem contar que, pra agravar ainda mais a situação, os autistas que eles cuidam são de famílias carentes. É drama em cima de drama.
 

 
Ao longo do filme, vemos a luta de Bruno e Malik para dar qualidade de vida aos autistas que eles cuidam. Eles tentam de tudo para socializar os jovens, com tratamento bem humanizado. O que contrasta com a terapia oferecida pelas instituições tradicionais, baseada em isolamento e medicamentos sedativos. E nisso vemos também a principal preocupação dos pais: “O que vai ser do meu filho quando eu morrer? Quem vai cuidar dele?”.


"Mais que Especiais" é bem dramático. Tem cenas fortes, que mostram os jovens tendo crises, de Bruno e Malik rodando a cidade, correndo a procura de autistas que ficaram perdidos pelas ruas. Além da fiscalização dos órgãos do governo, que cobram muito e praticamente não oferecem ajuda. É um filme que traz um olhar bem diferente sobre o autismo, como talvez nunca tenha sido mostrado.
 

 
Vincent Cassel está maravilhoso, como sempre. E isso conta muito. O filme é dos diretores Olivier Nakache e Éric Toledano, os mesmo que fizeram “Intocáveis” (2011). "Mais que Especiais" propõe muitas reflexões. Apresenta uma realidade da França, mas que certamente tem muitas semelhanças com o que é vivido em várias partes do mundo. Não é uma história de superação, nem bonitinha. É uma história de dores, de renúncia e, principalmente, de amor a uma causa. É uma obra necessária que merece ser vista.
 


Ficha técnica:
Direção:
Olivier Nakache e Éric Toledano
Distribuição: Califórnia Filmes
Exibição: Nos cinemas
Duração: 1h54
País: França
Gênero: Comédia
Nota: 3,5 (de 0 a 5)

02 julho 2020

"A Comédia dos Pecados" - Imagina se as paredes do convento falassem

Alison Brie, Aubrey Plaza, Kate Micucci são as freiras nada convencionais (Fotos: Sundance Institute/Divulgação)

Silvana Monteiro - Especial para o blog


Misturar o sagrado e o profano é uma receita  antiga pra mexer com a cabeça dos telespectadores. Em "A Comédia dos Pecados" ("The Little Hours"), mais um entre os top 10 da Netflix, outros ingredientes são acrescentados para esquentar a trama. Um convento habitado por jovens freiras com os nervos e os desejos à flor da pele. Erguido no meio da mata, é um lugar bucólico acessado apenas por uma ponte. Agora, imagine um jovem fugitivo - Massetto (Dave Franco), boa pinta, que até então, para elas, não ouve e nem fala, indo morar ali como criado?


O padre Tommasso (interpretado por John C. Reilly), responsável pelo local, e a Madre Superiora (vivida por Molly Shannon) tentam parecer  livres de qualquer suspeita para  manter as moças firmes na doutrina. Ah! Mas essa história de desejos sexuais reprimidos todo mundo já imagina no que pode dar.


E por falar em dar, as freiras Alessandra, Fernanda e Ginevra - papéis de Alison Brie, Audrey Plazza e Kate Micucci - não vão deixar barato. A fortaleza divina, neste caso, fica restrita às grossas paredes do castelo, pois nesse enredo tem de escravo sexual a rituais secretos na floresta e homossexualidade. O longa "A Comédia dos Pecados" é baseado na obra "Decameron" uma coleção de 100 novelas escritas pelo poeta renascentista Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353. Foi exibido, inicialmente, no Festival Sundance, de 2017.


Além disso, as freiras enclausuradas contam com a ajuda de um animal, que nessa história, pra sorte delas, não recebeu o dom da fala. As insaciáveis religiosas não se intimidam diante da confissão e da penitência, pelo contrário vão fazer de tudo pra viver seus pecados.

O filme tem uma boa fotografia, graças às locações feitas na bela região da Toscana, na Itália. Com leves pitadas de humor, o enredo beira a fragilidade. Mas se você quer ver uma história que mistura sensualidade, humor, sexualidade e cenas de romances sórdidos, se joga!


Ficha técnica:
Direção e roteiro
: Jeff Baena

Distribuição: Netflix
Duração: 1h30
Gêneros: Comédia / Sexo
Países: EUA / Canadá
Classificação: 16 anos

Tags: #AComediaDosPecados, #TheLittleHours, @DaveFranco, @AlisonBrie, #convento, #comedia, #humoracido, #sexo, @Netflix, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

26 junho 2020

"Feel The Beat” - Um passo atrás para chegar a um lugar melhor

Sofia Carson é a dançarina que terá de rever sua vida e seu comportamento para voltar a brilhar (Fotos: Netflix/Divulgação)

Silvana MonteiroEspecial para o blog


Quer amaciar um coração duro como pedra e conquistar um sonho sem pisar em outras pessoas. Então assista "Feel The Beat", produção da @Netflix que estreou no dia 19 de junho e está entre os filmes mais vistos desta semana. Chegou ao top 2 de títulos. O enredo discute persistência, garra, busca pela realização profissional e, mais do que nunca, como uma jovem com um temperamento difícil vai ter que se estabacar, no mais amplo sentido da palavra, e compreender que não precisa ser arrogante e cruel pra se dar bem na vida.


A obra é um bom exemplo de que não se deve seguir um sonho às cegas, sem dar valor às pessoas e circunstâncias que te guiaram até ele.  É um daquelas histórias que perpassa pela insolência da protagonista, até sua queda e seu renascimento permeado de humanidade e empatia. Segue muito a linha de produções românticas, indicadas para verem vistas com a família, como as da Disney.

Coincidência ou não, a protagonista escolhida foi Sofia Carson, da franquia "Descendentes" (2015), também da Disney Studios. Ela interpreta April, uma bailarina do interior que busca, incansavelmente, pela fama na Broadway. Para isso, trocou sua cidadezinha e largou pra trás o pai (Enrico Colantoni) e o namorado Nick, vivido por Wolfgang Novogratz, ator que tem sido bem requisitado para comédias românticas teen da Netflix, como "Nosso Último Verão" (2019) e "Você Nem Imagina" (2020), ambas em exibição na plataforma.


Falar em exposição vergonhosa nas redes sociais é pouco pra descrever a trajetória da jovem, disposta a tudo para conseguir um lugar como bailarina em um musical da Broadway. Até mesmo jogar uma professora palco abaixo, ter esse momento gravado e viralizado na internet e se expor diante de um jurado pelas avenidas da capital do mundo.


Ah, mas pra conquistar tudo que ela quer, o destino vai fazê-la voltar para tudo que deixou. O primeiro desafio é ensinar um grupo de meninas desengonçadas do estúdio de dança da comunidade e que ainda é dirigido por sua antiga professora Barb, interpretada por Donna Lynne Champlin. Esse é o clímax do filme.


É bem fácil o telespectador experimentar amor e ódio por April ao vê-la ensinando de forma perversa menininhas indefesas, diga-se maltratando as alunas, ao mesmo tempo em que tenta se reerguer do fracasso pessoal e voltar a brilhar.


Mas acima de tudo, precisará entender que respeito, empatia e o amor de seu pai, do ex-namorado e do povo de sua cidade são bem mais importantes que a fama pura e simples. Uma produção leve, com muita dança e boa fotografia - a região de Wisconsin, terra natal de April, proporciona um belo visual. Ideal para relaxar e assistir com a família no sofá, com bastante pipoca.


Ficha técnica:
Direção: Elissa Down
Distribuição: Netflix
Duração: 1h49
Gêneros: Comédia / Família / Romance
País: EUA
Classificação: Livre

Tags: #FeelTheBeat, @NetflixBrasil, @SofiaCarson, @WolfgangNovogratz , #Liçãodevida, #dança, #filmeparaafamília, #esperança, #comedia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

23 junho 2020

"Um Crime para Dois" - comédia pastelão romântica de pouca graça

Issa Rae e Kumail Nanjiani interpretam o casal principal que se envolve em um assassinato (Fotos: Netflix/Divulgação)

Maristela Bretas


Fim de noite, buscando algum filme bem leve, de preferência uma comédia para dormir sem estresse e os canais a cabo não ajudam com as opções? Melhor procurar nos streamings com cuidado. Tem muita produção que deixa a desejar. É o caso de "Um Crime para Dois" ("The Lovebirds"), em exibição na Netflix. A ideia é boa, mas pouco original, lembra "Uma Noite Fora de Série" (2010), com Steve Carell e Tina Fey. Mas o produto final é fraquinho, mesmo explorando comédia, romance e alguma coisa de ação.



No filme, o casal Leilani e Jibran, interpretados por Issa Rae e Kumail Nanjiani, está em crise e começam a falar em separação quando um acidente muda suas vidas. Os dois acabam envolvidos em um assassinato e precisam se unir para encontrarem o assassino e provarem sua inocência. E quanto mais se aproximam do criminoso, mais mortes vão ocorrendo pelo caminho.



Rae e Nanjiani têm uma boa química, convencem como um casal romântico desde o momento em que se conhecem. Os diálogos são bons, algumas piadas rápidas e bem colocadas, exceto quando as brigas começam e se tornam histéricas. Mas nem mesmo o talento da dupla consegue salvar o roteiro mediano de Martin Gero, que apresenta o vilão logo nos primeiros minutos e entrega um final previsível, sem qualquer comicidade e pouco romântico.


Ficha técnica:
Direção: Michael Showalter
Exibição: Netflix
Duração: 1h27
Classificação: 14 anos
Gêneros: Comédia / Romance / Aventura policial
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #UmCrimeParaDois, @Netflix, @IssaRae, @KumailNanjiani, #comedia, @cinemanoescurinho, @cinemaescurinho

22 junho 2020

Site Espaço Itaú de Cinema exibe "Deerskin: A Jaqueta de Couro de Cervo", somente hoje

Jean Dujardin foi fundamental para a construção do personagem Georges e sua loucura (Fotos: Califórnia Filme/Distribuição)

Da Redação


Dirigido por Quentin Dupieux, "Deerskin: A Jaqueta de Couro de Cervo" está na programação do Festival de pré-estreias online do Espaço Itaú de Cinema. O filme foi exibido na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes de 2019 e no Festival de Cinema do Rio e ficará disponíveis até esta segunda-feira (22) no site do Espaço Itaú de Cinema (www.itaucinemas.com.br/espacoitauplay), a R$ 10,00, sendo 20% do valor destinado à Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (APRO), que vai auxiliar aos profissionais do audiovisual afetados pela pandemia.


Protagonizado pelo vencedor do Oscar, Jean Dujardin, que interpreta Georges, que tem toda a sua vida mudada ao encontrar uma fascinante jaqueta de couro de cervo. A vestimenta passa a ser sua principal obsessão e o leva até uma jornada de possessividade, ciúmes e comportamento psicótico. Quando menos percebe, Georges se tornou outra pessoa.

"Deerskin: A Jaqueta de Couro de Cervo" é uma comédia onde o humor se encontra na subversão do personagem, colocando o nonsense a favor do suspense crescente sobre um homem obcecado por sua nova jaqueta. Fala sobre a loucura, ao mesmo tempo em que mostra a angústia existencial do personagem, misturando humor e terror, por trás de brincadeiras aparentemente inconsequentes.


Jean Dujardin, que ganhou o Oscar por seu papel em “O Artista”, foi fundamental para a construção desse personagem. "Durante as filmagens o personagem estava praticamente encarnado nele, era totalmente habitado por Georges no set, podíamos ver nos olhos dele que não estava fingindo, ele viveu o filme ao mesmo tempo em que se divertia muito”, lembra o diretor.

Quentin Dupieux tem em sua filmografia algumas comédias absurdas, como “Rubber” e “Au Poste!”, propõe aqui uma síntese dessas abordagens, personalizando a jaqueta de cervo, enquanto transforma um falso filme que Georges afirma estar preparando em um projeto de consequências extremas. "Eu realmente queria me confrontar com um personagem que descarrila, sem artifício, sem meus truques habituais. Aqui, o personagem é concreto. O mundo ao seu redor também. Você poderia passar por alguém como George na rua. Você poderia até ser o George e isso é assustador”, conclui.


Ficha Técnica:
Direção: Quentin Dupieux
Distribuição: Califórnia Filmes
Gênero: Comédia
Países: França / Bélgica
Duração: 1h38
Site: www.itaucinemas.com.br/espacoitauplay

Tags: #DeerskinAJaquetaDeCouroDeCervo, #Deerskin, @QuentinDupieux, @JeanDujardin, #comedia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

10 junho 2020

"O Método Kominsky", uma história sobre a velhice e a amizade: o que dá pra rir, dá pra chorar

Michael Douglas e Alan Arkin brilham com ironia e inteligência na série da Netflix (Michael Yarish/Netflix)

Mirtes Helena Scalioni


Houve quem dissesse que "O Método Kominsky" ("The Kominsky Method") seria a versão masculina de "Grace and Frankie". Pode ser. Afinal, ambas as séries da Netflix tratam, de forma irônica e inteligente, da velhice. Enquanto na produção das mulheres brilham os talentos de Jane Fonda e Lily Tomlin, na outra, Michael Douglas, de 74 anos, e Alan Arkin, de 84, esbanjam experiência e charme num bate-bola raro de se ver. 


Houve também quem se queixasse de que "O Método Kominsky" não deveria ser classificado como comédia, gênero no qual a série venceu o Globo de Ouro de 2018, além de ter faturado o troféu de Melhor Ator para Michael Douglas. Puro exagero e purismo. O que torna a produção diferente, instigante e contagiante é exatamente o humor ácido, a forma sagaz com que os dois personagens lidam com as agruras da velhice. 

Os diálogos, extremamente aguçados e hábeis, fazem rir sim, mas também ajudam a pensar, a refletir. Não é fácil ficar velho, mas é possível enfrentar essa fase da vida com uma boa dose de deboche e sarcasmo. Por que não? Se fosse totalmente séria e chorosa, talvez não fizesse tanto sucesso.


"O Método Kominsky" é mais um sucesso do roteirista e produtor Chuck Lorre, que já assinou êxitos como "Two and a half man". Passando dos 60 anos, Chuck mostra que sabe mesmo como cativar o público, mesmo que o tema seja pesado e difícil. Talvez por isso, ele tenha juntado às inevitáveis dores do envelhecimento uma relação de amizade que se mostra forte, verdadeira e comovente - claro que daquele jeito masculino de ser amigo. 

Nem é preciso dizer que Michael Douglas e Alan Arkin estão perfeitos. Ambos se entregam com gosto e sem pudores aos papéis de Sandy Kominsky e Norman Newlander. O primeiro, ator em fim de carreira e professor de uma escola de interpretação de atores; o segundo dono de uma bem-sucedida agência de artistas. As diferenças entre as personalidades dos dois também ajudam a enriquecer a série. 



Sandy é mulherengo, desorganizado financeiramente e conquistador. Norman fez carreira brilhante, tem dinheiro, gosta de trabalhar e acaba de perder a mulher com quem foi casado por mais de 40 anos. Os dois já levaram pelo menos um Oscar pra casa: Douglas, em 1987, por sua atuação em "Wall Street", e Arkin como ator coadjuvante em 2006 por "Pequena Miss Sunshine".

Como se não bastasse todos esses predicados, "O Método Kominsky" tem outros atributos. Trata-se de uma série pequena - apenas duas temporadas até agora com oito episódios cada. Os capítulos também são mínimos. Impossível ficar cansado. Claro que não há cenas de violência nem de perseguições com carros. Mas tem muito de humanidade, empatia e humor nos diálogos, mesmo quando falam de câncer, medo da morte, próstata, perdas, dores, velórios, brochadas, limitações. O que dá pra rir, dá pra chorar.


Ficha técnica:
Direção: Chuck Lorre
Duração: 30 minutos cada episódio
Classificação: 12 anos
Gênero: Comédia
Exibição: Netflix

Tags: #OMetodoKominsky, #TheKominskyMethod, @MichaelDouglas, @ArlanArkin, #comedia, @ChuckLorre, @seriedeTV, @Netflix, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

25 abril 2020

Uma história e várias versões sobre a vida (secreta?) pós-celular, ambas na Netflix

(Montagem sobre fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Marido e mulher - ele cirurgião plástico, ela psicóloga - recebem em casa para um jantar dois casais e mais um amigo desacompanhado. O clima é de confraternização, quase festa, no início da comédia "Nada a Esconder". A princípio, todos estão ali para apreciar, da varanda, um prometido eclipse lunar. Nota-se que há intimidade entre eles como se conhecessem há anos. 

O único que está solteiro é Pepe, que já chegou se desculpando por não trazer a namorada nova: ela está doente - foi o que ele disse, para decepção de todos, que esperavam conhecer, enfim, a nova namorada dele. Nada mais corriqueiro e natural do que um jantar entre velhos amigos de classe média alta, o vinho rolando generosamente, o anfitrião na cozinha preparando pratos sofisticados.


O clima começa a mudar quando um dos personagens sugere que todos coloquem seus celulares sobre a mesa e que, a partir daí, todas as ligações, notificações e mensagens sejam abertas e lidas publicamente. O jogo, a princípio interessante e engraçado, passa a gerar uma certa tensão quando máscaras começam a cair, traições vêm à tona, revelações criam conflitos, segredos comprometem relações de casais e velhas amizades. 


De tão contemporâneo, instigante - e por que não? - divertido, esse mesmo roteiro de "Nada a Esconder", que foi filmado a primeira vez em 2016 pelo italiano Pablo Genovese com o nome de "Perfetti Sconosciuti", já ganhou versões em produções na Grécia, Espanha, Turquia, Coreia do Sul, China, Polônia, França e México. Um fenômeno. As duas últimas montagens, ambas de 2018, a mexicana e a francesa (além da espanhola), estão disponíveis na Netflix e é quase impossível escolher entre uma delas. Ambas são excelentes.



Na versão mexicana da comédia, que  ganhou o nome de "Perfeitos Desconhecidos" ("Perfectos Desconocidos") como na produção espanhola de 2017, é possível reconhecer as cores mais fortes, o clima quente das discussões e conversas e, claro, o jeito peculiar de interpretação dos atores. Há certo exagero nessa montagem, dirigida e roteirizada por Manolo Caro. Os risos são nervosos, há uma ironia no ar. A equipe de intérpretes é composta por Mariana Trevino, Cecília Suarez, Manuel Garcia-Rufo ("Sete Homens e Um Destino" - 2016), Camila Valero, Miguel Rodarte, Bruno Bichir (série "Narcos" - 2015) e Franky Martin.


Já na produção francesa, "Nada a Esconder", vê-se a fleuma e o charme de um típico encontro entre pessoas que conhecem - e apreciam - um bom vinho, entendem e falam de gastronomia. O ambiente é mais discreto e refinado, os gestos são mais contidos. A direção impecável é de Fred Cavayé e o nome original do longa é "Le Jeu" - "O Jogo", título muito apropriado por sinal. No elenco estão Bérénice Bejo, Stéphane de Groodt, Suzanne Clément, Vincent Elbaz, Doria Tiller, Roschdy Zem, Grégory Gadebois e Fleur Fitoussi.

As duas histórias - mexicana e francesa - são absolutamente iguais, com a ação totalmente desenvolvida numa sala de jantar. As nuances ficam por conta da atuação de atores e atrizes. Em ambas, há um misticismo qualquer no ar por conta do eclipse - a Terra esconde a Lua? Em ambas, devagar, o que vão sendo desnudados são o preconceito, a hipocrisia e a vida de fachada de uma classe média moderninha e charmosa.


Fichas técnicas:
Perfeitos Desconhecidos
País: México
Direção: Manolo Caro
Duração: 1h44
Distribuição: Netflix
Classificação: 14 anos

Nada a Esconder 
País: França
Direção: Fred Cavayé
Duração: 1h33
Distribuição: Netflix
Classificação: 14 anos

Tags: #NadaAEsconder, #LeJeu, #PerfeitosDesconhecidos, #PerfectosDesconocidos, #FredCavayé, #ManoloCaro, #comedia, @Netflix, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

10 abril 2020

Quarentena pipoca no sofá - A força das mulheres

(Montagem sobre fotos de Divulgação)


Maristela Bretas


Chegou a vez de o Cinema no Escurinho indicar bons filmes sobre mulheres fortes, que ocuparam seu espaço e mudaram seus destinos. Empresárias, empreendedoras, donas de casa, esposas, companheiras e mães ou tudo junto e misturado, aqui vão algumas produções que merecem ser vistas ou relembradas neste período de quarentena. Elas estão disponíveis de graça nos canais a cabo e de streaming. As que estão com o link têm críticas no blog, feitas por nossos colaboradores. E lembre-se: fique em casa e curta seu cineminha no sofá com um bom balde de pipoca.

Mulher Maravilha (2017) - Telecine
- As Golpistas (2019) - Now // Amazon Prime
- Comer Rezar Amar (2010) - Netflix // Now
Adoráveis Mulheres (2019) - Now
- Mrs. Brown (1997) - Amazon Prime
- O Diabo Veste Prada (2006) - Telecine


- As Viúvas (2018) - Telecine
- A Dama Dourada (2015) - Telecine // HBO
- Philomena (2013) - Telecine
- Perfeita é a Mãe (2016) - Netflix 
- Perfeita é a Mãe 2 (2017) - Telecine // HBO // Amazon Prime
- Minha Mãe é uma Peça (2013) - Telecine
- Minha Mãe é Um Peça 2 (2016) - Telecine
- Minha Mãe é uma Peça 3 (2019) - Telecine


- The Post: A Guerra Secreta (2017) - Telecine // Amazon Prime
- Mama Mia ( 2008) - Netflix // Telecine
- Duas Rainhas (2018) - Now
- A Favorita (2018) - Telecine
- Coco Antes de Chanel (2008) - Now
A Grande Mentira (2019) - Telecine
- Sob as Estrelas (2019) - Now


- A Vida Secreta das Abelhas (2008) - Telecine
- Aquarius (2016) - Telecine / Netflix
- Que Horas Ela Volta (2015) - Telecine
A Esposa (2017) - Telecine
- Se Eu Fosse Um Homem (2017) - Netflix
- Central do Brasil (1998) - Telecine


Tags: #grandesmulheres, #poderfeminino, #Telecine, #AmazonPrime, #HBO, #Netflix, #FilmesDoYoutube, #drama, #comedia, #ação, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

23 fevereiro 2020

"Minha Mãe é Uma Peça 3" - uma ótima opção para quem não curte o Carnaval mas quer se divertir

Paulo Gustavo se supera e apresenta uma Dona Hermínia mais emotiva e estressada (Fotos: Downtown Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Está sem ideia de um bom filme para se divertir neste carnaval. Então fica aqui a dica do @cinemanoescurinho. A ótima comédia "Minha Mãe é Uma Peça 3" é tão boa ou até melhor que a primeira. Este terceiro filme de Paulo Gustavo é sucesso em tudo: mais divertido, mais emocionante e mais ousado na abordagem de alguns temas. O longa-metragem se tornou a maior bilheteria da história do cinema nacional em ingressos vendidos a um público real, que lotou as salas por todo o país -11 milhões de espectadores e arrecadação de mais de R$ 180 milhões até a primeira quinzena de fevereiro. Ao contrário do filme que ocupa o "primeiro" lugar, cujas entradas foram adquiridas pela produtora, para garantir liderança no ranking de bilheterias, mas com salas vazias de público. 


Além de bater o tal filme no quesito lugares preenchidos, em dezembro "Minha Mãe é Uma Peça 3" também ultrapassou dois dos sucessos mais esperados da Disney para 2019 - "Star Wars: A Ascensão Skywalker" e "Frozen 2" - na semana de seus lançamentos. Passados dois meses, a comédia nacional continua firme em cartaz, ao contrário destes e do intitulado "líder", atraindo um bom público para as salas. 

Algumas pessoas estão assistindo até mais de uma vez as peripécias de Dona Hermínia, personagem criado e consagrado por Paulo Gustavo. O ator é também roteirista do filme, além de multitarefas na vida real. Novamente, ele é dirigido por Suzana Garcia, com quem trabalhou nas comédias "Os Homens são de Marte... e é Pra Lá Que Eu Vou" (2014) e "Minha Vida em Marte" (2018), tendo dividido a tela com Mônica Martelli.


Apresentada em 2013, Dona Hermínia caiu nas graças do público brasileiro, como uma mãe superprotetora, completamente estressada com os filhos Marcelina (Mariana Xavier) e Juliano (Rodrigo Pandolfo), a irmã Iesa (Alexandra Richter), a diarista Waldeia (vivida pela ótima Samantha Schmütz) e ainda ter que aguentar a atual namorada do ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri). Até que resolve fugir de casa para dar um tempo e encontrar um objetivo na vida.

Três anos depois, ela retorna para um novo sucesso com "Minha Mãe é Uma Peça 2", agora como apresentadora de um programa de TV. Apesar de ter ficado rica, continua sofrendo com os filhos que saíram de casa para seguirem suas vidas. Para seu desespero, a irmã Lúcia Helena (Patrícia Travassos), ovelha negra da família, retorna ao Brasil para criar mais confusão.


Dona Hermínia não tem sossego e vai enfrentar duas mudanças radicais neste terceiro longa - Marcelina grávida e Juliano casando com Thiago (Lucas Cordeiro), um antigo namorado e Carlos Alberto tentando uma reconciliação. O coração não aguenta tanta emoção. E é exatamente aí que "Minha Mãe é Uma Peça 3" se destaca. Paulo Gustavo passa para seu personagem o amor e a emoção que está vivendo na vida real de ter filhos pela primeira vez. Os lindos bebês são mostrados numa das cenas, levados num carrinho pelo marido do ator. A mãe de Paulo, como nos outros dois filmes, volta com carga total no final, brigando muito com ele e se mostrando uma avó bem coruja.


Susana Garcia ousou na abordagem de alguns temas sérios pouco tratados em comédias nacionais: o casamento gay de Juliano, aceito e abençoado pelas famílias; a escolha de Marcelina em viver com o marido uma vida mais saudável no campo e ter o filho de parto normal; e a coragem de uma mulher em sair de um casamento de conveniência, recheado de dinheiro e traições, e iniciar uma nova vida. Bons exemplos para muitas pessoas.


Mas o lado engraçado ainda é o forte em "Minha Mãe é Uma Peça 3". Difícil não dar boas gargalhadas com Dona Hermínia, que está cada vez mais histérica, sarcástica e estressada, proporcionando ótimos momentos durante todo o filme. Uma das melhores comédias nacionais dos últimos tempos. Se ainda não assistiu, não sabe o que está perdendo. O longa está em exibição em várias salas das redes Cineart e Cinemark em BH, Betim e Contagem, Cinépolis no Shopping Estação BH e Cinesercla no Big Shopping, em Contagem.


Ficha técnica:
Direção: Susana Garcia
Produção: Migdal Filmes/ coprodução Globo Filmes / Telecine / Universal Pictures International/ Paramount Pictures Corporation
Distribuição: Downtown Filmes /co-distribuição Paris Filmes
Duração: 1h45
Gênero: Comédia 
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: "MinhaMaeEUmaPeca3, #DonaHerminia, @PauloGustavo, @MigdalFilmes, @ParisFilmes, @DowntownFilmes, @SusanaGarcia, #comedia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho