Mostrando postagens com marcador #ficção. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #ficção. Mostrar todas as postagens

10 janeiro 2022

Os favoritos do Cinema no Escurinho de 2021 no cinema e plataformas de streaming

"Mare of Easttown", minissérie policial dramática com Kate Winslet (Crédito: HBO Max)


Maristela Bretas

Seguindo a tradição de anos passados, o blog Cinema no Escurinho pediu novamente a seus colaboradores que indicassem filmes e séries lançados em 2021, no cinema ou plataforma de streaming.

Na telona, o destaque ficou em dezembro com o tão esperado "Homem Aranha: Sem Volta Para Casa", produzido em parceria pela Sony Pictures e Marvel Studios. O filme ainda está em exibição em várias salas do país.

Já o drama policial "Mare of Easttown", produzido pela HBO, foi o mais indicado pelo blog entre as séries exibidas em canais de streaming.

"Homem Aranha: Sem Volta Para Casa" (Crédito: Marvel Studios/Divulgação)

Aqui vão as dicas destas produções, algumas com links para as críticas feitas por essa turma que curte a sétima arte. E se quiser enviar alguma sugestão de filme ou série que não conste nesta relação (e são muitos), mande até o dia 16 de janeiro para o blog..

Vamos fazer uma seleção dos 20 favoritos indicados por nossos seguidores para uma nova postagem. O e-mail é cinemanoescurinho@gmail.com. Basta colocar o nome e onde a produção pode ser conferida - no cinema ou plataforma de streaming.

"Mentes Extraordinárias" (Crédito: Festival Varilux)

Carol Cassese
FILMES
A Mão de Deus (Netflix)
Mentes Extraordinárias (Cinema - assistido no Festival Varilux)
A Crônica Francesa (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Mães Paralelas (Aguardando entrar na plataforma de streaming)
Duna (HBO Max)

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
White Lotus (HBO Max)
Hacks (HBO Max)
Missa da Meia-Noite (Netflix)
Maid (Netflix)

"Duna" (Crédito: HBO Max)

Jean Piter Miranda

SÉRIES
Mare of Easttown (HBO Max)
WandaVision (Disney+)
Arcane (Netflix)
Falcão e Soldado Invernal (Disney+)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Não Olhe para Cima" (Crédito: Netflix)

Marcos Tadeu
FILMES
Noite Passada em Soho (Cinema)
Duna (HBO Max)
Marighella (Globoplay)
Maligno (HBO Max)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
Solos (Amazon Prime Video)
Clickbait (Netflix)
Lupin (Netflix)
Round 6 (Netflix)

"WandaVision" (Crédito: Disney+)

Maristela Bretas
FILMES
Marighella (Globoplay)
Ghostbusters - Mais Além (My Family Cinema)
Cruella (Disney+)
Luca (Disney+)

SÉRIES
WandaVision (Disney+)
O Homem das Castanhas (Netflix)
Lupin (Netflix)
Gavião Arqueiro (Disney+)

"Marighella" (Crédito: Factoria Comunicação)

Mirtes Helena Scalioni

FILMES

Ataque dos Cães (Netflix)
O Festival do Amor (Cinema)
A Filha Perdida (Netflix)
Veneza (Star+)
Druk: Mais Uma Rodada (Telecine)

SÉRIES
A Caminho do Céu (Netflix)
Manhãs de Setembro (Amazon Prime Video)
Maid (Netflix)
O Paraíso e a Serpente (Netflix)
Round 6 (Netflix)


21 dezembro 2021

"Matrix Resurrections" constrange uma das melhores trilogias da história

Keanu Reeves retoma o papel de Neo, um homem vivendo isolado do mundo, como se não pertencesse a ele (Fotos: Warner Bros Entertainment)


 

Wallace Graciano


Em qualquer lista de melhores filmes da história, certamente você encontrará "Matrix". Afinal, aquela obra revolucionária, lançada em 1999, bagunçou a cabeça de qualquer telespectador, com ideias sobre manipulação e realidade, fazendo com que o diálogo entre presente e futuro distópico fosse bem mais próximo do que se imaginava. Não à toa, ainda que com mais de 20 anos de lançamento, ainda tem um roteiro que envelheceu bem e traz impacto.


Sua sequência, "Matrix Reloaded”, trouxe um roteiro mais confuso, mas com diálogos mais intensos e lutas melhores coreografadas, o que aumentou o sentimento catártico dos fãs, que viam uma boa sequência para um filme inovador. 

Já em “Matrix Revolutions”, a trilogia teve um aparente fim digno, fechando respostas que ficaram nos roteiros anteriores. Eis, então, que vinha a dúvida: por que lançar um novo após tão grande hiato?


“Matriz Resurrections”, que estreia nesta quarta-feira, 22 de dezembro, é mais um filme que segue a onda sem criatividade de Hollywood, que lota salas de cinema com remakes e reboots, apostando na nostalgia e memória afetiva como chamariz para uma indústria em dúvidas de como se reconstruir.

A obra, que fique claro, é totalmente distinta da trilogia original já pela paleta de cores. Os tons escuros e esverdeados são deixados de lado, aliados à fotografia mais viva. Isso tudo contando a uma narrativa conduzida com humor descontraído e até mesmo com uma certa pitada de autoironia, como em uma das lutas que Neo (Keanu Reeves) terá de encarar durante a trama.


Ele, por sinal, está na Matrix como um desenvolvedor de jogos famoso, que perde sua vida social para trazer a sequência do que deu status de ícone da cultura pop. Ao mesmo tempo, sente-se isolado do mundo, como se não pertencesse a ele.  

Eis que, para acalmar seus anseios, Neo volta a seguir um coelho branco, fazendo referência aos seus antecessores e revivendo a memória afetiva da trilogia. Bom, o desenrolar, vocês já devem imaginar, certo?!


Após várias idas e vindas da Matrix, o filme se desenrola até em um ritmo constante, sem cansar muito o espectador. Porém, é sem o impacto de outrora, ainda que com uma atuação intensa e destacada de Carrie Anne-Moss (no papel de Trinity/Tiffany), que rouba o protagonismo da obra. Em suma, “Resurrections” é apenas mais um fan-service que vem para acalmar os anseios de uma galera envelhecida.


Por isso, vá ao cinema sem muitas expectativas, apenas buscando se divertir. Ou então sairá como os membros do grupo Gangrena Gasosa, que têm como um de seus sucessos a música “Eu não entendi Matrix”. Não por não compreender o roteiro, que é mais raso que os de outrora, mas, sim, entender o porquê de terem feito essa sequência. Um alerta: tem cena pós-créditos.


Ficha técnica:
Direção: Lana Wachowski
Produção: Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: Somente nos cinemas
Duração: 2h28
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ficção / Ação

16 novembro 2021

"Duna" tem visual grandioso, mas ótimo elenco é pouco aproveitado

Ficção dirigida por Denis Villeneuve conta no elenco principal com Timothée Chamalet e Rebecca Ferguson (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas e Jean Piter Miranda


Como dividiu "Duna" ("Dune") em duas partes, resolvi fazer esta crítica do filme em dupla com meu amigo e colaborador Jean Piter. Afinal esta grandiosa ficção científica do premiado diretor canadense Denis Villeneuve ("A Chegada" - 2017) merecia, apesar de alguns pontos que deixaram a desejar. "Duna" é espetacular em visual, locações, fotografia e elenco. Certamente será indicado a diversas premiações, inclusive o Oscar. O longa tem estreia prevista na HBO Max no Brasil já no final deste mês.


O quesito locação é fantástico e se deve a uma exigência de Villeneuve de que as cenas fossem gravadas em locais reais para retratar o desértico planeta Arrakis. E a escolha ficou para os desertos de Wadi Rum, na Jordânia, e Rub' al-Khali, em Abu-Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, cujas areias douradas foram palco da maioria das cenas de dunas. 

O mesmo aconteceu com os fiordes de Standlander, na Noruega, para a locação das montanhas e praias onde a família Atreides vivia. Já as filmagens de estúdio foram feitas em Budapeste, na Hungria. Realmente um filme internacional.


Mas se a parte visual garante o sucesso de "Duna", o desenrolar da história é o ponto fraco. Dividido em duas partes - o segundo filme foi confirmado para 2023 -, o longa se arrasta em explicações e disputas de gabinete cansativas. O elenco caro e de primeira é pouco aproveitado, e até o casal principal - Timothée Chamalet ("Me Chame Pelo Seu Nome" - 2018 e "Adoráveis Mulheres" - 2020), como Paul Atreides, e Zendaya (“Homem-Aranha: Longe de Casa” (2109), como Chani, a guerreira do deserto de Arrakis - até o momento, não tem química nem graça). 


O personagem de Chamalet não mostrou a força esperada como herói. A expectativa é que o potencial de atuação para um filme de ação seja apresentado no segundo filme. Zendaya ficou para a segunda fase, uma vez que pronunciou uma meia dúzia de palavras e uns cinco minutos de rápidas aparições. Vai ter trabalho dobrado para mostrar a que veio. 


O destaque na atuação fica para sempre ótima Rebecca Ferguson ("Doutor Sono" - 2019) como Lady Jessica, mãe de Paul, que domina as cenas em com uma presença marcante. Outro que também está muito bem é Oscar Isaac ("Star Wars - O Despertar da Força" (2015), como o duque Leto Atreides, pai de Paul. Mas como ele, o talento de muitos integrantes do elenco caro e de qualidade é pouco explorado. 


Isso aconteceu com Javier Bardem ("Todos já Sabem" - 2019) como Stilgar, o guerreiro do deserto; Jason Momoa (“Aquaman” - 2018) e Josh Brolin ("Vingadores: Ultimato" - 2019), como os guerreiros do duque Atreides, Duncan Idaho e Gurney Halleck; Stellan Skarsgard ("Vingadores: Era de Ultron" - (2015), no papel do barão Harkonnen; Dave Bautista ("Guardiões da Galáxia” - 2014), como Rabban Harkonnen, que apesar de ser guerreiro, praticamente não luta) e Charlotte Rampling (“Assassin's Creed” (2107), interpretando a Reverenda Mohiam, entre outros atores.


A história de "Duna" se passa em um futuro distante, com planetas comandados por casas nobres que fazem parte de um império feudal intergaláctico. Paul Atreides é filho do duque Leto Atreides e de Lady Jessica. Sua família toma o controle do planeta Arrakis, também conhecido como Duna, produtor de uma especiaria alucinógena - o melange. Na disputa com outras famílias pela extração da substância, ele é forçado a fugir para o deserto com a ajuda de sua mãe e se junta às tribos nômades.

Não podemos esquecer a trilha sonora, outro ponto forte do filme, sob a responsabilidade do premiado compositor Hans Zimmer ("Blade Runner 2049" - 2017). São 41 músicas, com destaque para a versão de "Eclipse", da banda Pink Floyd, de 1973.


A avaliação de Jean Piter
O elenco é maravilhoso, bem estrelado, sendo que Rebecca Ferguson é a que mais destaca no quesito atuação. Timothée Chalamet "manda bem", uma vez que o papel pede que ele seja mais introspectivo para depois se tornar um herói, embora se espere muito dele no filme. Mas não brilha tanto quando se esperava. O mesmo acontece com Zendaya, que teve uma participação muito pequena, não permitindo que ela seja avaliada.


Outros no elenco que não estão em sua praia são Josh Brolin e Javier Bardem, que não está ruim, mas causa estranhamento vê-lo neste tipo de filme. Dave Bautista também muito pouco aproveitado no filme. Esperava muitas cenas de ação com ele e elas não vieram. Talvez venham no filme dois. Jason Momoa também está muito bem, mas a aparência dele ainda lembra muito o Aquaman, principalmente nas cenas de ação.


Sobre as cenas de lutas, elas têm muitos cortes e são muito distantes, deixando a desejar, especialmente nos combates corporais. Em "Duna", você sente que as lutas estão numa velocidade mais baixa, bem lentas, se comparamos a filmes como "John Wick", em que elas e mostram mais dinâmicas e reais, com a coreografia bem ensaiada.

Quanto ao filme, eu também tenho receio que, por terem deixado toda a solução para o segundo filme, a produção não queira acelerar demais e acabe ficando corrido e estragando alguma coisa.

Enfim, ficou para a continuação a narrativa com mais ação e o melhor aproveitamento dos personagens que sobreviveram às batalhas deste primeiro filme. Uma coisa é quase certa: o visual continuará sendo o maior destaque. Vamos aguardar.


Curiosidades de "Duna"
- O filme é uma adaptação da renomada obra da ficção científica homônima, escrita por Frank Herbert em 1965.

- Para suportar o calor de 50 graus dos desertos, os atores precisavam gravar durante a madrugada, com horário restrito.

 - "Duna" já ultrapassou a marca de US$ 300 milhões nas bilheterias de todo o mundo, sendo que no Brasil, mais de 520 mil pessoas foram ao cinema, arrecadando mais de R$10 milhões.


Ficha técnica
Direção: Denis Villeneuve
Produção: Legendary Pictures / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros Pictures
Gêneros: Ficção científica / Drama
Classificação: 14 anos
País: EUA
Nota: 4 (0 a 5)

10 outubro 2021

“Caminhos da Memória” mistura drama, futurismo, romance e investigação e ainda sim é um filme raso

Hugh Jackman e Rebecca Ferguson são as estrelas desta produção, que agora está em canais de streaming (Fotos: Warner Bros. Entertainment)

Jean Piter Miranda


Em um futuro não muito distante, a cidade de Miami, nos Estados Unidos, está submersa, por causa do agravamento do aquecimento global. É nesse mundo que o investigador particular da mente Nick Bannister (Hugh Jackman, de "O Rei do Show" - 2017) usa uma máquina para ajudar pessoas a reviverem suas memórias. O mesmo equipamento que o ajuda em suas investigações. 

Até que um dia, Bannister se envolve com uma cliente, que desaparece. Para reencontrá-la, ele terá que enfrentar a máfia e ainda resolver um misterioso assassinato. Essa é a história de “Caminhos da Memória” ("Reminiscence"), disponível nos canais HBO Max, Youtube Filmes e Google Play. 


Emily Sanders (Thandiwe Newton, de "Han Solo" - 2018) é a assistente de Nick e trabalham com a máquina de rever e gravar memórias. A pessoa é colocada deitada, parcialmente coberta por água, com fios ligados à cabeça. As memórias visitadas são projetadas em holograma, como numa tela de cinema. 

O trabalho requer muita privacidade, já que Nick e Emily assistem tudo, inclusive lembranças íntimas dos clientes. Tudo fica gravado em pequenas placas de vidro, para que a pessoa possa assistir em casa quantas vezes quiser.  


Certo dia, Mae (Rebecca Ferguson, de "Missão Impossível: Efeito Fallout"- 2018) vai até consultório para rever uma de suas memórias que vão ajudá-la a encontrar uma chave perdida. Motivo muito bobo, por sinal. Mae e Nick acabam se envolvendo, mas depois ela some. Ele fica desolado e passa a usar a máquina para reviver as lembranças desse relacionamento. O que é bem arriscado, já que ativar as mesmas memórias várias vezes pode corromper parte do cérebro.  

Tempos depois, durante uma investigação, Nick é chamado para acessar as memórias de um homem que está perto da morte. Nas lembranças do cliente, ele vê Mae. Com essa pista, ele percorre o submundo de Miami em busca de sua amada. Aí é que tudo se complica.  


O filme é, vamos dizer, uma "mistureba". Tem coisa demais na trama. Nick e Emily são ex-combatentes. Filme de herói sempre tem ex-combatente. E tirando os americanos, ninguém entende essa lealdade que os ex-militares têm uns com os outros. Se é que isso existe. Nick faz o papel de mocinho, bem clichê. Mae é a mocinha bonita que precisa ser salva. Emily é a amiga que se preocupa com Nick e faz de tudo por ele.  


E tem outros clichês. O mafioso é japonês. O policial corrupto tem cara de mexicano. Os bandidos e capangas são negros, orientais e latinos. Sempre há um bar onde a máfia se reúne, com bebidas, mulheres e drogas. A mocinha é obrigada a se envolver com criminosos. 

Tem troca de tiros que destrói o bar. As pistas do crime vão surgindo facilmente para Nick e para o público. A água que cobre Miami não interfere em nada na trama. O desfecho é previsível, sem muita emoção. Tudo muito raso, sem trocadilho com a inundação.  


O título original é “Reminiscência”, que significa imagem do passado, lembrança vaga que é memorizada de forma inconsciente. Até faz sentido, já que Nick colhe informações das imagens periféricas das lembranças de pacientes para pegar pistas. Mas "Caminhos da Memória" se perde. 

Esperava-se mais de uma das criadoras da série "Westworld", que poderia entregar um ótimo drama psicológico e, no entanto, vem com uma salada de trama policial rasa e cheia de clichês, até mesmo no romance. Os atores se esforçam em boas atuações, mas isso não salva o filme. É mais uma produção que desperdiça um bom elenco e boas ideias.  


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Lisa Joy
Exibição: HBO Max, Youtube Filmes e Google Play
Duração: 1h56
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: Ficção / Romance / Suspense

24 agosto 2021

"Infinito" abusa dos erros e dos clichês e desperdiça uma boa história

Mark Wahlberg é um ser especial que pode rever vidas passadas e precisa impedir o fim do mundo (Fotos: Reprodução/Paramount Pictures)


Jean Piter Miranda

"Infinito" ("Infinite"), filme disponível na plataforma Paramount +, conta a história de Evan Mc Cauley (Mark Wahlberg), um homem que vive assombrado por memórias de vidas passadas. Quando é encontrado por uma sociedade secreta chamada "Infinitos", ele descobre o que é realmente é: um ser especial que tem todas as lembranças de suas antigas existências. Aí então se depara com um dos seus semelhantes, Bathurst 2020 (Chiwetel Ejiofor), que tem o plano de acabar com todo tipo de vida na Terra.

A ideia é muito boa e foi até comparada a Matrix. Em meio à humanidade, uma “raça” capaz de reencarnar. E a cada nova vida carrega consigo todas as memórias e habilidades de vidas passadas. Parte desse grupo usa dessa condição para tentar fazer do mundo um lugar melhor. Outros, querem por fim a esse ciclo, “descansar”, "se libertar”. Mas, para isso, não basta morrer, tem que destruir o mundo para não ter onde renascer.  


Era pra ser bom. Poderia ser muito bom. Mas "Infinito" exagera nos clichês e abusa dos erros de roteiro. O mocinho solitário que passa por problemas pessoais. O vilão que faz muitas caras e bocas, meio que pagando de louco. O combate final entre duas mulheres, que mesmo com pistolas e metralhadoras preferem sair na mão. A equipe do bem formada por gênios excêntricos, um fortão, uma garota bonita e um personagem oriental. E a turma do mal, claro, também é muito previsível.  

Mark Wahlberg e o diretor Antoine Fuqua

Os erros de roteiro são um tanto grosseiros. O vilão que uma hora está na sala e depois de uma explosão já aparece dentro de um carro, sem um pingo de poeira em seu terno, que está sempre alinhado, mesmo nas cenas de ação. Personagem molhado que segundos depois está seco.

Uma fortaleza de uma sociedade secreta que é encontrada facilmente e que é protegida por apenas três drones. Cena de ação em que o cara tem dezenas de armas à disposição, como pistolas e metralhadoras, e pega duas machadinhas para enfrentar um adversário sabidamente mais forte.  


São muitos e muitos os erros, que vão se acumulando, e que tornam "Infinito" difícil de engolir. Não dá nem para encarar como simples entretenimento. Cenas de ação fraquíssimas e completamente sem sentido. Tentar invadir uma fortaleza bem vigiada com um carro pela porta de frente? Saltar de um penhasco quando poderia ir de helicóptero e muitas outras situações que praticamente zombam da inteligência do espectador.  


Mark Wahlberg tem as mesmas poucas expressões faciais do início ao fim do filme. Dá a impressão de que ele não estava muito a fim de estar ali, que queria que tudo terminasse rápido. Ele tem potencial e já mandou bem em outras produções como “Quatro Irmãos” (2005), “Os Infiltrados” (2006), “O Vencedor” (2010) e, mais recentemente, em "De Repente Uma Família" (2018), também da Paramount Pictures. Mas nessa, atuou de forma decepcionante. Chiwetel Ejiofor, que brilhou em “12 Anos de Escravidão” (2014), se esforça muito, muito mesmo, para encarnar o vilão, mas não convence nem um pouco.


A mocinha Nora Brightman (Sophie Cookson) é inexpressiva. A mesma cara nas cenas de ação, de drama, de suspense. Não muda nem quando deveria interpretar medo ou dor. Dylan O'Brien, o menino da franquia “Maze Runner” ("Correr ou Morrer" - 2014, "Prova de Fogo" - 2015 e "A Cura Mortal" - 2018), faz o papel de Heinrich Treadway. Ele aparece pouco, tem um papel secundário, mas manda bem. É a única interpretação boa de todo o filme.  


O longa é uma adaptação do livro "The Reincarnationist Papers", de 2009, escrito por D. Eric Maikranz. A publicação tem 96% de aprovação entre os usuários do Google. Mas a produção cinematográfica tem se mostrado um desastre, com críticas negativas da imprensa especializada e dos espectadores.

"Infinito" teve um orçamento de US$ 100 milhões e era uma das grandes apostas da Paramount para 2021. Para aumentar o prejuízo, a produção utilizou 30 modelos de carros Aston Martin, muitos deles destruídos nas gravações.


A direção é do norte-americano Antoine Fuqua, que já fez muitos filmes e só tem um bom na carreira: “Dia De Treinamento” (2001), com Denzel Washington, sem esquecer que ele também dirigiu o ator em "O Protetor" (2014) e "O Protetor 2" (2018).

Sempre se esperou de Fuqua um novo filme de qualidade, impactante. Produção que nunca veio, mesmo trabalhando com boas histórias e ótimos elencos. Ele parece aquele jogador de futebol que brilha em uma única temporada, nunca mais repete as boas atuações e chega ao fim como eterna promessa.


Ficha técnica:

Direção: Antoine Fuqua Exibição: plataforma Paramount + Produção: Paramount Pictures e Di Bonaventura Pictures Duração: 1h46 Classificação: 14 anos País: EUA Gêneros: Ficção / Suspense / Ação Nota: 2 (de 0 a 5)

23 maio 2021

"Godzilla vs. Kong" - Batalha de titãs com ótimos efeitos especiais, mas roteiro fraco

Longa dirigido por Adam Wingard oferece grandes batalhas, no mar e em terra (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Um dos blockbusters mais esperados do ano, "Godzilla vs. Kong" entrega ótimas batalhas entre os dois gigantescos monstros, esbanjando em efeitos gráficos, nas cores e na destruição de cidades, como já era esperado. Mas deixou a desejar em roteiro e atuações, ao contrário dos outros três filmes de cada titã que anunciam para este encontro - "Kong - A Ilha da Caveira" (2017) e "Godzilla II: Rei dos Monstros" (2109), que repete parte do elenco nesta versão. E, claro, "Godzilla" (2014), que reforça os dramas pessoais e deixa a grande estrela como coadjuvante.

Este é o quarto filme do Monstroverso da Legendary Entertainment, o 36º filme da franquia Godzilla e o 12º filme da franquia King Kong. Se não fossem os três gigantes (sim são três, mas só assistindo o longa para entender), "Godzilla vs. Kong" não passaria de um filme de monstros gigantes no estilo japonês dos anos de 1970. Como seriados de TV antigos - "Ultraman" e "Ultraseven"-, por exemplo. 


A produção sobrevive graças aos milhões gastos com esses efeitos nos momentos de lutas e ataques grandiosos que acontecem desde o início do filme. São eles que não deixam a história ficar sonolenta. O elenco não tão caro, mas formado por nomes famosos - Millie Bobby Brown, Alexander Skarsgärd, Rebecca Hill e Kyle Chandler - flutua no cenário, como simples coadjuvantes, deixando bem claro quem são as verdadeiras estrelas. 


Brian Tyree Henry faz um papel chato, que chega a ser bobo em algumas cenas. Ele é um técnico em engenharia que vive tentando provar que seu patrão está envolvido em um grande complô mundial. A simpatia do filme fica para Kaylee Hottle, interpretando Jia, a menina que se tornou amiga de Kong e se comunica com ele por sinais. A escolha de uma chinesa foi mais um dos acertos dos produtores, de olho na bilheteira do maior mercado deste gênero.


"Godzilla vs. Kong" divide opiniões e torcidas desde que foi lançado no início de maio. Confesso que sempre simpatizei mais com o gorilão e acho "King Kong: A Ilha da Caveira" melhor que esta nova versão, que mostra o personagem mais triste, desejando voltar para seu lar original. 

Retirado do local onde reinava, ele agora vive dentro de uma área cercada, é estudado por cientistas e convive com humanos, tendo a pequena Jia como sua amiga. Até que Godzilla retorna à superfície e passa a atacar pessoas e cidades, sem motivos aparentes. Kong é usado por seus "protetores" para enfrentar o inimigo poderoso. Por trás dos panos, um empresário da tecnologia tenta encontrar a origem da força do raio de Godzilla.


Nesta versão, Kong apanha muito, mostra suas fraquezas e tem de usar sua força descomunal e o raciocínio para vencer o famoso lagarto gigante, e ainda enfrentar um terceiro inimigo mais forte que ele e Godzilla juntos.

Se o espectador não assistiu aos filmes anteriores terá dificuldade em entender como os titãs surgiram. O longa começa sem explicar nada da origem dos monstros e termina deixando novas interrogações - como começou a rivalidade entre eles se ambos vieram do mesmo lugar? Quem construiu o reino da Terra Oca? Outros monstros podem atacar a superfície?


Ou seja, caso haja um novo crossover do Monstroverso, o roteiro precisa ser mais bem trabalhado, explicar estas dúvidas para se justificar e conectar com as produções anteriores. E apostar forte tanto nos personagens gigantescos quanto no elenco. Inclusive no vilão, que nessa versão é muito fraco e dá a impressão de que só estava lá porque não havia outro para ficar no lugar. 

O elenco em segundo plano dá lugar às locações em paisagens paradisíacas de tirar o fôlego, em sua maioria, no Havaí. Foram usadas as florestas das selvas da ilha de Oahu para criar a reserva ecológica protegida da Ilha da Caveira, onde Kong e Jia residem com pesquisadores da Monarch. 

Praia de Honopu, em Oahu, uma das locações no Havaí (Divulgação)

O Centro de Convenções do Havaí ofereceu alternativas para criar uma ampla variedade de sets tanto para a Monarch quanto para a Apex, empresa do vilão Walter Simmons (papel de Demian Bichir). Houve ainda filmagens em locações como Lanai Lookout, os Palcos Kapolei, o Parque Estadual Sand Island, além de vários endereços na capital de Honolulu e em toda a ilha, além de gravações em Queensland, na Austrália.


Além dos efeitos gráficos e de luz e da fotografia, outro ponto positivo é a trilha sonora, com a música de abertura de Tom Holkenborg causando o impacto no público que o filme precisava e merecia. Cada monstro recebeu uma trilha própria, todas ótimas, mesmo com acordes bem parecidos. 

Achei, no entanto, que ficou deslocada a música de encerramento, que tenta mudar tudo o que foi mostrado nos 110 minutos anteriores. Ela tenta remeter a uma proposta de amizade e preservação ambiental, que só é apresentada nos minutos finais.

Como entretenimento, "Godzilla vs. Kong" vale a pena pelos excelentes efeitos e cumpre sua proposta, fazendo jus à famosa frase do cinema "Luz, câmera, ação". Pena ter deixado o roteiro em segundo plano.


Ficha técnica:
Direção: Adam Wingard
Exibição: Nos cinemas e em junho no HBO Max Brasil para assinantes
Produção: Legendary Pictures / Warner Bros
Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Duração: 1h54
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
Nota: 3,5 (de 0 a 5)