Mostrando postagens com marcador #BenedictCumberbatch. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #BenedictCumberbatch. Mostrar todas as postagens

16 maio 2022

"Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" introduz o terror no universo da Marvel

 Produção esbanja nos efeitos visuais e nas ótimas interpretações (Fotos: Marvel Studios)

Jean Piter e Maristela Bretas


Segue lotando salas de cinemas brasileiros o mais novo filme da Marvel, "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" ("Doctor Strange in the Multiverse of Madness"). A história se passa depois de os eventos de "Vingadores Ultimato" (2019) e de "Homem-Aranha Sem Volta pra Casa" (2021). O mundo aparenta alguma tranquilidade, mas de repente, seres de outras dimensões chegam à Terra. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) e seu parceiro Wong (Benedict Wong) percebem que algo muito ruim está para acontecer e vão unir forças novamente.

Para entender bem o filme é preciso saber algumas histórias anteriores. Em "Vingadores - Guerra Infinita" (2018), o vilão Thanos apagou metade da vida do universo. Em "Vingadores Ultimato", os heróis viajam no tempo e conseguem trazer de volta as pessoas que haviam desaparecido. 


Depois, no último filme do Homem-Aranha, o feitiço do Doutor Estranho abriu as portas do multiverso. Essa é mais uma etapa da Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM ou MCU em inglês), iniciada nos cinemas com "Viúva Negra" (2021) e na TV com a ótima série "WandaVision" (2021), o que abre a possibilidade de diversos mundos se cruzando no futuro.  

Em "Multiverso da Loucura" temos a introdução da personagem America Chavez (Xochitl Gomez). Ela tem o poder de viajar de um universo para outro. Habilidade que é desejada por um ser muito forte, digamos, o “vilão” da história. Chavez é perseguida e acaba parando na Terra, onde Wong e Strange tentam ajudá-la. Sabendo que se trata de uma grande ameaça ligada à magia, eles procuram a ajuda de Wanda.  


Strange tenta proteger Chavez a todo custo. Assim eles acabam fugindo por várias realidades. Em mundos onde há outros Doutores Estranhos, outras Wandas... Uma cópia de cada mundo, podemos dizer.

Chiwetel Ejiofor interpreta uma versão do Mordo, Rachel McAdams volta a interpretar a Dra. Christine Palmer. E não são participações gratuitas. Cada um tem sua importância na história. E tem também a introdução dos Illuminati, o grupo de heróis mais fortes e inteligentes reunidos para proteger os mundos.  


O filme é do Doutor Estranho, mas poderia ser da Wanda. Ela aparece como Wanda e também em sua versão mais forte, a Feiticeira Escarlate, em uma caracterização maravilhosa. Há também mais de uma versão de Stephen Strange, como mostrado nos trailers. E as interpretações de ambos estão excelentes. 

Entretanto, o ponto alto de "Multiverso da Loucura" é o terror. Não que seja um filme do gênero, ele continua sendo de ação, aventura, mas agora em vez de pitadas de humor como nos filmes do Thor ou dos Guardiões da Galáxia, temos recursos de terror em boa parte das cenas.  

O estilo sombrio de Sam Raimi

Essa mudança tem nome: Sam Raimi. O diretor que era muito conhecido pela trilogia do "Homem-Aranha" de Tobey Maguire tem o início da carreira marcada pela franquia “Uma Noite Alucinante”. Ele também dirigiu outros filmes do gênero. Pesadelos, almas penadas, zumbis, feitiços, reflexo no espelho, velas se apagando, possessão demoníaca, portas batendo, cenários sombrios... Tem um pouco de tudo na nova produção da Marvel. Graças a Raimi. Isso deu uma nova cara ao filme e ao mesmo tempo abre possibilidades para as próximas produções.  


A Marvel tem entre seus personagens vilões como Mefisto (demônio que governa o mundo dos mortos), Coração Negro (vilão poderoso e sem batimentos cardíacos), Zarathos (Anjo da Justiça), Chthon (Mestre da Magia do Caos), e vários outros. 

E ainda heróis e anti-heróis sombrios como Blade, Motoqueiro Fantasma, Cavaleiro da Lua e o próprio Doutor Estranho. Com tantas opções, dá pra se esperar outras obras mais voltadas para o terror, o que seria ótimo para diversificar o multiverso das produções cinematográficas que estão por vir.  


São duas horas de filme e muitos acontecimentos. Apesar disso, há quem possa achar que a história ficou incompleta, vaga, superficial. Que os personagens não tiveram o desenvolvimento adequado. Que os problemas não foram bem construídos. 

Mas a verdade é que tudo se encaixa. Longe de ser uma produção perfeita. Mas é muito bem construída. Tem início, meio e fim. E, claro, ficou tudo mais evidente pra quem assistiu as séries "What If...?", "Loki" e "WandaVision", todas ano passado.  


Havia muita expectativa com a introdução de dezenas de personagens. Muitas foram as teorias criadas na internet com as análises dos trailers, com supostos vazamentos. Ainda mais depois das aparições em "Homem-Aranha Sem Volta pra Casa" (2021). A maior parte disso não se concretizou, o que deixou muitos fãs relativamente frustrados e que acabaram não conseguindo enxergar os pontos positivos trazidos no novo filme do Doutor Estranho.  

Essa é uma boa oportunidade para rever a relação do público com os youtubers, influencers e sites voltados para o mundo nerd e de entretenimento. Esse monte de spoilers, especulações e supostos vazamentos têm estragado a experiência do cinema? É preciso refletir.  


Magia X feitiçaria

"Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" reforça a parte visual do mundo de cabeça para baixo, com dimensões se intercalando, como foi apresentado em "Homem-Aranha Sem Volta Para Casa". O filme começa com muita ação e se mantém assim até o final, com muita disputa entre magia e feitiçaria, numa viagem alucinante que abusa da computação gráfica e dos efeitos visuais, dignos de prêmios. 

Uma das cenas que mais merece aplausos é das notas musicais (não vou além para não estragar a surpresa). Um verdadeiro clássico, entregue pelas mãos do compositor Danny Elfman, responsável pela trilha sonora.


Além de apresentar personagens dos quadrinhos, pouco conhecidos da maioria do público e que podem ganhar futuramente versões solo para o cinema, o longa faz uma inversão de papéis, mostrando que heróis também podem se tornar vilões. E que até vilões podem ter momentos de razão e coração. A aparição desses novos personagens da Marvel, no entanto não causou (pelo menos na sessão em que eu estava) o impacto desejado, como foi com os três Homens-Aranhas do filme de 2021,

Elisabeth Olsen tem uma interpretação assustadoramente ótima, dominando as cenas. Uma continuação perfeita da sua personagem da série "WandaVision", da Disney+. Ela surgiu em "Vingadores: Era de Ultron" (2015) como Wanda Maximoff e foi crescendo no MCU e como super-heroína, entregando sua melhor atuação neste segundo filme do Doutor Estranho.


Sobre Benedict Cumberbatch não há muito que falar. Ele é o equilíbrio perfeito do longa, mostrando mais uma vez o excelente ator que é. Ele mantém a arrogância, a prepotência (e o charme) de sempre de seu primeiro “Doutor Estranho” (2016) e dos filmes dos Vingadores, mesmo quando está em desvantagem. Cumberbatch brilha, não importa se como super-herói e Mago Supremo dos Vingadores, ou como o vaqueiro Phil Burbank, do premiado "Ataque dos Cães" (2021), da Netflix.

"Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" tem como grande marco a abertura de outros mundos e outras realidades. Isso é muito importante para o que há de vir. Quem ainda não viu, vale a pena ver. Ao que tudo indica, essa é porta para uma nova fase em universos que vão se colidir. Quem já viu, vale a pena ver de novo e observar essa nova estética e todos os detalhes e referências que estão espalhados pelo filme.


Ficha técnica:
Direção:
Sam Raimi
Produção: Marvel Studios
Distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h06
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: Ação, aventura, fantasia

29 janeiro 2022

Lento e sem ação, “Ataque dos Cães” é um inesperado e brilhante faroeste dramático

Todo o elenco brilha, com destaque para Benedict Cumberbatch em uma de suas melhores interpretações (Fotos: Kirsty Griffin/Netflix)


Mirtes Helena Scalioni

Pode não ser verdade, mas já tem gente dizendo que o filme foi construído com a intenção de ser, no mínimo, um concorrente a Melhor Filme no Oscar 2021. Sombrio, dramático, enigmático e cheio de silêncios, “Ataque dos Cães”, em exibição na Netflix, foge dos clichês e consegue ser, ao mesmo tempo, faroeste e lento, além de ser um western que fala de homossexualidade. Mais paradoxal impossível. 

Experiente e respeitada, a diretora Jane Campion baseou sua obra num livro de 1967 chamado “The Power of the Dog” (“O Poder do Cão”, em tradução literal). O escritor, Thomas Savage, era autor de histórias de faroeste e sempre procurou esconder sua homossexualidade. Quem já assistiu ao filme sabe que isso faz todo o sentido.


Os irmãos Burbank – Phill e George – donos de uma grande fazenda em Montana nos anos de 1920, são como água e azeite. O primeiro, interpretado por Benedict Cumberbatch ("Doutor Estranho" - 2016), é violento, rude, ignorante. O segundo, em atuação de Jesse Plemons ("O Irlandês” - 2020), é doce, gentil e delicado. A partir daí, o conflito Caim/Abel começa a se desenhar. 


Principalmente quando George se casa com Rose Gordon (Kirsten Dunst, de "Estrelas Além do Tempo” - 2017), que traz a tiracolo seu filho gay Peter Gordon (Kodi Smit-McPhee, de "X-Men: A Fênix Negra" - 2019). Aqui é preciso um parênteses para dizer que todo o elenco está magistral, merecendo todos os prêmios por terem feito, na medida certa, personagens complexos e misteriosos. 

A ideia de levar o espectador, por um bom tempo, ao desconforto da dúvida, é plenamente cumprida. Nada é muito claro naqueles poucos diálogos e olhares.


Na medida em que os personagens são apresentados, “Ataque dos Cães” cresce ao mesmo tempo em dramaticidade. A lentidão, os longos silêncios e a falta de ação vão revelando a masculinidade tóxica de Phill, que insiste em agredir Peter até decidir transformá-lo num legitimo vaqueiro valente e macho.

O filme tem como partida o Salmo 22 que diz algo como “Salva a minha vida da espada/livra o meu ser do ataque dos cães”. Outra ideia que faz sentido no longa: ele é repleto de metáforas que esbarram na intimidade e nos segredos de cada personagem, na sexualidade e nos desejos reprimidos. Enfim, na diversidade e complexidade dos bichos internos de cada um.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jane Campion
Exibição: Netflix
Duração: 2h06
Classificação: 14 anos
Países: EUA / Reino Unido / Austrália / Canadá / Nova Zelândia
Gêneros: Faroeste // Drama

07 novembro 2018

"Grinch", o rabugento verde, abre a temporada das produções de Natal

Animação é adaptada do livro "Como Grinch Roubou o Natal", do escritor Dr. Seuss, que fez muito sucesso no mundo inteiro (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Ele é verde, mal-humorado, rabugento e o pior de tudo, odeia o Natal. E é exatamente nesta época que "O Grinch" ("The Grinch") é lembrado e ganha sempre uma nova versão. Como a animação que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, dos mesmos produtores da franquia “Meu Malvado Favorito” (2010, 2013 e 2016), “Minions” (2015), “Pets – A Vida Secreta dos Bichos” (2016) e "Sing - Quem Canta Seus Males Espanta" (2016).


Grinch é um ser verde, esquisitão, que tem como única companhia e amigo o fiel cão Max. Vive afastado do restante dos habitantes da pequena e alegre Quemlândia. E se durante o ano ele já evita aproximações, o mau-humor piora quando chega o Natal. Ah, o Natal! Todas aquelas pessoas sorrindo, comprando presentes e se organizando para a grande ceia, enfeitando suas casas e iluminando toda a cidade. E o rabugento verde odeia tudo isso.


Ao precisar descer à cidade para comprar mantimentos, ele acaba tendo contato com seus vizinhos, os Quens, e fica sabendo que o Natal deste ano será três vezes maior, o que aumenta sua raiva. Não se contentando em passar a data em sua caverna repleta de engenhocas e invenções feitas para suas necessidades do dia a dia, Grinch resolve bolar um plano para acabar com a festa de todos, roubando os presentes e enfeites. Ele só não contava que durante sua jornada do mal fosse conhecer uma rena muito comilona e uma adorável garotinha, que iriam mudar a sua vida e a de Max.


Benedict Cumberbatch faz a voz original de Grinch, enquanto Lázaro Ramos recebeu a incumbência de dublar o ser verde na versão para o Brasil. E cumpriu muito, dando o tom sarcástico ideal ao personagem, que é baseado no livro "Como Grinch Roubou o Natal", um clássico de 1957 do escritor Dr. Seuss, que vendeu milhares de cópias pelo mundo. Em 2000, Jim Carrey interpretou o personagem no cinema, na comédia de mesmo nome dirigida por Ron Howard, também abrindo o Natal daquele ano e atingindo um grande sucesso.


Muito colorido, com cenas hilárias do desengonçado ser verde e, principalmente do alegre e simpático Max, "O Grinch" vai agradar muito a criançada. E adultos também. A animação tem uma bela história, de solidão, abandono, fidelidade e, acima de tudo amizade.  Além de uma mensagem mostrando que o Natal não é só presente, mas um tempo de união e confraternização. Uma produção para ser curtida em família.



Ficha técnica:
Direção: Scott Mosier e Yarrow Cheney
Produção: Illumination  Entertainment / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h30
Gêneros: Animação / Infantil / Família
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #OGrinch, #LazaroRamos, #BenedictCumberbatch, #UniversalPictures, #animação, #família, Illumination Entertainment, #espaçoZ, #cinemas.cineart, #CinemaNoEscurinho