15 junho 2014

Diretor fala de "O Menino no Espelho", filme que faz a gente querer ser criança

Lino Facioli e o diretor Guilherme Fiúza durante as filmagens ( Fotos: Gustavo Baxter/Alicate)
Maristela Bretas

Inspirado na obra do escritor mineiro Fernando Sabino, com direção do belo-horizontino Guilherme Fiúza Zenha e produção de André Carreira e Camisa Listrada Ltda., estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas de BH o filme "O Menino no Espelho".


A história conta as aventuras do menino Fernando. Inteligente, criativo e muito inquieto, ele está sempre procurando alguma aventura ou brincadeira, ao lado se seu irmão, de seus dois melhores amigos e do fiel cão Capeto. 

Até que um dia, seu reflexo no espelho - Odnanref - ganha vida e passa a ser Fernando (Lino Facioli) nas horas de aperto e nas tarefas chatas. A coisa complica quando a cópia quer ficar com a prima recém-chegada de Fernando e tomar a vida dele. Nesta hora, nosso jovem aventureiro só poderá contar com seus fiéis amigos para voltar a controlar sua vida.



Mas como surgiu o interesse de filmar uma obra de Sabino? O blog Cinema no Escurinho conversou com o diretor Guilherme Fiúza Zenha:

Por que a escolha de uma obra de Fernando Sabino?
O filme reuniu vários contos do autor. Eu sempre quis trabalhar para crianças e adolescentes, fazer algo diferente. Não conhecia o livro. Em 1982 quando foi escrito eu estava com 14 anos e me interessava por literatura juvenil e adulta. Quem me apresentou o "O Menino no Espelho" foi minha ex-mulher, que é mais jovem e já havia lido e era encantada com a obra. 

O filme "O Menino no Espelho", assim como o livro, vai fazer o público voltar a se sentir criança?
A gente nunca deixa de ser criança. O que a obra faz é aflorar essa criança que todo mundo tem dentro de si. O filme é para todos os públicos. A preocupação durante a produção foi fazer com o filho, o pai e o avô se identificassem com a obra e viajassem no tempo. 

Porque a escolha de Lino Facioli para o papel de Fernando Sabino quando criança?
Foram quatro mil entrevistas e não conseguimos alguém com o perfil. No caso da Giovanna Rispoli e do Ravi Hood eu decidi de imediato que eles eram ideais para os papéis. André Carreira me apresentou o trabalho do Lino e ao conhecê-lo vi que era o menino ideal e que tinha muito do perfil do Fernando. 

Você acha que ele pode atrair o público, jovem principalmente, sendo um filme sem efeitos especiais e excesso de tecnologia?
Essa infância tecnológica fomos nós que criamos para nossas crianças. Elas querem aventura, magia. Comprovamos isso quanto fizemos as entrevistas com os personagens mirins. As respostas da maioria deles sobre o que mais os atraia tinham a ver com o universo de Fernando Sabino, principalmente o desejo de voar. Nós mostramos uma ficção científica às avessas, sem tecnologia, só magia e encantamento.

Você teve uma infância parecida com a de Fernando Sabino?
Tive parte da infância. Sou de Belo Horizonte, criado em apartamento. Mas minhas tias moravam em casa. Eu andava a pé com meus amigos para o Colégio Santo Antônio. Mas tinha uma tia em Dores do Indaiá, que era como se fosse minha avó. Lá eu podia fazer de tudo, com liberdade, brincar na rua. Ela sempre falava que menino tem que aproveitar a infância.

Como foi a recepção dos moradores de Cataguases e Miraí, onde ocorreram as filmagens?
Procurávamos uma locação que lembrasse Belo Horizonte dos anos 1930 e viemos parar em Cataguases. A cidade é linda e existe um encantamento. A casa usada para ser a do Fernando precisou passar por algumas mudanças para tirar interferências como grades e janelas modernas, de forma a remeter à época. Os donos ficaram encantados com o resultado. Assim como eles, os moradores foram maravilhosos, mesmo sabendo que a cidade era cenográfica. Tenho certeza que o filme vai tocar o coração de todos. Ele deverá ser passado na cidade em agosto deste ano.

Quais são os próximos projetos?
Estou negociando a adaptação de dois livros - um para adolescente e outro infanto-juvenil, que eu ainda não posso adiantar os nomes. Prefiro trabalhar para criança, ela é mais sincera na sua avaliação - gosta ou não gosta. O processo é mais poético.

O blog Cinema no Escurinho falará um pouco mais sobre "O Menino no Espelho" na próxima quinta-feira.

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