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08 dezembro 2021

12ª edição do Festival Varilux apresenta excelentes nomes do cinema contemporâneo

 (Crédito: Festival Varilux de Cinema/Divulgação)


Carolina Cassese
Correspondente no Festival

A produção cinematográfica francesa sempre teve um lugar cativo no coração do cinéfilo brasileiro, motivo pelo qual movimentos como a Nouvelle Vague angariaram fãs também por aqui. Assim como atores, atrizes e diretores (deste e de outros movimentos) se tornaram conhecidos, a ponto de virarem referências também em outros campos, como a moda. 

E é justamente por essa razão que o Festival Varilux de Cinema vem se firmando como boa oportunidade para ficar em dia com títulos que costumam estar disponíveis apenas em poucos cinemas. Ou nas plataformas de streaming, também dedicadas a obras mais independentes, como o Mubi. No ano passado, o Festival Varilux, como várias outras iniciativas, foi impactado pelo advento do novo coronavírus. 


Com as salas fechadas, a alternativa para não deixar órfãos os fãs dessa investida foi fazer uma edição online, gratuita. É agora, neste final de segundo semestre, que o público está podendo acompanhar as atrações totalmente na tela grande. 

Em cartaz desde o último dia 25 de novembro, o Festival Varilux se encerra nesta quarta-feira (8) em algumas salas de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Portanto, quem ainda não se programou, vale correr logo ao site e escolher o filme que melhor atender a seu gosto. 

"Nosso Planeta, Nosso Legado"

Em alguns espaços, como o Cine Theatro Vallourec, os longas ficarão até dia 19 de dezembro em cartaz. São nada menos que 18 filmes inéditos, incluindo o clássico "As Coisas da Vida" (Claude Sautet), o documentário "Nosso Planeta, Nosso Legado" (Yann Arthus-Bertrand) e a animação "A Travessia" (Florence Miaikhe). No Rio e em São Paulo, o evento também abarca uma homenagem a Jean-Paul Belmondo, falecido em setembro deste ano, aos 88 anos. 

Em Belo Horizonte, onde tem o apoio da Aliança Francesa, o evento pode ser conferido em três salas de exibição: no Una Belas Artes, no Cine Theatro Brasil Vallourec e no Cinemark Pátio Savassi. Os horários e valores são de acordo com cada cinema.



A reportagem do Cinema no Escurinho esteve no Rio de Janeiro, nos dias 25 e 26 de novembro, quando, a convite do evento, participou de encontros com a delegação francesa. Neste ano, a novidade foi a vinda de dois jovens atores - Sami Outalbali (muito conhecido, no Brasil, pela série britânica "Sex Education", da Netflix) e Benjamin Voisin -, além do veterano diretor Phillippe Le Guay (nome por trás de ótimas produções, como "As Mulheres do Sexto Andar") e do ator Olivier Rabourdin.

Sami Outalbali veio para apresentar o filme “Um Conto de Amor e Desejo”, segundo longa-metragem de Leyla Bouzid. Nele, interpreta Ahmed, um jovem tímido que, ao ingressar em um curso sobre literatura erótica árabe, acaba se aproximando de Farah, uma colega de classe que, por sua vez, acaba de chegar da Tunísia. 


No dia da entrevista, Sami contou que se enveredou pela carreira de ator ainda bem novo, por volta dos seis anos de idade - e com o apoio da família. Fez algumas produções para a TV francesa, até o citado papel, que o deixou conhecido mundo afora, na série da Netflix.

Também bastante jovem, Benjamin Voisin, por seu turno, veio apresentar a transposição para o cinema de um clássico da literatura francesa, "Ilusões Perdidas", do diretor canadense Xavier Dolan, baseado na obra literária de Honoré de Balzac. 

No filme, ele é Lucien Chardon, ou Lucien de Rubempré, um jovem pobre de Angoulême que mantém um caso de amor com Louise de Bargeton, uma mulher rica, mais velha e casada, interpretada por Cécile de France. 


Ele, embora trabalhe numa tipografia, tem pretensões literárias. Ela, enxergando nele um real talento na poesia, batalha para que seja publicado. Na iminência de um escândalo na pequena cidade, os dois vão para Paris, onde o talento é percebido por um jornalista, que o integra à redação de seu periódico, de viés liberal.

Acontece que Lucien joga para os dois times. Embora se identifique com os colegas de redação, e vá pouco a pouco construindo seu nome, ele ao mesmo tempo anseia por pertencer à elite. E, sem perceber, vai perigosamente se enredando. 

O filme é soberbo, com um elenco de primeira (além de Cécile de France, nomes como Gerard Depardieu e Jeanne Balibar), em meio ao qual Voisin (que já trabalhou com grandes diretores, como François Ozon) se sai maravilhosamente bem. Um nome que certamente ainda vai ser muito citado mundo afora.


Olivier Rabourdin não aparece tanto no filme que veio apresentar, "Caixa Preta", mas seu papel é decisivo. O título já dá um indicativo do tema, remetendo o espectador a um avião que, claro, vai sofrer um acidente. Mas não se trata de uma fita de tragédia, e, sim de uma investigação no qual um jovem especialista em acidentes aéreos vai logo se dar conta de que é mais intrincada do que ele inicialmente julgava (quando achou se tratar de um ato terrorista). 

Rabourdin é um veterano ator francês, já participou de dezenas de filmes. Na entrevista, como os demais colegas, esbanjou simpatia e senso crítico ao falar sobre as questões que são ali tratadas. Ao fim, um longa que vai deixar o espectador com os olhos pregados na tela.

"Um Intruso no Porão"

O último (mas não menos importante) membro da delegação foi o simpático diretor Philippe Le Guay, que conversou com a imprensa sobre "Um Intruso no Porão". Ele revelou que custou a cair a ficha de que o papel do vilão poderia ser interpretado por seu amigo, François Cluzet, um ator que geralmente coloca seu talento a serviço de outros tipos de personagem. Deu supercerto. 

Aqui, temos um casal que abriga um senhor, a princípio aparentemente simpático, no porão. Com o tempo, os dois percebem que se trata de um homem negacionista e, pior, antissemita. Ocorre que, a partir do momento em que já está instalado, tirá-lo dali não vai ser tarefa das mais fáceis. Um filme tenso e brilhante, acima de tudo necessário, numa época em que a ciência e acontecimentos históricos (como o próprio holocausto) são, inacreditavelmente, contestados.

"Enquanto Vivo"

Outro tema bastante abordado nas obras do festival é o fim da vida. Em “Enquanto Vivo”, que conta com a icônica Catherine Deneuve no elenco, acompanhamos um homem que foi diagnosticado com uma doença terminal e tem data marcada para morrer. A personagem principal de outro dos filmes da mostra, “Adeus, Idiotas”, atravessa a mesma questão. 

Mas é interessante notar que, apesar da premissa semelhante, essa produção é completamente diferente da primeira. Apesar de também ser denso, o longa protagonizado por Virginie Efira é uma ótima comédia - enquanto o de Deneuve, igualmente excelente, é bem mais dramático.

"Mentes Extraordinárias"

Em “Mentes Extraordinárias”, um de nossos protagonistas é agente funerário. Evidentemente, o tema da morte também marca presença nesse filme, que acompanha justamente a viagem de dois homens (unidos pelo acaso) em um carro funerário. A obra dirigida, escrita e protagonizada por Bernard Campan é sem dúvidas uma das mais sensíveis e emocionantes deste ano. Mais do que sobre a morte, é sobre o genuíno nascimento de uma amizade, sobre o acaso e caminhos que se cruzam.

São, portanto, longas que abordam temáticas bastante humanas e atemporais, ao mesmo tempo em que não deixam de ecoar questões contemporâneas. São obras que, sim, nos fazem pausar e refletir, mas também podem garantir excelentes risadas e, claro, um "quentinho" no coração.

Serviço:
12ª edição do Festival Varilux de Cinema

Locais de exibição:
- Una Belas Artes e Pátio Savassi - até esta quarta-feira (8)
- Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec - até 19 de dezembro
Acesse a programação dos filmes pelo site: https://bit.ly/3pxkySr
Exibições: 18 filmes inéditos
Gêneros: drama, romance, comédia, suspense, filmes históricos, animações e documentários.