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09 setembro 2018

"Benzinho", delicioso filme sobre afeto e laços de família

A família de Irene, Klaus, Fernando, Rodrigo e os gêmeos Fabiano e Matheus transparece amor e união (Fotos: Vitrine Filmes/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Alguns vão dizer que trata-se de um filme sobre a família. Outros dirão que é sobre a maternidade, embora se possa acreditar também que é sobre os afetos. Ou ainda: sobre a solidão - ou o medo dela. Melhor dizendo, "Benzinho" fala de laços e de como essas amarras podem ser mantidas e/ou destruídas. O grande diferencial, porém, do longa brasileiro de Gustavo Pizzi é a forma, escancaradamente simples e natural como a história é contada. Delícia de filme, para fazer rir e chorar.

O trunfo de "Benzinho", sua grande arma, é a atriz Karine Teles, que imprime uma credibilidade extraordinária a sua Irene, mãe de quatro - sim, quatro - filhos homens. Casada com Klaus (Otávio Muller), vivendo uma situação financeira angustiante e incerta, ela se vira como pode para dar conta das tarefas domésticas, ajudar nas despesas vendendo de marmitas a jogos de cama, cuidar da filharada e ainda acudir e apoiar a irmã Sônia (Adriana Esteves) que vive uma relação abusiva com o marido Alan (o ator uruguaio César Troncoso). Se sua vida já era difícil, vivendo essa verdadeira corrida de obstáculos, imagine o que pode acontecer quando seu filho mais velho, o adolescente Fernando (Konstantinos Sarris) recebe um convite para jogar handebol na Alemanha.

Corroteirista da história com o ex-marido Gustavo Pizzi, Karine Teles precisa basicamente do rosto para contar ao espectador o que se passa com ela. Em inúmeros closes, suas expressões tornam transparentes seus pensamentos, reações e sentimentos, mesmo que eles sejam ambíguos. E é com ela que o público passeia por um turbilhão de emoções e engasgos, dúvidas, angústias, posse, medos, insegurança.

Sua parceria com Adriana Esteves também é perfeita e transborda afeto e cumplicidade. A cena das duas na formatura de Irene (é preciso dizer que ela também faz o curso Médio) é um ótimo exemplo do bate-bola perfeito das atrizes que, com muita simplicidade (mais uma vez) enternece o público sem qualquer sinal de pieguice. Coisa de craques.

Mérito do roteiro, a família de Irene, Klaus, Fernando, o gordinho Rodrigo (Luan Teles, sobrinho de Karine) e os gêmeos Fabiano e Matheus (Arthur Teles Pizzi e Francisco Teles Pizzi, verdadeiramente gêmeos e verdadeiramente filhos da atriz e do diretor Gustavo Pizzi) transparece amor e união. Esse parentesco, essa aproximação, claro, aumenta a sintonia entre o grupo, que se mostra, desde o início e, acima de tudo, amoroso, embora confuso.

Quase como uma metáfora dessa família, a casa onde todos vivem em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, é cheia de problemas que nunca são reparados. A porta emperrada não abre, mas isso não é problema. Todo mundo entra e sai, naturalmente, pela janela, onde foi colocada uma escada improvisada. E não se fala mais nisso. Urgente mesmo é fortalecer os laços. Imperdível!
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos


Tags: #Benzinho, #loveling, #VitrineFilmes, #KarineTeles, #AdrianaEsteves, #OtavioMuller, #GustavoPuzzi, #drama, #lacosdefamilia, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho

05 setembro 2018

"As Herdeiras" aborda a agonia da elite e o amor entre duas mulheres maduras

Sem discursos, filme paraguaio é uma história sobre a decadência (Fotos: Imovision/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém espere ação ou estímulo em "As Herdeiras", filme paraguaio do diretor estreante Marcelo Martinessi. Lento e escuro, pode-se até dizer que o longa é discreto ao contar a vida de duas mulheres maduras, que estão juntas há décadas e que, devido à crise financeira, são obrigadas a vender pratarias, cristais, obras de arte e até móveis para sobreviver. Enfim, uma história sobre a decadência.

Chiquita e Chela vivem num casarão tão antigo quanto decaído e, de cara, o espectador descobre que o casal é formado por duas mulheres completamente diferentes uma da outra. Chiquita, interpretada por Margarida Irún, é atirada, alegre, extrovertida, gosta de festas e de encontros com as amigas. 

Chela é tímida, pacata, silenciosa, observadora, papel que caiu como uma luva para Ana Brun, pelo qual já recebeu pelo menos dois troféus: O Urso de Prata, em Berlim, e o Kikito, em Gramado, ambos como Melhor Atriz. Na verdade, o público enxerga pelos olhos de Chela, que vive se esgueirando, fala pouco, não se altera, olha por meio de frestas. Nada a abala, nem mesmo a prisão de Chiquita, que vai para a cadeia por causa de dívidas com o fisco.

Dizem que a maturidade está na moda. Se isso for verdade, Martinessi começou bem. Ao falar sobre a ruína da classe média alta de Assunção e abordar o relacionamento homoafetivo entre duas mulheres que beiram os 60, o diretor, em nenhum momento, é explícito. Pelo contrário. É com muita delicadeza, sutileza, sombras e olhares que o afeto - e até a sexualidade - são apenas sugeridos. Em certo momento, quando Chela conhece a exuberante Angy (Ana Ivanova), a sedução é sombreada, cheia de subterfúgios. 

Marcelo Martinessi tem falado, em entrevistas, que seu longa é uma metáfora da agonia da elite do Paraguai, em crise como quase todos os demais países da América Latina. Essa decadência - sem perder a elegância - fica clara em algumas cenas que mostram como as moradoras do casarão estão falidas, mas fazem questão de manter a empregada e o requinte da bandeja do café da manhã com os utensílios sofisticadamente arrumados. 

Mas não há nenhum discurso ou menção à desigualdade social. "As Herdeiras" é também uma história fundamentalmente feminina. Os homens são raros e secundários e apenas as mulheres têm alguma relevância. Mas, em momento algum, o tema feminismo é tocado. Tudo, absolutamente tudo no filme é delicadamente insinuado.
Classificação: 16 anos
Duração: 1h38



Tags: #AsHerdeiras, #LasHerederas, #AnaBrun, #MargaridaIrun, #MarceloMartinessi, #drama, #Imovision, #espacoZ, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho

02 setembro 2018

"Meu Ex É Um Espião", uma comédia despretensiosa que satiriza os filmes de espionagem

Mila Kunis e Kate McKinnon viajam pelo mundo nesta divertida trama (Fotos: Hopper Stone/Liosngate Entertainment)

Maristela Bretas


Três mulheres dão o tom de "Meu Ex É Um Espião" ("The Spy Who Dumped Me"), uma comédia que explora o poder feminino que na hora "H" decide tudo. As atrizes Mila Kunis e Kate McKinnon e a diretora e roteirista Susanna Fogel, entregam uma produção divertida, despretensiosa, que ironiza filmes de James Bond, "Missão Impossível" e outros de espionagem.

As atrizes com a diretora Susanna Fogel
O longa usa e abusa de ideias destas produções - como na abertura, semelhante às de "007" - substituindo o personagem pelas duas protagonistas. A atuação mais engraçada fica para McKinnon, apesar de Kunis estar bem no papel. O lado cômico da atriz poderia sido mais bem aproveitado. "Meu Ex É Um Espião" é uma mistura de "A Espiã Que Sabia de Menos" e "As Bem Armadas", com os homens colocados em segundo plano, apesar do título.

Drew (Justin Theroux) é um agente da CIA que terminou o relacionamento com Audrey (Mila Kunis). Mas ele é apenas o motivo para que sua ex-namorada e a amiga Morgan (Kate McKinnon) se tornem as principais peças de um jogo de espionagem. Perseguidas pelos inimigos dele, as duas acabam envolvidas numa trama internacional que vai percorrer a Europa.

"Meu Ex É Um Espião" é um empolgante e atraente roteiro turístico por belas capitais europeias, com locações em Viena, Londres, Paris e Amsterdam, onde acontecem grandes perseguições e muita ação. A trilha sonora complementa bem a história. O filme deixa a desejar em roteiro, bem simples, sem muita criatividade, mas que garante diversão ao expectador.

O elenco conta ainda com a participação de Gillian Anderson, mais conhecida como a agente do FBI, Dana Scully, da série de TV "Arquivo X". A atriz volta a interpretar uma agente secreta, desta vez da CIA e chefe de Drew. Mais uma mulher importante na história. Na ala masculina, além de Justin Theroux, destaque para a atuação de Sam Heughan, no papel do também espião Sebastian.

Não espere uma grande produção de espionagem. "Meu Ex É Um Espião" é um filme de entretenimento, sem grandes pretensões, que reforça o poder das mulheres tendo belas locações como pano de fundo. Vale conferir.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Susanna Fogel
Produção: Lionsgate Films/ Imagine Entertainment
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h57
Gêneros: Comédia / Espionagem / Ação
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #MeuExÉUmEspião, #ParisFilmes, #MilaKunis, #KateMcKinnon, #comedia, #ação, #espionagem, #LionsgateFilms, #ParisFilmes, #EspacoZ, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho


28 agosto 2018

Javier Bardem e Penélope Cruz brilham em "Escobar - A Traição"

Filme é adaptação do livro escrito por Virginia Vallejo, amante do narcotraficante na década de 1980 (Fotos: Califórnia Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


A história de Pablo Escobar já foi contada e recontada inúmeras vezes, nos mais diversos idiomas, cada versão sob um ponto de vista. "Escobar - A Traição" ("Loving, Pablo") é mais uma delas. Adaptado da obra literária "Amando a Pablo, Odiando a Escobar", a escritora e apresentadora de TV Virginia Vallejo narra seu período como amante do narcotraficante colombiano que comandou o Cartel de Medelín nos anos de 1980.

Claro que Virgínia alivia sua imagem, como alguém que sabia de onde vinha toda a fortuna de Escobar, tirou proveito disso, mas seria uma pessoa inocente em meio a toda a violência do mundo do tráfico de drogas. E Penélope Cruz está excelente (e lindíssima) no papel de Virginia Vallejo, a amante cara e elegante, odiada pela esposa e considerada um perigo pelos parceiros do traficante.

Javier Bardem, claro, entrega uma ótima interpretação, como na maioria de seus trabalhos, assumindo de corpo, alma e aparência o personagem Pablo Escobar. Um homem com olhar frio e ameaçador, temido até mesmo por outros líderes do tráfico, mas que tinha na família seu ponto fraco. O ator assimilou as características do famoso traficante: engordou, ganhou um cabelo emplastado e deixou temporariamente de lado a beleza e o charme que fazem tanto sucesso com o público feminino.

No entanto, o roteiro desta produção espanhola, que tem Bardem como um dos produtores, não expande muito na história de Escobar. Uma falha que compromete um pouco o filme e não aproveita mais o talento das duas grandes estrelas. Apesar das mais de duas horas de duração, ele passou superficialmente por alguns pontos importantes, até mesmo no romance entre Pablo e Virgínia. O personagem de Bardem somente aparece mais quando não contracena como o de Cruz.

A traição citada no título ficou mal explicada e as cenas apenas deixam a entender que Virgínia teria entregado Escobar para os agentes federais dos EUA, mas não contam como isso aconteceu. Vou ter de ler o livro para saber, se é que ele conta. Também alguns fatos mais marcantes da trajetória do narcotraficante, especialmente as mortes encomendadas, foram só pincelados.

"Escobar - A Traição" é um filme feito sob a ótica de Vallejo, que apresentou um homem poderoso preocupado com os mais pobres e idolatrado por eles. Se elegeu como deputado prometendo casas e armas, quando na verdade estava apenas evitando ser extraditado para os EUA onde seria julgado por seus crimes. Os jovens carentes que ele dizia ajudar eram transformados em sicários (assassinos do tráfico).

Virginia Vallejo sabia dos crimes, mas segundo a obra, teria se separado do amante somente quando estes começaram a afetar sua carreira e ela passou a temê-lo. Ou seja, era uma apresentadora de TV famosa, se uniu a um chefão do tráfico poderoso, ganhou joias, roupas caras e muito luxo, era respeitada como "segunda dama" e fingia que nada daquilo era com ela. Quando a corda apertou, mudou de lado. E sempre insistiu que amava Pablo, mas odiava Escobar. 

Se o expectador quiser saber mais sobre a vida do narcotraficante mais temido da Colômbia vale conferir outros filmes como "Feito na América" (2017), com Tom Cruise, "Conexão Escobar" (2016), "Escobar: Paraíso Perdido" (2014), além da famosa série da Netflix, "Narcos" (2016/2017), com o ator brasileiro Wagner Moura no papel de Escobar

"Escobar - A Traição" tem também tem boa fotografia e trilha sonora que agrada, belo figurino, em especial o de Penélope Cruz, e a reconstituição de época foi bem feita. Mas o forte mesmo é a dupla principal, que tem no elenco de apoio o ótimo Peter Sarsgaard, como o agente Shepard, do DEA, e o ator espanhol Óscar Jaenada, que faz o papel de Santoro, braço direito do narcotraficante. Trata-se de um filme que vale a pena ser visto, principalmente pela atuação do casal principal.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Fernando León de Aranoa
Produção: Millennium Films / DNP Productions / Pinguin Films
Distribuição: Califórnia Filmes
Duração: 2h03
Gêneros: Drama / Biografia
País: Espanha
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #EscobarATraicao, #PabloEscobar, #narcotrafico, #Colombia, #traficodedrogas, #VirginiaVallejo, #JavierBardem, #PenelopeCruz, #PeterScarsgaard, #CaliforniaFilmes, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho

23 agosto 2018

Com roteiro fraco, "Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" é pouco assustador e previsível

Quatro amigas invocam uma criatura sobrenatural e passam a ser perseguidas por ela (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Muitos sustos e clichês, algum suspense, mas "Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" entrega menos do que prometia para a criatura sobrenatural mais temida da Web e que já estampou vários videogames. O filme é capaz de deixar o espectador inquieto na cadeira em algumas cenas em que Slender Man prende ou se aproxima das vítimas, com seus braços e mãos esticados que parecem galhos de árvores mortas. Assusta, mas não chega a ser aterrorizante como o palhaço Pennywise, de "It - A Coisa".

Com um roteiro fraco e história confusa, cheia de buracos, o filme é ambientado na maior parte do tempo em locais escuros ou com pouca luminosidade. Com certeza para dar destaque à figura da criatura. Isso ainda ajudado por clichês como o de estar dentro de casa, escutar um barulho estranho e sair percorrendo todos os cômodos sem acender uma lâmpada. Ou entrar numa mata fechada, à noite, sabendo que tem um monstro esperando para atacar.

As quatro jovens amigas que se invocam Slender Man têm seus dramas familiares ou existenciais e busca na "Invocação do Mal" online uma diversão para passar o tempo. Tentam também provar aos rapazes da escola que têm coragem de assistir o vídeo de Slender Man, acreditando que nada iria acontecer depois. Diga-se de passagem, ser possuído por imagens vindas da tela de um notebook é forçar demais a inteligência.

O diretor Sylvain White (em seu primeiro longa) poderia ter trabalhado melhor o terror, não ficando tão restrito aos poucos pesadelos assustadores e aparições do monstro sem rosto. Os desaparecimentos e mudanças de comportamentos das vítimas deixam o filme confuso, capenga. A produção também deixa a entender que Slender Man é como um vírus, semelhante aos espalhados pela internet. Com seus longos braços, ele envolve e seduz jovens e pessoas emocionalmente mais fracas que estão buscando um sentido para suas vidas.


Sem derramar uma gota de sangue, a criatura atrai suas vítimas usando um medo psicológico insuportável, como numa hipnose. Mas até esta abordagem fica superficial e, a partir da segunda metade do filme, a impressão é de que o diretor quer acabar logo com o sofrimento dele (e o nosso!).

Na história, as amigas Wren (Joey King), Hallie (Julia Goldani Telles), Chloe (Jaz Sinclair) e Katie (Annalise Basso) levam uma vida entediante no colégio. Quando ouvem falar num ser sobrenatural chamado Slender Man, decidem invocá-lo através de um vídeo na Internet. 


A brincadeira se transforma num perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem se rosto, com vários braços, capaz de fazer as suas vítimas alucinarem. Um dia, Katie desaparece e, sem ajuda da polícia, as amigas decidem procurá-la e enfrentar a criatura e o pavor que ela provoca.


Para quem gosta muito de filmes de terror, vale uma conferida, mas alerto ser um dos mais fracos do gênero deste ano. A expectativa inicial de "Slender Man" de bons sustos, daqueles de pular na cadeira e roer as unhas se transforma em decepção com a criatura que adquire diversas formas ao longo da trama.



Ficha técnica:
Direção: Sylvain White
Produção: Mythology Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h34
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: SlenderManPesadeloSemRosto, #SlenderMan, #terror, #pesadelo, #SonyPictures, #EspaçoZ, #cinemas.Cineart, #CinemanoEscurinho

22 agosto 2018

"Te Peguei" - uma comédia leve e boba com elenco desperdiçado

Grupo de quarentões que deixa suas vidas de lado para brincar de pega-pega uma vez por ano (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Pode até entrar no gênero comédia, mas "Te Peguei" ("Tag") é um filme bobo, que provoca poucos sorrisos e vontade de sair no meio. Risadas então, nem pensar. O elenco é bom e foi desperdiçado, talvez porque a história não justificasse um filme, menos ainda com 1h40 de duração. Nem mesmo a matéria especial do jornal The Washington Post, que acabou virando produção cinematográfica. 

"Te Peguei" é comédia com humor norte-americano, com muitos palavrões, que só interessa aos personagens interpretados no filme e suas famílias e amigos. Sim, é uma produção baseada em fatos reais e o grupo existe e é ainda maior que o mostrado. O diretor poderia ter passado uma boa mensagem de amizade e união, mas isso foi mal explorado. 

Os cinco integrantes do grupo vivem em estados diferentes, um não sabe o que o outro faz nem como estão suas vidas. Só se preocupam em brincar de pega-pega uma vez no ano, deixando empregos ou relacionamentos em segundo plano. E ainda se unem a mulheres tão sem noção quanto eles.


Isso acontece por 30 anos, sempre no mês de maio, até que o jogador mais invicto, Jerry (papel de Jeremy Renner, que não dá para entender porque embarcou nesta canoa furada) vai se casar e abandonar a brincadeira. Comandados por Hogan (Ed Helms, que já fez comédias melhores), Randy (Jake Johnson), Kevin (Hannibal Buress) e Bob (Jon Hamm) vão tentar quebrar a invencibilidade do amigo enquanto ele estiver ocupado com os preparativos.

Para piorar, ainda surge a repórter do The Washington Post, Rebecca (Annabelle Wallis), que descobre, durante a entrevista com um deles, a curiosa brincadeira anual do grupo e resolve transformar aquilo numa "grande matéria" a ser contada. É o jornalismo investigativo dando lugar ao jornalismo comédia, feito por um dos meios de comunicação mais influentes do mundo e que já foi capaz de derrubar um presidente. 

O ponto positivo de "Te Peguei" é a ótima trilha sonora, que inclui sucessos como "Can't touch this" (Mc Hammer), tema do filme, "Crazy train" (Ozzy Osbourne) e "With a little help from my friends" (Joe Cocker). 



Ficha técnica:
Direção: Jeff Tomsic
Produção: Broken Road Productions
Distribuição: Warner Bros Pictures
Duração: 1h41
Gênero: Comédia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #TePeguei, #Tag, #JeremyRenner, #EdHelms, #comedia, #EspaçoZ, #WarnerBrosPictures, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho

18 agosto 2018

Denzel Washington reforça o lado humano e reduz a ação em "O Protetor 2"

Filme traz de volta o personagem Robert McCall preocupado em ajudar as pessoas sem que elas saibam (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Há quatro anos, quando apresentou o personagem Robert McCall em "O Protetor", Denzel Washington contou um pouco da história do ex-agente especial da CIA que deixou tudo para trás para viver um homem comum preocupado em ajudar as pessoas sem que elas soubessem usando seu treinamento militar. Pegou gosto pela dupla jornada e retorna agora, de novo com direção de Antoine Fuqua, em "O Protetor 2" ("The Equalizer 2"). 


A sequência estreou em 1º lugar no ranking e teve o maior dia de abertura de todos os tempos para um filme do Denzel Washington no Brasil, acumulando R$ 635 mil no 1º dia de exibição (16/08) e é a primeira sequência da carreira de Denzel Washington em 40 anos.

A produção tem menos cenas de ação (mas violentas como as do primeiro filme) e a preocupação com as pessoas ainda maior, o que deixa o longa mais arrastado em alguns momentos e um pouco menos interessante que seu antecessor, que soube equilibrar bem ação e drama.

Novamente como um dos produtores, Denzel faz um McCall mais cansado, solitário como antes e com a amargura de quem não consegue esquecer o passado e a morte da mulher. Em Boston, ele agora é motorista de aplicativo e passa o dia transportando pessoas e escutando suas histórias, tentando sempre ajudar ou fazer justiça pelos passageiros mais próximos e sua comunidade.

O excesso de histórias paralelas acaba fazendo o expectador perder um pouco do foco do filme na trama principal: o assassinato da melhor amiga de McCall, a agente Susan Plummer (Melissa Leo). A partir daí, ele retoma o papel de justiceiro e se une ao antigo parceiro Dave (Pedro Pascal). Com a experiência de ex-agente, ele mata com precisão, empregando os mais variados objetos como armas, especialmente seu TOC para planejar sua defesa ou ataque aos inimigos.


Outros pontos favoráveis são a fotografia, bem explorada tanto nas locações em Boston quanto na área litorânea e a trilha sonora de Harry Gregson-Williams, que cumpre bem o seu papel, com classe e estilos variados, em especial o Rap, bem a cara do ator. Destaque para "In The Name of Love" (Jacob Banks), "Trouble Man" (Marvin Gaye), "In a Sentimental Mood" (Duke Ellington e John Coltrane) e o tema principal "Never Stop ft Jung Youth" (Hidden Citizens).

McCall é frio, mas ainda dá chance a seus oponentes de se arrependerem dos erros. E Denzel Washington está ótimo como sempre, com uma atuação mais confortável de seu personagem, apesar de brigar e matar menos. Só a presença dele já é garantia de um bom filme que merece ser visto. Mas "O Protetor 2" fica atrás do primeiro (imperdível), que pode ser visto na Netflix como "The Equalizer". Recomendo uma maratona no final de semana.



Ficha técnica:
Direção: Antoine Fuqua
Produção: Columbia Pictures / Sony Pictures / Escape Artists
Distribuição: Sony Pictures do Brasil
Duração: 2h01
Gêneros: Ação / Drama
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #OProtetor2, #TheEqualizer2, #DenzelWashington, #AntoineFuqua, #MelissaLeo,  #acao, #Netflix, #drama, #SonyPictures, #EspacoZ, #cinemas.Cineart, #CinemanoEscurinho

15 agosto 2018

Sem nada de novo, "Mentes Sombrias" copia sucessos, tem pouca ação e nenhum clímax

Bolota, Zu, Ruby e Liam formam o quarteto que consegue escapar do campo de custódia de superpoderosos (Fotos: Fox Film/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma mistura piorada de outras produções que conquistaram sucesso até pouco tempo atrás. Creio que seja a melhor definição para "Mentes Sombrias" ("The Darknest Minds"), filme que entra em cartaz nesta quinta-feira nos cinemas sem apresentar nada de novo. Ele entrega um roteiro fraco, com atores pouco conhecidos e diálogos que reúnem um amontoado de clichês, além de locações bem restritas e efeitos visuais medianos. Salvam algumas músicas da trilha sonora.

O espectador vai perceber logo no início que "Mentes Sombrias" copia ideias e situações de franquias anteriores do mesmo gênero, voltadas para adolescentes, como "Maze Runner" ("Correr ou Morrer"- 2014, "Prova de Fogo" - 2015 e "A Cura Mortal" - 2018), "Divergente" ("Divergente" -2014, Insurgente - 2015 e Convergente - 2016) e "Jogos Vorazes" (2012 a 2015). Mas está muito aquém desses, que conquistaram uma legião de fãs ávidos por cada sequência e que devoraram pelo mundo milhares de livros sobre as sagas.

"Mentes Sombrias" chegou com atraso (primeiro erro) e perdeu o boom do interesse juvenil por estes temas. Para piorar, é morno e sem ação, apesar de ser produzido pelos diretores Dan Levine ("A Chegada" - 2016) e Shawn Levy (série da Netflix, "Stranger Things" - 2017 - e trilogia  "Uma Noite no Museu", de 2006, 2009 e 2014). A diretora Jennifer Yuh Nelson (apesar de boas animações no currículo, como Kung Fu Panda 2 e 3) também não fez bem a lição de casa e entrega um filme que deixa o espectador esperando por uma grande ação, um clímax que vai mudar tudo. Só que isso não acontece.

A produção menospreza a inteligência até mesmo dos fãs deste gênero de filme de ficção ao mostrar um mundo apocalíptico, atingido por uma pandemia que mata a maioria das crianças e adolescentes da América. Alguns sobreviventes, como Ruby Daly, Liam, Bolota (Skylan Brooks) e a pequena e encantadora Zu (Myia Cech) desenvolvem superpoderes e são tirados de suas famílias e isolados pelo governo em verdadeiros campos de concentração para estudo e aproveitamento de seus dons. Lembra algo recente?

Claro, existem os rebeldes que vão combater o sistema, os grupos que exterminam aqueles que não acatam as ordens, o vilão psicopata com sede de poder e o casal romântico. Esta parte fica por conta de Ruby (interpretada por Amandla Stenberg , de "Tudo e Todas as Coisas" - 2017 e "Jogos Vorazes" - 2012) e Liam (o fofo, mas bem iniciante Harris Dickinson, fazendo o estilo "aquele que toda a sogra queria pra genro").

O longa acaba tão mal que praticamente exige uma continuação para explicar tudo. Não tem pontas soltas, é uma corda inteira desfiada. Inspirado no livro homônimo, "Mentes Sombrias" é o primeiro da trilogia escrita por Alexandra Bracken, que é composta ainda por "Never Fade" e "In The After Light" (ambos ainda sem tradução no Brasil). A versão para o cinema, que vale no máximo uma sessão da tarde na TV, pode desagradar os leitores da saga literária.



Ficha técnica:
Direção: Jennifer Yuh Nelson
Produção: 21 Laps Entertainment
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h44
Gênero: Ficção
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #MentesSombrias, #AmandlaStenberg, #ficcao, #FoxFilmdoBrasil, #espaçoZ, #cinemas.Cineart, #CinemanoEscurinho

13 agosto 2018

"Megatubarão" - Um filme de ação para divertir e chinês nenhum botar defeito

Produção tem ação de sobra, bons efeitos e Jason Statham de mocinho (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Jason Statham está emplacando mais um sucesso sem precisar da ajuda de amigos "Mercenários" ou "Velozes e Furiosos". "Megatubarão" ("The Meg") abocanhou a liderança das bilheterias no seu primeiro final de semana de estreia, levando mais de 442 mil pessoas aos cinemas nacionais e somando uma arrecadação de R$ 7,9 milhões. O elenco principal conta ainda com a premiada atriz chinesa Bingbing Li, completando com Statham e o monstro gigante a receita certa para arrastar o lucrativo público chinês, que ainda aguarda o lançamento do filme nas salas do país.

O longa entrega o que propõe: ação, um pouco de suspense, muitos clichês, efeitos especiais que enchem a tela (literalmente), diálogos divertidos e o romance do par principal. Feito para agradar ao público que vai ao cinema para ver um filme sobre um tubarão gigantesco dado como extinto, situações previsíveis, cenas inacreditavelmente irreais mas muito bem feitas e, claro, Jason Statham.

O ator está bem no papel, nem precisou dar porrada em ninguém, só bancar o mocinho que defende a cientista Suyin (Bingbing Li) que não o tolera e a filhinha dela (interpretada pela fofa Sophia Cai). E ainda faz questão de mostrar o dorso "tanquinho" e totalmente em forma no auge de seus 51 anos.

O megalodon de mais de 20 metros de comprimento é um belo e gigantesco trabalho de computação gráfica. O animal surge do nada, é assustador e provoca até alguns sustos, principalmente quando vai abocanhar alguém ou alguma coisa, como um iate ou um minissubmarino. Cumpriu bem sua função de estrela principal.

Além de Jason Statham e o Megalodon, destaque também para Bingbing Li, que não ficou apenas como coadjuvante, mostrando seu talento (até desperdiçado), que já lhe garantiram bons prêmios. O elenco, apesar de ser composto por muitas caras pouco conhecidas, se mostra bem entrosado e ajuda a entregar uma produção que agrada como entretenimento. Clique aqui para assistir os depoimentos do diretor Jon Turteltaub e sua equipe com detalhes e curiosidades sobre a produção.

Na fossa mais profunda do Oceano Pacífico, a tripulação de um submarino fica presa dentro do local após ser atacada por uma criatura pré-histórica que se achava estar extinta, um tubarão de quase 30 metros de comprimento, o Megalodon. Para salvá-los, oceanógrafo chinês (Winston Chao) contrata Jonas Taylor (Jason Statham), um mergulhador especializado em resgates em água profundas que já encontrou com a criatura anteriormente.

Entre bocadas e ataques a barcos e banhistas, "Megatubarão" não chega aos pés de "Tubarão" (1975), de Steven Spielberg, mas é muito melhor em efeitos que os filmes da franquia "Sharknado" (que são tão surreais que provocam ótimas risadas). Harry Gregson-Williams é o responsável pela trilha sonora, segundo trabalho dele em cartaz nos cinemas desta semana - o primeiro é "O Protetor 2".

"Megatubarão" é para divertir, feito sem pretensão de discutir temas polêmicos ou passar mensagens patrióticas ou lições de moral. Apenas oferecer muita ação. Vale o ingresso e a pipoca com refrigerante.



Ficha técnica:
Direção: Jon Turteltaub
Produção: Warner Bros Pictures / 
Distribuição: Warner Bros. Pictures 
Duração: 1h54
Gêneros: Ação / Suspense
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

02 agosto 2018

Continuação de "Mamma Mia" é uma divertida e sonora volta ao passado

A juventude de Donna é a novidade deste filme, que repete grande elenco (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Carolina Cassese


Dez anos atrás, a adaptação cinematográfica da peça "Mamma Mia" entrava em cartaz. Contando com atuações de Meryl Streep, Amanda Seyfried, Colin Firth e Pierce Brosnan, o musical gerou ampla repercussão e foi bem sucedido comercialmente. A reação da crítica foi dividida. Em maio de 2017, foi anunciada a continuação do longa: "Mamma Mia 2! Lá Vamos Nós de Novo", que estreou nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros.

Se no primeiro filme o espectador acompanha os preparativos para o casamento de Sophie, na continuação o evento da vez, também organizado por Sophie, é a reinauguração do hotel de Donna. As canções do grupo Abba estão de volta. Algumas músicas são as mesmas do primeiro filme (mas é difícil se cansar de "Dancing Queen" ou "Mamma Mia").


Nesta continuação, destaque para "Fernando", interpretada em cena memorável por Cher e Andy Garcia. O repertório conta ainda com "Waterloo" "Knowing Me, Knowing You" e "I Have a Dream", que ganharam novas versões (as originais são melhores) e algumas canções menos conhecidas. No Reino Unido, a trilha sonora lidera as listas de vendas, com alguns dos sucessos interpretados por Lily James, Amanda Seyfried e Meryl Streep.

Em "Mamma Mia 2" conhecemos o passado de Donna. A jovem é interpretada por Lily James, que teve atuação mais do que satisfatória. A atriz, que protagonizou "Cinderela" (2015), participou da série "Downton Abbey" e ainda neste ano irá estrelar o longa "A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata" ("The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society") afirmou ter chorado ao conhecer Meryl Streep. “Sou tão fã do musical, vi tantas vezes quando eu era mais nova... e amei o filme também. Acho que capturou o espírito da peça, o que é muito difícil de fazer — manter a essência e a atmosfera”, disse em entrevista.

A história se passa um ano após a morte de Donna (Meryl Streep), quando a filha Sophie (Amanda Seyfried) está prestes a reinaugurar o hotel da mãe que foi todo reformado. A jovem, que não casou com Sky (Dominic Cooper) no primeiro filme, convida seus três "pais" - Harry (Colin Firth), Sam (Pierce Brosnan) e Bill (Stellan Skarsgärd) para a festa, organizada com a ajuda das amigas da mãe, Rosie (Julie Walters) e Tanya (Christine Baranski). 


O reencontro da "família" se torna uma avalanche de boas memórias da juventude de Donna no final dos anos 70, quando conhece os pais de Sophie e resolve se estabelecer na Grécia.

Em relação ao primeiro, o filme pode não apresentar grandes novidades, mas conta com um roteiro melhor trabalhado. É um bom entretenimento, especialmente para os fãs do Abba e do musical. O espectador pode se preparar para matar a saudade dos personagens e se encantar com as paisagens estonteantes (dessa vez, o longa foi filmado em Vis, uma ilha da Croácia).
Duração: 1h54
Classificação: 10 anos
Distribuição: Universal Pictures



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