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18 setembro 2022

"Eike: Tudo ou Nada" - os bastidores da ascensão e queda de um bilionário

Nelson Freitas é o protagonista do novo longa dos diretores Andradina Azevedo e Dida Andrade (Fotos: Desirée do Valle)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa cinematográfica


Chega aos cinemas nesta quinta-feira (22) o polêmico filme dos diretores Andradina Azevedo e Dida Andrade, "Eike – Tudo ou Nada", que conta vida do empresário e ex-bilionário Eike Batista. Produzido pela Morena Filmes e distribuído pela Paris Filmes, é inspirado no livro homônimo da jornalista Malu Gaspar.

A história começa em 2006, quando o Brasil passava por uma expansão econômica com o pré-sal. O empresário decide criar a petroleira OGX com antigos funcionários da Petrobras, aproveitando o momento de expansão econômica em 2012 que o Brasil estava vivendo. Na história podemos perceber como Eike sempre buscou investir em empresas para aumentar cada vez mais seu lucro.


Sétimo homem mais rico do mundo em 2012, Eike Batista foi do auge ao declínio em poucos anos. Com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, na época era o maior bilionário brasileiro do mundo e estava no auge com as empresas do grupo EBX (OGX, MMX e OSX). Em 2014, já não integrava mais a lista da Forbes.

A trajetória do então bilionário segue até a sua prisão em 2017, alvo da Operação Eficiência, um desmembramento da Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro. Eike foi acusado de fazer parte de um esquema de corrupção do ex-governador Sergio Cabral, preso desde 2016.

Eike Batista (esquerda) interpretado por Nelson Freitas (direita)

Seu jeito ambicioso de buscar ter mais dinheiro para si e seus funcionários se destacam na narrativa. Nelson Freitas está bem à vontade no papel em uma atuação que consegue transitar entre um cara explosivo e confiante no que faz. 

Podemos destacar a montagem de Maria Rezende ao apresentar na obra o faturamento do bilionário e como existem "ganhos" e "perdas" ao longo de sua vida por meio de letterings.


O longa explora com bastante força a questão de como Eike se envolveu nos esquemas de corrupção, mesmo dizendo a todo o momento que era uma pessoa honesta e preocupada em dar empregos aos brasileiros. Até o fato de investir em postos de petróleo e nunca conseguir achar nada fez com que a sua própria equipe desacreditasse em suas palavras. 

Outro ponto importante é a preocupação do diretor em mostrar como o povo enxerga Eike - um salvador ou um louco? Especialmente por ele começar a se enveredar pelos caminhos da política e se envolver em fortes esquemas de corrupção. Há pessoas que criticam e aquelas que o defendem por suas ações, principalmente por acreditarem que o dinheiro que ele estava gerando para o país vinha de uma fonte segura.


O filme não explora muito a vida pessoal, focando mais no perfil do empresário e em seus investimentos. A incrível participação especial de Carol Castro no papel de Luma de Oliveira, ex-mulher de Eike, merece destaque. No elenco estão também Thelmo Fernandes, Marcelo Valle, Bukassa Kabengele, Juliana Alves e Xando Graça interpretando os funcionários da OGX, além de Jonas Bloch e André Mattos, que vive o ex-governador. 

Na adaptação, os ex-colaboradores da Petrobras que saíram da estatal para fundar a OGX ganham nomes fictícios: Laerte, Kopas, Nelson, Zita e Odorico, o Dr. Oil. Vale assistir "Eike: Tudo ou Nada" para conferir os altos e baixos da história do ex-bilionário que foi manchete nas mídias por anos.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Andradina Azevedo e Dida Andrade
Produção: Morena Filmes / Star Productions
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: Biografia

15 setembro 2022

Comédia "Uma Pitada de Sorte" trata do sonho nosso de cada dia

Fabiana Karla e Mouhamed Harfouch entregam bons momentos de comicidade como o casal nada romântico (Fotos: Fábio Bouzas/Paris Filmes)


Maristela Bretas


Com estreia nesta quinta-feira (15), "Uma Pitada de Sorte" chega aos cinemas com uma pegada leve, um pouco de romance e situações atrapalhadas que valem pela distração, especialmente pela sintonia da dupla principal, Fabiana Karla e Mouhamed Harfouch. Dirigido por Pedro Antônio, o filme busca mostrar que vale a pena correr atrás dos sonhos, mesmo quando a vida passa muitas rasteiras.

Fabiana interpreta a quase chef Pérola Brandão, uma mulher batalhadora, que sonha um dia ter seu próprio restaurante. Está sempre tentando emplacar suas receitas nos restaurantes onde trabalha e acaba se dando mal por isso. 


Nada parece que vai dar certo para a moça. Uma virada em sua vida a torna um sucesso de TV, ao lado do famoso chef francês Diego Gomes (Ivan Espeche, que segura bem seu papel). Mas isso pode afastá-la ainda mais de seu sonho. 

Companheiro inseparável, mas escondendo seu amor platônico pela amiga de infância está Lugão (Harfouch), ele é o amigo de todas as horas e da vizinhança (faz de tudo e ajuda todo mundo, quase um Homem-Aranha sem teia).


Correndo de um lado para outro, entre a função de sous-chef (auxiliar do chef) e as festas infantis organizadas pela empresa da mãe, Pérola vive esgotada e, além de Lugão, só tem o irmão Fred (JP Rufino) para desabafar. 

A simpatia e o sorriso largo de Fabiana são o maior diferencial de seu personagem. Pena que o roteiro não tenha explorado mais seu lado cômico, bem conhecido de outras produções.


A parte mais engraçada do filme é a seleção da pessoa que irá auxiliar o chef Diego no programa. Há outros bons momentos cômicos, garantidos por  Mouhamed Harfouch como o bombadão apaixonado, a veterana e sempre ótima Jandira Martini (como Dona Gina, mãe de Pérola) e Pedroca Monteiro como Bob, o assistente de produção da TV. 


O jovem JP Rufino começa tímido e vai se soltando já na primeira metade do filme. No elenco estão também Regiane Alves, como Margô, diretora de TV linha dura que não gosta de Pérola; Flávia Reis, a vizinha fofoqueira Raylane; Pablo Sanabio no papel de Vicente, também assistente de produção e vários outros atores conhecidos do público. Até mesmo o cantor Thiaguinho tem participação ultrarrápida e se sai bem. 


Um dos pontos especiais do longa foi a escolha do local para locação: Jurujuba, bairro de Niterói (RJ) de frente para a Baía da Guanabara. Com um visual lindo do mar no fim de tarde, a fotografia ganha destaque na produção. Imagens muito belas. 

O final é previsível como esperado, mas não atrapalha. Para quem procura um filme leve, sem muita pretensão, "Uma Pitada de Sorte" entrega o que se propõe - ser uma comédia romântica.


Ficha técnica:
Direção:
Pedro Antonio
Produção: Melodrama Produções / Globo Filmes / Telecine
Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h33
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: comédia romântica

12 setembro 2022

Campanha "Semana do Cinema" terá ingressos a 10 reais de 15 a 21 de setembro

Cineart no Shopping Cidade integra o movimento que busca o retorno do público às salas, oferecendo preços populares (Foto: Cineart/Divulgação)


Da Redação

 
A Rede Cineart em BH e Região Metropolitana vai aderir à campanha “Semana do Cinema”, que acontece de 15 a 21 de setembro, na qual os ingressos serão disponibilizados com preço único no valor de R$ 10,00 para todas as sessões nas salas tradicionais 2D e 3D, exceto Imax e Premier. O combo com dois refrigerantes de 500 ml e uma pipoca grande tem o valor de R$ 29,00. Na "Semana do Cinema” cada exibidor poderá compor o seu combo com produtos similares ou de menor valor.

A promoção, idealizada pela Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec), tem o objetivo de celebrar o retorno do público às salas de projeção, após o longo período de paralisação provocado pela pandemia do coronavírus (Covid-19). Participam os cinemas da Rede Cineart do Boulevard Shopping, Shopping Cidade, Ponteio Lar Shopping, Shopping Del Rey, Minas Shopping, Via Shopping, além das salas do Shopping Contagem e Itaú Power Shopping, ambos em Contagem.

Cineart Ponteio (Foto: Leonardo Rotsen)

A campanha “Semana do Cinema” acontece em todo o país e que também conta com o apoio da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex).  “Com esta campanha queremos celebrar a volta do público e democratizar no país ainda mais o acesso à magia que só a experiência cinematográfica proporciona”, salienta Lúcio Otoni, presidente da Feneec e também diretor da Rede Cineart.

A “Semana do Cinema” segue uma tendência mundial de promover, em clima de festa, o retorno das pessoas às salas. Nos Estados Unidos aconteceu em 3 de setembro, o National Cinema Day, com ingressos a 3 dólares em mais de 3 mil cinemas. Na mesma data, no Reino Unido, o National Cinema Day vai promover sessões por 3 libras em cerca de 550 salas e, na Espanha, haverá, em outubro, a La Fiesta del Cine 2022, com ingressos a 3,50 euros.

Serviço:
Semana do Cinema

Local: Rede Cineart
Data: de 15 a 21 de setembro
Preço único dos ingressos: R$ 10,00

08 setembro 2022

George Clooney e Julia Roberts garantem muitas brigas e boa diversão em "Ingresso para o Paraíso"

Comédia romântica foi filmada em Queensland, na Austrália, apesar de a história simular que se passa em Bali, na Indonésia (Fotos Universal Pictures)


Maristela Bretas


Poderia ser somente mais uma comédia romântica entrando em cartaz nesta quinta-feira (8) nos cinemas. Mas "Ingresso para o Paraíso" ("Ticket to Paradise") tem dois grandes diferenciais que devem agradar muito ao público. 

A primeira são os sorrisos e as interpretações da dupla de protagonistas - nada menos que George Clooney e Julia Roberts. A outra são as locações em Queensland, na Austrália, com paisagens belíssimas simulando a maravilhosa ilha de Bali, na Indonésia. 


Só a presença do casal de vencedores do Oscar já seria suficiente para atrair o público ao cinema. Eles são David e Georgia Cotton, divorciados há 20 anos, mas sempre se odiando. Eles oferecem divertidas discussões e disputas pela presença na vida da única filha, Lily (Kaitlyn Dever), que sofre com essa situação. 

Após se formar em Direito na Universidade de Chicago, Lily parte numa viagem de férias para a paradisíaca Bali em companhia da grande amiga Wren Butler (Billie Lourd). O que os pais não esperavam é que a filha fosse se apaixonar de repente por Gede (Maxime Bouttier), um jovem local que cultiva algas, e decidir abandonar tudo para se casar. 


Agora eles terão de viajar para essa distante ilha do Pacífico e tentar impedir que ela cometa o mesmo erro que eles cometeram quando se casaram 25 anos atrás. Mesmo com muita troca de ofensas e discussões hilárias, eles terão de se unir para colocarem em prática o plano de desmancha-casamento. 

O que eles não contavam era que a beleza das paisagens, o clima romântico e a proximidade fosse fazer com que ambos pensassem o que deu errado no antigo relacionamento.


George Clooney está cada vez mais belo e charmoso, seja de bermudas na praia ou vestindo um elegante smoking (acho que criaram este traje pensando nele e nos atores de 007). Junto com Julia Roberts, cujo sorriso largo e a beleza enchem a tela, formam o par perfeito para garantir boas risadas e momentos de emoção. Como outros astros famosos de Hollywood, eles também resolveram ser produtores do filme.

No elenco secundário, apesar de a história girar em torno do casamento deles, Kaitlyn Dever e Maxime Bouttier entregam interpretações convincentes, assim como Billie Lourd. Destaque para ator francês Lucas Bravo, como Paul, o namorado apaixonado e atrapalhado de Georgia, que sempre a surpreende.


"Ingresso Para o Paraíso" é uma comédia para rir, se distrair e viajar pelas belas paisagens. Daquelas que faz a gente esquecer os problemas e querer apenas sentar na areia ou no alto de uma montanha e ficar olhando o sol desaparecer no mar, um dos "figurantes" mais importantes da história. 

Nem mesmo o final previsível, como é de se esperar de uma comédia romântica, tiram a graça da produção. Vale curtir uma sessão acompanhada de um balde de pipoca e um refrigerante.


Ficha técnica:
Direção: Ol Parker
Produção: Universal Pictures / Working Title Films
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: comédia / romance

07 setembro 2022

“Men - Faces do Medo" é um estudo sobre traumas e o processo de cura

Longa de terror em que todas as figuras masculinas são interpretados pelo mesmo ator, o excelente Rory Kinnear (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Carolina Cassese
Blog no Zint Online 


Os homens são todos iguais. Tal máxima se torna bastante literal em "Men - Faces do Medo", o mais novo filme de Alex Garland, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (8). O longa de terror é centrado na história de Harper (Jessie Buckley), que, após passar por um término traumático, decide alugar uma casa no interior da Inglaterra com o intuito de passar um tempo sozinha. No entanto, diversos acontecimentos desestabilizadores atrapalham seu processo de cura.

O motivo da frase "os homens são todos iguais" ser relevante para o longa é bastante simples: em "Men", todas as figuras masculinas (o anfitrião da casa, a criança problemática da cidade, o vigário, o policial, o barman, o freguês do bar) são interpretados pelo mesmo ator, o excelente Rory Kinnear. 


Se levarmos em conta a figura do policial e do vigário, podemos considerar como eles também representam instituições que em determinados momentos históricos não ficaram necessariamente ao lado das mulheres. 

O vigário, ao conversar com Harper sobre a violência que ela sofreu, chega a dizer: "Isso acontece, os homens batem nas mulheres às vezes" Logo em seguida, seu discurso permanece carregado de culpabilização.


Além de serem iguais na aparência, outra inegável semelhança entre esses personagens é o fato de eles não darem muito valor às palavras da protagonista, em especial quando Harper pede ajuda por estar sendo perseguida (o stalker da protagonista, claro, é também interpretado por Rory Kinnear). 

O policial, por exemplo, não parece estar muito interessado em prevenir que algo aconteça com ela, apenas em "remediar" - retrato de uma sociedade que está disposta a punir, mas não a discutir questões de gênero e nem mesmo a proteger as mulheres quando necessário.


Boa parte das cenas de terror advém da perseguição que a protagonista sofre, ambientada primordialmente no espaço da casa. Há um sentimento de incômodo desde as primeiras cenas, quando o anfitrião apresenta seu espaço para Harper. Ele não sabe bem o que falar e ela tampouco tem certeza do que responder. 

Essa sensação de desconforto permanece em todo o filme, já que a personagem principal não consegue ficar realmente sozinha e refletir sobre sua vida. Ela parece não ser "autorizada", portanto, a passar por seu processo de cura.


Pode ser que o espectador se lembre um pouco da protagonista do longa "Homem Invisível" (2020), de Leigh Whannell, que também é atormentada por uma “aberração” masculina e praticamente não consegue ficar consigo mesma sem ser importunada. Essas mulheres, então,  lutam também pelo direito à privacidade. 

Outro filme que pode vir a mente é a animação "Anomalisa" (2015), de Charlie Kaufman e Duke Johnson, no qual vemos vários personagens iguais (com o mesmo desenho e, claro, a mesma dublagem).

Não é possível chamar a crítica que "Men" realiza de sutil, já que as metáforas são bem carregadas e até mesmo repetitivas. O diretor parece ainda não estar muito preocupado em apresentar soluções para o problema, apenas em evidenciá-lo. De qualquer maneira, é interessante perceber que filmes de terror agora tratam de temas sociais com mais frequência e, inclusive, são capazes de realizar críticas contundentes (o que acontece nos longas de Jordan Peele, por exemplo).


Definitivamente, não dá pra dizer que Garland deixa o espectador indiferente. Todos esses homens são, de fato, aterrorizantes (de jeitos diferentes e, ao mesmo tempo, muito similares). Eles não apenas representam várias esferas da sociedade, como também diversos tipos de violência. A partir da metade do filme, o espectador provavelmente ficará mais tenso e preso na história, que se aproxima do gênero terror.

Mesmo que algumas cenas sejam um pouco óbvias (e talvez “sobrem”), "Men" conta com atuações espetaculares e cenas angustiantes, além de ser um verdadeiro estudo do trauma - emoção que, para a personagem, já é por si só bastante assustadora.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Alex Garland
Produção: DNA Films / A24
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror / drama

04 setembro 2022

"A Fera" - um thriller de suspense sobre vingança, sobrevivência e família

Idris Elba enfrenta um leão assassino gigantesco durante um safari na África (Fotos: Universal Pictures)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Filmes com animais revidando em uma vingança pessoal é o que mais existe, mas saber contar isso em uma boa história, faz toda diferença. "A Fera" ("Beast") está entre os bons filmes. Com direção de Baltasar Kormákur, tem Idris Elba como protagonista enfrentando um leão gigante e com sede de sangue. 

Um tema semelhante, apesar de um roteiro diferente, de outra produção que fez sucesso em 1996 - "A Sombra e a Escuridão", com Val Kilmer e Michael Douglas, que pode ser conferido no @Telecine.


"Em A Fera" conhecemos o Dr. Nate Daniels (Idris Elba) que faz uma viagem à África do Sul com as duas filhas, Norah (Leah Jeffries) e Mare (Iyana Halley), na tentativa de se conectar com as raízes de sua mulher e apresentar a beleza da África. Ele é guiado pelo amigo da família Martin Battles (Sharlto Copley), responsável por cuidar do bem estar dos animais de uma reserva natural. 

A situação começa a ficar tensa, quando em uma visita a uma aldeia, o grupo  descobre que um leão está matando todos na área por causa de caçadores ilegais que mataram sua família. Um ponto comum entre animal e ser humano - ambos estão focados em suas famílias - um em busca de vingança e outro tentando salvar as filhas.


A obra é muito pontual ao deixar o público quase como um observador passivo e fazer com que, a todo momento, possa esperar mortes sangrentas vindas do felino. É muito interessante como a questão dos caçadores ilegais é um tema pertinente e atual sobre o que acontece no continente africano. 

Por um momento ficamos até contentes de ver o leão com sede de vingança assassinar quem lhe fez mal. Por outro lado, há uma apreensão, já que é o Dr. Nate quem está na reta e precisa enfrentar a fera, salvar a família e o amigo e ainda tentar acertar seu relacionamento com a filha mais velha, Norah. 


A direção foi bem acertada, principalmente quando o leão entra em ação e vai ao ataque de suas presas. O animal é muito maior do que os outros de sua espécie, provocando um visual aterrorizante, principalmente nas cenas à luz do dia. O  CGI foi muito bem empregado, com um cuidado polido e próximo ao real, o que ajudou a dar mais realidade ao filme.

Destaco também para o designer de som, em toda a sua narrativa, principalmente nas cenas noturnas e quando o animal está em combate com Nate. Tudo isso dá ao filme um tom maior de suspense. A fotografia é espetacular, explorando bem as savanas e o ambiente selvagem da África do Sul, que serviu de locação para o filme.


Talvez o único defeito de " Fera" seja não ter explorado mais a questão da África e da cultura negra e do povo africano. Também faltou falar mais da relação de Nate com a ex-esposa, a abordagem ficou numa camada superficial. 

É válido destacar o final, tem uma plot twist interessante, mas bem previsível. Funciona com os conceitos apresentados durante o longa, com uma conclusão que reforça os valores da família. "A Fera" é um thriller de suspense e cumpre o que promete. Vai agradar aos amantes de filmes sobre animais assassinos. Vale a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: Baltasar Kormákur
Produção e distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h33
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação / drama

02 setembro 2022

"Marte Um" entra na disputa para representar o Brasil no Oscar 2023

Produção mineira é dirigida por Gabriel Martins e trata de sonhos e realidades (Fotos: Embaúba Filmes)


Da Redação


Na próxima segunda-feira (5) será selecionada uma das seis produções nacionais escolhidas para disputar a vaga de representante do Brasil no Oscar 2023 como Melhor Filme de Língua Estrangeira. "Marte Um", do cineasta, roteirista, montador e diretor de fotografia Gabriel Martins está nessa disputa. 

O anúncio foi feito pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais. Os demais concorrentes são "Carvão", "Pacificado", "Paloma" , "A Viagem de Pedro" e "A Mãe". Os seis foram pré-selecionados de uma lista de 28 filmes inscritos no processo.

Cineasta Gabriel Martins

"Marte Um" teve sua estreia mundial no Festival de Sundance, em janeiro deste ano, e sua primeira sessão no Brasil aconteceu no dia 17/08, na Mostra Competitiva do Festival de Gramado, onde foi bem recebido pelo público. 

Ainda foi exibido em 35 festivais internacionais, ganhando prêmios de melhor longa no OutFest, no Black Star e no San Francisco Film Festival. "Marte Um" tem produção assinada pela Filmes de Plástico e coprodução do Canal Brasil, com distribuição da Embaúba Filmes. 


Este é o segundo longa do diretor (o primeiro solo, sem a parceria de Maurílio Martins, com quem fez o belo “No Coração do Mundo” - 2019), e tem, como um de seus temas centrais, a realização de um sonho infantil. O filme traz o cotidiano de uma família da periferia de um grande centro urbano nos últimos meses de 2018, pouco depois das eleições presidenciais. 

O garoto Deivid (Cícero Lucas), caçula da família Martins, sonha em ser astrofísico e participar de uma missão que em 2030 irá colonizar Marte. Ele sabe que, por suas condições, não há muitas chances para isso acontecer, mas mesmo assim, não desiste. Passa horas assistindo vídeos e palestras sobre astronomia na internet.


O pai, Wellington (Carlos Francisco, de “Bacurau” - 2019, e da Companhia do Latão de teatro), é porteiro em um prédio de elite, e há um bom tempo está sem beber, uma informação que compartilha com orgulho em sessões do AA. Ele quer ver o filho virar jogador de futebol profissional. 

Tércia (Rejane Faria, da série “Segunda Chamada”) é a mãe que, depois de um incidente envolvendo uma pegadinha de televisão, acredita que está sofrendo de uma maldição. Por fim, a filha mais velha é Eunice (Camilla Damião), que pretende se mudar para um apartamento com sua namorada (Ana Hilário), mas não tem coragem de contar aos pais.


O diretor conta que o filme foi desenvolvido entre 2015 e 2018. "Foi um período de muitas mudanças abruptas nos campos social e político do país. Vários movimentos nos fizeram confrontar com o que pensávamos sobre raça, gênero, economia e muitos aspectos da sociedade". 

"Produzimos o filme graças a um fundo para diretores negros, e isso sempre me trouxe um senso de responsabilidade muito grande, com honestidade e compreensão de que esse filme pode ser uma forte representação de uma cultura da qual faço parte”, explica Gabriel Martins.


De acordo com o produtor do filme, Thiago Macêdo Correia, da Filmes de Plástico, ele foi procurado por Gabriel o procurou com a ideia para "Marte Um" quando o país ainda estava sob o comando de Dilma Rousseff, um período de prosperidade, e incentivo e investimentos na cultura. 

“O filme foi produzido graças a um fundo público de 2016 voltado para diretores negros e narrativas de temática negra com o intuito de levar às telas cineastas de grupos minoritários. Obviamente, esse fundo não existe mais. Rodamos o longa em outubro de 2018, durante as eleições, o que acabou influenciando também a narrativa. Não tínhamos ideia do que viria depois.”


“Embora se passe num contexto político turbulento – sendo a eleição de Bolsonaro um ponto baixo para nós –, esse não é um filme que tenta chegar a um veredito sobre o estado político do país. Por outro lado, é inevitável que o público o intérprete como um chamado para não nos deixarmos abater pelas agitações sociais que estamos enfrentando.”

"Marte Um" é assinado pela produtora mineira Filmes de Plástico, fundada por Gabriel, Thiago, André Novais Oliveira e Maurilio Martins, em 2009, e que tem em sua filmografia longas premiados como “Temporada”, “Ela Volta na Quinta”, “No Coração do Mundo” e “Contagem”. Suas produções também foram destaque em festivais como Cannes, Roterdã, Brasília e Tiradentes.


Ficha Técnica
Direção e roteiro: Gabriel Martins
Produção: Filmes de Plástico / coprodução Canal Brasil
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: nas salas Cineart Shopping Contagem (sessão 19h35) e UNA Cine Belas Artes (sessões 14h, 16h20, 18h20 e 20h30)
Duração: 1h54
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gênero: drama

01 setembro 2022

"Predestinado" - A história real do médium Zé Arigó que salvou milhares de vidas

Danton Mello entrega ótima interpretação, especialmente nas cenas de cirurgias espirituais
(Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)



Maristela Bretas


Foram dois anos de espera. Mas finalmente, nesta quinta-feira, estreia nos cinemas brasileiros "Predestinado - Arigó e o Espírito do Dr. Fritz", filme que conta a história real de um dos maiores médiuns da história - José Pedro de Freitas, mais conhecido como "Zé Arigó". 

No papel principal temos Danton Mello em excelente interpretação, conseguindo transmitir a doçura do homem comum e o rigor do espírito do Dr. Fritz (James Faulkner) que ele incorporava durante as milhares de cirurgias espirituais que realizou em Congonhas do Campo (MG), sua terra natal, usando apenas um canivete enferrujado. 


A roteirista Jaqueline Vargas usou como base o livro “Arigó e o Espírito do Dr. Fritz”, escrito pelo jornalista e escritor inglês John G. Fuller, para ajudar a construir o roteiro do filme. A obra literária foi reeditada pela Editora Pensamento e seu novo lançamento acompanha a estreia do filme nos cinemas. 

Veja o vídeo com a narração de atores, diretores e produtores sobre o que representou participar dessa emocionante produção.


Arigó sempre foi um homem simples, humilde e de grande coração. Brigou durante boa parte de sua vida com as vozes que escutava em sua cabeça, julgando, assim como as pessoas que o conheciam, que estava ficando louco. 

Somente mais velho conseguiu entender seus dons mediúnicos e a voz que ouvia do espírito do Dr. Fritz, médico alemão falecido durante a Primeira Guerra Mundial. A partir daí, o médium aceita seu compromisso com a espiritualidade e a missão de salvar vidas sem receber nada em troca.


Pacientes vinham de todas as partes em busca da cura de seus males, nem sempre possível. Ambientado entre os anos 1950 e 1970, o filme mostra o médium sendo combatido e criticado pela igreja, entidades médicas e autoridades. Seu maior inimigo foi Padre Anselmo, pároco da igreja local, papel brilhantemente interpretado por Marcos Caruso.

O filme mostra que, durante sua jornada, Arigó foi orientado pelo também mineiro, Chico Xavier (papel de João Signorelli), sobre os caminhos espinhosos que enfrentaria por seu trabalho de cura espiritual. 


Apesar da perseguição, Arigó sempre contou com o apoio da esposa Arlete Freitas (que era sua prima em quarto grau), com quem teve seis filhos. Coube a Juliana Paes interpretar muito bem a personagem - uma mulher forte, que questionou sua fé, mas cujo amor pelo marido foi maior até mesmo nos piores momentos. 

Ele chegou a ser preso duas vezes. Segundo relatos da época, a primeira  detenção foi sob acusação de curandeirismo. Ele recebeu indulto do então presidente Juscelino Kubitscheck (1902-1976) e saiu livre. Tempos depois, JK, não mais presidente, visitou Arigó para agradecer pela cura de sua filha Márcia, que sofria de leucemia. Isso ocorreu 15 dias antes da morte do médium.


"Predestinado" tem ainda em seu elenco  Alexandre Borges (senador Lúcio Bittencourt), Marco Ricca (juiz Barros), Cássio Gabus Mendes (Cícero, diretor da cadeia), Carlos Meceni (Orlandinho), entre outros. O filme foi gravado na histórica cidade mineira de Congonhas, onde ficava o Centro Espírita Jesus Nazareno, local em que o médium realizou a maioria das curas espirituais. 

Muitas das imagens são reproduções fiéis de fotos da época, dando maior autenticidade ao roteiro, que foi aprovado pelos filhos de Arigó e Arlete. A fotografia também é um destaque, em especial nas cenas do médium ainda menino sufocado pelo medo de estar cometendo pecado por suas visões, e as do encontro com Chico Xavier à beira de um rio.


Uma bela e emocionante produção, que respeita o espiritismo e desmente muitas das inverdades contadas sobre o médium à época, por preconceito, medo ou desconhecimento sobre a cura espiritual. Fiel a Deus, Zé Arigó tornou-se esperança de cura para mais de quatro milhões de pessoas que vinham em constantes caravanas. 

Ele chegou a atender mil pessoas por dia e mostrou que era possível fazer o bem sem exigir nada em troca. Recusou entrar para a política e aceitar benesses da indústria farmacêutica, diferente de outros líderes religiosos. "Predestinado - Arigó e o Espírito do Dr. Fritz" é um filme que vale a pena ser conferido.


Ficha técnica:
Direção: Gustavo Fernandez
Roteiro: Jaqueline Vargas
Produção: Moonshot Pictures / Fj Produções / The Calling Production / Paramount Pictures / Camisa Listrada BH
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h49
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: drama

31 agosto 2022

Óbvio e raso, a comédia francesa “Entre Rosas” diverte, enternece, mas não chega a convencer

O charme do longa é que as flores do título são os personagens principais com sua beleza, perfume e simbologia (Fotos: Califórnia Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém espere profundidade, aventura ou ação no filme “Entre Rosas” (“La Fine Fleur”), comédia francesa dirigida por Pierre Pinaud (“Fale de Você” - 2021). O longa, que entra em cartaz nesta quinta-feira (1º), é dessas produções rasas, descompromissadas, cujo único objetivo parece ser enternecer o público diante de uma surrada disputa entre o industrial e o artesanal, a busca do lucro e a paixão pelo ofício, as grandes corporações e os pequenos negócios. 

O charme do longa é que as rosas são os personagens principais, com tudo o que elas trazem em termos de cores, beleza, perfume e simbologia.


Eve Vernet (Catherine Frot, de “Marguerite” - 2015 e “Quem Ama Me Segue” - 2018) é dona da Rosas Vernet, pequena propriedade de cultivo de rosas na área rural da França e está à beira da falência. Ela e sua ajudante Véra (Olivia Côte) resistem como podem às investidas de Lamarzelle (Vincent Dedienne), proprietário de poderosa empresa concorrente que quer comprar o pequeno roseiral de Eve.


O que anima o filme – de certa forma – é a chegada de três personagens, uma jovem, um jovem e um homem maduro, que surgem para ajudar Eve a salvar sua empresa: Nadège (Marie Petiot), Fred (Melan Omerta) e Samir (Fatsah Bouyahmed). A surpresa é que os três são ex-presidiários e estão em processo de ressocialização. A partir daí, vale tudo, até a ideia de que os fins justificam os meios.


Embora óbvio – antes da metade do longa o público já imagina o que vai acontecer – “Entre Rosas” traz alguma novidade como por exemplo, a pequena aula de Eve ensinando seus novos auxiliares como fazer enxertos para obter uma rosa híbrida e rara, um processo minucioso e desconhecido do grande público. 

O espectador vai aprender também que rosas não são simplesmente cultivadas. Num mundo de concorrências e campeonatos, elas podem também ser criadas e, para isso, é preciso talento, conhecimento e paciência, atributos que ela herdou do pai.


Como a maioria dos filmes franceses, o longa de Pierre Pinaud – que escreveu também o roteiro junto com Fadette Drouard – é marcado por ótimas interpretações naturalistas, alguns silêncios, excelente trilha sonora, vinhos e até cachimbos para enfatizar pausas e reflexões. Destaque também pela fotografia, que não poupa cores, formatos e texturas das flores.

Óbvio também parece ser o processo de ressocialização dos três ex-presidiários na tentativa de recuperação do roseiral. A quase moral da história enaltece a transformação das pessoas pela delicadeza, dedicação e, por que não dizer, beleza. Talvez até coubesse dizer que “Entre Rosas” é ruim, mas é bom. Afinal, estamos falando de rosas.


Ficha técnica:
Direção:
Pierre Pinaud
Distribuição: Califórnia Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
País: França
Gêneros: comédia, drama

28 agosto 2022

UNA Cine Belas Artes completa 30 anos como referência em filmes de arte

Espaço é um reduto de produções independentes de diferentes países e de pré-estreias de títulos nacionais (Fotos: Divulgação)


Da Redação


O cinema de rua resiste em Belo Horizonte. Prova disso é que o UNA Cine Belas Artes completa 30 anos na terça-feira (30 de agosto) e continua sendo um importante espaço cultural multiuso que remodelou a experiência cinematográfica do público da capital mineira.

Desde a sua inauguração, o local se transformou em um reduto de filmes independentes, de arte, de diferentes países, além de pré-estreias de títulos nacionais. Grande parte dos filmes exibidos ali, apesar de sua imensa relevância cultural, não encontra outro espaço em Belo Horizonte.


O complexo, que abriga três salas de exibição, café e livraria, retomou suas atividades em agosto de 2021 após passar por atualização técnica, reparos e reformas que facilitam a higienização do local, além de adequação do espaço aos protocolos de segurança das autoridades sanitárias. 

Essas melhorias só foram possíveis com a forte adesão da população à campanha de crowdfunding SOS Belas BH, realizada de setembro a novembro de 2020, que contou com o financiamento coletivo de 2.547 benfeitores, além da parceria com a Una Liberdade, instituição que integra o Ecossistema Ânima, localizada em frente ao cinema.


Vale destacar que o Belas Artes e a Una Liberdade são vizinhos próximos, ambos no bairro de Lourdes, região Centro-Sul da capital. É precisamente nessa unidade que a Una oferece o seu tradicional curso de cinema. A parceria é, portanto, precedida por uma tradicional afinidade cultural e geográfica. 

A aproximação com o Centro Universitário se dá de forma natural e muito feliz, já que a Una se propõe a fazer parte da vida da comunidade, ter as suas unidades abertas e integradas aos aparelhos culturais do Circuito Liberdade.

30 anos de arte e cultura

O UNA Cine Belas Artes privilegia o cinema brasileiro e o cinema independente, por isso é o único espaço de Belo Horizonte com uma programação diferenciada que dá valor à diversidade. São três salas oferecendo 336 lugares num total. 

"Marte Um", longa do mineiro Gabriel Martins

Na programação, "Marte Um", longa do mineiro Gabriel Martins, que foi premiado com quatro Kikitos no festival de cinema de Gramado como Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Roteiro, Melhor Trilha Musical e Prêmio Especial do Júri.

Dia 30 de agosto tem a pré-estreia, às 20h30, de “Maria, Ninguém Sabe Quem Sou Eu”, um documentário sobre Maria Bethânia. O filme tem imagens raras de ensaios e shows da cantora ao longo de seus 57 anos de carreira, além de um depoimento inédito de Bethânia, com roteiro e direção de Carlos Jardim. No site www.belasartescine.com.br é possível acompanhar a programação completa e adquirir ingressos.


Serviços:
UNA Cine Belas Artes
Endereço: Rua Gonçalves Dias, 1581 – Bairro Lourdes
Telefone: (31) 3324-7232
Informações e programação: www.belasartescine.com.br