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15 junho 2022

“Um Broto Legal” não explica por que um estúpido cupido pode mais do que uma carreira promissora

Marianna Alexandre e Murilo Armacollo estão bem como Celly e o irmão Tony Campello (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Não é preciso ir muito longe para chegar à conclusão de que o diretor Luiz Alberto Pereira tem fortes ligações com a sua cidade, Taubaté, no interior de São Paulo. Afinal, “Um Broto Legal” sobre a trajetória de Celly Campello, que entra em cartaz nesta quinta-feira (16), é o segundo filme dele sobre celebridades da sua terra. 

O outro, de 2006, é “Tapete Vermelho”, belo tributo ao ator Mazzaropi, que lotava as salas de cinema nas décadas de 1950 e 1960, com atuação antológica de Matheus Nachtergaele como o caipira que queria, a qualquer custo, apresentar o comediante ao filho adolescente.


Mas, se em "Tapete Vermelho", Luiz Alberto foi brilhante e criativo, inventando uma história na qual Mazzaropi era apenas um alvo a ser alcançado por uma família interiorana, em “Um Broto Legal”, ele e o roteirista Dimas Oliveira Júnior parecem ter optado pelo óbvio. A trajetória da taubateana Célia Benelli Campello é mostrada de forma quase burocrática, sem charme, sem brilho, sem dramas.

Quem acompanhou a época, ou já se interessou pela música daquele tempo (final dos anos 50 e início dos 60), sabe que o rock brasileiro passou a existir a partir de versões de sucessos de conjuntos e cantores americanos. E que Celly Campello foi a primeira mulher pop star do rock’n’roll nacional. Até então, quem dominava as rádios eram os boleros e sambas-canções entoados pelos vozeirões de  Ângela Maria, Nora Ney e afins. 

Celly e Tony Campello (Divulgação)

Foi um arraso quando aquela menina apareceu cantando “Estúpido Cupido”, “Banho de Lua” e “Broto Legal”. Há quem diga que, antes de Celly Campello e seus rocks, a juventude brasileira não existia. Portanto, até pelo pioneirismo, a meiga e delicada cantora de voz pequena e afinada talvez merecesse um filme mais arrojado, por mais que sua trajetória pareça singela e linear. 

Com atores praticamente desconhecidos e roteiro previsível, o que fica no final é uma espécie de obrigação cumprida, uma cinebiografia morna. Não se pode dizer que o elenco é fraco. Nada disso. São muito gracinhas a novata Marianna Alexandre como Celly e Murilo Armacollo como Tony Campello. Corretos estão também o casal que interpreta os pais dos dois artistas - Paulo Goulart Filho e Martha Meola, como o sim e o não - sem falar de Danilo Franccesco, como Eduardo, o namorado da estrela. 


Há que se elogiar ainda o esforço da equipe para recriar cenários de um tempo em que não havia vídeos, apenas fotos. Celly morreu em 2003, mas o filme conta com uma consultoria muito especial: o irmão mais velho Tony, que, aos 85 anos, se envolveu com o projeto e partilhou várias histórias que serviram de base no roteiro, além de fotografias, discos, prêmios dela e dele, que acabaram sendo alguns dos objetos utilizados no filme. 


Uma curiosidade: o roteirista Dimas Oliveira Júnior lançou em 2012 o documentário longa-metragem "Celly e Tony Campello - Os Brotos Legais" com entrevistas de Renato Teixeira; Agnaldo Rayol, que era amigo da família; depoimentos do irmão Tony e de Wanderléia falando sobre a influência da cantora, precursora do rock no Brasil, na geração dela e na Jovem Guarda; e uma entrevista com Celly feita em 1999 (ela morreria de câncer em 2003). Este filme está em exibição no Canal Brasil (confira o canal em sua operadora), com reprises nos dias 18 e 24 de junho e 1º de julho.

Pôster do documentário (Divulgação)

Pode até ser que fãs mais ardorosos reconheçam, no longa, o retrato fiel da mocinha certinha, careta e apaixonada que se recusou a ser estrela. O roteiro, portanto, justificaria a vida previsível e sem arroubos da artista. Pode ser. Mas como cinema é arte, não custava dourar a pílula, salpicar purpurina, dramatizar, priorizar conflitos, enfatizar dificuldades, analisar e, principalmente, jogar luz e discutir, de alguma forma, a distância entre talento e vocação. 

Ninguém pergunta, por exemplo, por que ela foi convidada por Roberto Carlos para ser a figura feminina da Jovem Guarda e disse não. “Um Broto Legal” pode até ser um filme correto e razoável. Mas falta tempero.


Ficha técnica:
Direção: Luiz Alberto Pereira
Roteiro: Luiz Alberto Pereira e Dimas Oliveira Jr.
Produção: Lapfilme Produções
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h34
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, biografia, musical

02 dezembro 2021

Da infância conturbada à glória no tênis, "King Richard: Criando Campeãs" conta a história das irmãs Williams

Baseado em fatos reais, o drama trata da persistência de um pai em transformar suas filhas em lendas num esporte elitizado (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Marcos Tadeu
@Prosa&Cultura

 
“King Richard: Criando Campeãs” funciona como um bom longa motivacional ao mostrar a força e a garra das irmãs tenistas Serena e Vênus Williams em meio a uma época de racismo e um pai abusivo. Na história conhecemos Richard Williams (Will Smith), um pai batalhador, esforçado, que vê a chance de tornar suas filhas Vênus (Saniyya Sidney) e Serena (Demi Singleton) em atletas renomadas do tênis, o que acabou acontecendo. O filme estreia nesta quinta-feira (2) apenas nos cinemas.

Em um primeiro momento, o filme busca apresentar o drama de Richard: as tarefas domésticas, as dificuldades financeiras e como conciliar tudo isso com seus dois empregos, de faxineiro na quadra do bairro e segurança em uma firma. Ele começa a desenvolver conhecimento e habilidades no tênis lendo e assistindo partidas na TV.


A partir daí, percebe que suas filhas têm um grande potencial para se tornarem atletas de peso nesse esporte, praticado em 90% por brancos. Seu maior desafio é fazer com que Vênus e Serena sejam treinadas por técnicos que as ajudem a buscar seu objetivo. É interessante ver que as camadas do longa são bem definidas pelo diretor Reinaldo Marcus Green, deixando o telespectador contextualizado sobre o que viria. Além do fato de apresentar uma família de negros e toda questão racial em torno disso e do esporte em si.


Em um segundo momento notamos os métodos nada convencionais de Richard treinar as filhas. Até mesmo na forma como ele bate de frente com os técnicos que aparecem para ajudar as irmãs Williams. A relação do personagem principal, título do filme, com os treinadores é conturbada. Muitas são as vezes em que ele tenta ensiná-los como trabalhar. Isso se repetiu com os dois técnicos - Rick Macci (Jon Bernthal) e Paul Cohen (Tony Goldwyn).

O filme aqui decide ir por caminhos que ficam entre o tom de comédia e o drama. Ao mesmo tempo em que Will Smith interpreta um pai preocupado e zeloso com as filhas, muitas vezes peca pelo excesso em cobrar perfeição das jovens. Os desafios de guiá-las dentro de quadra, mesmo com a presença de um técnico, muitas vezes geram atritos e até situações de racismo.


Em grande parte da narrativa há uso excessivo de frases de efeito, principalmente em relação a Serena e Vênus, reforçando a ideia de que elas vão conseguir alcançar seus objetivos jogando tênis. Tanto os técnicos, como a família incentivam as atletas a não desistirem até alcançarem o sucesso. 

Até certo ponto isso funciona, porém, usado em excesso faz parecer que soa forçado. A relação das irmãs com as quadras e o tempo também são importantes para mostrar o desejo de se ter um esporte na vida e de torná-lo profissão. Vênus, claro, é a maior atração e isso fica bem visível durante toda narrativa.


Outro aspecto positivo é a parte técnica - figurino, cabelo e maquiagem. Um trabalho bastante cuidadoso. Ao comparar imagens reais de Richard, Vênus e Serena Williams com as dos atores, tudo é muito verossímil e próximo do real. Um ótimo ponto que conecta o telespectador ao contexto da época e dos fatos narrados. Sucesso também na trilha sonora, que conta com a música “Be Alive” interpretada pela cantora Beyoncé.


Destaco também a atuação de Will Smith, mesmo que o personagem me incomode em alguns aspectos. No geral, ele é um pai abusivo que, mesmo quando não decide colocar pressão em suas filhas, faz de tudo para dar lições de humildade. Mas não é nem um pouco humilde como pessoa e fica visível a sua pretensão maior por Vênus do que por Serena. 

Fora o fato de que muito tem de ser feito pela família apenas para satisfazer a vontade e o ego de Richard. Todas as mulheres da casa são silenciadas ou pouco ouvidas. O personagem age como um rei. Não acho que um Oscar para Will Smith seja merecido, pois pode soar como um reforço a esse tipo de comportamento abusivo do pai.


Senti falta de explorar melhor outros fatores externos como a relação de Richard com a esposa Oracene “Brandi” Williams (papel de Aunjanue Ellis, que está excelente), os problemas financeiros, as filhas na escola e o fato de serem negras.

Infelizmente, a questão do racismo em si deixou muito a desejar, apesar de todos os membros da família serem negros e sofrerem muito com isso. Ficou uma abordagem rasa, sem aprofundar, o que causa estranhamento, uma vez que os produtores do filme também são negros.


Vale ressaltar também que outros negros retratados em “King Richard: Criando Campeãs” são colocados como pessoas ruins e somente a família de Richard se destaca como sendo de caráter. Um exemplo disso é a cena em que ele vai ensinar sobre humildade ao exibir o filme "Cinderela", da Disney, em uma sessão em casa. Curioso é que a personagem é branca. Não havia para ele nenhum personagem negro na época para ser referência para as filhas?

A arrogância de Richard é tamanha que desconstrói o que deveria ser um ensinamento, tudo para mostrar que os Williams são um exemplo de humildade. Até mesmo com os brancos retratados o protagonista desenvolve uma relação do tipo patrão/empregado. Mesmo assim, são taxados de ruins. Ou seja, tanto negros como brancos são maus, somente a família de Richard é boa. E o entorno deles?


Serena Willians também se torna um fator complicado na narrativa. Durante todo o tempo de tela, vemos o desenvolvimento maior de Vênus e como, facilmente, ela ganha prestigio com os técnicos e, principalmente, com seu pai. Serena, em alguns momentos, dá a impressão de que vai ganhar mais protagonismo, mas acaba sendo ofuscada pelo brilho da irmã. 

Apresentar protagonistas tão fortes e invencíveis, sem um grande desafio, muitas vezes pode deixar o final bastante previsível. Apesar disso, “King Richard: Criando Campeãs” consegue apresentar um encerramento diferente do esperado, o que é um grande acerto, pois surpreende o telespectador e ainda consegue motivá-lo.


Ficha técnica:
Direção: Reinaldo Marcus Green
Produção: Warner Bros. / Star Thrower Entertainment / Overbrook Entertainment / Westbrook Inc.
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h18
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama / biografia

31 outubro 2021

História, ação e ideologia fazem de “Marighella” um filme imprescindível

Filme dirigido por Wagner Moura traz o cantor e ator Seu Jorge interpretando um dos maiores inimigos da ditadura militar brasileira (Fotos: Factoria Comunicação/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Pode ser que uns e outros não gostem. Mas fica claro, desde o início, que no filme “Marighella", direção de Wagner Moura, o personagem é apresentado e conduzido como o grande inimigo da ditadura militar, valente defensor da democracia e da liberdade. A posição política do diretor é explícita e talvez venha daí a honestidade do longa que, em 2h35 minutos, narra os últimos cinco anos do líder da ALN – Ação Libertadora Nacional. 


A produção, filmada na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, estreia nos cinemas no próximo dia 4 de novembro, há exatos 52 anos do assassinato de Marighella. Passou por importantes festivais pelo mundo - Berlim, Seattle, Hong Kong, Sydney, Santiago, Havana, Istambul, Atenas, Estocolmo, Cairo -, além de cerca de 30 exibições em países dos cinco continentes, e terá pré-estreias a partir do dia 1º de novembro em todo Brasil.


O recorte da biografia do político, escritor e guerrilheiro baiano no filme vai do golpe militar de 1964 até 1969, quando ele foi assassinado numa emboscada nas ruas de São Paulo. Mostrado como aglutinador, inteligente, criativo e corajoso, Carlos Marighella é interpretado na medida por Seu Jorge, que tem se revelado, além de cantor, um ator de talento, sempre expressivo quando seu rosto é explorado em closes.

Carlos Marighella (esquerda) é interpretado por Seu Jorge (direita)

É impossível sair ileso do filme, que entra em cartaz nos cinemas do Brasil com dois anos de atraso, segundo consta, por problemas provocados pela Ancine – Agência Nacional do Cinema – que fez de tudo para barrar a exibição do primeiro trabalho do ator Wagner Moura na direção, mesmo depois dele ter sido aplaudido de pé no Festival de Berlim, em 2019. 


“Marighella” é essencialmente didático e nitidamente popular, capaz de prender e emocionar pessoas das mais diferentes idades e - quem sabe - ideologias. E pode até agradar os que apreciam filmes de ação e tiroteios. Veja o vídeo especial sobre quem foi Marighella clicando aqui.


Baseado na biografia escrita por Mário Magalhães em 2012, o roteiro do longa - de Felipe Braga e Wagner Moura - é enriquecido com uma sacada inteligente: como eram muitos os guerrilheiros liderados por Marighella, os atores que os interpretam no filme aparecem com seus próprios nomes, como se representassem todos eles. 

Assim, Humberto Carrão, por exemplo, é o jovem guerrilheiro Humberto; Bella Carneiro simboliza a presença feminina como Bella, Henrique Vieira marca a atuação da igreja no movimento como frei Henrique e assim por diante.


Estão também no elenco artistas experientes e brilhantes como Bruno Gagliasso, convencendo satisfatoriamente como o desprezível Lúcio, delegado e torturador; Herson Capri como o empresário de imprensa Jorge Salles, Luiz Carlos Vasconcelos como o militante maduro Branco, e Adriana Esteves (em papel pequeno, mas marcante) como Clara, a mulher de Marighella.


É preciso destacar ainda a perfeita reconstituição de época do filme. Impossível não perceber que todos se locomovem de Fusca ou de Rural Willys, por mais perigosa que seja a ação. Outro destaque é a trilha sonora que, desde o início, mostra a que veio com hip hops de letras engajadas.


Mesmo que pareça parcial, mesmo que seja uma homenagem a um homem que nem todos admiram e aplaudem, “Marighella” é um filme imprescindível por colocar nas conversas o nome de alguém que não entrou nos livros de História do Brasil, apesar de ter lutado e morrido pelo que acreditava. Não dá para desprezar a trajetória de alguém que vivia repetindo: “Não tenho tempo para ter medo”.


Ficha técnica:
Direção: Wagner Moura
Exibição: nos cinemas
Produção: O2 Filmes / Globo Filmes / Maria da Fé
Distribuição: Paris Filmes / Downtown Filmes
Duração: 2h35
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: Drama / Biografia

16 janeiro 2020

"O Escândalo": os bastidores da TV que o público não vê

Charlize Theron, Nicole Kidman, Margot Robbie formam o trio principal desta produção basada em fatos reais (Fotos: Hilary Bronwyn Gayle/Divulgação)

Maristela Bretas


O que chama mais atenção em "o Escândalo" ("Bombshell"): a história de assédio sexual numa das maiores redes de TV dos EUA ou a mudança radical no rosto de uma das mais belas atrizes de Hollywood da atualidade - Charlize Theron? Difícil saber. A transformação no rosto (graças à maquiagem e intervenções) a deixou quase idêntica à personagem que ela interpreta, Megyn Kelly, âncora e comentarista política do telejornal. E garantiu a indicação como Melhor Atriz no Oscar 2020. A ponto de o filho da verdadeira Megyn Kelly confundir a foto de Charlize no pôster na entrada do cinema com a mãe, no dia em que a família foi assistir a pré-estreia do filme nos EUA.

À esquerda: Gretchen Carlson e Nicole Kidman;à direita,
Megyn Kelly e Charlize Thenor (Fotomontagem)
E foi também este quesito que levou o filme a conquistar o Critics´Choise Awards 2020 como Melhor Maquiagem e Cabelo e ser um dos indicados ao Oscar deste ano nesta categoria. Além de Charlize, o trabalho também foi muito bem feito em Nicole Kidman, no papel de outra âncora famosa da Fox News. Gretchen Carlson. Foi ela quem deu início às denúncias de assédio sexual dentro da emissora e perdeu o emprego por isso.

Além das duas tarimbadas atrizes, destaque também para Margot Robbie, cuja atuação como Kayla Pospisil (personagem fictício que representa todas as mulheres assediadas no trabalho) foi suficiente para sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. 


Para quebrar um pouco a hegemonia feminina, que vai prevalecer e dar o tom da história temos a excelente atuação de John Lithgow, no papel de Roger Ailes. Ele é o todo poderoso presidente e executivo-chefe do grupo televisivo Fox, acusado por Gretchen Carlson e Megyn Kelly de assediá-las sexualmente e várias outras mulheres que entraram na empresa e tinham que passar pelo "teste da lealdade" para serem aceitas.


Chega a ser podre a forma sórdida com que Ailes ameaça e se dirige a suas funcionárias, exigindo pernas de fora, decotes ousados e saias curtas (nunca podiam usar calças). Ou seja, exposição máxima para seu prazer e audiência. Segundo o filme, Gretchen teria iniciado as denúncias após anos de "avanços" do executivo que ela não aceitou e foi demitida por isso. Começa a luta para provar todas as acusações, especialmente porque quem havia sofrido o assédio se recusava a contar sua história.

Foi preciso a confirmação das acusações por parte de outra estrela da emissora, Megyn Kelly, para que o caso se tornasse o maior escândalo dos bastidores da mídia norte-americana daquela época. E mostrasse ao público o que se passava por trás das câmeras e que nem tudo é tão glamoroso nas TVs como aparece na tela.


Além da ótima atuação do trio feminino principal, o elenco contou ainda com outros nomes famosos que cumpriram satisfatoriamente seus papéis: Allison Janney, Kate McKinnon, Connie Britton e Malcom McDowell. A história fluiu fácil, num tempo justo, sem esticar muito para não ficar chata e sem grandes surpresas até mesmo na revelação dos assédios. Não fosse o elenco, a trama não passaria hoje de um episódio comum sobre fatos que marcaram os bastidores da TV. 

O diretor Jay Roach soube aproveitar muito bem o talento de Charlize Theron, Nicole Kidman, Margot Robbie e John Lithgow. Só a participação deles já vale o filme, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas.


Ficha técnica:
Direção: Jay Roach
Produção: Denver and Delilah Productions // Bron Studios 
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h49
Gêneros: Biografia / Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #OEscândalo, #Bomshell, #CharlizeTheron, #NicoleKidman, #MargotRobbie, #drama, #biografia, #FoxNews, #MegynKelly, #GretchenCarlson, @CinemaEscurinho, @cinemanoescurinho

12 janeiro 2020

"O Irlandês" é o melhor filme sobre máfia desde "O Poderoso Chefão"

Joe Pesci e Robert De Niro, juntamente com Al Pacino, formam o elenco principal desta longa e excepcional produção da Netflix (Fotos: Netflix/Divulgação) 

Jean Piter


O que te passa pela cabeça quando se fala em filme sobre a máfia? Famílias poderosas, ricas, influentes, respeitadas... Chefões muito inteligentes, disciplinados, bondosos com seus amigos e afilhados e ao mesmo tempo cruéis com seus inimigos. É uma relação de amor e ódio. Você até questiona algumas ações desses mafiosos, mas não deixa de admirá-los. As histórias são cheias de traições e reviravoltas, planos bem articulados e, claro, muito sangue. Assassinos frios e precisos são personagens indispensáveis nessas tramas. "O Irlandês", de Martin Scorsese, tem um pouco de tudo isso aí. Mas vai além e trás um olhar mais humano sobre o mundo do crime.


"O Irlandês" é baseado no livro “I Heard You Paint Houses” (“Eu Ouvi Você Pintando As Casas”, em tradução livre), de Charles Brandt, que narra a história real de Frank Sheeran (Robert De Niro). Um veterano da Segunda Guerra Mundial que acaba se envolvendo com mafiosos nos Estados Unidos. Trabalhando como caminhoneiro, ele entra em um esquema de desvio de carga para vender a mercadoria no mercado clandestino. E nesse cenário que ele conhece um dos chefes da máfia, Russell Bufalino (Joe Pesci). Eles se tornam amigos. Sheeran vira então um “faz tudo” para os negócios, recebe várias missões e executa todas com precisão e muita discrição, inclusive a de matar pessoas.


O olhar humano que Scorsese trás para a história está nos erros que os personagens cometem. Erros que qualquer pessoa normal comete. Escolhas erradas, decisões precipitadas e atos que a gente se arrepende depois. Diálogos que chegam a ser engraçados de tão idiotas, a ponto de você se perguntar: Nossa, como um chefão desses consegue ser tão burro? O filme mostra o lado da vaidade desses personagens, o quanto vivem em função do poder e de sempre quererem mais e mais, como se nunca fossem envelhecer, como se fossem imortais. O quanto eles se ocupam com isso e que eles acabam deixando de viver ao escolher esse tipo de vida. É um filme sobre as conquistas dos mafiosos, mas que dá destaque aos fracassos, ao saldo negativo que sobra no fim da vida, ao conjunto de uma obra que traz o questionamento: Valeu a pena essa vida?

Computação gráfica usada para contar a história do personagem de Robert De Niro (Montagem sobre fotos/Netflix)
Vale destacar o uso de computação gráfica para rejuvenescer os personagens, algo que ainda não tínhamos visto nessa intensidade. O mesmo ator fazendo um papel que envelhece ao longo de décadas. Por vezes, é visível o uso dessa tecnologia, o que deixa a imagem meio artificial, como a de personagens de videogame. Mas nada que comprometa a obra. É o recurso disponível e que foi usado da melhor forma possível.


"O Irlandês" é uma obra para se assistir mais de uma vez, mesmo tendo três horas e meia de duração, que é um tempo suficiente e adequado pra contar essas histórias. É um filme muito bem feito, com uma narrativa leve, que não cansa. Tem atuações maravilhosas de De Niro, Pesci e Al Pacino. Um trio que talvez a gente não veja mais atuando juntos. Uma obra prima de Scorsese que já nasceu como clássico. É o melhor filme sobre máfia desde "O Poderoso Chefão".



Ficha técnica:
Direção: Martin Scorsese
Produção: Netflix / Sikelia Productions / Tribeca Productions
Distribuição: Netflix Brasil
Duração: 3h29
Gêneros: Suspense / Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #OIrlandês, #TheIrishman, #Netflix, NetflixBrasil, #RobertDeNiro, #JoePesci, #AlPacino, #MartinScorsese, #drama, #máfia, #suspense, #biografia, #CharlesBrandt, #cinemaescurinho, #cinemanoescurinho

26 setembro 2019

"Hebe" é um recorte raso da história de uma grande estrela do Brasil

Andréa Beltrão brilha e entrega uma Hebe Camargo real, com qualidades e defeitos (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Muito superficial, sem detalhar datas e pessoas importantes da época, "Hebe - A Estrela do Brasil" o diretor Maurício Farias perde a oportunidade de contar a rica história daquela que foi a maior apresentadora de TV do país. A produção é um recorte de um curto período na vida exótica e polêmica da estrela que passou pelas principais emissoras do país, mas se recusou (e o filme reforça isso) a trabalhar na Rede Globo. Uma pena não ter explorado a infância humilde, a descoberta do talento no rádio, a ascensão à TV até sua morte. Sim, Hebe morreu. No dia 29 de setembro de 2012, vítima de uma parada cardiorrespiratória enquanto dormia. Na época. ela se preparava para retornar ao SBT. Mas esse fato não é citado nem mesmo com a famosa plaquinha nasceu em /faleceu em.


Coube à atriz Andréa Beltrão interpretar Hebe Camargo aos 60 anos. E ela entregou uma excelente atuação, sem se preocupar em ser uma caricatura da apresentadora, com seus RRs arrastados e o sotaque do interior paulista. O período escolhido foi o de maior pressão e perseguição, segundo o filme, quando saiu da Rede Bandeirantes e foi contratada pelo próprio Silvio Santos, no SBT. Enfrentando todos que tentavam mudar sua maneira de apresentar seus programas, ela levava ao palco travestis, gays, negros e minorias, deixando produtores e diretores das emissoras de cabelo em pé, mas garantindo altos índices de audiência.

Fez grandes entrevistas em seu famoso sofá, cantava e provocava usando um forte poder de persuasão. Foi ameaçada de prisão por criticar a corrupção dos políticos, apesar de ser amiga de um dos maiores corruptos do país - o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf (e a esposa dele, Sylvia) e de Antônio Carlos Magalhães (ex-governador da Bahia), citado rapidamente. A Eucatex, maior empresa do setor madeireiro do pais na época, pertencente à família de Maluf, foi anunciante do programa de Hebe durante anos.


A composição do personagem por Andréa Beltrão focou no lado exótico, mas elegante, de Hebe, sem esquecer também a parte sombria. Apesar de estar sempre cercada por amigos e fãs, ter um filho que a adorava e um marido que a idolatrava, ela era uma pessoa solitária. A mansão onde morava, com muitas portas e corredores que mais pareciam um labirinto, confirmava isso. O prazer da atriz em beber muito e sempre é exposto no filme, assim como seu gosto por coisas caras, e a prepotência em mostrar "quem é que mandava".

O filme também não deixou passar em branco a relação conturbada com o segundo marido, Lélio Ravagnani (Marco Ricca). Empresário e também alcoólatra, ele era possessivo ao extremo e não aceitava a vida glamourosa da esposa e as amizades dela, com o cantor Roberto Carlos (Felipe Rocha), com quem ela trocava selinho no programa, e o apresentador Chacrinha (Otávio Augusto).


Mas à medida que o roteiro escrito por Carolina Kotscho vai se desenrolando, a impressão que dá é de que teria sido escrito pela ótica do filho Marcelo, que adorava a mãe, mas que sofria calado pelo pouco tempo que passavam juntos. Ou com as brigas constantes dela com o padrasto. O jovem, homossexual não assumido à época, era tratado como criança por Hebe, estava sempre sozinho, vivendo na imensa mansão da família e tendo como únicos amigos os empregados da casa.


As amigas fiéis e inseparáveis de longas datas - Nair Bello (Claudia Missura) e Lolita Rodrigues (Karine Teles) - foram lembradas duas vezes no filme, Hebe era a mais exótica e elegante das três. Neste ponto a produção brilhou demais. o figurino honrou a rainha da TV., tão chamativos quanto os trajes usados por ela à época. Dona de uma grande fortuna, Hebe exibia joias caríssimas e que teriam sido cedidas pelo filho Marcelo (interpretado por Caio Horowicz). Ele participou da produção juntamente com o primo Claudio Pessutti (papel vivido por Danton Mello), assessor da apresentadora neste período. No filme foram usados por Andréa Beltrão os brincos de diamante, uma medalha de ouro e o vestido preto com abas que ela se apresentou na estreia do programa no SBT.


Além do figurino, a trilha sonora também foi muito bem escolhida, tanto para compor a época, com os  Menudos se apresentando no programa para histeria das fãs no auditório, quanto o repertório romântico de Roberto Carlos. Sucessos como "Emoções" e "Cama e Mesa" embalaram os momentos mais expressivos do filme. Mas é Stella Miranda como a saudosa e escrachada Dercy Gonçalves quem oferece a parte mais divertida de toda a história.

Hebe Camargo (Foto Roberto Nemanis/SBT/Divulgação)

Para aqueles que vão ao cinema para saber um pouco mais sobre a grande dama da TV, vale uma explicação antecipada. O filme se passa entre os anos de 1979 e 1986, durante o governo militar do presidente João Batista Figueiredo (uma foto dele e dos também ex-presidentes Ernesto Geisel e Emílio Garrastazu Médici aparece na parede do órgão fiscalizador). Ou seja, em plena censura, que todo mundo negava que ainda existisse, mas que controlava e punia os atores que saíssem da linha.

Pena que a parte mostrada seja muito pouco da história de Hebe Camargo, uma mulher além do seu tempo, provocadora, batalhadora, intransigente, desbocada quando queria, e que se consagrou como uma das apresentadoras mais emblemáticas da televisão brasileira e arrastou uma legião de fãs de uma ponta a outra do país. Apesar de deixar um vazio de informações importantes sobre a vida da "Estrela do Brasil", "Hebe" vale pelo figurino, a trilha sonora e as atuações do ótimo elenco, em especial, Andréa Beltrão.


Ficha técnica:
Direção: Maurício Farias
Produção: Globo Filmes / Hebe Forever / Labrador Filmes / Loma Filmes
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h52
Gêneros: Drama / Biografia
País: Brasil
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #HebeFilme, #AndreaBeltrao, #HebeCamargo, #drama, #biografia, #GloboFilmes, WarnerBrosPictures, #EspacoZ, @#jornaldebelo, @cineanoescurinho, @cinemaescurinho

19 setembro 2019

“A Música da Minha Vida” e a difícil arte de ser livre

Veveik Kalra interpreta um adolescente britânico, de família paquistanesa, que venera o cantor e compositor Bruce Springsteen (Fotos: Nick Wall/Warner Bros. Pictures)


Carolina Cassese


Depois dos sucessos de “Bohemian Rhapsody” (2018), “Rocketman” (2019) e “Yesterday” (2019), que trouxeram a magia de artistas consagrados (respectivamente da banda Queen, do cantor Elton John e dos Beatles) para as telas, chegou a vez de celebrar a trajetória musical de Bruce Springsteen. No longa “A Música da Minha Vida”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (19), Jeved (Veveik Kalra) é um adolescente britânico, de família paquistanesa, que vive na cidade de Luton, em 1987. 

Naquela época, a Inglaterra era governada pela primeira-ministra Margaret Thatcher, conhecida como “A Dama de Ferro”. Diante de um contexto repleto de tensões econômicas e raciais (nesse mesmo período, o líder sul-africano Nelson Mandela seguia preso, enquanto ativistas do mundo inteiro iam às ruas pedir sua liberdade), acompanhamos a dificuldade do protagonista em encontrar a própria identidade e se livrar das amarras dos pais conservadores. 


Dirigido por Gurinder Chadha, o filme (baseado em uma história verídica) foca também no preconceito que alguns britânicos nutrem pelos imigrantes paquistaneses. Assim como nas dificuldades que esses enfrentam para serem inseridos no mercado de trabalho - muitos acabam em posições subalternas e não conseguem ascender socialmente. O longa acerta em mostrar que, em períodos de crise, os grupos minoritários são especialmente afetados e ainda mais atacados por supremacistas. Ao tratar dessa temática, a produção se torna assustadoramente atual. 


Javed quer fugir dessa realidade que, para ele, é sombria e sem futuro no horizonte. Quer escrever, o que o pai não considera um ofício. Na escola, um mundo novo se abre. Ao se deparar com a diversidade de tribos, entende que há muita vida lá fora. Com o empurrão da professora de literatura e a dica preciosa do colega e conterrâneo que lhe passa fitas K-7 de Bruce Springsteen, ele amplia seus horizontes. E percebe que as inquietações que atormentam seu interior são compartilhadas por muita gente mundo afora. Até mesmo por Springsteen, esse rapaz de Nova Jersey, que passou para a história da música mundial (o cantor, inclusive, completa 70 anos no próximo dia 23). 

A partir do momento que o jovem paquistanês descobre as músicas do “Boss”, sua vida ganha um sentido - e o longa se torna mais envolvente. Ao conhecer Eliza (Nell Williams), ele encontra uma garota para compartilhar suas descobertas e os planos para o futuro. Seu talento para a escrita passa a chamar atenção e sua carreira começa a deslanchar. No entanto, a turbulenta relação com o pai (interpretado por Kulvinder Ghir) cria alguns impedimentos - e é responsável pela maior parte dos momentos de tensão. 


Em algumas cenas, o filme pode parecer literal demais, como nas vezes em que palavras-chave das músicas de Springsteen aparecem na tela. O recurso parece desnecessário, já que a conexão entre a letra das canções e a vida de Javed já é bem evidente. Pode-se pontuar também que, ao passo que o longa acerta em muitas críticas sociais, há uma idealização dos Estados Unidos. 


Em certo momento, o protagonista afirma que os principais males da Inglaterra (como a xenofobia), praticamente não existem na terra de Springsteen. No entanto, sabe-se que os EUA têm um histórico considerável de intolerância contra outras nacionalidades (especialmente em se tratando de países mais periféricos). As atuações são, sem dúvida, o ponto alto do filme, com destaque para Veveik Kalra e a maior parte do elenco jovem. 

No fim das contas, “A Música da Minha Vida” pode ser classificado como um “feel-good movie”, daqueles que assistimos com um sorriso no rosto. Faz divertir e cantar, mas não deixa de tocar em temas sérios que, relevantes naquele hoje distante 1987, ainda soam dolorosamente pertinentes em pleno 2019. 
Classificação: 12 anos
Duração: 1h57
Distribuição: Warner Bros. Pictures


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21 agosto 2019

Cineclube TJ exibe "A Dama de Ferro", em sessão especial, nesta quinta-feira

Meryl Streep interpreta a primeira ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher (Fotos: Alex Bailey/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma ótima oportunidade para quem ainda não viu este grande trabalho da excepcional Meryl Streep. "A Dama de Ferro" ("The Iron Lady"), drama lançado em fevereiro de 2012, foi o filme escolhido para a sessão especial do Cineclube TJ que acontece nesta quinta-feira (22), às 19 horas, no Auditório da Corregedoria do TJMG, na Rua Goiás, 253, no Centro. A exibição faz parte da programação da Semana Justiça pela Paz em Casa. A entrada é franca.


Meryl Streep interpreta Margaret Thatcher, ex-primeira ministra da Inglaterra, que dirigiu o país com mão de ferro. O filme mostra vários momentos da vida de Thatcher, desde a sua entrada na política, sua personalidade forte até sua aposentadoria. Em um mundo dominado por homens, ela enfrentou vários preconceitos e lutou pela recuperação do país, numa época de recessão econômica provocada pela crise do petróleo no fim da década de 1970. Foi durante o governo de Thatcher que o Reino Unido entrou em conflito com a Argentina, na conhecida Guerra das Malvinas, também abordada no filme.


Além do Oscar, Meryl Streep conquistou outras seis estatuetas como Melhor Atriz, nos Estados Unidos e Europa. O elenco conta ainda com Jim Broadbent (como Denis Thatcher, marido de Margareth), Alexandra Roach (a jovem Margareth), Phoebe Waller-Bridge, Olivia Colman, Harry Lloyd, Iain Glen e outros. O longa, dirigido por Phyllida Lloyd e roteiro de Abi Morgan, tem duração de 1h45.



Cineclube TJ

Criado em 2003 pelo desembargador Sérgio Braga, o Cineclube TJ exibe filmes toda última quinta-feira do mês, obras marcantes da história cinematográfica, precedidas de apresentações e finalizando, após a projeção, com discussões de alto nível sobre os temas abordados pelos filmes. Em 30 de maio de 2017 estreou a primeira exibição audiovisual destinada aos deficientes visuais, projeto idealizado pelo servidor Alexandre Garcia e executado em parceria com a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa.



Serviço:
Local: Auditório da Corregedoria do TJMG - Rua Goiás, 253 - Centro
Horário: 19 horas
Entrada: Franca
Capacidade: 100 pessoas - sujeito à lotação
Classificação: 10 anos

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