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23 maio 2021

"Godzilla vs. Kong" - Batalha de titãs com ótimos efeitos especiais, mas roteiro fraco

Longa dirigido por Adam Wingard oferece grandes batalhas, no mar e em terra (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Um dos blockbusters mais esperados do ano, "Godzilla vs. Kong" entrega ótimas batalhas entre os dois gigantescos monstros, esbanjando em efeitos gráficos, nas cores e na destruição de cidades, como já era esperado. Mas deixou a desejar em roteiro e atuações, ao contrário dos outros três filmes de cada titã que anunciam para este encontro - "Kong - A Ilha da Caveira" (2017) e "Godzilla II: Rei dos Monstros" (2109), que repete parte do elenco nesta versão. E, claro, "Godzilla" (2014), que reforça os dramas pessoais e deixa a grande estrela como coadjuvante.

Este é o quarto filme do Monstroverso da Legendary Entertainment, o 36º filme da franquia Godzilla e o 12º filme da franquia King Kong. Se não fossem os três gigantes (sim são três, mas só assistindo o longa para entender), "Godzilla vs. Kong" não passaria de um filme de monstros gigantes no estilo japonês dos anos de 1970. Como seriados de TV antigos - "Ultraman" e "Ultraseven"-, por exemplo. 


A produção sobrevive graças aos milhões gastos com esses efeitos nos momentos de lutas e ataques grandiosos que acontecem desde o início do filme. São eles que não deixam a história ficar sonolenta. O elenco não tão caro, mas formado por nomes famosos - Millie Bobby Brown, Alexander Skarsgärd, Rebecca Hill e Kyle Chandler - flutua no cenário, como simples coadjuvantes, deixando bem claro quem são as verdadeiras estrelas. 


Brian Tyree Henry faz um papel chato, que chega a ser bobo em algumas cenas. Ele é um técnico em engenharia que vive tentando provar que seu patrão está envolvido em um grande complô mundial. A simpatia do filme fica para Kaylee Hottle, interpretando Jia, a menina que se tornou amiga de Kong e se comunica com ele por sinais. A escolha de uma chinesa foi mais um dos acertos dos produtores, de olho na bilheteira do maior mercado deste gênero.


"Godzilla vs. Kong" divide opiniões e torcidas desde que foi lançado no início de maio. Confesso que sempre simpatizei mais com o gorilão e acho "King Kong: A Ilha da Caveira" melhor que esta nova versão, que mostra o personagem mais triste, desejando voltar para seu lar original. 

Retirado do local onde reinava, ele agora vive dentro de uma área cercada, é estudado por cientistas e convive com humanos, tendo a pequena Jia como sua amiga. Até que Godzilla retorna à superfície e passa a atacar pessoas e cidades, sem motivos aparentes. Kong é usado por seus "protetores" para enfrentar o inimigo poderoso. Por trás dos panos, um empresário da tecnologia tenta encontrar a origem da força do raio de Godzilla.


Nesta versão, Kong apanha muito, mostra suas fraquezas e tem de usar sua força descomunal e o raciocínio para vencer o famoso lagarto gigante, e ainda enfrentar um terceiro inimigo mais forte que ele e Godzilla juntos.

Se o espectador não assistiu aos filmes anteriores terá dificuldade em entender como os titãs surgiram. O longa começa sem explicar nada da origem dos monstros e termina deixando novas interrogações - como começou a rivalidade entre eles se ambos vieram do mesmo lugar? Quem construiu o reino da Terra Oca? Outros monstros podem atacar a superfície?


Ou seja, caso haja um novo crossover do Monstroverso, o roteiro precisa ser mais bem trabalhado, explicar estas dúvidas para se justificar e conectar com as produções anteriores. E apostar forte tanto nos personagens gigantescos quanto no elenco. Inclusive no vilão, que nessa versão é muito fraco e dá a impressão de que só estava lá porque não havia outro para ficar no lugar. 

O elenco em segundo plano dá lugar às locações em paisagens paradisíacas de tirar o fôlego, em sua maioria, no Havaí. Foram usadas as florestas das selvas da ilha de Oahu para criar a reserva ecológica protegida da Ilha da Caveira, onde Kong e Jia residem com pesquisadores da Monarch. 

Praia de Honopu, em Oahu, uma das locações no Havaí (Divulgação)

O Centro de Convenções do Havaí ofereceu alternativas para criar uma ampla variedade de sets tanto para a Monarch quanto para a Apex, empresa do vilão Walter Simmons (papel de Demian Bichir). Houve ainda filmagens em locações como Lanai Lookout, os Palcos Kapolei, o Parque Estadual Sand Island, além de vários endereços na capital de Honolulu e em toda a ilha, além de gravações em Queensland, na Austrália.


Além dos efeitos gráficos e de luz e da fotografia, outro ponto positivo é a trilha sonora, com a música de abertura de Tom Holkenborg causando o impacto no público que o filme precisava e merecia. Cada monstro recebeu uma trilha própria, todas ótimas, mesmo com acordes bem parecidos. 

Achei, no entanto, que ficou deslocada a música de encerramento, que tenta mudar tudo o que foi mostrado nos 110 minutos anteriores. Ela tenta remeter a uma proposta de amizade e preservação ambiental, que só é apresentada nos minutos finais.

Como entretenimento, "Godzilla vs. Kong" vale a pena pelos excelentes efeitos e cumpre sua proposta, fazendo jus à famosa frase do cinema "Luz, câmera, ação". Pena ter deixado o roteiro em segundo plano.


Ficha técnica:
Direção: Adam Wingard
Exibição: Nos cinemas e em junho no HBO Max Brasil para assinantes
Produção: Legendary Pictures / Warner Bros
Distribuição: Warner Bros. Pictures.
Duração: 1h54
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
Nota: 3,5 (de 0 a 5)

14 janeiro 2021

Ótimos filmes exibidos em 2020 que valem a pena ser vistos e revistos

Divulgação
 

Maristela Bretas


Com as salas de cinema fechadas por causa da pandemia de Covid -19 por oito meses, os amantes da Sétima Arte conseguiram assistir apenas alguns dos grandes lançamentos previstos para serem exibidos na telona em 2020. Quem saiu ganhando foram as plataformas de streaming, que conquistaram o público oferecendo uma maneira mais fácil, segura e confortável para curtir ótimas produções.

Não são poucos os sucessos oferecidos, nos mais diversos gêneros - suspense, aventura, drama, romance, animação ou policial. Se você está procurando um bom filme para ver sentadinho no sofá com um balde pipoca, aqui vão algumas indicações dos colaboradores do Cinema no Escurinho que valem a pena.

Tem até ganhadoras do Oscar 2020 que entraram no circuito comercial no início do ano passado e que já estão disponíveis para TV, smartphone ou tablet. Se quiser saber mais sobre algumas produções, clique nos links e confira as críticas. Uma boa diversão!

Divulgação

Jean Piter Miranda

- Ninguém Sabe Que Estou Aqui (Netflix)
- O Caminho de Volta (Google Play Filmes)
- O Diabo de Cada Dia (Netflix) 
- Você Nem Imagina (Netflix)
- Enola Holmes (Netflix)
- Mulher Maravilha 1984 (Cinema/Warner Bros. Pictures)
- Mulan (Disney+) 
- Rede de Ódio (Netflix)
- O Dilema das Redes (Netflix) 
 
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Mirtes Helena Scalioni

- Os Miseráveis (Cinema/Paramount Pictures)
- Você Não Estava Aqui (Cinema/Vitrine Filmes)
- O Bar (Netflix)
- Adú (Netflix) 
- Rosa e Momo (Netflix) 
- AmarElo (Netflix)

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Maristela Bretas

- Jojo Rabbit (Cinema/Fox Films) 
- O Homem Invisível (Cinema/Universal Pictures) 
- 1917 (Cinema/Universal Pictures) 
- O Caso Richard Jewell (Cinema/Warner Bros. Pictures)  
- Adoráveis Mulheres (Cinema/Sony Pictures)
- Umbrella - curta de animação (estará disponível gratuitamente no canal do Youtube da Stratostorm até 21/01/2021)
- Soul (Disney+)
- O Escândalo (Cinema/Paris Filmes)  
- Trilogia do Baztán (Netflix) 
 

13 janeiro 2020

"O Caso Richard Jewell" - uma história sobre heróis e vilões fabricados por interesses

Sam Rockwell, Kathy Bates e Paul Walter Hauser formam o trio principal da trama, baseada em fatos reais (Fotos: Claire Folger/Warner Bros. Pictures)

Maristela Bretas


Poderia ser mais um filme sobre um herói comum norte-americano que sofre injustiça ao ser falsamente acusado de terrorismo. Mas nas mãos de Clint Eastwood, dirigindo seu 39º filme, a produção ganhou uma roupagem marcante. E ainda contou com as ótimas interpretações de Sam Rockwell ("Vice" - 2018 e "Três Anúncios Para um Crime" - 2017, que lhe valeu um Oscar), Kathy Bates ("Meia Noite em Paris" - 2011) e de Paul Walter Hauser ("Infiltrado na Klan" - 2018). A fotografia e o dilema do segurança que queria ser policial são bem explorados pelo diretor que gosta e sabe bem contar histórias de pessoas simples. 


No filme, baseado em fatos reais, além da ótima direção, o destaque é para Paul Walter Hauser, como Richard Jewell, o segurança de eventos que sempre sonhou em ser policial. Nada flexível quando o assunto era lei e ordem, para muitos que conviviam com ele, isso representava um problema. Um homem obeso, acima dos 30 e ainda vivendo com a mãe Bobi (interpretada por Kathy Bates), Richard era motivo de críticas e chacotas.


Como vigilante, não aceitava arruaça de jovens e coisas deixadas fora do lugar. Foi numa dessas situações que ele descobriu uma bomba e conseguiu afastar dezenas de pessoas antes da explosão, evitando uma tragédia maior durante as festividades dos Jogos Olímpicos de Atlanta (EUA) em 1996, quando morreram duas pessoas e 111 ficaram feridas. Ao mesmo tempo em que o comportamento submisso e inocente demais do personagem irrita em algumas situações (como um homem velho pode ser tão ingênuo), ele também se torna simpático e faz o público torcer por ele e para que consiga provar sua inocência.


De uma hora para outra ele se tornou herói nacional. E na mesma velocidade com que conquistou glória e fama, foi transformado em vilão nacional. Richard, um homem tranquilo e ingênuo que acreditava nas autoridades que um dia sonhava integrar, foi usado como bode expiatório para justificar os erros, a incompetência, os métodos escusos e a preguiça destas mesmas forças de segurança para buscar o verdadeiro responsável pelo atentado. 

O caso ainda contou com a participação de uma mídia sem ética, que só buscava o furo de reportagem que garantiria as manchetes, confiando apenas nas fontes, sem checar nada e acabando com a vida de uma família. É quando entra em cena o ótimo Sam Rockwell, no papel do advogado de Richard, Watson Bryant, que vai defender o segurança.


Clint Eastwood, com 89 anos, nos últimos tempos tem buscado em fatos marcantes ocorridos nos Estados Unidos para extrair personagens e suas histórias, transformando-os em heróis ou vilões. Os dramas diários ganham destaques que passariam despercebidos se não houvesse um “garimpeiro” como ele para identificar e transformar fatos simples em uma boa produção cinematográfica. Nem sempre isso dá certo, mas tem funcionado com o diretor e produtor. Um ponto negativo, no entanto, é o fato de, em "O Caso Richard Jewell", ele reforçar seu discurso armamentista, homofóbico e machista que sempre marcaram sua carreira. 

Paul Walter Hauser conversa com Clint Eastwood no set de filmagem

Um dos exemplos é o estereótipo criado para a repórter policial Kathy Scruggs (papel de Olivia Wilde) - a bela e sexy jornalista que só conseguia grandes furos indo pra cama com suas fontes. Mas na hora de escrever o texto precisava de um colega homem para redigir porque não teria competência para usar as palavras. Muito feia e dispensável essa colocação do diretor e do roteirista Billy Ray, mesmo que existam casos assim na imprensa americana. Olívia também tem boa interpretação e até merecia mais espaço na trama. 



O filme foca no drama de Richard Jewell em provar sua inocência e o que ele, sua mãe e seu advogado tiveram que passar. Considero um ponto falho na narrativa o intervalo de seis anos até a prisão do verdadeiro terrorista - Eric Rudolph, que ainda cometeu outros três atentados antes de ser pego. Não há informações se houve alguma reparação de danos ou indenização recebida por Jewell e sua mãe pelas acusações ou se foi só um "desculpa e tchau" do FBI. Nem que fosse nos créditos finais. Apesar dos pontos negativos, "O Caso Richard Jewell" é uma boa história e merece ser visto, especialmente porque expõe situações bem semelhantes de fatos atuais.



Ficha técnica:
Direção: Clint Eastwood
Produção: Warner Bros Pictures / The Malpaso Company / Applan Way / Misher Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h09
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #OCasoRichardJewell, #ClintEastwood, #PaulWalterHauser, #SamRockwell, #KathyBates, #OliviaWilde, #drama, atentadoterrorista, #Atlanta1996, #RichardJewell, #WarnerBrosPictures, @cinemaescurinho,@cinemanoescurinho

14 dezembro 2019

"Invocação do Mal 3" chega em 2020 com caso mais polêmico de possessão demoníaca

Os atores Vera Farmiga e Patrick Wilson se reúnem novamente no sétimo filme da franquia (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Da Redação


Ed e Lorraine Warren voltam em 10 de setembro de 2020 às telas de cinema com o caso mais polêmico enfrentado por eles. "Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio" terá novamente nos papeis principais os atores Patrick Wilson e Vera Farmiga, o que já garantia de novo sucesso no cinema. A produção é da New Line Cinema, com distribuição da Warner Bros. Pictures.

Este é o sétimo filme do universo "Invocação do Mal", a maior franquia de terror da história, que arrecadou mais de US $ 1,8 bilhão em todo o mundo. Além dos dois primeiros filmes -  "Invocação do Mal" (2013) e  "Invocação do Mal 2(2016), temos também "Annabelle" (2014) e "Annabelle 2: A Criação do Mal" "(2017), "A Freira" (2018) e "Annabelle 3 – De Volta Para Casa" (2019).

Desta vez, James Wan, responsável pelo ótimo "Invocação do Mal 2" (2016), assume a produção juntamente com Peter Safran, e entrega a direção para Michael Chaves ("A Maldição da Chorona"). O anúncio do novo título - “The Conjuring – The Devil Made Me Do It” - foi feito pela Warner Bros Pictures durante a CCXP, ocorrida em São Paulo.


"Invocação do Mal 3 – A Ordem do Demônio" revela a história assustadora de um crime bárbaro e a possibilidade de que demônios teriam usado um homem para cometer o crime. Esta foi a primeira vez na história dos Estados Unidos que um suspeito de assassinato alegar ter tido uma possessão demoníaca como defesa.

Os experientes investigadores de atividades paranormais Ed e Lorraine Warren foram chamados para atender o caso, mas até eles ficaram assustados. A história começa com uma luta pela alma de um garoto, possuído por nada menos que 43 demônios diferentes. Além de Patrick Wilson e Vera Farmiga, o filme conta também em seu elenco com Ruairi O’Connor, Sarah Catherine Hook e Julian Hilliard.


Tags: #InvocacaoDoMal3, #TheConjuringTheDevilMadeMeDoIt, #Ed Warren, #LorraineWarren, #PatrickWilson, #VeraFarmiga, #JamesWan, #InvocacaodoMal, #terror, #WarnerBrosPictures, @cinemanoescurinho

21 novembro 2019

"A Grande Mentira" e os segredos que cada um de nós carrega

Trama reúne os premiados Helen Mirren e Ian McKellen num golpe que vai mudar suas vidas (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


 Helen Mirren e Ian McKellen formam o casal perfeito. De um encontro arranjado por meio de um aplicativo eles dão início ao que se tornará "A Grande Mentira" ("The Good Liar") na vida de ambos. O filme, que estreia nesta quinta-feira reúne dois atores mais que excelentes numa trama bem amarrada, usando flashbacks na medida certa, para envolver o público na trama. 


Apesar de ter menos de duas horas de duração, o longa, em alguns momentos fica arrastado, mas consegue fazer o público, durante todo roteiro, ficar imaginando diversas reviravoltas para o grande golpe que está prestes a ser aplicado. McKellen está ótimo como o trapaceiro Roy Courtnay, que vive de dar golpes em pessoas com dinheiro, auxiliado pelo velho amigo Vincent (Jim Carter), tão trambiqueiro quanto ele.


O roteiro foi pensado nos mínimos detalhes (às vezes até exagera, deixando a narrativa lenta). Mas são as interpretações do casal principal e a sintonia entre eles que merecem todo destaque do filme. Dois talentos premiados reunidos uma envolvente história de amor, trapaças e vingança. A todo o momento o público fica na expectativa de que um deles vai virar o jogo ou está tramando alguma coisa. Afinal, quem na verdade está mentindo e quem é o trapaceiro? Quais os segredos eles escondem de seu passado?



A experiência de Helen Mirren e Ian McKellen faz toda a diferença, especialmente nas cenas em que estão juntos. Também o ator Russell Tovey conduz muito bem no papel de Stephen, neto de Betty, que tenta impedir que a avó caia num golpe armado pelo misterioso Roy, que ela conheceu num site de encontros. Para se aproximar da viúva rica, ele até se muda para a casa dela. A partir daí, muita água passa por baixo da ponte, num verdadeiro jogo de gato e rato entre os protagonistas.

"A Grande Mentira" é um ótimo drama, especialmente pela dupla principal e pelo tom de suspense que cria. Vai agradar àqueles que desejam assistir uma produção com belos figurinos, bem dirigida e com boas locações em Londres e Berlim. 


Ficha técnica:
Direção: Bill Condon
Produção: New Line Cinema / Bron Studios
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h50
Gênero: Drama
Nacionalidades: EUA / Canadá
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #AGrandeMentira, @Helen Mirren, #IanMcKellen, #drama, @agencia_espacoz, #WarnerBrosPictures, @wbpictures_br, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

12 novembro 2019

"A Odisseia dos Tontos": para rir, se emocionar, torcer, mas, principalmente, para ir à forra e lavar a alma

Um grupo de moradores argentinos começa a se organizar para criar uma cooperativa e sair do atoleiro (Foto: Alfa Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


É quase que imediata a identificação do público com os personagens de "A Odisseia dos Tontos", filme argentino em cartaz em Belo Horizonte e representante dos hermanos no Oscar de 2020. Algum traço dessa comédia dramática, dessa aventura maluca, faz com que, rapidinho, o espectador brasileiro se identifique e se coloque entre aqueles tontos, aquele bando de trabalhadores cumpridores dos seus deveres e pagadores de impostos, cuja honestidade e esforços nem sempre são reconhecidos pelos engravatados donos do poder.

A história se passa em 2001, numa pequena vila da Província de Buenos Aires. O momento é de crise econômica, mas um verdadeiro tonto sempre acredita que tudo pode melhorar. Capitaneados pelo casal Fermín Perlassi e Lídia Perlassi (Ricardo Darín e Veronica Llinás), um grupo de moradores começa a se organizar para criar uma cooperativa e sair do atoleiro. A ideia é reformar os velhos silos abandonados e, a partir daí, processar e armazenar grãos. De porta em porta, Fermin e Lídia vão angariando apoios e alguns trocados para dar vida ao sonho de melhorar a vida do lugar. Mais conhecido por ter sido um jogador de futebol com alguma importância, Fermin vai à frente, tornando-se uma espécie de líder.


Aos poucos, juntam-se a eles, sempre depois de muitas perguntas e explicações, outros tontos tão desiludidos e sem rumo como o casal: o velho Antonio Fontana (numa brilhante atuação de Luis Brandoni), Belaúnde (Daniel Aráoz), Rodrigo Perlassi (Chino Darín, filho de Ricardo Darín), e a empresária Carmem Largio (Rita Cortese) entre outros. Em comum, a esperança de dias melhores. Um parêntese para destacar a interpretação de Brandoni, que já havia mostrado seu talento como o artista plástico Renzo Nervi no excelente "Minha Obra-prima", de 2018, também argentino.


Fica claro, assim que o grupo consegue, a duras penas, reunir pouco mais de 150 mil dólares, que trata-sede gente, em sua maioria, com pouca ou nenhuma instrução. E é essa espécie de singeleza, de ingenuidade, que cativa o público que começa a torcer veementemente para os tontos assim que o dinheiro deles, depositado num banco, é roubado por Fortunato Manzi (Andrés Parra) um advogado inescrupuloso que agiu em parceria com o gerente da instituição. Lá, como cá, as tais informações privilegiadas funcionaram e enriqueceram pessoas próximas do poder. No Brasil, durante o confisco do governo Collor, no início de 1990. Na Argentina, no chamado "Corralito", em 2001.


Embora pareça comédia, embora pareça aventura, "A Odisseia dos Tontos" prende e emociona. Por mérito do diretor Sebastián Borensztein há um suspense de tirar o fôlego nas cenas de organização e execução do plano que pretende recuperar o dinheiro roubado do grupo. Há momentos também de muito riso e trapalhadas, claro, já que aqueles homens e mulheres não são exatamente especialistas nem experientes em nada. Por outro lado, Fortunato Manzi, o advogado vilão, carrega as tintas na caricatura e ajuda a aumentar as risadas.


Nesses tempos de vacas magras, crise, corrupção e injustiças, tanto no Brasil quanto na Argentina, não é difícil entender o sucesso do filme. Lá, ele já é o longa mais visto do ano. De certa forma, "A Odisseia dos Tontos" vai à revanche por todos os injustiçados e desprotegidos. Vinga. Lava a nossa alma. 

Confira também a crítica para o blog @cinemanoescurinho da nossa colaboradora Carol Cassese - "A Odisseia dos Tontos" - A 'tolice' como forma de resistênciaA produção pode e vale ser conferida nas salas 1 do Belas, sessões às 14 e 19 horas; 2 do Diamond, às 13 horas, e 2 do Net Cineart Ponteio, às 16h15 e 21 horas.
Duração: 1h56
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Classificação: 10 anos


Tags: #AOdisseiaDosTontos, #RicardoDarín, #Argentina, #Oscar2020, #SebastiánBorensztein, #AlfaPictures, #WarnerBrosPictures, #comedia, #drama, #aventura, @cinemanoescurinho, @cinemanoescurinho

07 novembro 2019

"Doutor Sono" é uma boa sequência de "O Iluminado", mas sem o mesmo impacto

Ewan McGregor interpreta Danny Torrance adulto, que vai fazer um ajuste de contas com seu passado. (Fotos: Warner Bros Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Um resgate do passado, sem medo de abusar das lembranças. Esta talvez seja a principal qualidade de "Doutor Sono", do diretor Mike Flanagan, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. A continuação de "O Iluminado" (1980) é também baseada na obra mestre do terror e suspense Stephen King, agrada ao relembrar cenários, como o Hotel Overlook, e situações semelhantes as do primeiro filme, dirigido por Stanley Kubrick. Mas fica difícil não comparar, especialmente porque a sequência não tem um Jack Nicholson para fazer as honras da casa.


O filme tem algumas cenas iniciais que insinuam algo mais tenebroso, mas só engrena mesmo após os primeiros 40 minutos. O diretor conduz a trama com uma preocupação bem didática, como se estivesse explicando para quem chegou agora, 39 anos depois, o que deu origem a toda essa loucura. Demora, mas funciona bem. Outro ponto favorável é a trilha sonora, com o tema original causando o impacto desejado e as locações, especialmente na região montanhosa coberta de neve. Sem falar nos efeitos visuais, que ajudam a dar mais vida à "Doutor Sono".


Ewan McGregor entrega uma boa interpretação de Danny Torrance, filho de Jack, papel de Nicholson, um adulto atormentado por visões, alcoólatra e sem perspectiva de vida Tinha tudo para seguir os passos do pai, seu maior tormento, e surtar. Ele vai bem a maior parte do filme, mas perde espaço para as interpretações da jovem atriz Kyliegh Curran (no papel de Abra Stone) e Rebecca Ferguson, que vive Rosie, a mágica má do chapéu.


É na dupla feminina que está a maior aposta, mas o roteiro não favoreceu o talento da bela Ferguson. Sua vilã é linda e sedutora, mas não convence não mete medo nem provoca o tradicional incômodo na cadeira no espectador que aguarda uma cena chocante. Os diálogos ficaram a desejar e enfraqueceram, em vários momentos, o roteiro e as atuações. 

Já Kyliegh Curran está ótima do início ao fim, convence e até faz a gente torcer por ela, especialmente quando começa a ter visões. É Abra Stone quem vai fazer tudo acontecer, juntamente com Danny. Ela passa uma imagem de poderosa, que consegue vencer seus piores inimigos, mas que ao mesmo tempo precisa de um amigo para dividir seu segredo.


Na história, Danny Torrance conseguiu sobreviver  ainda na infância a uma tentativa de homicídio por parte do pai, um escritor perturbado por espíritos malignos do Hotel Overlook. Danny cresceu e agora é um adulto traumatizado e alcoólatra. Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospital local. Mas a paz de Danny está com os dias contados a partir do momento que cria um vínculo telepático com Abra Stone. A jovem tem poderes tão fortes ou mais  que aqueles que carrega.



O elenco conta ainda com alguns nomes conhecidos como Jacob Tremblay ("Extraordinário" - 2017); Henry Thomas (o inesquecível Elliot, de "ET - O Extraterrestre"), o substituto mais barato de Jack Nicholson; Cliff Curtis, Carl Lumbly e outros.

Para o escritor Stephen King, autor das duas obras de suspense homônimas, "Doutor Sono" agradou mais que o primeiro e foi considerado por ele, em recente entrevista para a Entertainment Weekly como uma redenção do que considerou ruim na versão cinematográfica de "O Iluminado" (1980). Resta agora ao nosso leitor conferir "Doutor Sono" nos cinemas e deixar seu comentário abaixo.


Ficha técnica:
Direção: Mike Flanagan
Produção: Warner Bros. Pictures / Vertigo Entertainment / Intrepid Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h32
Gêneros: Suspense / Fantasia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5  (0 a 5)

Tags: #DoutorSono, #StephenKing, #RebeccaFerguson, #MikeFlanagan, #suspense, #WarnerBrosPictures,  @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

31 outubro 2019

"A Odisseia dos Tontos" - A 'tolice' como forma de resistência"


Pacatos moradores de uma cidade argentina se unem para recuperar o dinheiro roubado de suas contas (Fotos: Alfa Pictures/Divulgação)

Carol Cassese


Fãs do cinema que vai além do entretenimento só têm a agradecer à parceria firmada entre Ricardo Darín e Sebastián Borensztein. Dela já resultaram filmes memoráveis, como "Um Conto Chinês" (2011) e "Kóblic" (2016). Um terceiro título ao qual vale muito assistir entra em cartaz nesta quinta-feira (31), na cidade: trata-se de "A Odisseia dos Tontos" ("La Odisea de los Giles"), na qual o hoje rosto mais conhecido do cinema argentino contracena com seu filho, Chino Darín ("Uma Noite de 12 Anos") - e, sim, repetindo o laço familiar da vida real.

Como em "Kóblic", "A Odisseia dos Tontos" parte de um episódio real e traumático da história argentina para, na sequência, alçar voo rumo a outras direções - ainda que essas não se descolem totalmente do substrato original. Se na produção de 2016 o ponto de partida eram os chamados "voos da morte", prática inominável registrada durante o regime militar naquele país, aqui, o start é dado por um evento menos. Digamos horrorizante, mas igualmente avassalador: o "corralito", ou o confisco da poupança ocorrido no dia 3 de dezembro de 2001, quando quase US$ 70 bilhões em depósitos de poupadores foram congelados nos bancos. Os brasileiros já tinham vivido pesadelo similar em 1990, quando o governo do então presidente Fernando Collor de Melo confiscou a poupança de milhões de pessoas. 


No caso, Darín é Fermín Perlassi, um ex-jogador e hoje pacato cidadão que resolve formar uma cooperativa de grãos em um lugar abandonado. Os moradores da região são tipos modestos, de poucos recursos, de modo que o arrecadado nem de longe chega ao valor pedido pelo proprietário - mesmo com o desconto que esse resolve dar diante do entusiasmo de estar negociando com um ex-jogador regional de relativo êxito. A eles, soma-se uma senhora de relativas posses, sempre em conflito com o filho. 

Com a evidência de que terão de pedir um empréstimo para chegar ao total, Fermín deposita o que arrebanhou no cofre de uma instituição. Certo dia, o gerente o aconselha a passar esse dinheiro para pesos e depositá-lo na conta particular de Fermín, para que, ao ter o pedido de empréstimo analisado, a central enxergue ali, no saldo do solicitante, uma espécie de lastro para a concessão. 


O ex-jogador titubeia, pois, dentro do espectro do homem de bem, de um ser honesto - o tolo do título -, o certo seria, claro, consultar previamente os outros. Mediante a pressão do gerente, porém, ele acaba cedendo e transfere a "plata" para a sua conta - afinal, ok, seria uma estratégia para o bem comum... Bem, no outro dia, a Argentina amanhece sob o impacto do corralito. O dinheiro do grupo foi confiscado, e não há maneira mais traumática de os demais cooperados saberem da decisão que Fermín havia tomado horas antes.

A coisa não termina aqui. O caixa do banco que acompanhou a operação de transferência do dinheiro dos cooperados para a conta corrente de Fermín acaba confessando que o gerente sabia de antemão do iminente confisco, e teria propositadamente saqueado o dinheiro dos poupadores antes do anúncio oficial do governo, investindo-o em dólares. 


E como tragédia pouca é bobagem, um acidente de carro aniquila ainda mais o personagem, que passa a viver recluso em casa, a qual agora abriga também o filho - esse, diante da crise econômica, abandona os estudos para ficar atuando nos sinais de trânsito, tentando angariar alguns pesos limpando para-brisas. Um belo dia, o grupo recebe uma informação preciosa. Um dos envolvidos no golpe contratou um morador local para abrir um grande buraco numa zona erma vizinha, escondida por árvores, e em meio a uma pastagem. 

Sabiamente, acabam deduzindo que ele, na verdade, escondeu, ali, um cofre, onde estaria a fortuna desonestamente amealhada. A explicação é por demais óbvia: deixar o dinheiro longe do alcance das autoridades. Para proteger o local de visitantes indesejados, o golpista arma-se de um quase intransponível esquema de alarmes. Bem, dissemos quase. 

Munidos de muita sagacidade, o grupo entra em campo na tal odisseia (mais uma vez, do título) que tenta provar que a união faz toda a diferença... Até entre os considerados tolos pela sociedade capitalista selvagem que só visa o lucro, obtido a qualquer preço. E aí, o filme deixa o viés político principal para incorrer no território do suspense e da aventura. Com boas pitadas de comédia. Conseguirão os componentes do grupo burlar todo o engenhoso esquema e recuperar o dinheiro? 

Mas, que fique claro, se o fato "corralito" deixa de ser o mote principal, o viés social (que, claro, nunca deixa de estar atrelado ao político) segue ali, onipresente. E acrescido de outras abordagens interessantes, como a da relação mãe e filho focada. Para dar ritmo à ação, o filme perpassa vários gêneros musicais - da ópera da cena de início ao rock, passando pela valsa, numa trilha interessantíssima e marcante. A câmera também se mostra ágil e com excelentes sacadas de efeitos e edição... Combinando tudo isso a boas atuações e diálogos inteligentes, o resultado não poderia ser outro senão um filme para enternecer, torcer, vibrar, remexer na cadeira. Um filme para todos os tolos (no excelente sentido) do mundo.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sebastián Borensztein
Produção: Alfa Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h56
Gêneros: Drama / Comédia / Aventura
Países: Argentina / Espanha
Classificação: 10 anos

Tags: #AOdisseiaDosTontos, #RicardoDarín, #Argentina, #Oscar2020, #SebastiánBorensztein, #AlfaPictures, #WarnerBrosPictures, #comedia, #drama, #aventura, @cinemanoescurinho, @cinemanoescurinho