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11 março 2024

"Oppenheimer" vence como Melhor Filme e conquista outras seis estatuetas do Oscar

Filme que conta a história do pai da bomba atômica já havia conquistado cinco Globos de Ouro, sete Bafta, oito Critics'Choice Awards e várias outras premiações internacionais (Foto: Universal Pictures)

Maristela Bretas


"Oppenheimer", como era previsto, foi o grande vencedor da 96ª edição do Oscar, realizada neste domingo no Dolby Theatre, em Los Angeles. Das 13 indicações, o longa, dirigido por Christopher Nolan, ficou com sete premiações, incluindo a principal de Melhor Filme, além de Melhor Diretor, Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.), Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Montagem.

"Oppenheimer", que conta a história do pai da bomba atômica, já havia conquistado cinco Globo de Ouro (dois nas mesmas categorias), sete Bafta, oito Critics'Choice Awards, além de outros prêmios internacionais em várias categorias. "Pobres Criaturas", que estava com 11 indicações, ficou com quatro estatuetas, seguido por "Zona de Interesse", com duas.

"Os Rejeitados" (Foto: Universal Pictures)

A cerimônia, que teve duração de mais de três horas, foi apresentada novamente pelo comediante a apresentador Jimmy Kimmel, como ocorreu em 2023 e nos anos de 2017 e 2018. O primeiro prêmio anunciado foi de Melhor Atriz Coadjuvante, entregue a Da’Vine Joy Randolph por sua atuação em "Os Rejeitados". 

Na sequência, Chris Hemsworth e Anya Taylor-Joy anunciaram "O Menino e a Garça" como Melhor Animação. Na categoria de Melhor Curta de Animação, venceu "War Is Over!". Melissa McCarthy e Octavia Spencer entregaram as estatuetas para os vencedores de Melhor Roteiro Original, que ficou para "Anatomia de uma Queda", e Melhor Roteiro Adaptado, para "Ficção Americana".

"O Menino e a Garça" (Foto: Studio Ghibli)

Michael Keaton e Kathleen O'Hara, que retornam este ano em "Beetlejuice 2", anunciaram os vencedores de Melhor Maquiagem e Penteado e Direção de Arte. "Pobres Criaturas" faturou os dois prêmios. Na sequência, o diretor do filme também recebeu das mãos de John Cena, que entrou no palco inicialmente pelado e depois enrolado numa cortina rosa, a estatueta de Melhor Figurino.

"Zona de Interesse", do Reino Unido, venceu como Melhor Filme Internacional. Na sequência, Emily Blunt, de "Oppenheimer" e Ryan Grosling, de "Barbie". fizeram uma homenagem aos dublês de Hollywood.

"Pobres Criaturas" (Foto: Searchlight Pictures)

Como na premiação feminina, a categoria de Melhor Ator Coadjuvante também foi anunciada por cinco vencedores de premiações passadas. O vencedor, como já era esperado, foi Robert Downey Jr., por sua atuação em "Oppenheimer".

Anos depois os "Irmãos Gêmeos" (1988), Arnold Schwarzenegger e Danny de Vito lembraram os bons tempos como inimigos do Batman - Sr. Freeze e Pinguim. A dupla também anunciou o vencedor de Melhores Efeitos Visuais e entregou o prêmio aos diretores do longa japonês "Godzilla Minus One". 

Oppenheimer (Foto: Universal Pictures) 

Kate Macannon e America Ferrera, do elenco de "Barbie", entregaram os prêmios de Melhor Documentário em Curta-Metragem para "A Última Loja de Consertos" e de Melhor Documentário em Longa-Metragem para "20 Days in Mariupol". 

O diretor e jornalista ucraniano Mstyslav Chernov, em seu discurso fez um protesto e afirmou que "preferia ter trocado o prêmio por não ter sua cidade atacada pela Rússia. E que as pessoas de Mariupol nunca sejam esquecidas". Ele foi aplaudido de pé pelas pessoas na plateia.

Zendaya apresentou o prêmio de Melhor Fotografia, vencido por Hoyte van Hoytema por "Oppenheimer". Já a estatueta de melhor Curta-Metragem ficou para "A Incrível História de Henry Sugar", de Wes Anderson. 

Um momento descontraído foi a performance de Ryan Gosling subindo ao palco, todo de rosa, para cantar a música “I’m Just Ken”, de Mark Ronson and Andrew Wyatt, feita para seu personagem Ken, no filme "Barbie”. 

Logo depois, foram entregues as estatuetas de Melhor Trilha Sonora Original para Ludwig Göransson, pelo trabalho em "Oppenheimer" e de Melhor Canção Original para “What Was I Made For?”, composta por Billie Eilish e Finneas o'Connell especialmente para "Barbie”.

Barbie (Foto: Warner Bros. Pictures)

Na reta final da premiação, Cillian Murphy ficou com a estatueta de Melhor Ator por seu protagonismo em "Oppenheimer". Steven Spielberg, comemorando 50 anos do filme "A Lista de Schindler" (1993) anunciou o ganhador de Melhor Direção e entregou o Oscar para Christopher Nolan por "Oppenheimer".

Encerrando a cerimônia do Oscar 2024, o prêmio de Melhor Atriz ficou para Emma Stone, por seu papel em "Pobres Criaturas". Na sequência, Al Pacino foi chamado em homenagem aos 50 anos de "O Poderoso Chefão 2" (1974). Após ser aplaudido de pé, entregou o Oscar de Melhor Filme para "Oppenheimer".

Subiram também ao palco para anunciar os vencedores das categorias Jamie Lee Curtis, Lupita Nyong'o, Ke Huy Quan, Mahershala Ali, Sam Rockwell, Dwayne Johnson, Jennifer Lawrence, Nicolas Cage, Michelle Yeoh, Brendan Fraser, Michelle Pfeiffer, Charlize Theron, Jessica Lange, Sally Field, Ben Kingsley e Matthew McConaughey.

Confira a lista dos vencedores do Oscar 2024

MELHOR FILME
Oppenheimer

MELHOR ATRIZ
Emma Stone – Pobres Criaturas

MELHOR ATOR
Cillian Murphy – Oppenheimer

MELHOR DIREÇÃO
Christopher Nolan – Oppenheimer

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Robert Downey Jr. – Oppenheimer

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados

Anatomia de uma Queda (Foto: Diamond Films)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Anatomia de uma Queda

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Ficção Americana

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Zona de Interesse – Reino Unido

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
O Menino e a Garça


Ficção Americana (Foto: Prime Vídeo)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“What Was I Made For?” - Billie Eilish and Finneas o'Connell (“Barbie”)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Ludwig Göransson – "Oppenheimer"

MELHOR FIGURINO
Holly Waddington – "Pobres Criaturas"

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
Pobres Criaturas


Godzilla Minus One (Foto: Sato Company)

MELHOR FOTOGRAFIA
Hoyte van Hoytema – "Oppenheimer"

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Godzilla Minus One

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
War Is Over!

MELHOR CURTA-METRAGEM EM LIVE-ACTION
A Incrível História de Henry Sugar, de Wes Anderson


Zona de Interesse (Foto: A24 Films)

MELHOR SOM
Zona de Interesse

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM LONGA-METRAGEM
"20 Days in Mariupol"

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
A Última Loja de Consertos

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Pobres Criaturas

MELHOR MONTAGEM
Oppenheimer



19 julho 2023

Grandioso em tudo, "Oppenheimer" mostra quem foi o pai da bomba atômica

Cillian Murphy entrega excelente interpretação do famoso físico criador da arma usada na 2ª Guerra Mundial
(Fotos: Universal Pictures) 


Maristela Bretas


Christopher Nolan novamente chega aos cinemas trazendo uma obra grandiosa, tanto no uso de recursos visuais quanto na duração. "Oppenheimer", que estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas, é uma "viagem" à mente inquieta e angustiada do gênio chamado de "pai da bomba atômica". O filme conta, em flashbacks, o que ele sofreu por ser brilhante na ciência, mas ingênuo quanto ao ser humano, em especial, aos políticos.
 


Ambientado durante e após a Segunda Guerra Mundial, "Oppenheimer" conta a vida do físico teórico da Universidade da Califórnia que foi convidado a dirigir o Laboratório de Los Alamos, no Novo México, com a missão de projetar e construir as primeiras bombas atômicas dos EUA.

O Projeto Manhattan, como batizado, reuniu um grupo formado pelo físico e grandes cientistas de várias nacionalidades que desenvolveram a arma nuclear responsável pela destruição das cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945, e a morte de mais de 250 mil pessoas.


Roteirista e diretor, Nolan entrega seu 12º longa de uma filmografia que inclui obras como o excelente "Dunkirk" (2017), "Interestelar" (2014), "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008) e "Tenet" (2020). Ele não poupa no visual e som, explorando todos os recursos do formato Imax. 

São muitas imagens mirabolantes (e põe muitas nisso) das alucinações de Oppenheimer com fusão de átomos, explosões atômicas e de estrelas, raios e fissão nuclear. São pelo menos 30 minutos do início do filme que poderiam ser resumidos em 10. 


A trilha sonora, entregue a Ludwig Göransson, também está perfeita, proporcionando o clímax certo para aumentar o impacto sobre o espectador. 

Nolan também acerta ao usar cenas coloridas e em preto e branco que reforçam a seriedade dos dois julgamentos do cientista por traição, após ser considerado herói pelos americanos com a criação da bomba que dizimou os inimigos.


Se a parte visual e sonora são destaques, as interpretações não ficam atrás. Nota máxima para Cillian Murphy, como Julius Robert Oppenheimer, e Robert Downey Jr., no papel de Lewis Strauss. 

Murphy incorporou o famoso cientista, especialmente na estrutura física - ele fez uma dieta intensa para perder peso. A história mostra o gênio, que era "fora da caixa" da ciência convencional, e o homem, que vagava entre o egoísmo, o sucesso por dirigir importante projeto da bomba, o amor por duas mulheres, a ingenuidade de achar que seria uma estrela respeitada para sempre em sua nação e o arrependimento pelo uso de sua criação como arma de destruição em massa.


Já Downey Jr. está perfeito como o ex-presidente da Comissão de Energia Atômica dos EUA, figura decisiva na implantação do projeto da bomba. O ator confessou em entrevista recente que foi o melhor filme que já participou em sua vida. Com certeza é um dos melhores papéis (talvez o melhor) de sua carreira.


A maquiagem para envelhecimento dos personagens, bem como o figurino de época também são pontos positivos, muito bem trabalhados, juntamente com a escolha dos personagens coadjuvantes. Muitos ficaram cópias fieis de figuras que marcaram esse período da história, como Gary Oldman, interpretando o presidente Harry Truman, e Tom Conti, como Albert Einstein.


A ala feminina não deixou por menos, com Florence Pugh e Emily Blunt dando show em seus determinantes papéis na vida do cientista. A primeira como a amante do físico, Jean Tatlock, membro do Partido Comunista da América. A segunda interpreta Kitty, bióloga alemã e esposa de Oppenheimer que também integrava o mesmo partido.

Outros nomes famosos do cinema deixaram sua marca no longa: Matt Damon, Rami Malek, Kenneth Branagh, Jason Clarke, Casey Affleck, Josh Hartnett, Matthew Modine, a maioria como integrantes do governo e das Forças Armadas que estiveram por trás do projeto Manhattan.


"Oppenheimer" é baseado na biografia "American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer" ("Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometheu americano"), de Kai Bird e Martin Sherwin, publicada em 2006 e vencedora do Prêmio Pulitzer. 

Vale a pena conferir, mais uma grande produção de Christopher Nolan e forte candidato na disputa do Oscar 2024 na principal categoria, além de atores principais, coadjuvantes e parte técnica. Uma ótima oportunidade para conhecer a vida do famoso e polêmico cientista.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Christopher Nolan
Produção: Universal Pictures, Atlas Entertainment, Syncopy
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 3h01
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: biografia, histórico, drama