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04 fevereiro 2024

Premiado e emocionante, “Os Rejeitados” talvez seja apenas mais um conto de Natal

Elenco é formado pelo irretocável triângulo de atores Paul Giamatti, Da’Vine Joy Randolph e o estreante Dominic Sessa (Fotos: Focus Features/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Esta não é a primeira vez – e certamente não será a última – que um filme trata da relação conflituosa/amorosa entre professor e aluno. Desde o inesquecível “Ao Mestre, com Carinho” (1967) até o cult “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989), para citar apenas dois, o poder transformador do afeto na educação é tema recorrente e, quase sempre, de muito sucesso no cinema. 

Pois esse é o caso de “Os Rejeitados”, que conquistou prêmios no Globo de Ouro, Critics Choice Award e de Melhor Filme do Ano na AFI, além de ser um dos indicados ao Oscar de 2024 como Melhor Filme. O longa pode ser conferido nas salas do Una Cine Belas Artes e do Centro Cultural Unimed BH-Minas.


Uma das diferenças do longa dirigido por Alexander Payne é que, além da dupla professor irascível e/ou paciente versus aluno rebelde, há uma terceira figura que ajuda a elevar a emoção do espectador enquanto a trama avança. 

E o terceiro vértice desse triângulo, formado por Paul Giamatti como o mestre odiado Paul Hunham, e Dominic Sessa como o adolescente problemático Angus Tully, é a carismática Da’Vine Joy Randolph, que ilumina as cenas como a cozinheira Mary Lamb.


A história: em algum ano da década de 1970, num internato aristocrático próximo a Boston, um professor caolho e pedante de História Antiga é obrigado a passar as festas de fim de ano tomando conta do aluno rebelde Angus Tully, meio esquecido pela família. 

A cozinheira negra e gorda Mary Lamb também sobra na instituição naquela data talvez por não ter para onde ir. Detalhe: além de solitária, ela está de luto pela perda de um filho.


No fundo, “Os Rejeitados” não passa de um conto de Natal, que parece ter sido feito para emocionar. Estão em cena a solidão, os presentes, a carência, a neve, a família – ou a falta dela – os drinques, as reconciliações e, principalmente, a solidariedade. 

Mas o mérito dessa comédia dramática está, certamente, na atuação do trio principal. Paul Giamatti, Da’Vine Joy Randolph e o estreante Dominic Sessa estão impagáveis e irretocáveis.


Outra marca do longa é a melancolia – e não só pelo Natal, ausências etc. A trilha sonora, remetendo invariavelmente aos anos de 1970, provoca arrepios nos espectadores mais maduros, assim como a única referência, meio velada e com jeito de “por acaso”, da Guerra do Vietnã, marco indelével daquela década: a morte do filho de Mary Lamb aos 20 anos. Um negro.

É inegável que “Os Rejeitados” (originalmente “The Holdovers”) exala compaixão e empatia e provoca os melhores sentimentos no público. Mas, da metade do longa para o final, não é difícil prever o rumo da história. Fica, no finalzinho, uma incômoda sensação de déjà vu.


Ficha técnica:
Direção: Alexander Payne
Produção: Focus Features Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: sala 3 do Una Cine Belas Artes (sessão das 20 horas) e sala 2 do Centro Cultural Unimed BH-Minas (sessão 10h40)
Duração: 2h14
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, comédia

03 fevereiro 2024

"Argylle - O Superespião", um filme de muita ação, reviravoltas e boatos nas redes sociais

Longa conta com ótimo elenco e entrega doses de humor, romance e até sedução (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


O diretor Matthew Vaughn não economizou nos efeitos visuais, na pancadaria e, menos ainda, no orçamento (US$ 200 milhões) para entregar o filme de "Argylle - O Superespião" ("Argylle"). O longa está em cartaz nos cinemas e, em breve, no canal da Apple TV+, que é a produtora.

Com muita ação, reviravoltas e ótima trilha sonora, a produção ainda conta com um atrativo para atrair público. Boatos polêmicos na internet, recheados de pistas bem "imaginativas", dão conta de que a misteriosa escritora Elly Conway, cujo livro homônimo deu origem ao filme, seria o pseudônimo usado pela cantora Taylor Swift para lançar a obra literária. 


Não são poucas as "teorias da conspiração" criadas pelos fãs nas redes sociais, que incluem semelhança de com personagens, roupas e objetos da famosa cantora. Sobrou até para o coitado do gato que, na verdade, pertence à esposa do diretor.  

Outro ponto que chama atenção em "Argylle" são as cenas mais "calientes", na abertura do filme, entre o Superman, Henry Cavill, e a bela Dua Lipa, ao som do grande sucesso "My First, My Last, My Everything", na voz do inesquecível Barry White. Nada como um helicóptero para criar um clima. Quem assistir vai entender.


Dua Lipa, agora loira, está em seu segundo filme (o primeiro foi uma rápida aparição em "Barbie"). Ela entrega uma interpretação bem convincente como a espiã LaGrange que seduz o espião Argylle (Cavill, que já fez papel semelhante em "Missão Impossível: Efeito Fallout" - 2018 e "O Agente da U.N.C.L.E." em 2015.

"Argylle" é divertido apesar de longo (2h20), cheio de reviravoltas, com um elenco de peso e explorando vários gêneros cinematográficos. Além de muito tiro, porrada e bomba, o público ainda recebe doses de comédia e até romance. 

O longa é baseado na obra homônima da escritora norte-americana Elly Conway. No filme, Elly (interpretada por Bryce Dallas Howard, da saga "Jurassic World" de 2015 a 2022) é uma renomada autora que ficou conhecida por uma série de romances de espionagem sobre o agente Argylle. 


Partindo para o quinto livro, Elly passa a ter dificuldade em dar sequência à trama de seu sua personagem. Ela sai em busca de inspiração e acaba sendo envolvida no mundo da espionagem que ela só conhecia de sua imaginação. A escritora se torna a peça-chave ao guardar informações que interessam a duas organizações secretas. 

Para solucionar o problema, ela vai contar com a ajuda do espião Aiden Wilde (Sam Rockwell, de "Três Anúncios Para um Crime" - 2018) e de seu fiel companheiro, o gato Alfie. Difícil para ela será separar seu mundo de ficção do real.


As cenas de ação predominam, mas a comédia inserida no roteiro dá um toque diferenciado. Henry Cavill como o agente arrumadinho e esticadinho (nem um fio sai do lugar durante as lutas), é quase um James Bond, com olhares e frases feitas, bem clichês, que ficam engraçadas. 

Destaque para Sam Rockwell, que faz um agente que gosta de uma boa briga, mas adora dançar (o ator sempre insere uma cena de dança em seus filmes). Sempre com uma cara boa, às vezes até boba, quando está perto de Elly.

Bryce Dallas Howard está muito bem no papel e também dá um bom toque de humor. Mas seu dublê teve bastante trabalho nas cenas de luta. A atriz, que estaria em sua terceira gravidez, segundo tabloides norte-americanos, apresenta todos os sinais de gestação, que vão se tornando cada vez mais evidentes à medida que o filme avança para o final. 


Não bastassem as fofocas e os protagonistas para atraírem o público, o longa conta ainda com um bom elenco, com nomes como Bryan Cranston (série "Breaking Bad" - de 2008 a 2012 e "Asteroid City" - 2023), Sofia Boutella ("Rebel Moon: Parte 1" - 2023), John Cena ("O Esquadrão Suicida" - 2021), Samuel L. Jackson (toda a saga com os heróis "Vingadores", desde 2008 até 2023, incluindo "Ultimato" - 2019), Ariana DeBose ("Amor, Sublime Amor" - 2021) e Catherine O'Hara ("Os Fantasmas Se Divertem" 1 e 2, que será lançado este ano).

Sofia Boutella e Samuel L. Jackson inclusive já trabalharam com o diretor Matthew Vaughn em "Kingsman: Serviço Secreto" - 2015. Ele também dirigiu "Kingsman: o Círculo Dourado" (2017) e "Kings's Man: A Origem" (2022).


Além do elenco e dos bons efeitos especiais (mesmo quando se tornam cansativos, como na luta da fumaça colorida), "Argylle - O Superespião" conta com uma ótima trilha sonora que dá o reforço necessário ao roteiro. 

Estão também entre as músicas, "Let's Dance", de David Bowie, o remix de "Suspicious Minds", de Elvis Presley e "Now and Them", dos Beatles.

O diretor Matthew Vaughn tenta novamente combinar os gêneros comédia e ação, mas desta vez ficou limitado. O roteiro de Jason Fuchs (criador da ideia original de "Mulher Maravilha" - 2017) não é tão bom como o de "Kingsman" (que inclusive é lembrado no filme), mesmo com o esforço do elenco. 

Mas vale como um bom entretenimento e para o público conferir todas as teorias loucas dos boatos sobre Taylor Swift. Alerta: tem cena pós-crédito.


Ficha técnica
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jason Fuchs
Produção: Apple Original Films, Marv Films e Cloudy Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h20
Classificação: 14 anos
País: Reino Unido
Gêneros: ação, suspense, comédia, espionagem

17 janeiro 2024

"Mergulho Noturno" - um terror que decepciona

A história gira em torno dos quatro integrantes de uma família e os ataques vindos de uma entidade que habita a piscina da casa deles (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Uma boa proposta que afunda na própria piscina e decepciona. Este é "Mergulho Noturno" ("Night Swim"), que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18). O filme entrega poucas cenas de terror, tem um monstro tosco que só assusta na primeira aparição (o único berro de susto ouvido por todos na sessão de pré-estreia foi de uma amiga) e mais nada. 

Produzido pela Blumhouse, a mesma responsável por títulos do gênero como "A Freira" (2018), "M3gan" (2022) e “Five Nights at Freddy's - Pesadelo sem Fim" (2023), o longa, dirigido por Bryce McGuire é inspirado no curta-metragem homônimo de 2014. Difícil acreditar que uma produção de terror que tem como produtores James Wan e Jason Blum poderia se tornar o desperdício de um tema que tinha tudo para agradar quem gosta deste tipo de filme. 


"Mergulho Noturno" conta a história de Ray Waller (Wyatt Russell, de "Operação Overlord" - 2018) um ex-jogador de beisebol que foi forçado a se aposentar precocemente em função de uma doença degenerativa. Ele se muda com a esposa Eve (Kerry Condon, de "Os Banshees de Inisherin" - 2022), o filho Elliot (Gavin Warren) e a filha adolescente Izzy (Amélie Hoeferle, de "Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" - 2023) para uma casa nova. Só não contavam com as forças sobrenaturais que habitavam justamente o local favorito das crianças: a piscina. 


O início do filme é até promissor. O diretor Bryce McGuire cria uma atmosfera de suspense e tensão, com imagens sombrias e uma trilha sonora inquietante. O público é rapidamente envolvido pela história e começa a se perguntar o que está acontecendo com a família.

Mas antes da metade do filme, o suspense já deixa de existir e as cenas de terror, já fracas, se tornam cada vez mais escassas, mesmo o diretor tendo afirmado em recente entrevista que o filme faria o público "perder o fôlego e roer as unhas nos cinemas".


Os jump scares, usados de forma excessiva, são previsíveis, não causam nenhum impacto e acabam perdendo a eficácia. O filme também peca por ser muito previsível, com uma reviravolta que é facilmente adivinhada. 

Apesar de ser um gênero que deveria causar susto e medo, o longa se concentra mais nas reações dos Waller ao que está acontecendo. E é a ótima atuação do elenco, especialmente da família, o ponto positivo de destaque. 

A piscina vilã, centro das atenções do filme, é pouco explorada e acaba ficando em segundo plano. A reviravolta é facilmente adivinhada, o filme dá pistas demais e tira o impacto. "Mergulho Noturno" pode até divertir os fãs do terror, mas é improvável que surpreenda ou assuste.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Bryce McGuire
Produção: Atomic Monster e Blumhouse Productions
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h39
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

04 janeiro 2024

"Patos!" - Aventura emplumada com gosto de déjà-vu

Uma família decide fazer uma viagem que vai ensiná-la sobre diferenças, amizade, gratidão e as belezas e perigos do mundo (Fotos: Illumination/Universal Studios)


Silvana Monteiro
@SilMontheiro


Deixar a zona de conforto, mudança de vida, aventura inesperada, união, solidariedade e empatia são temas explorados na animação "Patos!" ("Migration"), a mais nova comédia de ação do estúdio Illumination, que estreia nesta quinta-feira (4) nas salas brasileiras. 

Nesta temporada de férias, a produtora, conhecida por produções infantis de sucesso como "Minions" (2015 e 2022), a franquia "Meu Malvado Favorito" (2010, 2013, 2017 e o quarto previsto para este ano), "Sing" (2016 e 2021) e "Pets - A Vida Secreta dos Bichos" (2016 e 2019), convida você a embarcar, com uma família cheia de penas, em uma viagem emocionantemente desbravadora, em busca de "novos ares".


A comédia de ação "Patos!" consegue entreter com seu humor peculiar, personagens diferentes e carismáticos, uma história envolvente e um elenco talentoso. Mas o longa acaba pecando ao repetir algumas abordagens já vistas em outros filmes que exploram a relação entre animais e humanos. 

Alguns pontos dão a sensação de déjà-vu. O roteiro assinado por Mike White, criador da premiada série "The White Lotus" (2021) e roteirista de "Escola de Rock" (2003), "Patos!" lembra um pouco a aventura vivida pela arara azul Blue e sua família em "Rio 2" (2014), de Carlos Saldanha. 


Na história, a família Lospatos vive reclusa em um ambiente selvagem, com aquelas típicas paisagens remotas e bucólicas, onde o perigo e a maldade só existem nas histórias contadas pelo pai. Tudo é muito lindo quando se trata da natureza do local. 

Porém, para os dois jovens patos integrantes desse grupo, questionar o pai é um exercício difícil. Ele mal bate as asas por querer apenas manter sua vida pacata, amedrontando a todos quanto aos riscos de mudar a asa de lugar. 


Enquanto o pai Mack está satisfeito em manter a segurança, flutuando incansavelmente em "seu lago" na Nova Inglaterra (EUA), a mãe Pam anseia por agitar as coisas e mostrar o mundo aos filhos, o adolescente Dax e a patinha Gwen. 

Quando um grupo de patos migratórios pousa no lago com histórias fascinantes de lugares distantes, Pam convence Mack a embarcar em uma viagem em família, passando por Nova York até chegar à tropical Jamaica, destino dos colegas turistas.


No entanto, seus planos bem elaborados logo começam a dar errado quando eles seguem na direção oposta aos patos selvagens durante o inverno. 

Essa experiência improvável levará a família Lospatos a expandir seus horizontes, conhecer novos amigos, aprender mais uns sobre os outros e sobre si mesmos de maneiras inesperadas e alcançar mais do que jamais imaginaram ser possível. 


Entre aprender voar a céu aberto e entre prédios de uma grande cidade, o grupo vai conhecer novas espécies de aves e viver desafios incríveis. 

O medo vai dar lugar à coragem e à união de forças, capazes de fazer a família enfrentar todo tipo de situação, desde um grupo de aves excluídas e em situação de rua até humanos criminosos.

A animação conta com um elenco de comédia de primeira linha, com vozes originais de Kumail Nanjiani ("Eternos" - 2021), no papel de Mack; Elizabeth Banks ("As Panteras" - 2019) como Pam; Danny DeVito ("Dumbo" - 2019), que dá voz ao pato ranzinza Tio Dan.

Temos ainda Awkwafina ("Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" - 2021), a pomba Lelé; Carol Kane, como a garça Erin; Keegan Michael Key, voz de Delroy, um papagaio-da-jamaica, além de Caspar Jennings e a estreante Tresi Gasal, como os filhotes Dax e Gwen.


A dublagem profissional brasileira é encabeçada por Sérgio Stern (Mack), que fez a voz do hamster Norman, em "Pets - A Vida Secreta dos Bichos 2" (2019); Priscila Amorim (Pam), dubladora de grandes atrizes como Scarlett Johansson, Zoe Saldana, Natalie Portman, Anne Hathaway, entre outras; Sam Vileti (Dax) e Melinda Saide (Gwen). 

Completam o time, artistas da TV: Cláudia Raia (Erin), Ary Fontoura (Tio Dan), Danni Suzuki (Lelé) e o chef de cozinha Henrique Fogaça (Chef).

Vale à pena conferir essa aventura emplumada e refletir sobre os temas universais de família, amizade, empatia, solidariedade e descobertas pessoais. Tudo isso ao som de uma animada trilha sonora composta por John Powel.

"Patos!" é uma animação que pode agradar a espectadores de todas as idades e uma boa pedida para uma deliciosa reunião familiar na sala de cinema.


Ficha técnica:
Direção: Benjamin Renner e Guylo Homsy
Roteiro: Mike White e Benjamin Renner
Produção: Illumination Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h22
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: comédia, ação, animação, aventura, família

18 maio 2023

"Velozes e Furiosos 10" aposta em elenco milionário e mais ação para retornar com o mais do mesmo

Vin Diesel retorna com seus carros possantes em perseguições e acidentes cinematográficos  (Fotos: Universal Studios)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Sem perder o estilo do absurdo que marcou a franquia desde o primeiro filme em 2001, onde tudo o improvável é possível, “Velozes e Furiosos 10” ("Fast X") estreia nos cinemas nesta quinta-feira (18) com um elenco milionário. 

A missão agora é conquistar uma bilheteria superior a de seus antecessores. Especialmente por deixar pontas soltas para todos os personagens, exigindo uma continuação que pode desagradar até mesmo os fãs.


O novo capítulo é dirigido por Louis Leterrier, após a saída repentina de Justin Lin por causa de decisões criativas no roteiro. Além das perseguições de carro, que são de encher os olhos, outro grande atrativo do filme é o elenco. 

Temos a equipe quase completa de Vin Diesel (Dominic Toretto), que ele chama de família - Michelle Rodriguez (Letty Toretto), Tyrese Gibson (Roman), Ludacris (Tej), Nathalie Emmanuel (Megan), Jordana Brewster (Mia) e Sung Kang (Han).


Mas as novidades caras do longa são atores como Jason Momoa (Dante Reyes), Jason Statham (Deckard Shaw), Charlize Theron (Cipher), Brie Larson (Tess), Helen Mirren (Magdalene, mãe de Deckard), Scott Eastwood (Little Nobody), John Cena (Jakob Toretto) e outros que são surpresas.

A premissa do 10º filme parte dos acontecimentos de "Velozes e Furiosos 5: Operação Rio” (2011), quando descobrimos que o famoso traficante do Rio de Janeiro, Hernan Reyes, que morreu naquele filme, tem um filho chamado Dante. 


Ele quer vingança contra Toretto, fazendo com que sua família e todos a seu redor sofram pela morte do pai dele e a perda da fortuna que estava no cofre roubado por Dom e Brian (Paul Walker) no Rio de Janeiro. 

Dante vai caçar Dom em diversos locais - Los Angeles, Londres, Brasil, Portugal, Roma e até na Antártida -, usando tecnologia de ponta e mercenários bem pagos.


Pontos positivos

Um dos pontos positivos do longa é apostar em personagens isolados, vindos de filmes passados da saga. O próprio Dante teve passagem relâmpago no capítulo 5 e agora é o vilão na disputa com Dom. Temos também caras novas, como Isabel (Daniela Melchior), ligada ao mesmo longa. 

Mas quem rouba a cena quando aparece é Deckard Shaw que, além de transformar seus inimigos em sacos de pancada (literalmente), entra na briga quando o vilão resolve mexer com sua família. Ele logo busca um jeito de resolver o problema.


As cenas de ação são boas e cumprem o que prometem, mas são praticamente reproduções do que já vimos nos filmes anteriores. Destaco a sequência da bomba gigantesca em forma de bola, rolando pelas ruas de Roma e causando destruição - excelente mesmo sendo bem exagerada. 

As demais, comparadas a outros filmes, são mais do mesmo, com grandes efeitos visuais, muito tiro, porrada e bomba para manter o padrão, incluindo carros e crianças voando, capotamentos e perseguições cinematográficas.


Até a trilha sonora foi bem menor que a dos filmes anteriores. A novidade é uma das canções da cantora Ludmilla, que também faz uma breve ponta no filme. Não acrescenta em nada, poderia ser qualquer pessoa, mas vale pela participação da brasileira.

O filme parece que quer viver de fan service o tempo todo. Até os “pegas de rua” com aposta são colocados para causar nostalgia ao relembra a origem da franquia. No entanto, parece que o diretor esqueceu que o formato mudou, e situações como essas ficam só na lembrança, algo bem passageiro.


Defeitos graves

“Velozes e Furiosos 10” tem dois grandes defeitos. O primeiro é sobre Brian’ O Conner (Paul Walker). Se ele foi contextualizado na cena inicial que é o grande mote do filme em relação ao vilão, esperava- se que o personagem fosse estar junto de sua família, nos dias atuais. Porém, só temos pequenas homenagens com cenas passadas. 

Até sua esposa Mia volta para o grupo, mas Brian é citado apenas como o cara que cuida dos filhos, enquanto a mulher pula de um país para outro com o time de Dom. É bem deprimente ver um personagem de tamanha importância para toda a franquia, ser resumido a uma bábá. 


Muito se fala sobre o irmão mais novo de Paul Walker, Cody, entrar na franquia e continuar o legado, só que isso não aconteceu neste longa. Será que vão colocar mais pra frente? 

A participação especial foi da filha do ator falecido, a modelo Meadow Walker, que fez uma aparição rápida como a aeromoça do voo de John Cena. O certo é que o personagem Brian continua vivo na franquia, porém completamente apagado.


O segundo defeito do longa é o vilão Dante Reyes. De todos que já apareceram na franquia é o que mais destoa, com Jason Momoa entregando um personagem com muitas expressões caricatas. 

Perde feio se comparado, por exemplo, com Cipher e Deckard Shaw, vilões que conseguiram passar motivação, sem serem exagerados, se apresentando no tom certo. 


Fiquei com a impressão de que Momoa estava em outra frequência, completamente diferente de toda a galeria de vilões já vista na saga. Será que a proposta seria a de não se levar a sério o capítulo 10? Ele seria uma grande piada em que o vilão é quase um humorista?

“Velozes e Furiosos 10” diverte como um bom filme de ação que não pode ser levado a sério. Mas o número excessivo de continuações coloca em xeque a qualidade de cada nova produção e a paciência do público.


O novo longa é uma colcha de retalhos de tudo o que já foi apresentado nos antecessores. Recupera cenas, personagens e dramas para explicar o roteiro modificado com a troca do diretor e que acabou ficando um pouco confuso. 

Ao final, o filme deixa várias interrogações, o retorno de personagens nos minutos finais que podem agradar (ou revoltar), além da cena pós-crédito. Nada que não se resolva com mais dois capítulos. Haja criatividade!


Ficha técnica:
Direção: Louis Leterrier
Produção: Universal Pictures / One Race Films
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h21
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gênero: ação

19 março 2023

Lento, mas indispensável, “Entre Mulheres” é um filme que dá voz à alma e à luta feminista

Com elenco estelar, o filme é praticamente todo passado numa espécie de paiol (Fotos: Orion Releasing)



Mirtes Helena Scalioni


Embora seja baseado no livro homônimo de Miriam Toews, que por sua vez se inspirou em fatos ocorridos na Colônia de Manitoba, na Bolívia, “Entre Mulheres” (“Women Talking”) parece funcionar mesmo como uma espécie de conto épico.

Estão ali, naquele microcosmo feminino, longas e nem sempre profícuas conversas recheadas de conflitos, cantorias, choros, rezas, desespero, risos, solidariedade, abraços, brigas e até mesmo um rasgo de histeria.


Com elenco estelar, o filme é praticamente todo passado numa espécie de paiol, onde meninas, jovens, adultas e velhas conversam e tentam mudar o destino de suas vidas.

Numa isolada colônia da religião Menonita, um grupo de mulheres descobre que os homens da comunidade estão usando drogas e remédios de animais para dopá-las e estuprá-las durante a noite.


Os abusos, muitas vezes, resultam em gravidez. A explicação dos agressores é sempre a mesma: obra de Satanás ou da já conhecida loucura feminina.

Como se trata de uma religião – sempre ela –, uma das primeiras opções apresentadas diante das agressões é permanecer na comunidade e perdoar – como mandam as escrituras. Os outros dois caminhos são: ficar e lutar ou então fugir.


Diante das três ideias, e como, a princípio, o consenso não foi possível, o grupo decide fazer uma espécie de plebiscito. E é aí que acontecem as longas conversas permeadas das mais variadas emoções.

Há quem ache o filme monótono e cansativo. Afinal, trata-se de um período de 1 hora e 45 minutos de argumentos, discursos, ideias. Quase duas horas de palavras. Nada mais feminino.


Talvez a grande sacada da diretora Sarah Polley, autora também do roteiro, tenha sido a opção por dar voz – literalmente – às mulheres. Nada de cenas de estupros, agressões, violência.

No elenco, há apenas um homem: Ben Whishaw, que interpreta August, jovem professor que está na colônia para alfabetizar os meninos – e apenas os meninos, já que não é dado a elas o direito ao conhecimento. August participa das reuniões como uma espécie de secretário, anotando votos, escrevendo a ata.


É tão expressivo e acertado o elenco, que torna-se impossível destacar alguém. Convém citar Claire Foy, como Salome; Rooney Mara, como Ona; Frances McDormand, como Scarface Janz; Michele McLeod, como Mejal; Judith Ivey, como Agata; Sheila McCarthy, como Greta,e Kate Hallett, como Autje.

A fotografia, linda e acinzentada, imprime mais austeridade ao longa.


Antes que se pense que tudo isso se passa em tempos longínquos, é preciso dizer que o espectador descobre, a certa altura do filme, que o ano é 2010. 

É como se a diretora quisesse nos mostrar que qualquer semelhança com tempos atuais, mesmo que guardadas as devidas proporções, mesmo que estabelecidos os devidos símbolos, não é mera coincidência.

A luta feminista – a mais longa de todas – ainda tem muita briga pela frente. Muita discussão, cantoria, fé, esperança, desespero, solidariedade, abraços. Haja conversa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sarah Polley
Produção: MGM / Orion Pictures / Plan B
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: Cine Belas Artes (sessões legendadas às 14 e 18 horas); Cineart Ponteio (sessão às 17h30) e Cinemark Diamond Mall (sessão 21h30)
Duração: 1h45
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gênero: drama