31 outubro 2025

"De Nápoles a Nova York", delícia de filme que parece sessão da tarde, mas não é

Obra é uma das produções em exibição online de graça, até o dia 29 de novembro, durante o Festival
do Cinema Italiano (Fotos: Divulgação)
 
 

Mirtes Helena Scalioni

 
Tem aventura? Tem. Tem ternura e alguma ingenuidade? Tem. Tem demonstrações de amizade que sempre superam as vilanias? Tem. E tem também, muitas vezes, uma sensação de que o óbvio vai acontecer e ele realmente acontece. Até poderia ser, mas não se trata de uma Sessão da Tarde. 

"De Nápoles a Nova York" ("Napoli - New York") tem roteiro original de ninguém mais, ninguém menos do que Federico Fellini e Tullio Pinelli e - pasmem - foi escrito em 1948. O filme é uma das 12 obras inéditas das 24 em exibição online e em mais de 100 salas de cinema do Brasil durante a 20ª edição do Festival do Cinema Italiano. 

Todas as produções do festival podem ser assistidas gratuitamente até o dia 29 de novembro no Cine Santa Tereza, no Cine Lounge da Casa Fiat de Cultura ou no site do festival - https://festivalcinemaitaliano.com.


No final da Segunda Grande Guerra, quando Nápoles estava quase que totalmente destruída, grande parte da população vagava pelas ruas se virando atrás de trabalho, dinheiro e comida. 

Por uma dessas fatalidades que só acontecem em histórias como essa, a menina Celestina, de 10 anos, se vê sozinha ao visitar um hospital e descobrir que seu único vínculo, uma velha tia que cuidava dela, acabara de morrer. 

Abandonada à própria sorte, a pequena órfã vai procurar seu amigo Carmine, de 13 anos, com a certeza de ser acolhida por ele, um garoto órfão e também abandonado, que vive pelas ruas. 

Os dois formam uma dupla esperta, ganhando a vida com pequenos golpes e jogos de baralho, numa cumplicidade óbvia - e comovente - só vista em filmes da Sessão da Tarde. 


Entre uma e outra falcatrua, o espectador fica sabendo que Celestina tem uma irmã, Agnese, que se mudou há muito para Nova York e que deixou de dar notícias há tempos. Seu sonho, claro, é ir atrás da irmã e, na sua cabeça ingênua e infantil, conquistar a América como ela. 

A forma como as duas crianças acabam chegando aos States é bem inverossímil, possível talvez só em filmes da Sessão da Tarde. Ainda assim, é bastante provável que, a partir daí, o público se pegue torcendo pelas duas crianças e se enternecendo com a amizade e inteligência dos dois. 


Junte-se a isso, a inevitável empatia e compaixão por exilados e imigrantes, nem sempre bem-vindos nos países para onde se mudam quando obrigados a deixar a própria terra. 

Nesse ponto, roteiro e direção de "De Nápoles a New York" caprichou nas demonstrações de preconceito contra os italianos que aportaram nos Estados Unidos naquela época com a intenção de fazer a América. 

Para ajudar a derreter os corações, a trilha sonora colabora, juntando sucessos que vão da inspirada "Smile", de Charlie Chaplin, a "Be My Baby", sucesso de 1963 com o grupo Ronettes e tocada até hoje. 

Parênteses para contar que o filme ganhou o Globo de Ouro Italiano de 2025 como Melhor Trilha Sonora. Além de conquistar o prêmio David di Donatello 2025 de Melhores Efeitos Visuais.


As atuações também ajudam. Os pequenos Antônio Guerra e Dea Lanzaro arrasam e conquistam como Carmine e Celestina. Os demais atores, todos gravitando em torno da dupla, cumprem muito bem seus papéis. 

Estão lá Pierfrancesco Favino, como o inspetor do navio, Domenico Garofalo; Anna Ammirati, como Anna Garofalo; Anna Lucia Pierro, como a irmã Agnese; e Omar Benson Miller, como o inimigo-amigo George; Tomas Arana, como Capitano; e Antonio Catania, como Joe Agrillo.


Talvez um detalhe não permita que "De Nápoles a New York" seja um verdadeiro filme da Sessão da Tarde: o final, bastante criativo e surpreendente, depois de muitas obviedades. 

Além do mais, depois de tanta aventura e boas intenções, é possível até mesmo se questionar: quem disse que é proibido se deixar envolver por um filminho assim? Pode sim ser válido - e até necessário - em algum momento da vida. Basta se desarmar. 


Ficha técnica:
Direção: Gabriele Salvatores
Roteiro original: Federico Fellini e Tullio Pinelli
Produção: Paco Cinematografica, Rai Cinema
Exibição: gratuita no Cine Santa Tereza, Cine Lounge da Casa Fiat de Cultura e online no link https://festivalcinemaitaliano.com
Duração: 2h04
Classificação: 14 anos
País: Itália
Gêneros: drama, comédia

30 outubro 2025

"A Memória do Cheiro das Coisas" tenta ser poético enquanto aborda velhice, perdão e (o próprio) racismo

Longa português dirigido por António Ferreira tem José Martins e Mina Andala entregando ótimas interpretações (Fotos: Bretz Filmes)
 
 

Eduardo Jr.

 
A velhice é sempre digna de nossa piedade? O passado, por ser passado, merece perdão? Essas são questões que podem surgir do contato com o longa português “A Memória do Cheiro das Coisas”, que estreia nesta quinta-feira, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.

Dirigido por António Ferreira, coproduzido pela brasileira Muiraquitã Filmes e distribuído pela Bretz Flmes, o longa tenta aplicar uma aura poética ao abordar velhice, passado, preconceito e memória. 


O ator José Martins dá vida ao Sr. Arménio, um octogenário que é levado pelo filho para morar em um lar de idosos. A você, que me lê e pode sentir pena do protagonista deixado no asilo, já aviso: dificilmente você conseguirá gostar dele. 

Nos primeiros segundos Arménio já exibe seu lado rude. E daí em diante o espectador vai conhecendo o passado e a personalidade daquele homem, ex-combatente da Guerra Colonial Portuguesa, em Angola. Mas a guerra continua com ele, na memória e nos cheiros que remetem a experiências do passado. 


Ele também carrega consigo o preconceito racial, que fica evidente quando seu cuidador no asilo deixa o trabalho e no lugar dele chega Hermínia, mulher negra a quem ele assedia e ofende. A personagem, vivida por Mina Andala, tem a chance de desconectar Arménio das ideias racistas. A direção, no entanto, revela que não sabe reconhecer e representar igualdade. 

No filme, a cuidadora até se defende das violências. Chega a dar pistas de que será o elemento capaz de oferecer alguma dignidade a quem atacou a dignidade dos africanos. Mas seu discurso é o de que, embora negra, é cidadã portuguesa e que seu pai também lutou na guerra. Parece precisar convencer que é uma pessoa digna de ser aceita pelo homem branco.  


Já em outros aspectos, como a tentativa de expressar uma velhice que parece acorrentar Arménio à margem do mundo, a obra obtém resultados melhores. Se o tempo passou, dificultando alguns atos do cotidiano e exigindo dele paciência, também vai cobrar isso do espectador, em cenas lentas, em que a câmera mal se move. 

Nos corredores apertados e ora escuros do lar para idosos é possível experimentar uma claustrofobia. A sensação é acentuada pela ausência de janelas abertas. Para ver uma passeata ou o cachorro que gosta o velho ex-combatente de guerra não pode fazer mais do que lançar seu olhar através da vidraça que o separa da vida pulsante. 


Resta a Arménio enfrentar seus fantasmas do passado. E ao espectador, se incomodar com a postura da direção, que aplica em um relato do passado do idoso a tentativa de fazer dele uma vítima, mesmo ele já tendo confessado os horrores praticados em nome de seu país. 

Observando mais atentamente as camadas do roteiro, a velhice pintada com as tintas do abandono, do constrangimento e do trauma parece uma merecida vingança. 

Em resumo, esta pode ser considerada uma obra de naturalizar preconceitos que se apresenta vestida de véu poético. Como aquele já conhecido patriotismo, que acredita serem válidas as piores das vilanias.


Ficha técnica:
Direção:
António Ferreira
Produção: Persona Non Grata Pictures, coprodução da brasileira Muiraquitã Filmes
Distribuição: Bretz Flmes
Exibição: Centro Cultural Unimed-BH Minas - sala 2
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: Portugal, Brasil
Gênero: drama

29 outubro 2025

Sufocante, "Novembro" revisita o ataque sanguinário ao tribunal colombiano

Nathália Reyes interpreta personagem inspirada em Clara Helena Enciso, única sobrevivente do grupo guerrilheiro M-19 (Foto: Divulgação/Vulcana Cinema)s
 
 

Silvana Monteiro

 
“Novembro”, longa-metragem dirigido e roteirizado por Tomás Corredor, mergulha na dolorosa história recente da Colômbia ao revisitar um de seus episódios mais sombrios: o cerco ao Palácio da Justiça, ocorrido em Bogotá, em novembro de 1985. 

A obra reconstrói, com intensidade e fusão internarrativa, a invasão do grupo guerrilheiro M-19 ao edifício da Suprema Corte. A resposta militar desencadeou um confronto devastador, que destruiu paredes e provocou dezenas de perdas humanas.


O filme entrelaça imagens de arquivo e cenas gravadas em locações no México, recriando o ambiente interno, opressivo e aterrorizante vivido por 35 reféns, entre guerrilheiros, juízes e civis, por mais de 27 horas no interior de um banheiro da corte judicial, naquele 6 de novembro. 

A fotografia aposta em tons densos e em uma luz rarefeita: há pouco ar, há muito suor, tensão, gente tentando sobreviver ao caos de uma invasão, choro e diálogos violentos. 

Esses elementos narrativos constroem uma atmosfera de asfixia, espelhando o medo e o desespero compartilhados por guerrilheiros, reféns e militares.


Com atuações de Natalia Reyes (também produtora executiva do filme), Santiago Alarcón, Juan Prada e Max Durán, "Novembro" é uma coprodução internacional da colombiana Burning, da mexicana Piano, da norueguesa Tordenfilm, e coprodução internacional com a produtora brasileira Vulcana Cinema. 

O longa, que chega nesta quinta-feira (30) aos cinemas brasileiros, teve estreia mundial, em setembro, na Discovery Section do 50º Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) e foi selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.


Destaque mais que merecido para Reyes que interpreta Clara Helena, "La Mona", uma personagem inspirada em Clara Helena Enciso, a única sobrevivente do grupo guerrilheiro M-19. Justamente por isso é perceptível sua ótica na história. 

A atuação de Santiago Alárcon no papel do magistrado Manuel Gaona Crus, também é outro ponto forte da obra. 

A narrativa que se estende em alguns trechos que poderiam ser mais dinâmicos, no entanto, enfraquece a trama. Ainda assim, no conjunto, trata-se de uma excelente opção para quem aprecia docudramas, filmes de guerrilha e produções de caráter sociopolítico. 

Especialmente no momento que estamos vivendo com a situação de caos e mortes no Rio de Janeiro após a megaoperação contra o narcotráfico. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Tomás Corredor
Produção: Burning, Piano, Vulcana Cinema, Tordenfilm
Distribuição: Vulcana Cinema
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h18
Classificação: 14 anos
Países: Colômbia, Brasil, Noruega e México
Gênero: drama histórico

27 outubro 2025

"Bom Menino": terror sobrenatural visto pelos olhos de um cachorro

Indy é a estrela do filme e sua atuação encanta o público mesmo nos momentos de suspense sobrenatural (Fotos: Divulgação)
 
 
Maristela Bretas

"Bom Menino" ("Good Boy"), que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas, oferece uma perspectiva única ao narrar momentos de terror pela visão de um cachorro. A trama acompanha Indy, o fiel cão de Todd (Shane Jensen), um paciente gravemente doente que decide se isolar em uma fazenda para passar seus últimos dias. 

A intenção do diretor Ben Leonberg de explorar o instinto canino para perceber o sobrenatural é, inegavelmente, um ponto de partida diferente e interessante, mas pode gerar apreensão no espectador, especialmente para quem é tutor de um animal de estimação.


O filme não se apoia no medo tradicional, mas sim na tensão e no sofrimento do cão Indy, que acompanha do início ao fim o drama do dono. Indy é a estrela absoluta da produção. Todd e os demais personagens humanos são meros coadjuvantes, cujos rostos, inclusive, não são mostrados, reforçando o foco narrativo no ponto de vista do animal.

Desde filhote, Indy e Todd compartilham uma relação intensa. O cão percebe sutilmente que seu dono não está bem, mas o vínculo entre eles se mantém inabalável, com o jovem carinhosamente se referindo a ele como "Bom Menino". 


A câmera trabalha com precisão no olhar e nas atitudes do animal, capturando tanto os momentos de afeto com o dono quanto o crescente pavor nas cenas de terror, onde Indy tem visões do futuro e é atacado por entidades.

Na história, a dupla se muda para uma casa em uma área rural que pertenceu ao avô de Todd. O ambiente é sinistro, carregado de lembranças ruins, onde vários familiares morreram jovens. A última morte, a do avô do rapaz, é cercada de mistério, assim como o desaparecimento de seu próprio cachorro.


Indy é um cão fofo, esperto e dotado de uma forte percepção extrassensorial. Ele entende que algo muito errado está acontecendo e, embora seja colocado em situações assustadoras e perigosas, sua lealdade a Todd o impede de abandoná-lo. 

Essa representação do instinto aguçado dos cães, que se manifesta principalmente no olfato e na audição, é o ponto central da trama, permitindo que eles percebam a presença de entidades sobrenaturais e também sinais emocionais e físicos sutis das pessoas. 

Estudos científicos já comprovam a impressionante capacidade canina de detectar doenças como o câncer, AVC ou infarto.


A proposta de Ben Leonberg de mostrar o gênero terror sob o ponto de vista do cão, e não de um humano, é o que torna "Bom Menino" uma produção diferenciada. Nesse aspecto, o filme resgata a temática do instinto animal – embora com uma abordagem mais sombria – que foi levemente explorada no drama romântico "Juntos Para Sempre" (2019), com Dennis Quaid.

Infelizmente, a cópia fornecida para avaliação da imprensa estava muito escura, o que prejudicou a visualização de alguns detalhes de sombra e luz da produção.

Curiosidade

Indy pertence ao diretor e levou três anos para ser finalizado, seguindo o ritmo e a disposição do animal, que brilha e encanta. "Bom Menino" é quase uma homenagem de Ben Leonberg ao seu melhor amigo, feita com paciência, amor e criatividade. É pagar para ver. Comente depois o que achou.


Ficha técnica:
Direção: Ben Leonberg
Roteiro: Ben Leonberg e Alex Cannon
Produção: What´s Wrong With Your Dog
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h13
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: terror sobrenatural, suspense

22 outubro 2025

"Frankie e os Monstros": uma divertida aventura gótica de terror sobre amizade e diferenças

Os monstros criados pelo Doutor Maluco vivem em um assustador castelo, escondidos dos seres humanos (Fotos: Gringo Filmes e Senator Film Produktion)
 
 

Maristela Bretas

 
Chega aos cinemas nesta quinta-feira (23), a animação "Frankie e os Monstros" ("Stitch Head"), uma aventura gótica de terror divertida e cheia de easter eggs, do início ao fim. O filme mistura um pouco de tudo: um cientista maluco que lembra o Doutor Emmett Brown (interpretado por Christopher Lloyd em De Volta para o Futuro), monstros simpáticos e bem coloridos, além de um clima sombrio, mas nada assustador. 

A produção, dirigida por Steve Hudson e com direção de animação de David Nasser — conhecido por sucessos como "Meu Malvado Favorito", "Hotel Transilvânia" e "Rio 2" — ainda faz alusões a "Pinóquio", à personagem Tristeza de "Divertida Mente", aos "Minions", e até ao clássico "E.T. – O Extraterrestre". 


São referências que enriquecem a narrativa e tornam a história mais cativante. Cada cena que lembrava uma produção do passado é capaz de fazer o público vibrar e se emocionar. A produção é inspirada na série de livros infantis Stitch Head, de Guy Bass.

Tudo começa no Castelo Grotescal, onde o Professor Maluco (voz original de Rib Brydon) vive tentando criar o monstro perfeito em seu laboratório. Como um verdadeiro Doutor Frankenstein, ele dá vida a diferentes criaturas, mas logo se esquece de cada uma delas, passando para a próxima experiência.


Entre essas criações está Stitch Head/Frankie (dublado por Asa Butterfield), seu assistente e primeira criatura, um pequeno menino de aparência estranha remendada e cabeça careca. Stitch está sempre em busca da atenção e do carinho de seu criador, mas nunca recebe ou sequer é notado. 

Enquanto isso, ele se dedica a proteger e esconder os demais monstros criados no laboratório, mantendo o castelo seguro. Todos temem que os humanos que habitam a vila de Grubbers Nubbin, localizada ao pé da montanha, descubram que eles existem e queiram destruí-los.


Até que a chegada à cidade de um Circo de Horrores decadente em busca de novas atrações muda toda a rotina de Stitch. Ao descobrir a existência do jovem, o dono do espetáculo oferece a ele a ilusão de que se fizesse parte do grupo conquistaria tudo o que sempre desejou: amor, fortuna e fama. Mas esta escolha trará sérias complicações para os monstros e os moradores da vila.

O elenco de personagens é carismático e diverso. Destaque para a Criatura (dublado por Joel Fry), o mais recente experimento do Doutor Maluco, que considera Stitch seu melhor amigo; Arabella (voz de Tia Bannon), uma jovem moradora da cidade que não tem medo de monstros; a ranzinza Nan (Alison Steadman), tutora de Arabella que acredita que todos no castelo são perigosos e cruéis.


Além da história encantadora que traz boas lembranças de filmes que marcaram a infância de diferentes gerações, "Frankie e os Monstros" também tem uma trilha sonora, composta por Nick Urata, que é um show à parte. Com grandes sucessos do passado, contribui para o clima nostálgico e emocional do filme.

Apesar de sua atmosfera gótica e alguns momentos sombrios, "Frankie e os Monstros" é conduzido com leveza e sensibilidade, de uma forma divertida, mas que toca o coração do público ao tratar de temas como abandono, preconceito, ganância, medo do desconhecido, lealdade, e acima de tudo, amizade. Uma animação que promete emocionar diferentes gerações.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Steve Hudson
Produção: Gringo Films GmbH, Fabrique d’Images, Senator Film Produktion, Traumhaus Studios, Mia Wallace Productions e Senator Film Köln
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: Livre
Países: Alemanha, Luxemburgo, Reino Unido, França e República Tcheca
Gêneros: aventura, família, animação, comédia   
 

16 outubro 2025

“O Último Rodeio": drama, redenção e a luta final de um campeão

Neal McDonough interpreta um experiente peão que abandonou a arena no passado e agora precisa
retornar para salvar seu neto (Fotos: Angel Studios)
 
 

Silvana Monteiro


Em "O Último Rodeio" ("The Last Rodeo"), um experiente e premiado peão de rodeio é confrontado com as circunstâncias do destino. E para impactar, o enredo prova que o raio cai duas vezes, sim, desta vez, sobre a casa de Joe Wainwright (interpretado por Neal McDonough, que também participou do roteiro e é um os produtores). 

Primeiro, quando perde a esposa Rose (Ruve McDonough, esposa do ator e também produtora do filme), e se entrega, abandonando as arenas. Quinze anos mais tarde, quando o neto Cody (Graham Harvey), com quem tem uma relação de muita cumplicidade, é acometido por algo que ele, o avô, considera aterrorizante e traumático.  


Joe é o cowboy durão, aquele que mesmo quando o corpo se parte em cima de toneladas de músculos e ossos em movimento, não se dá ao direito de sentir e chorar. Seu domínio na arena é premiado e ele, apesar de já ter desistido de montar, pode querer uma última vez, pelo prêmio, mas muito mais pela vida de quem ele mais ama. 

Agora, o fogo que o prova é o da fé e do amor. Embora tenha um relacionamento desafiador com a filha Sally (Sarah Jones), os dois são conectados pelo amor do neto que transcende qualquer desentendimento entre pai e filha. 


E para tratar esse neto, Joe vai ser colocado à prova.  Entre laços de família, perdas e reconciliações, a narrativa mostra o peso, muitas vezes silencioso, das dores que não vêm do esporte, das fraturas e contusões à flor da pele, e sim do convívio familiar. 

O filme tem uma linda e sofisticada fotografia. A poeira, a luz do entardecer e o close nas mãos calejadas transformam a arena em território de redenção. 

Em alguns momentos, as atuações poderiam ser mais profundas e emocionantes, mas a obra, na maioria do tempo, mantém a rigor a ambientação do universo árido e simbólico dos rodeios americanos, o que é compreensível.


A direção aposta em planos longos e uma paleta terrosa que traduz a energia dos conflitos. A trilha sonora discreta, composta por Jeff Russo, reforça o tom, ora empolgante das arenas, ora contemplativo, deixando o silêncio falar tanto quanto as quedas e reerguimentos. 

Joe volta à arena não apenas por dinheiro, mas para confrontar o passado e buscar um tipo de reconciliação com a fé e consigo mesmo. No fundo, sem tantas reviravoltas, mas como uma mensagem importante, "O Último Rodeio" é menos sobre vitórias, mas sobre amor, resiliência e recomeços.


Ficha técnica:
Direção:
John Avnet
Produção: The McDonough Company
Distribuição: Paris Filmes e Abgel Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h58
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gênero: drama

10 outubro 2025

Sensibilidade e nostalgia conduzem o excelente "O Último Episódio"

A história se insere no escaninho das produções que flagram o ritual de passagem da adolescência para
a juventude (Fotos: Leonardo Feliciano)
 
 

Patrícia Cassese

 
Muitos são os fatores que corroboram para que, ao fim de uma sessão de cinema, o espectador saia da sala escura convicto de que sim, assistiu a um filme "fora da curva". Uma experiência, em suma, daquelas para ficar tatuada na memória. 

Esse é indiscutivelmente o caso de "O Último Episódio", destaque entre as estreias dessa semana de mudanças na programação dos cinemas. Com a chancela da mineira Filmes de Plástico, o filme, vale dizer, marca a estreia de Maurilio Martins na direção solo de um longa-metragem. 


A história se insere no escaninho das produções que flagram o ritual de passagem da adolescência para a juventude - neste caso, por meio do personagem Erik (Matheus Sampaio). Aos 13 anos, ele embarca em uma aventura insólita junto aos vizinhos de bairro, Cassinho (Daniel Victor) e Cristiane/Cristão (Tatiane Costa, simplesmente encantadora).

Apaixonado por Sheila (Lara Silva), e cônscio do interesse da garota pelo universo da “Caverna do Dragão”, a icônica série de animação fenômeno dos anos 1980, Erik diz a ela ter, em casa, a fita cassete contendo o último episódio. 


Falamos fita de vídeo? Sim, "O Último Episódio" se passa em 1991, quando, claro, nem se sonhava que um dia o mundo teria um acesso tão mais fácil a conteúdos audiovisuais como filmes e séries, por meio da internet e dos serviços de streaming. Uma época em que a TV e as locadoras de vídeo eram a via para se acessar conteúdos afins. 

Com o interesse de Sheila atiçado pela possibilidade de assistir à fita contendo o tal desenlace, Erik resolve, junto aos citados dois amigos de fé, produzir, ele mesmo, o capítulo. Aos trancos e barrancos, diga-se, mas com muita (muita) criatividade. Ocorre que, claro, as coisas não são tão simples.


Paralelamente à empreitada, o filme espraia seu olhar por outros temas relevantes, como a ausência paterna (e o motivo dessa), os desafios de uma mãe solo, a vida na periferia das cidades e a solidariedade que emana entre seus habitantes. Aqui, um grupo de moradores do bairro Laguna, em Contagem, onde, não por coincidência, Maurilio Martins nasceu e se criou. 

Aqui, uma pequena pausa se faz necessária: o cineasta admite que sim, há traços biográficos em "O Último Episódio", ainda que as experiências do personagem Erik tenham sido imaginadas. "Eu não necessariamente morei na casa onde o personagem mora, mas ela fica em frente à minha casa. 

A inserção das fotos no filme também é significativa. São imagens nas quais eu apareço, minha família aparece, meus amigos".


Do mesmo modo, os personagens estudam na instituição educativa na qual Maurílio Martins estudou, a Escola Estadual Jardim Laguna, depois rebatizada como Escola Estadual Jardim Silva Couto. "Eles vivem no mesmo bairro, na mesma época. Eu sou muito da memória, sou muito nostálgico, então tem muito de mim ali”, contextualizou Maurilio.

Voltando ao universo de personagens que orbita em torno de Erik, é provável que muitos deles exalem características que vão remeter o espectador - em particular, o mineiro, pelas características de quem vive por aqui - a pessoas reais, do âmbito de suas relações mesmo. 


Quem viveu aquela época certamente frequentou uma escola cuja responsável tinha traços que similares aos da diretora Simone (Babi Amaral, divertidíssima), que, em "O Último Episódio", vemos envolvida até a medula nos preparativos para a Feira de Cultura, um evento de destaque no ano letivo da instituição, e que mobiliza alunos e professores

Neste ponto, vale retornar ao início desse texto. Ao pontuar sobre a somatória de fatores que efetivamente transformam o ato de assistir a um filme em uma experiência inesquecível, no melhor dos sentidos, obviamente deve-se colocar, nesta conta, o calibre de quesitos como roteiro (Maurilio Martins e Thiago Macêdo Correia), direção, elenco, trilha sonora, fotografia (Leonardo Feliciano), montagem... 


E é nessa somatória que "O Último Episódio" se insere na representativa lavra de bons filmes que estão chegando aos cinemas neste 2025 - caso de "Manas", "A Melhor Mãe do Mundo" etc.

O filme de Maurílio Martins é simplesmente uma pepita. Daquelas com potencial para suscitar uma miríade de sensações no espectador, de fazê-lo se emocionar em certos trechos, rir em outros e, ainda, compartilhar o aperto no peito dos personagens em diversos momentos. 

Um daqueles filmes que, a despeito do reino mágico que Erik tenta reproduzir, finca seu pilar na realidade. Aquela, vivenciada pela maioria esmagadora dos brasileiros, com muitos malabarismos para pagar as contas, mas que ainda acorda no dia seguinte com fé. 


A localização temporal também possibilita que o espectador - em particular, o "mais maduro" - viaje no tempo, diante de ecos de uma época a se reviver com nostalgia, seja por meio de objetos de cena, figurino, reprodução de comportamentos ou, ainda, por conta da trilha sonora. 

Essa, aliás, leva a assinatura acima de qualquer suspeita de John Ulhoa e Richard Neves, do Pato Fu.  Com toda certeza, quem assistir ao filme vai ficar com a versão de "Qualquer Jeito" ("Não está sendo Fácil"), agora na voz de Fernanda Takai, grudada na cabeça. 

A música, lembre-se, estourou em 1987 com Kátia, afilhada artística de Roberto Carlos, com quem fez dueto em especial de TV. Outro hit da época que marca presença em "O Último Episódio" é “Doce de Mel”, sucesso do repertório de - sim, você sabe - Xuxa.


O elenco é uma aba à parte. Além do talento inequívoco do trio de adolescentes, já citado, a projeção vai fazer o público se extasiar com o talento de Rejane Araújo ou Camila Morena da Luz, tal qual com as participações especiais, como as de Eid Ribeiro, Robert Frank, André Novais Oliveira e Gabriel Martins. 

Um luxo extra é a presença do incrível artista Froiid, que coloca sua assinatura nos créditos iniciais. Por último, mas não menos importante: a distribuição de “O Último Episódio” é da Malute e da Embaúba Filmes. Quer um conselho? Só vai!


Ficha técnica:
Direção: Maurílio Martins
Roteiro: Maurilio Martins e Thiago Macêdo Correia
Produção: Filmes de Plástico com coprodução do Canal Brasil e Cine Film
Distribuição: Malute Filmes e Embaúba Filmes
Exibição: Cineart Cidade, Centro Cultural Unimed-BH Minas e Una Cine Belas Artes
Duração: 2h03
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: aventura, ficção

24 setembro 2025

"Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" mistura terror infantil, referências clássicas e muito humor

Animação aborda união em meio às diferenças entre espécies ameaçadas por um apocalipse alienígena
(Fotos: Diamond Films)
 
 

Maristela Bretas

 
Repleta de referências a clássicos do cinema como "ET - O Extraterrestre" (1982) e "Tubarão" (1975) e produções de terror, estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas "Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" ("Night of the Zoopocalypse"). 

A coprodução canadense, francesa e belga tem a direção de dois veteranos da animação: Ricardo Curtis ("Os Incríveis" - 2004 e "Monstros S.A." - 2001) e Rodrigo Perez-Castro ("Festa no Céu" - 2014 e "O Touro Ferdinando" - 2018). O resultado é uma obra divertida e vibrante, feita para toda a família.


A trama explora temas como união, diversidade e pertencimento para contar a história de Gracie, uma lobinha entediada com sua vida "pouco animal", dublada em português por Viih Tube.  

Ela e seus amigos do Zoológico Colepepper veem suas pacatas e até monótonas rotinas virarem de cabeça pra baixo quando um meteoro atinge o local e transforma os animais em zumbis semelhantes a geleias coloridas.


Com a maioria dos habitantes do zoo controlados por um coelhinho (que lembra bastante o Bola de Neve, de "Pets – A Vida Secreta dos Bichos" - 2016) agora possuído por um alienígena com planos de dominação mundial, cabe a Gracie tentar salvar a todos, especialmente sua alcateia.

Para isso, ela precisará contar com a ajuda de um grupo bem improvável: Dan, um leão-da-montanha rabugento e de poucos amigos; Xavier (dublado por Ed Gama), um lêmure cinéfilo que sabe tudo sobre filmes de terror; Frida, uma capivara destemida; Felix, um babuíno atrapalhado; Ash, um avestruz cheio de estilo; e Lu, uma filhote de hipopótamo pigmeu rosa muito fofa e tagarela. 


Juntos, precisam deixar instintos e diferenças de lado para enfrentar a ameaça alienígena. Dá para imaginar um leão da montanha faminto tendo que proteger um filhotinho rechonchudo de hipopótamo (quase um toucinho)?

Entre planos mirabolantes — nem sempre bem-sucedidos — e tentativas de fuga, o grupo vai aprendendo a confiar uns nos outros e a se unir, sob a liderança da esperta Gracie, para evitar o apocalipse animal. 


O mais engraçado de todos é Xavier, que usa seus conhecimentos adquiridos assistindo filmes de terror durante a madrugada na clínica veterinária para prever os movimentos dos inimigos. 

É por meio dele que são inseridos cenas e trechos icônicos de músicas inesquecíveis de clássicos, tornando a animação ainda mais divertida e nostálgica. 

O elenco de dubladores brasileiros reúne nome como Luiz Feier, Manolo Rey, Valentina Pawlowna, Jorge Vasconcellos, Carina Eiras, Mauro Horta, Mariangela Cantú, Eduardo Drummond, Jessica Dannemann, Marianna Alexandre, Maurício Berger, Rafinha Lima e Telma da Costa. 


Apesar de ser uma comédia com ritmo de aventura, o longa traz algumas cenas de ataques e mutações que podem assustar crianças menores "Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" mistura terror infantil, referências clássicas e muito humor de 10 anos. Por isso, vale a atenção dos pais quanto à classificação indicativa.

Mas a emoção e o humor bem dosados, reforçados pelas cores vibrantes e personagens carismáticos, fazem de "Zoopocalipse - Uma Aventura Animal" um filme de terror leve, capaz de divertir e emocionar públicos de todas as idades.


Ficha técnica:
Direção: Ricardo Curtis e Rodrigo Perez-Castro
Roteiro: Steven Hoban e James Kee
Produção: Mac Guff Productions, Copperheart Entertainment, UMedia Productions
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h31
Classificação: 10 anos
Países: Canadá, França e Bélgica
Gêneros: animação, aventura, comédia, família

22 setembro 2025

Mostra 19ª CineBH exibe, de graça, grandes estreias e produções do cinema latino-americano

 
 

Da Redação

 
De "O Agente Secreto", com Wagner Moura, a produções latino-americanas, com programação gratuita em pré-estreias e mostras temáticas. Esta é a 19ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e o 16º Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting, que acontece de 23 a 28 de setembro em dez espaços da capital, num total de 71 sessões de cinema. 

Toda a programação é gratuita para o público. A retirada de ingressos deve ser feita nas bilheterias dos cinemas 60 minutos antes de cada sessão. Sujeito e lotação de cada espaço. Saiba mais sobre a programação completa no site oficial do evento: https://cinebh.com.br

Carlos Francisco (Universo Produção)

A abertura na noite do dia 23 será às 20 horas, no Cine Theatro Brasil, com o aguardado “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, filme que conquistou os prêmios de melhor direção, ator (Wagner Moura) e crítica no Festival de Cannes, além de ser o escolhido para disputar pelo Brasil o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026. Será a primeira exibição do longa em Minas Gerais

MOSTRA HOMENAGEM

O tributo da 19ª CineBH será ao ator mineiro Carlos Francisco, uma das presenças mais marcantes e carismáticas do cinema brasileiro contemporâneo.  Integrante do elenco de "O Agente Secreto", ele estará presente na abertura do evento e será homenageado também nos demais dias com a exibição de sessões especiais de sua filmografia. 

Celebrado por sua versatilidade, Carlos iniciou a carreira no teatro amador nos anos 1980, fundou o Grupo Folias em São Paulo e estreou no cinema em 2005 com “O Casamento de Romeu e Julieta”. O ator teve participações especiais também em “Bacurau” (2019), “Marte Um” (2021) e “Estranho Caminho” (2023), “Enterre seus Mortos” (2024) e “Suçuarana” (2025).

Mostra CineMundi

Nós Somos o Nosso Futuro?

A seleção da 19ª CineBH deste ano apresenta narrativas latino-americanas a partir do tema “Horizontes Latinos: Nós Somos o Nosso Futuro?”, que reflete sobre a soberania cultural e política do cinema latino-americano e incentiva narrativas que rompam com o eurocentrismo.

Serão exibidos 101 filmes, sendo 48 longas, um média e 52 curtas-metragens, distribuídos nas mostras Território, Conexões, Vertentes, Praça, Homenagem, CineMundi, Diálogos Históricos, A Cidade em Movimento, Curtas Contemporâneos, WIP, Mostrinha, além da abertura e um cine-concerto.

A programação deste ano conta com narrativas que abordam questões sociais, políticas e culturais, ao mesmo tempo em que propõem caminhos estéticos ousados, numa seleção diversificada de obras, muitas delas inéditas no Brasil. 

Mostra Territórios

Recorte latino-americano

A 19ª CineBH destaca 16 filmes nas mostras Território (competitiva) e Conexões, com produções de Brasil, Uruguai, México, Equador, Peru, Chile, Argentina, Porto Rico e Colômbia, várias delas em coproduções com países europeus e asiáticos. 

A seleção da Mostra Território privilegia títulos inéditos ou com pouca circulação no Brasil, explorando perspectivas únicas do continente, com curadoria de Cléber Eduardo, Ester Fér, Leonardo Amaral e Mariana Queen Nwabasili. 

- “Bienvenidos Conquistadores Interplanetários y Del Espacio Sideral” (Colômbia, Portugal, 2024), de Andrés Jurado, 95 min- “Chicharras” (México, 2024), de Luna Marán
- “Huaquero” (Equador, Peru, Romênia, 2024), de Juan Carlos Donoso Gómes- “Movimento Perpétuo” (Brasil, 2024), de Leandro Alves
- “Punku” (Peru, Espanha, 2025), de J. D. Fernández Molero
- “Queimadura Chinesa” (Uruguai, Brasil, 2025), de Verónica Perrota
- “Uma casa com dois cachorros” (Argentina, 2025), de Matías Ferreyra

Mostra Conexões

MOSTRA CONEXÕES

Novidade desta edição, a Mostra Conexões destaca a inventividade em formas amplas e serve de ampliação do panorama no continente a partir da visão dos curadores.

- “Álbum de família” (Argentina, 2024), de Laura Casabé
- “Cais” (Brasil, 2025), de Safira Moreira
- “Crónicas del absurdo” (Cuba, 2024), de Miguel Coyula
- “Memória Implacable” (Chile, Argentina, 2024), de Paula Rodríguez
- “Notas sobre um desterro” (Brasil, 2025), de Gustavo Castro
- “Todo documento de civilización” (Argentina, 2024), de Tatiana Mazú González
- “Todo parecía posible” (Porto Rico, Estados Unidos, 2024), de Ramón Rivera Moret
- “Un cuento de pescadores” (México, 2024), de Edgar Nito

Mostra Vertentes

MOSTRA VERTENTES

Criada no ano passado para abrigar filmes brasileiros de destaque em festivais do país, em 2025 a Vertentes se ampliou para um recorte mais geral de produções contemporâneas realizadas no país. 

A seleção reflete caminhos criativos em andamento, narrativas que exploram conflitos, transformações e descobertas multifacetadas. A curadoria é de Marcelo Miranda e Rubens Fabrício Anzolin e conta com pré-estreias, todas inéditas em Belo Horizonte.

- “A Voz de Deus” (2025), de Miguel Antunes Ramos
- “Apenas Coisas Boas” (2025), de Daniel Nolasco
- “Aqui Não Entra Luz” (2025), de Karoline Maia
- “Assalto à Brasileira” (2025), de José Eduardo Belmonte
- “Enquanto o Céu não me Espera” (2025), de Christiane Garcia
- “Enterre seus Mortos” (2024), de Marco Dutra
- “Meu Pai e Eu” (ES, 2024), de Thiago Moulin
- “Morte e Vida Madalena” (2025), de Guto Parente
- “Nosferatu” (2025), de Cristiano Burlan
- “Paraíso” (2025), de Ana Rieper
- “Um Minuto é uma Eternidade para Quem está Sofrendo” (2025), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro
- “Verde Oliva” (2025), de Wellington Sari

Mostra Diálogos Históricos

MOSTRA DIÁLOGOS HISTÓRICOS

Neste ano, o destaque-homenagem será ao dominicano Nelson Carlo De los Santos Arias, com obras emblemáticas que o tornam um dos nomes mais singulares do continente. 

Com curadoria de Marcelo Miranda e colaboração de Cléber Eduardo, a seleção exibe quase toda a obra de Nelson ao longo de três dias. Todas as sessões vão ter a presença do cineasta, que irá conversar com os espectadores.

- “Canciones de Cuna” (2014)
- “Cocote” (2017)
- “Pareces una carreta de esas que no la para ni lo’ bueye” (2013)
- “Santa Teresa y Otras Historias” (2015)

MOSTRA CINEMUNDI

Celebrando os 16 anos do Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting, com curadoria de Pedro Butcher, o recorte exibe filmes cujos primeiros projetos passaram pelo programa de coprodução, realizado anualmente em Belo Horizonte. Todos eles vêm tendo ampla repercussão no cenário mundial em anos recentes.

- “A Natureza das Coisas Invisíveis” (DF, 2025), de Rafaela Camelo, 90 min
- “A Vida Secreta dos Meus Três Homens” (PE, 2025), de Letícia Simões, 75 min
- “As Muitas Mortes de Antonio Parreras” (RJ, 2024), de Lucas Parente, 65 min
- “Nimuendajú” (MG, 2024), de Tania Anaya, 85 min
- “Suçuarana” (MG, 2024), de Clarissa Campolina e Sérgio Borges, 85 min

Mostra Praça

MOSTRA PRAÇA

A Mostra Praça acontece a céu aberto na Praça da Liberdade, sempre às 20 horas, integrando o cinema à paisagem urbana de Belo Horizonte. Para este ano, o foco está na música como elemento de ligação entre os filmes. Cada filme traduz a musicalidade como forma de resistência, invenção lúdica ou conexão cultural.

- Dia 25/09 - “Ritas” (Brasil, 2025), de Oswaldo Santana e Karen Harley
- Dia 26/09 - “Lagoa do Nado - A Festa de um Parque” (MG, Brasil, 2025), de Arthur B. Senra
- Dia 27/09 - “Milton Bituca Nascimento” (Brasil, 2025), de Flávia Moraes

MOSTRINHA

Para toda a família tem a Mostrinha de Cinema, com sessões no Cine Petrobras na Praça e no Cine Santa Tereza. As sessões serão acompanhadas pelos personagens da Turma do Pipoca e intervenções circenses. 

DIA 27 (sábado), às 17 horas, na Praça da Liberdade: intervenção circense do Palhaço Cloro, seguida por uma sessão de curtas-metragens:
- “Menino Gepeto”, de Cláudio Constantino e Rafael Guimarães (Animação, 13min, MG, 2025);
- “Sobre Amizade e Bicicletas”, de Julia Vidal (Ficção, 12min, Brasil, 2022);
- “Sacis”, de Bruno Bennec (Ficção, 23min, MG, 2024).

DIA 28 (domingo), às 16 horas, no Cine Santa Tereza: espetáculo circense do Palhaço Pitoco e o show de mágica de Roni Rodan. Na sequência, sessão de curtas de animação acompanhada do especial Cine-Concerto Tela Sonora, que reúne música eletrônica e animações brasileiras. O programa exibe quatro obras marcantes da animação nacional: 
- “O Malabarista” (Iuri Moreno, 2018);
-  “Caminho dos Gigantes” (Alois Di Leo, 2016);
- “Plantae” (Guilherme Gehr, 2017);
- “Meow!” (Marcos Magalhães, 1981)

Mostrinha

MOSTRA A CIDADE EM MOVIMENTO

Com produções independentes de Belo Horizonte e região metropolitana em diálogo direto com a vivência nas cidades, a curadoria de Bruna Piantino adotou o tema “Um lugar ao sol”. Serão 13 filmes, entre curtas e longas-metragens, em sessões temáticas com rodas de conversa sobre maternidade solo, corpo-território, existências trans, arte e desejo e entrelaços geracionais, com a presença de convidados.

Curtas:
- “Babilônia”, de Duda Gambogi
- “Carlito(s)”, de Pedro Rena
- “Escuta pra cê vê”, de Arthur Medrado e Thamira Bastos
- “Não Quero ser Capeta, Não!”, de Duna Dias e Leonardo Augusto
- “Pandeminas”, de Ben-Hur Nogueira
- “PPL é Quem?”, de Ludmilla Cabral
- “Ressaca”, de Pedro Estrada; “Mandinga”, de Mariana Starling
- “Tudo o que Quiser”, de Mariana Machado
- “Um Ato de Corpo Inteiro”, de Marianna Fagundes
- “Vidas (ou)vidas – Yusuf”, de Luís Evo

Longas:
- “Lagoa do Nado - A Festa de um Parque”, de Arthur B. Senra
- “Sou Amor”, de André Amparo e Cris Azzi

Mostra A Cidade em Movimento

MOSTRA DE CURTAS-METRAGENS

Rubens Fabricio Anzolin agrupou 18 curtas-metragens selecionados em quatro sessões, com obras que exploram poéticas singulares de se relacionar com o mundo. São filmes sobre o território e o Brasil, desviando do realismo puro para mergulhar em texturas, experimentações e brechas narrativas. 

- "Aparição", de Camila Freitas
- "Bailinho", de Gabriel Vieira de Mello
- "Confluências", de Dácia Ibiapina
- "Desvios Diários: Domingo", de Bruno Risas
- "Dois Nilos", de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro
- "Entre Aulas", de Marizele Garcia
- "Goiânia: Notas Pendulares sobre a Metrópole", de O. Juliano Gomez
- "Jamais visto", de Natália Reis
- "Kabuki", de Tiago Minamisawa
- "Lagoa Armênia", de Leonardo da Rosa
- "Mãe do Ouro", de Maick Hannder
- "Marmita", de Guilherme Peraro
- "Moscou", de Victória Correa Silva
- "Pequeno B", de Lucas Borges
- "Sebastiana", de Pedro de Alencar
- "Sutura", de Felipe Fuentes e Miller Martins
- "Terra Mãe Mãe Terra", de Júlia Mattar
- "Três", de Lila Foster

Filmes na plataforma Itaú Cultural Play

Programação online

Diversos títulos da Mostra A Cidade em Movimento da 19ª CineBH estarão disponíveis na programação online que poderá ser acessada gratuitamente na plataforma do evento cinebh.com.br. 

Além disso, um recorte especial de filmes vai compor uma seleção na plataforma Itaú Cultural Play no período de 29 de setembro a 13 de outubro, em parceria com o Itaú Cultural. Acesso pelo link : https://www.itauculturalplay.com.br/

Serviço:
19ª CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e 16º Brasil Cinemundi – Encontro Internacional de Coprodução
Data: 23 a 28 de setembro
Programação: https://cinebh.com.br
Ingressos: sessões gratuitas, com retirada de ingressos nas bilheterias dos cinemas 60 minutos antes de cada sessão. Sujeito e lotação de cada espaço
Locais de realização:
- Fundação Clóvis Salgado = Cine Humberto Mauro, Sala João Ceschiatti, Sala Juvenal Dias, Jardim Interno e Jardim do Parque;
- Cine Theatro Brasil (Grande-Teatro e Teatro de Câmara);
- Centro Cultural Unimed-BH Minas = sala 2
- Una Cine Belas Artes;
- Cine Santa Tereza;
- Teatro Sesiminas;
- Praça da Liberdade;
- Casa da Mostra - CineMundiLab - Rua Maripá, 43 - Serra
Informações: (31) 3282-2366